Não é de hoje que a carreira de Quentin Tarantino, nascido em 27 de março de 1963, é cercada de polêmicas. Quer um exemplo? O longa dirigido por ele Era uma Vez...em Hollywood, protagonizado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, rendeu bastante bafafá por causa de uma atitude do diretor. Em coletiva de imprensa, Tarantino não escondeu sua insatisfação com a pergunta de uma repórter do New York Times, que o questionou sobre as poucas falas de Margot no filme, apesar da relevância da personagem na história. Nervoso com o questionamento, Tarantino foi direto: Eu rejeito sua hipótese. Na ocasião, Robbie tentou colocar panos quentes na situação e disse que seu papel exigiu um trabalho que não necessariamente fosse feito por meio de diálogos. Mas Tarantino continuou com a expressão fechada durante a entrevista. Tenso, hein? E essa não foi a única vez que as declarações e atitudes do diretor deram o que falar. Em 2023, o filme voltou a entrar em destaque pois Austin Butler, indicado ao Oscar, relembrou como Quentin o deixou tenso durante a audição. Quentin entrou, e a maioria das audições dura dez minutos, se você tiver sorte. Eu estava lá das nove da manhã às nove da noite. Ele não grava audições, ele realmente trabalha com você e olha para você. É o mesmo no set, ele não olha pelo monitor. Eu deveria ter outras duas reuniões naquele dia e, como não estava com meu telefone, meu agente estava preocupado, desabafou Austin para a Variety Fair. A seguir, relembre outras vezes que Tarantino polemizou!

Em 2023, ele decidiu que estava na hora de dar um pausa na carreira e, possivelmente, se aposentar. De acordo com o The Hollywood Reporter,Tarantino ainda vai lançar um filme chamado The Movie Critic que fará crítica aos anos 1970. E não parou por aí! Tempos depois de dizer que estava pensando em se afastar dos holofotes, ele deu uma entrevista para o podcast The Video Archives expressando uma opinião para lá de polêmica. O diretor disse que a franquia Star Wars plagiou ideias do longa Dark Star, de John Carpenter - conhecido por ter dirigido a longa franquia Halloween: - Eles precederam o salto na velocidade da luz de Star Wars. É óbvio que George Lucas [diretor de Star Wars] assistiu e usou a ideia para a viagem na velocidade da luz. É impossível que Lucas não tenha visto. A gente sabe que ele viu, disparou Tarantino.

A atriz Uma Thurman, estrela dos longas Kill Bill, por exemplo, revelou em uma entrevista que Tarantino a colocou para dirigir um carro que ele sabia que não estava em condições plenas de funcionamento, para não atrasar as filmagens. Ao New York Times, Thurman disse: Quentin veio até meu camarim e não gostou de ouvir que eu não iria dirigir o carro. Ele ficou furioso, mas eu estava assustada. Ela continua dizendo que ele simplesmente ordenou: Dirija. Mas a cena não acabou bem. O carro não funcionou direito e ela acabou batendo e indo parar no hospital com um galo e uma concussão na cabeça, com os joelhos machucados e até um colar ortopédico. Outra polêmica com Uma foi sobre uma cena em que ela leva uma cusparada em Kill Bill. No roteiro, a ação viria do ator Michael Madsen, mas o diretor decidiu que ele mesmo ia cuspir: Eu sou o diretor, então vou dirigir artisticamente este cuspe. Sei onde quero que ele pare. Estou ao lado da câmera, então boom!, eu fiz, ele contou ao Deadline. Mesmo assim, isso esquentou a polêmica com Uma, que já tinha dito também que ele a maltratava no set.

Em 2003, ele já havia feito uma declaração polêmica sobre o diretor Roman Polanski, que, em 1977, foi acusado de drogar e estuprar uma garota de 13 anos, e fugiu para Paris para escapar de seu julgamento e possível prisão. Em um programa de rádio, quando perguntado por que ele continuava apoiando um diretor louco, que estuprou uma garota de 13 anos, ele respondeu: Foi estupro presumido. Ele fez sexo com uma menor. Isso não é estupro. Para mim, quando você usa essa palavra, está falando de um dos crimes mais violentos do mundo. Mas ele mudou de ideia após essa declaração polêmica, emitindo um comunicado direcionado à vítima, dizendo: A senhora Geimer FOI SIM estuprada por Roman Polanski. Eu incorretamente banquei o advogado do diabo naquele debate, para ser provocativo. Não levei os sentimentos dela em consideração, e sinto muito.

