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Publicada em 28/06/2022 às 13:25 | Atualizada em 28/06/2022 às 13:31

Renata Capucci faz depoimento marcante sobre diagnóstico de Parkinson: Hora de me libertar

A jornalista conta em detalhes como descobriu a condição e os sentimentos após a revelação dos médicos

Da Redação

Divulgação

Renata Capucci escreveu um relato para O Globo se abrindo sobre o disgnóstico da doença de Parkinson. No texto, a jornalista conta em detalhes como descobriu a condição e os sentimentos após a revelação dos médicos. A repórter do Fantástico começou explicando que se sentiu pronta para se libertar e compartilhar a informação com todos.  

Já fazia um tempo que eu vinha gestando a ideia de sair do armário do Parkinson. Queria abrir esse segredo, porque é muito ruim viver assim. É uma vida dupla. É como se fosse uma pessoa dentro de casa, outra para aqueles que conhecem e sabem sobre a doença e outra na rua por precisar esconder isso do público. Não aguentava mais isso. Queria ser eu 24 horas por dia. Essa é a grande questão. Mas demorei um bom tempo para cair a ficha de que eu não precisava ter nenhum tipo de constrangimento porque era algo normal. Primeiro porque não escolhi ter essa doença e segundo que é da vida. Infelizmente ou felizmente coisas ruins acontecem. E foi de uma maneira tão orgânica, havia chegado a hora de me libertar.

A jornalista - que também falou sobre o assunto em um podcast Isso é Fantástico, disponível no GloboPlay - revelou que sentiu que estava na hora de se abrir através da atração: 

Eu simplesmente soube que aquela era a hora de falar que fui diagnosticada com Parkinson há quatro anos. Eu mais vomitei aquelas informações do que falei. Mas foi ótimo. Me senti aliviada. Sou muito chorona, meio manteiga derretida, me emocionei, essa sou eu. Era um momento de catarse de botar isso para fora. A repercussão, apesar de um pouco assustadora, foi boa, recebi muito amor.

Em seguida, a famosa falou sobre o surgimento de seus sintomas:

Meus sintomas começaram muito leves. Um enrijecimento nos dedos do pé e, quando andava, as pessoas me diziam que eu estava mancando, mas depois entendi que na verdade a minha perna esquerda fazia movimentos mais lentos do que a direita e dava a percepção de que eu estava mancando. Algo interessante na minha doença é isso: os sintomas são apenas no lado esquerdo. Comecei a tratar com fisioterapia e osteopatia, acreditei que poderia ser um encurtamento da perna, ou algo assim, nada muito grave. Em outubro de 2021, surgiu a oportunidade de fazer o PopStar na Globo, programa em que eu cantava ao vivo. Foi um momento maravilhoso, divertido e desafiador na minha vida. Antes do sexto programa, estava em casa assistindo televisão com meu marido, quando meu braço se levantou rígido involuntariamente. Mostrei ao meu marido e ele depois me confidenciou imaginar que seria algo até pior, mais grave.

A jornalista conta que o marido decidiu levá-la até um hospital onde tinha emergência neurológica para fazer um exame clínico com um neurologista. Após passar por uma ressonância magnética da cabeça e das divisões da coluna vertebral, a médica informou que ela foi diagnosticada com a doença de Parkinson. 

Ali o mundo caiu na minha cabeça. A primeira reação foi a negação. Eu falei: Você está doida, doutora. Eu tenho 45 anos. E então ela me disse que um dos primeiros erros das pessoas é achar que a doença só atinge os mais velhos. Ela não escolhe idade e acomete os jovens. Foi muito difícil receber esse diagnóstico. Demorei para absorver o que aquilo significava. Chorava muito no começo, fiquei extremamente abalada. Claro, tive o apoio da minha família e foi essencial para o meu fortalecimento. No início pouquíssimas pessoas ficaram sabendo, apenas as muito próximas e de extrema confiança. Porque você fica muito confusa. Eu pensei que morreria, não veria meus filhos se casando. Ficaria inválida.

