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Publicada em 14/07/2020 às 10:15 | Atualizada em 14/07/2020 às 10:24

Juliana Lohmann relata que foi estuprada aos 18 anos de idade por famoso diretor: Deixou marcas que carregarei pro resto da vida

A atriz escreveu o seu relato para a revista Claudia

Da Redação

Divulgação

Juliana Lohmann, que trabalhou em novelas como Malhação, O Beijo do Vampiro, Chamas da VidaI Love Paraisópolis, relatou por meio de um texto para a revista Claudia, que foi estuprada por um famoso diretor, quando tinha apenas 18 anos de idade. Hoje, aos 30, ela criou coragem para fazer o seu desabafo sobre o assunto. Primeiro, a atriz começa dizendo o seguinte:

Tenho trinta anos. Aos onze comecei a trabalhar na televisão. Vi meu corpo se modificando enquanto trocava o figurino. Demorou pra eu entender que não podia mais sair abraçando os colegas de trabalho ou sentando em seus colos, como antes. Aos 18, fui sexualizada em um ensaio fotográfico pra que me dessem papéis mais adultos. O amadurecimento da mulher era representado pelo crescimento dos seios. Em nenhum momento ouvi, mesmo de pessoas mais próximas, que eu não precisava mostrar o corpo pra provar ou conseguir nada. Era o que tinha que ser feito, não havia questionamento.

Em seguida, ela conta que foi chamada por um famoso que dirigia seu primeiro longa para fazer um teste no Rio de Janeiro. Ela morava em São Paulo e, com 18 anos, viajou sozinha para a capital carioca para saber mais sobre o papel o qual foi convidada a atuar:

Me instalei no quarto do hotel e, em seguida, a convite dele, nos encontramos em seu apartamento, no último andar desse mesmo hotel, pra conversarmos um pouco sobre o roteiro enquanto esperávamos um sinal dos produtores para a realização do teste. O papo foi mais sobre outros assuntos do que sobre o próprio filme, ele se mostrou divertido e parecia querer me deixar à vontade com suas tiradas de humor. 

Depois disso, ele ofereceu maconha para Juliana, que mesmo receosa, aceitou:

Em determinado momento, percebi que o contato que ele fazia comigo excedia o profissional. Minha inexperiência com a erva não me deixou em condições de avaliar com mais clareza o que de fato estava acontecendo. Ele veio me beijar. Eu me assustei, disse que não queria. Foi uma completa surpresa acreditar que aquele homem, com sua boa imagem midiática de família margarina, pudesse se aventurar com outras mulheres. E ainda mais comigo. Não fazia a menor ideia de que eu seria atraente pra um homem como ele. 

Mesmo pedindo para que ele parasse, esse diretor voltou a forçar a situação:

Eu pedi pra parar, mas ele me apertou mais forte. Fiz força para sair e não consegui. Imobilizada, eu disse que ia gritar. Ele respondeu em um tom doce que, se eu gritasse, ninguém iria ouvir. Pensei em gritar mesmo assim, mas, se alguém escutasse e fosse me socorrer, seria um escândalo. 

Ela ainda acrescenta que esse episódio em questão a traumatizou, a ponto de afetar suas relações futuras:

Anos mais tarde, toda vez que sentia um pouco de agressividade numa relação sexual, engatava num choro compulsivo. Quando tive coragem de contar esse episódio à um namorado, ouvi que se eu realmente não quisesse ter transado, eu teria jogado um abajur na cara do sujeito. Você quis, ele dizia. Eu e esse namorado tivemos um relacionamento relativamente duradouro por volta dos meus 20 anos, no qual constantemente sofri violências psicológicas, verbais e físicas. 

Durante o relacionamento, ela sofreu diversas violências e acabou sendo infectada com uma Doença Sexualmente Transmissível, o que a fez ficar com suas trompas obstruídas, dificultando a sua eventual vontade de ser mãe, de forma natural. Juliana ainda conclui em seu texto:

Este diretor me enganou, me drogou e me estuprou, violando minha dignidade sexual e deixando marcas que carregarei pro resto da vida. E o namorado a seguir também se utilizou da sua posição para me violentar física, verbal e psicologicamente, me fazendo acreditar que o amor é exatamente a submissão, o silenciamento e a destruição de toda potência, liberdade e beleza feminina. (...) Eu poderia não estar aqui contando essa história. Mas estou, e é por isso que não me silenciarei mais. 

Triste, né?

A seguir, relembre os famosos que foram acusados de assédio:


John Lasseter, chefe de animação da Disney e da Pixar, que dirigiu grandes filmes como Toy Story, Carros e Vida de Inseto, anunciou para seus funcionários o afastamento de seu cargo após o The Hollywood Reporter reunir uma série de acusações de má conduta. O site norte-americano relatou que fontes informaram que John era conhecido por agarrar, beijar e fazer comentários sobre aparência física. A atriz Rashida Jones e seu parceiro Will McCormack teriam até desistido de escrever o roteiro de Toy Story 4, por causa do assédio de Lasseter. Em comunicado interno, ele não fala sobre o assédio, mas pede desculpas se alguém se sentiu desrespeitado ou desconfortável por causa de conversas dolorosas e erros que ele cometeu durante a carreira. Recentemente tive diversas conversas que foram muito dolorosas para mim. Nunca é fácil assumir erros, mas é a única forma de aprender. Como resultado, tenho pensado muito no líder que sou hoje comparado ao mentor, defensor e exemplo que quero ser. Foi me dito que fiz alguns de vocês se sentirem desrespeitados e constrangidos. Essa nunca foi a minha intenção. Coletivamente, vocês são o meu mundo e me desculpo profundamente se os decepcionei. Quero me desculpar especialmente com qualquer um que tenha recebido um abraço indesejado ou qualquer gesto, de qualquer forma ou maneira, que pareça inapropriado. Não importa o quão benigna tenha sido minha intenção, todos tem o direito de estabelecer os próprios limites e tê-los respeitados, disse em comunicado. Lasseter ainda continuou e afirmou que irá se afastar do cargo por causa das acusações: Por mais difícil que seja para mim me afastar de um trabalho que amo e de um time que tenho em alta consideração, não apenas como artistas, mas como pessoas, sei que isso é o melhor para todos agora. Minha esperança é que esses seis meses sabáticos sejam a oportunidade de me cuidar melhor, recarregar e me inspirar, voltando com discernimento e perspectiva que preciso para ser o líder que vocês merecem.