E aqui entra uma terceira pessoa na história: o produtor Harvey Weinstein, acusado por mais de 50 mulheres de casos que vão de assédio sexual a estupro. Weinstein solidificou sua carreira em Hollywood muito por conta da amizade e parceria com Tarantino, cujos filmes de sucesso foram feitos pela produtora de Weinstein. Em outubro de 2017, quando as acusações começaram a vir à tona, Tarantino falou com o New York Times: Eu sabia o suficiente para fazer mais do que fiz. Tinha mais do que boatos, a fofoca normal. Não foi de segunda mão o que ouvi. Sei que ele fez algumas dessas coisas. Queria ter assumido minha responsabilidade pelo que ouvi. Se tivesse feito o que tinha que ser feito, eu não deveria trabalhar com ele.

Mais uma polêmica envolvendo mulheres foi quando a empresa de Tarantino postou um anúncio convocando atrizes para interpretarem prostitutas em Os Oito Odiados. Eles escolheram uma palavra mais chula para denominar a profissão, e pediram que as atrizes mandassem suas informações por e-mail com o título usando a mesma palavra. Após protestos de grupos feministas, ele refez o anuncio e se desculpou.

Outro diretor de enorme sucesso, Spike Lee já criticou alguns filmes de Tarantino, mas, em especial Django Livre, que conta a história de um escravo que se vinga de seus feitores. Lee e outros críticos entenderam que Quentin zombou da escravidão e do sofrimento dos afrodescendentes. Os defensores de Quentin, fãs e atores como Samuel L. Jackson, disseram que ele simplesmente tentou reescrever uma história triste, com um herói, no caso, Jamie Foxx. Assim como em Bastardos Inglórios, onde a segunda guerra mundial tem um final bem diferente do que na vida real, graças a Brad Pitt.

Até a Disney já se envolveu em uma polêmica com Tarantino. Na época do lançamento de Os Oito Odiados, em setembro de 2015, o filme estava em cartaz no Cinerama Dome, em Hollywood, e a Disney pediu aos donos do complexo que tirassem o filme de cartaz para a estreia de Star Wars: O Despertar da Força. Como o contrato de Tarantino ainda estava ativo, a Disney teria então chantageado os donos do cinema, dizendo que, se eles não trocassem um filme pelo outro, Star Wars não seria exibido em nenhuma outra sala deles, o que traria muito prejuízo. Quentin disse tudo isso no Howard Stern Show e completou: São práticas extorsivas.

Outra polêmica envolveu seu discurso no Globo de Ouro, em 2016, quando ele recebeu um prêmio em nome de Ennio Morricone, o compositor da trilha de seu longa Os Oito Odiados. Agradecendo, ele disse que o colega era o compositor preferido dele, de todos os tempos, e continuou: não está apenas naquele gueto de compositores de cinema. O ator Jamie Foxx, astro do filme de Quentin Django Livre, que estava apresentando a categoria, simplesmente disse quando Tarantino saiu do palco: Gueto?. A plateia também pareceu não gostar nada, nada da escolha da palavra, e até deu pra ver as caras e bocas de algumas pessoas durante o discurso.

Por fim, uma polêmica entre Quentin e sindicatos dos policiais: em outubro de 2014, o diretor marchou e fez comentários sobre o movimento Black Lives Matter, que nasceu para lutar contra a morte de jovens afrodescendentes mortos por policiais ao redor dos Estados Unidos, em incidentes aonde, geralmente, eles estavam desarmados e não apresentando perigo. Ele disse que estava acontecendo um genocídio de negros e latinos neste país e que está ao lado dos assassinados. Policias ao redor dos Estados Unidos se juntaram para boicotar o filme Os Oito Odiados, que estrearia em breve, mesmo após Quentin dizer ao Los Angeles Times: Não disse nunca que todos os policiais são assassinos. Nem deixei isso implícito. Ao invés de examinar o problema de brutalidade policial no país, eles preferiram me escolher para mandar um recado aos famosos que possam se manifestar da mesma maneira.