Renata revela que foi muito bem acolhida ao compartilhar o diagnóstico com a direção do Fantástico e da Globo. 

Nunca ninguém passou a mão na minha cabeça por eu ter essa doença ou falou para eu não fazer algo difícil por ter Parkinson. [...] Sou portadora de doença crônica e não tenho o menor motivo para ter vergonha de ser quem eu sou, pelo contrário, tenho muito orgulho da minha trajetória e de como conduzi a minha carreira. 

Capucci lamentou a falta de uma maior disseminação de informações sobre o Parkinson, pois os sintomas primários começam muito antes dos motores. Ao falar sobre a medicação, ela explica que cada caso é único e existe um protocolo de tratamento diferente para cada pessoa. Sobre a sua experiência, ela contou:

Eu digo que há momentos em que o medicamento está on e off. Quando ele está na posição on eu sou uma pessoa absolutamente normal, mas quando ele está em off, os sintomas aparecem e sei que está na hora de tomar o medicamento novamente. Eu também faço uso de canabidiol, foi prescrito pela minha médica, pois ajuda na insônia que é uma das características da doença de Parkinson. Eu durmo como um passarinho. Realmente me relaxa bastante. Me ajuda a dormir. Eu sempre dormi igual uma pedra, mas ele me ajuda ainda mais a dormir. Eu sempre fui a favor de tudo que pode ajudar, e sabemos que o canabidiol é usado em diversos tipos de doença. Desde tratamento de câncer, de esclerose múltipla, autismo, convulsões, epilepsia. As pessoas não têm informação sobre o que é, e acha que é apenas maconha.  

A jornalista revelou a principal mudança em sua vida:

Eu faço e posso fazer tudo normalmente. Nada mudou na minha vida. Minto, uma coisa mudou: a urgência de vida. A certeza de que as coisas acontecem independentemente de você querer ou achar que pode controlar. Você não sabe como vai estar daqui um mês, seis meses, um ano. E essa é a maior verdade, a gente não controla absolutamente nada na vida da gente. Eu encaro isso de frente, com resiliência e muita força. Tenho certeza de que essa é a única maneira de ter uma qualidade de vida melhor. A uma alternativa é sentar e chorar e, com certeza, essa não é uma opção para mim. Já perdi três filhos, tenho duas filhas lindas, tenho um emprego que eu amo, adoro ser repórter, adoro trabalhar no Fantástico. Só tenho que agradecer a minha vida. Amo minha família, meu marido, minhas filhas, tenho pai e mãe vivos. Tenho muita coisa boa para celebrar. Não estou aqui para ficar olhando para trás e reclamar. Já fiz isso, já chorei o suficiente.

E finalizou:

Agora só quero ser feliz. Aproveitar a vida com a minha família. Continuar meu trabalho do jeito que eu faço. Sou feliz de verdade. Meu sonho é continuar com a doença controlada. É conseguir a cura dessa doença. Hoje em dia já tem vacina sendo testada em humanos. Diz que ela não só estanca os sintomas como reverteria a doença. Há esperança. Tem cirurgias que estão mais difundidas. Não são todos os pacientes que podem fazer, é só depois de cinco anos de diagnóstico dependendo do caso, tem uma série de requisitos. São quatro tipos de cirurgia disponíveis para doença de Parkinson. Mas eu diria que vamos conseguir algo concreto e bacana a médio prazo. Precisamos sempre confiar na ciência.

Nas redes sociais, Renata divulgou o podcast em que fala sobre a doença de Parkinson.

Pensei muito sobre este momento. Sabia que ele iria chegar e que vinha na hora certa, quando eu me sentisse exatamente como eu me sinto hoje: forte, confiante e feliz. Não é fácil. Mas não é o fim. Te convido a vencer o preconceito e a desinformação sobre essa e outras doenças neurodegenerativas que acometem tanta gente - como eu - no nosso podcast Isso é Fantástico. Já tá no ar no site do Show Da Vida, no Globoplay e nos principais players de podcast. Eu conto lá como foi receber este diagnóstico, quatro anos atrás.