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Juliana Lohmann relata que foi estuprada aos 18 anos de idade por famoso diretor: <i>Deixou marcas que carregarei pro resto da vida</i>

Juliana Lohmann relata que foi estuprada aos 18 anos de idade por famoso diretor: Deixou marcas que carregarei pro resto da vida

A atriz escreveu o seu relato para a revista Claudia

14/Jul/2020

Da Redação

Juliana Lohmann, que trabalhou em novelas como Malhação, O Beijo do Vampiro, Chamas da VidaI Love Paraisópolis, relatou por meio de um texto para a revista Claudia, que foi estuprada por um famoso diretor, quando tinha apenas 18 anos de idade. Hoje, aos 30, ela criou coragem para fazer o seu desabafo sobre o assunto. Primeiro, a atriz começa dizendo o seguinte:

Tenho trinta anos. Aos onze comecei a trabalhar na televisão. Vi meu corpo se modificando enquanto trocava o figurino. Demorou pra eu entender que não podia mais sair abraçando os colegas de trabalho ou sentando em seus colos, como antes. Aos 18, fui sexualizada em um ensaio fotográfico pra que me dessem papéis mais adultos. O amadurecimento da mulher era representado pelo crescimento dos seios. Em nenhum momento ouvi, mesmo de pessoas mais próximas, que eu não precisava mostrar o corpo pra provar ou conseguir nada. Era o que tinha que ser feito, não havia questionamento.

Em seguida, ela conta que foi chamada por um famoso que dirigia seu primeiro longa para fazer um teste no Rio de Janeiro. Ela morava em São Paulo e, com 18 anos, viajou sozinha para a capital carioca para saber mais sobre o papel o qual foi convidada a atuar:

Me instalei no quarto do hotel e, em seguida, a convite dele, nos encontramos em seu apartamento, no último andar desse mesmo hotel, pra conversarmos um pouco sobre o roteiro enquanto esperávamos um sinal dos produtores para a realização do teste. O papo foi mais sobre outros assuntos do que sobre o próprio filme, ele se mostrou divertido e parecia querer me deixar à vontade com suas tiradas de humor. 

Depois disso, ele ofereceu maconha para Juliana, que mesmo receosa, aceitou:

Em determinado momento, percebi que o contato que ele fazia comigo excedia o profissional. Minha inexperiência com a erva não me deixou em condições de avaliar com mais clareza o que de fato estava acontecendo. Ele veio me beijar. Eu me assustei, disse que não queria. Foi uma completa surpresa acreditar que aquele homem, com sua boa imagem midiática de família margarina, pudesse se aventurar com outras mulheres. E ainda mais comigo. Não fazia a menor ideia de que eu seria atraente pra um homem como ele. 

Mesmo pedindo para que ele parasse, esse diretor voltou a forçar a situação:

Eu pedi pra parar, mas ele me apertou mais forte. Fiz força para sair e não consegui. Imobilizada, eu disse que ia gritar. Ele respondeu em um tom doce que, se eu gritasse, ninguém iria ouvir. Pensei em gritar mesmo assim, mas, se alguém escutasse e fosse me socorrer, seria um escândalo. 

Ela ainda acrescenta que esse episódio em questão a traumatizou, a ponto de afetar suas relações futuras:

Anos mais tarde, toda vez que sentia um pouco de agressividade numa relação sexual, engatava num choro compulsivo. Quando tive coragem de contar esse episódio à um namorado, ouvi que se eu realmente não quisesse ter transado, eu teria jogado um abajur na cara do sujeito. Você quis, ele dizia. Eu e esse namorado tivemos um relacionamento relativamente duradouro por volta dos meus 20 anos, no qual constantemente sofri violências psicológicas, verbais e físicas. 

Durante o relacionamento, ela sofreu diversas violências e acabou sendo infectada com uma Doença Sexualmente Transmissível, o que a fez ficar com suas trompas obstruídas, dificultando a sua eventual vontade de ser mãe, de forma natural. Juliana ainda conclui em seu texto:

Este diretor me enganou, me drogou e me estuprou, violando minha dignidade sexual e deixando marcas que carregarei pro resto da vida. E o namorado a seguir também se utilizou da sua posição para me violentar física, verbal e psicologicamente, me fazendo acreditar que o amor é exatamente a submissão, o silenciamento e a destruição de toda potência, liberdade e beleza feminina. (...) Eu poderia não estar aqui contando essa história. Mas estou, e é por isso que não me silenciarei mais. 

Triste, né?

A seguir, relembre os famosos que foram acusados de assédio: