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Publicada em 25/07/2018 às 00:03 | Atualizada em 24/07/2018 às 18:59

Apresentadores do Catfish Brasil dão dicas para você não cair em uma cilada amorosa

Ciro Sales e Ricardo Gadelha também falaram sobre o caso mais chocante da segunda temporada

Carolina Rocha

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Nesta quinta-feira, dia 25, às dez da noite, estreia na MTV a segunda temporada do Catfish Brasil! A trama contará com dez episódios inéditos e cheios de surpresas, com uma hora de duração cada. Além disso, esta temporada ganha dois conteúdos extras às sextas-feiras e aos sábados, respectivamente. O primeiro especial chama-se O Confronto Final, com os apresentadores revelando alguns detalhes e observações sobre o caso em questão naquela semana. O segundo chama-se O Outro Lado, no qual a história do último episódio é mostrada sob o ponto de vista do catfish, ou seja, a partir do olhar daquele que enganou a vítima. Legal, né?

Para comemorar a estreia do programa, o ESTRELANDO conversou com Ciro Sales e Ricardo Gadelha, que além de falarem sobre os diversos casos da atração, ainda deram dicas para que alguém como você não caia em uma cilada amorosa. Confira abaixo:

ESTRELANDO - Como a edição internacional serviu como inspiração para vocês?

Ciro Sales - O programa que a gente faz é uma versão da ideia original americana. Não é só uma inspiração, mas também uma referência em termos de formato, postura, condução. Logo que começou essa empreitada do Catfish Brasil, a gente fez um treinamento sobre as ferramentas de investigação, perfis de caso e estudamos episódios do programa americano. 

Ricardo Gadelha - É uma referência muito valiosa e uma responsabilidade muito grande fazer parte de um projeto que já teve uma edição em outro lugar. Ainda mais quando se trata de uma edição capitaniada por Nev e Max, né? Que são duas criaturas raras quando se trata de faro investigativo, tato para lidar com as questões emocionais e psicológicas que esse programa exige. É um privilégio ter essa referência. Ano passado tivemos a honra de conhecê-los e fazer parte de um episódio especial comemorativo deles, e também de colaborar na investigação de um episódio da temporada que eles estavam gravando na época. Foi muito gostoso e são pessoas muito queridas. 

ESTRELANDO - Vimos que a nova temporada terá o caso de um rapaz que usou a foto de um dos participantes do “De Férias Com o Ex”. Além dele, mais alguém chegou usar fotos de alguma pessoa famosa?

Ciro Sales - Esse é o único caso e ele chamou a atenção por conta disso, inclusive. Compartilhando aqui com vocês uma história de bastidores, nem eu e nem o Ricardo conhecíamos o cara da foto, apesar dele ser de um reality show da casa. Então quando apareceu a foto dele, a gente não se deu conta Olha lá, é o cara do De Férias Com o Ex! Só vimos que era um cara bonito, fortinho e que tinha muitas chances de ser um perfil falso. Mas não teve outro caso dessa natureza. Normalmente as pessoas têm receio de usar fotos de pessoas conhecidas porque elas são facilmente identificáveis, e consequentemente quem faz o perfil falso fica mais exposto. 

Ricardo Gadelha - Isso é raro. Geralmente, o mais comum são pessoas com menos popularidades, tipo pequena celebridades da internet. Pessoas que se dedicam a manter perfis no Instagram, modelos e tal. Mas o uso de fotos de pessoas famosas e de celebridades é raro. Isso surpreendeu muito a gente. Por razões óbvias, né? Se você usa uma foto de uma pessoa conhecida, você vai ser desmascarado mais cedo, a priori. Mas no caso desse episódio, a Diúlia não tinha conhecimento de quem era o André e acho que a fragilidade dela e o momento vulnerável em que ela estava também colaborou para uma cegueira e essa situação inusitada aconteceu. 

ESTRELANDO - Vocês recebem muita demanda para o programa? O catfish acontece muito aqui no Brasil?

Ciro Sales - Sim! Até hoje, já são mais de três mil casos inscritos para o programa. Então tem muita gente envolvida numa relação dessa natureza e precisa de ajuda. Essa história de enganar a pessoa pela internet acontece muito aqui no Brasil e no mundo inteiro, acho que isso faz parte do ser-humano, de chamar a atenção, de se relacionar e de dar afeto. Isso quando não estamos falando dos lados mais sombrios, que também fazem parte da natureza humana, como o de manipular alguém, de se sentir com influência sobre alguém.

Ricardo Gadelha - O programa recebe muitas inscrições e mensagens, principalmente pelo perfil do Instagram. E o meu Instagram recebe mensagem todos os dias. Às vezes a pessoa nem quer participar do programa e se inscrever, mas sim compartilhar com alguém que possa ajudar. Não é todo mundo que tem a coragem de expor essa situação na televisão, mas é absurdamente popular o catfish no Brasil. O Brasil é um dos recordistas de uso da internet, então não é de se estranhar que o mau uso da internet também aconteça. Acontece muito mais do que a gente imagina. 

ESTRELANDO - Qual a história desta temporada que mais chocou?

Ciro Sales - É muito complicado falar isso porque cada episódio é muito diferente um do outro. A gente não vive um modelo de historinha que se repete. Como estamos falando justamente do relacionamento e do comportamento humano, a gente sempre se surpreende com o desfecho e com as revelações que descobrimos nas histórias. Mas acho que talvez o programa tenha uma grande função que é trazer à tona um discurso importante para as sociedades contemporâneas, então nesse sentido eu destacaria o caso de uma mulher trans que foi enganada por um cara que reproduz um modelo social que a gente está muito acostumado a ver: de um cara casado que tem tesão em travesti. E aí ele engana, ilude, diz que vai separar da mulher e casar com ela. Acho que destaco essas discussões importantes.

Ricardo Gadelha - Perguntinha querendo spoiler, né? Mas nunca vou conseguir dizer qual mais me chocou. Cada um tem uma particularidade, cada episódio tem uma questão específica de pessoas muito diferentes, casos muito diferentes. Mas o que mais me choca é como tem gente disposta a se submeter a criações cruéis. Isso me impressiona porque óbvio, a pessoa que está enganando também me choca, e muitas vezes provoca indignação, mas a pessoa que se mantém em uma relação cruel muitas vezes é corresponsável, né? E o programa cumpre essa função de encorajar as pessoas a não se contentarem. Se você está numa relação que está desconfortável, a pessoa está te omitindo alguma informação, se você está desconfiado de alguma coisa... Não se contente. Bota contra a parede, confronta. E se a pessoa for escorregadia, sai fora e busca uma coisa presencial. 

ESTRELANDO - Vocês já passaram por alguma situação dessas? Conhecem alguém próximo que passou por isso?

Ciro Sales - Nem eu e nem o Ricardo passamos por uma situação nenhuma situação de ser enganado em um relacionamento amoroso-virtual. No meu caso, eu nunca vivi um relacionamento que começou virtualmente, onde fiquei desenvolvendo essa relação sem conhecer a outra pessoa. Preciso muito da presença. É claro que o programa ensina que a presença pode se dar de outra forma, tenho aprendido muito sobre isso. 

Ricardo Gadelha - Não, nunca passei por uma situação dessa. O máximo que já aconteceu comigo foi pedir uma pizza por aplicativo e chegar de outro sabor. Nunca tive uma relação amorosa e afetiva que tenha se iniciado ou se concretizado em plataformas digitais. Conheço pessoas que se conheceram por aplicativos e redes sociais, mas casos de catfish mesmo eu não conheço. 

ESTRELANDO - Na opinião de vocês, o que leva alguém a enganar uma pessoa dessa forma? É uma atitude justificável?

Ciro Sales - Acho que esses comportamentos fazem parte da natureza humana. Eu diria que, basicamente, o que está por trás da maioria dos casos, é uma necessidade de se reconhecer. A pessoa tem pouco amor próprio. Então ela passa a acreditar que, do jeito que ela é, com aquela aparência que ela tem, com aquele tipo físico e aquela personalidade, ela não é atraente o suficiente para conquistar o afeto de outra pessoa. Então ela cria um perfil falso e tenta atrair as outras pessoas através desse avatar. Então quando vamos a fundo nessas questões, sempre chegamos a esse lugar da aceitação, para que ela não precise passar por isso. E do lado de cá, de quem é enganado, normalmente tem muito a ver com a necessidade do afeto, de ter atenção. Quando ela encontra alguém, ela acaba se deixando enganar porque tem uma reserva de afeto e de cuidado. 

Ricardo Gadelha - O que leva uma pessoa a mentir de uma maneira tão exagerada é uma dificuldade de se assumir internamente, de se aceitar como se é. Imagino que deve ser uma experiência de extrema dor para alguém, de ser uma pessoa e não gostar, não se identificar com essa personalidade. Acho que existe nessas situações uma questão com a autoestima, muitas vezes com a autoimagem, muitas vezes ainda passa por algum histórico familiar e social onde os traços de personalidade dessa pessoa foram criticados ou subestimados. E o que leva essa pessoa a mentir é uma tentativa de sobrevivência. Uma estratégia que acaba virando uma armadilha. Uma tentativa de se reinventar, de encontrar saúde em uma pessoa que está com o seu coração adoecido. Não acho justificável, acho explicável. Geralmente tem explicação. A questão é que, na maioria dos casos, por ser injustificável, por não ter motivo para que a pessoa faça isso com a outra, a que está mentindo, omite. Omite o porquê. 

ESTRELANDO - Como é a relação de vocês com as vítimas durante as gravações e após o término das gravações?

Ciro Sales - É uma relação de muita proximidade, porque durante a semana que a gente passa com aquela pessoa, somos as duas pessoas talvez mais próximas daquela pessoa. De alguma forma, essa pessoa recebe a gente como se fôssemos irmãos mais velhos, ou aquele primo, ou de repente um melhor amigo. Alguém que sabe muito sobre a história da pessoa, que cria uma intimidade muito rápido, e que exerce algum tipo de influência. A pessoa quer saber a nossa opinião e por isso a gente tem que lidar com esse lugar com muita responsabilidade, porque a gente sabe que está interferindo em um primeiro amor que a pessoa está tendo, talvez aquela relação virtual seja a primeira e mais profunda que aquele pessoa está tendo... Estamos falando de pessoas jovens, né? 

Ricardo Gadelha - Durante as gravações é de conexão. A gente busca disponibilizar o nosso afeto, compaixão e empatia para de fato se engajar na busca de respostas que tragam conforto para a pessoa que busca o programa. E também para o catfish, já que essa pessoa geralmente também precisa de cuidado e de escuta. Nossa relação é de abertura, de busca de conexão, de tentativa de entendimento. Após as gravações varia. São pessoas muito diferentes, então tem pessoas com quem naturalmente você desenvolve uma amizade e troca mensagens eventualmente, e tem outras pessoas que não, que tem meses que não escuto falar dessas pessoas. Mas me dá muita curiosidade. A gente podia fazer um episódio especial de um, dois anos depois, para saber como se desdobrou a vida daquelas pessoas a partir da experiência vivida no programa. 

ESTRELANDO - E como fica a segurança de vocês quando vão atrás de alguém? Já aconteceu alguma situação onde foram ameaçados ou algo do tipo?

Ciro Sales - Já, é uma história real, em tempo real. A gente viaja com uma equipe, a gente se certifica muito antes nessas questões de segurança... A gente tenta minimizar o risco. Mas estamos lidando com pessoas, então também nunca se sabe. A gente já enfrentou pessoas que ficaram mais exaltadas, pessoas que não estavam topando aquela ideia de se expor, então estavam mais ariscas, mais agressivas. Mas de uma forma geral, como estamos em contato com essa pessoa desde muito antes do encontro, na verdade a gente tenta fazer um trabalho de convencimento, de topar falar a verdade, acaba que a pessoa já vai para o encontro um pouco mais disposta a fazer a verdade aparecer, a tentar se explicar. Então isso já minimiza bastante o risco de alguma reação violenta.

ESTRELANDO - Se pudessem dar alguma dica para que as pessoas não caiam nessa cilada, qual seria?

Ciro Sales - Uma coisa que eu aprendi muito pequeno: tudo que você não pode contar para a sua mãe, você já está errado. Se você está envolvido em alguma relação e você tem vergonha de contar para o seu melhor amigo, ou para a sua mãe, porque alguma coisa nessa relação já está meio atravessada para você, já é para ficar com a orelha em pé de que algo não está funcionando bem. E a gente sempre tem que tentar conduzir, não só as relações virtuais mas como qualquer outra relação, com bastante transparência e honestidade. Se você está gostando muito da pessoa, mas não está conseguindo confiar nela, diz. Joga para o outro, entende? Como é que você pode me ajudar a sair desse lugar de insegurança e de dúvida? Porque onde tem amor e afeto também tem que ter aceitação, então se você cria um entorno favorável, aquela pessoa vai ter coragem de dizer para você. Jogar limpo sempre. 

Ricardo Gadelha - A dica que eu dou é nem começar! Dos dois lados é uma cilada, né? Você acreditar em uma história sem pé nem cabeça, em fotos provavelmente fotos, é uma cilada. Mas você ficar mentindo compulsivamente, postergar uma DR por anos e meses, também é uma cilada. Acho que é importante um exercício de autovalorização, de autorreflexão. Porque no fundo essas pessoas estão perdendo muita coisa se envolvendo em uma relação assim. A gente veio nesse mundo para ser a gente. A gente está aqui para viver essa vida intensamente, de maneira plena. Então para não cair nessa cilada, tem que se conectar com isso. Com seu propósito, sua personalidade, se aceitar e buscar caminhos para transformar as coisas que você não gosta. Mas não imaginar que você vai ser outra pessoa e se passar por outra pessoa, mesmo que temporariamente. Isso não vale a pena. A mentira tem perna curta e deixa muita mágoa, tanto para quem mente, como para quem é enganado. 

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