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Renata Capucci faz depoimento marcante sobre diagnóstico de <i>Parkinson: Hora de me libertar</i>

Renata Capucci faz depoimento marcante sobre diagnóstico de Parkinson: Hora de me libertar

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Renata Capucci escreveu um relato para O Globo se abrindo sobre o disgnóstico da doença de Parkinson. No texto, a jornalista conta em detalhes como descobriu a condição e os sentimentos após a revelação dos médicos. A repórter do Fantástico começou explicando que se sentiu pronta para se libertar e compartilhar a informação com todos.  

Já fazia um tempo que eu vinha gestando a ideia de sair do armário do Parkinson. Queria abrir esse segredo, porque é muito ruim viver assim. É uma vida dupla. É como se fosse uma pessoa dentro de casa, outra para aqueles que conhecem e sabem sobre a doença e outra na rua por precisar esconder isso do público. Não aguentava mais isso. Queria ser eu 24 horas por dia. Essa é a grande questão. Mas demorei um bom tempo para cair a ficha de que eu não precisava ter nenhum tipo de constrangimento porque era algo normal. Primeiro porque não escolhi ter essa doença e segundo que é da vida. Infelizmente ou felizmente coisas ruins acontecem. E foi de uma maneira tão orgânica, havia chegado a hora de me libertar.

A jornalista - que também falou sobre o assunto em um podcast Isso é Fantástico, disponível no GloboPlay - revelou que sentiu que estava na hora de se abrir através da atração: 

Eu simplesmente soube que aquela era a hora de falar que fui diagnosticada com Parkinson há quatro anos. Eu mais vomitei aquelas informações do que falei. Mas foi ótimo. Me senti aliviada. Sou muito chorona, meio manteiga derretida, me emocionei, essa sou eu. Era um momento de catarse de botar isso para fora. A repercussão, apesar de um pouco assustadora, foi boa, recebi muito amor.

Em seguida, a famosa falou sobre o surgimento de seus sintomas:

Meus sintomas começaram muito leves. Um enrijecimento nos dedos do pé e, quando andava, as pessoas me diziam que eu estava mancando, mas depois entendi que na verdade a minha perna esquerda fazia movimentos mais lentos do que a direita e dava a percepção de que eu estava mancando. Algo interessante na minha doença é isso: os sintomas são apenas no lado esquerdo. Comecei a tratar com fisioterapia e osteopatia, acreditei que poderia ser um encurtamento da perna, ou algo assim, nada muito grave. Em outubro de 2021, surgiu a oportunidade de fazer o PopStar na Globo, programa em que eu cantava ao vivo. Foi um momento maravilhoso, divertido e desafiador na minha vida. Antes do sexto programa, estava em casa assistindo televisão com meu marido, quando meu braço se levantou rígido involuntariamente. Mostrei ao meu marido e ele depois me confidenciou imaginar que seria algo até pior, mais grave.

A jornalista conta que o marido decidiu levá-la até um hospital onde tinha emergência neurológica para fazer um exame clínico com um neurologista. Após passar por uma ressonância magnética da cabeça e das divisões da coluna vertebral, a médica informou que ela foi diagnosticada com a doença de Parkinson. 

Ali o mundo caiu na minha cabeça. A primeira reação foi a negação. Eu falei: Você está doida, doutora. Eu tenho 45 anos. E então ela me disse que um dos primeiros erros das pessoas é achar que a doença só atinge os mais velhos. Ela não escolhe idade e acomete os jovens. Foi muito difícil receber esse diagnóstico. Demorei para absorver o que aquilo significava. Chorava muito no começo, fiquei extremamente abalada. Claro, tive o apoio da minha família e foi essencial para o meu fortalecimento. No início pouquíssimas pessoas ficaram sabendo, apenas as muito próximas e de extrema confiança. Porque você fica muito confusa. Eu pensei que morreria, não veria meus filhos se casando. Ficaria inválida.

Renata revela que foi muito bem acolhida ao compartilhar o diagnóstico com a direção do Fantástico e da Globo. 

Nunca ninguém passou a mão na minha cabeça por eu ter essa doença ou falou para eu não fazer algo difícil por ter Parkinson. [...] Sou portadora de doença crônica e não tenho o menor motivo para ter vergonha de ser quem eu sou, pelo contrário, tenho muito orgulho da minha trajetória e de como conduzi a minha carreira. 

Capucci lamentou a falta de uma maior disseminação de informações sobre o Parkinson, pois os sintomas primários começam muito antes dos motores. Ao falar sobre a medicação, ela explica que cada caso é único e existe um protocolo de tratamento diferente para cada pessoa. Sobre a sua experiência, ela contou:

Eu digo que há momentos em que o medicamento está on e off. Quando ele está na posição on eu sou uma pessoa absolutamente normal, mas quando ele está em off, os sintomas aparecem e sei que está na hora de tomar o medicamento novamente. Eu também faço uso de canabidiol, foi prescrito pela minha médica, pois ajuda na insônia que é uma das características da doença de Parkinson. Eu durmo como um passarinho. Realmente me relaxa bastante. Me ajuda a dormir. Eu sempre dormi igual uma pedra, mas ele me ajuda ainda mais a dormir. Eu sempre fui a favor de tudo que pode ajudar, e sabemos que o canabidiol é usado em diversos tipos de doença. Desde tratamento de câncer, de esclerose múltipla, autismo, convulsões, epilepsia. As pessoas não têm informação sobre o que é, e acha que é apenas maconha.  

A jornalista revelou a principal mudança em sua vida:

Eu faço e posso fazer tudo normalmente. Nada mudou na minha vida. Minto, uma coisa mudou: a urgência de vida. A certeza de que as coisas acontecem independentemente de você querer ou achar que pode controlar. Você não sabe como vai estar daqui um mês, seis meses, um ano. E essa é a maior verdade, a gente não controla absolutamente nada na vida da gente. Eu encaro isso de frente, com resiliência e muita força. Tenho certeza de que essa é a única maneira de ter uma qualidade de vida melhor. A uma alternativa é sentar e chorar e, com certeza, essa não é uma opção para mim. Já perdi três filhos, tenho duas filhas lindas, tenho um emprego que eu amo, adoro ser repórter, adoro trabalhar no Fantástico. Só tenho que agradecer a minha vida. Amo minha família, meu marido, minhas filhas, tenho pai e mãe vivos. Tenho muita coisa boa para celebrar. Não estou aqui para ficar olhando para trás e reclamar. Já fiz isso, já chorei o suficiente.

E finalizou:

Agora só quero ser feliz. Aproveitar a vida com a minha família. Continuar meu trabalho do jeito que eu faço. Sou feliz de verdade. Meu sonho é continuar com a doença controlada. É conseguir a cura dessa doença. Hoje em dia já tem vacina sendo testada em humanos. Diz que ela não só estanca os sintomas como reverteria a doença. Há esperança. Tem cirurgias que estão mais difundidas. Não são todos os pacientes que podem fazer, é só depois de cinco anos de diagnóstico dependendo do caso, tem uma série de requisitos. São quatro tipos de cirurgia disponíveis para doença de Parkinson. Mas eu diria que vamos conseguir algo concreto e bacana a médio prazo. Precisamos sempre confiar na ciência.

Nas redes sociais, Renata divulgou o podcast em que fala sobre a doença de Parkinson.

Pensei muito sobre este momento. Sabia que ele iria chegar e que vinha na hora certa, quando eu me sentisse exatamente como eu me sinto hoje: forte, confiante e feliz. Não é fácil. Mas não é o fim. Te convido a vencer o preconceito e a desinformação sobre essa e outras doenças neurodegenerativas que acometem tanta gente - como eu - no nosso podcast Isso é Fantástico. Já tá no ar no site do Show Da Vida, no Globoplay e nos principais players de podcast. Eu conto lá como foi receber este diagnóstico, quatro anos atrás.