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Publicada em 05/03/2019 às 00:03 | Atualizada em 01/03/2019 às 17:57

Atriz de Malhação relata dias de tensão após ter redes sociais invadidas: - Fiquei desesperada

Ana Flávia Cavalcanti caiu nas armadilhas de uma gangue de hackers da Turquia - e agora quer conscientizar as pessoas sobre o uso das redes sociais

Carolina Rocha

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Ana Flávia Cavalcanti, atriz que fez Malhação: Viva a Diferença e que estará na nova temporada de Sob Pressão, da Rede Globo, viveu dias angustiantes recentemente. A artista teve todas as suas redes sociais invadidas e descobriu que estava lidando com um grupo profissional de hackers da Turquia, que além de terem roubado a sua identidade e os meios que ela usava para divulgar os seus trabalhos, ainda publicavam conteúdos que incitavam a violência e o terror. Em entrevista ao ESTRELANDO, Ana Flávia contou como eram os seus perfis na internet antes de todo esse estresse acontecer. 

- Eu usava as minhas redes sociais assim como todo mundo usa. Estava sempre logada porque tinha os aplicativos no celular. Conferia e-mail, Facebook, Instagram... No Twitter eu não sou tão forte, mas mesmo assim tinha o aplicativo no meu celular. Eu usava para postar notícias, para dar a minha opinião sobre algum caso, para postar uma foto de algum trabalho ou de alguma experiência que eu estava vivendo, algo da minha vida. E também para me comunicar com artistas que me seguem. Eu não era muito forte na internet, era mais low profile, vamos dizer. Mas mesmo assim as pessoas querem saber, querem entender o que eu estou fazendo. Uma coisa que funciona muito e tem uma troca legal, interessante, é quando eu divulgo trabalhos. As pessoas têm essa curiosidade, que é normal, nessa vida de ator. Muitas pessoas que querem ser atores também me chamavam. Então sempre usei assim, no celular. E tinha uma relação tranquila. Mas eu usava o mesmo e-mail - que agora eu descobri que não é um provedor muito forte de segurança - e eu tenho esse e-mail há anos, desde adolescente, e me acostumei com o layout do e-mail. Aí tinha esse mesmo e-mail e a mesma senha para tudo. Era uma ‘bom uso’ no sentido do que eu faço, e ao mesmo tempo um ‘mau uso’ no sentido da técnica. Eu deveria ter me preocupado um pouco mais com segurança. Eu achava que isso nunca ia acontecer comigo. Quem iria querer me hackear?

Embora seja suscetível à haters, como uma figura pública, o roubo das redes da atriz aconteceu para fomentar um comércio ilegal de compra e venda de seguidores da web

- Eu não tenho uma relação muito forte com haters, não. Mas eu não dou muita bola para isso. Eu tento responder quando fica muito polêmico, mas da maneira mais sincera possível. Porque eu não quero criar um ambiente de ódio porque acho que assim não iremos a lugar nenhum. Mas não acredito que tenha sido uma ação de hater, acho que foi uma ação de hacker. Essa gangue [de hackers] que está na Turquia vende seguidores. Eles vendem cada seguidor por 50 dólares [aproximadamente 190 reais]

Ana Flávia contou como descobriu todo esse complô. 

- Eu estava em Londres [Inglaterra] voltando para o Brasil e estava logada em tudo. Quando fui entrar no avião, de repente saiu, sumiu tudo. Me pediram para logar de novo, eu achei estranho, mas fiz. Só que não logava mais. Na mesma hora o e-mail parou, o Instagram parou. Aí o avião já estava saindo e tive que entrar na aeronave. Fiquei 12 horas sem acesso. Quando eu cheguei no Brasil, tentei recuperar. Mas eu estava perdida. Meu e-mail não estava mais associado às minhas contas, porque ele [o hacker] entrou nas minhas contas e trocou os e-mails e o nome. Contratei um técnico e ele fez com que eu recuperasse meu Facebook - mas o Instagram nada. Aí um amigo conseguiu chegar no perfil desse hacker e me mandou. Era simplesmente outra foto, uma foto louca de videogame e morte, uma coisa super dark, esquisita. Parou de seguir todo mundo que eu seguia, apagou todas as minhas fotos. E tinha um post de um cara entrando em um prédio e matando todo mundo. Um vídeo horrível, super agressivo. Ao mesmo tempo em que ele roubou as minhas redes, ele criou um outro perfil para mim e as pessoas começaram a me seguir nessa conta. Aí eu entrei e ele simplesmente me bloqueou de vê-lo. Fiquei desesperada. Mandei várias solicitações ao Instagram e fiquei completamente no vácuo. [...] A minha irmã entrou no Instagram deles e lá tinha um link de WhatsApp. Ela entrou nesse link e caiu numa conversa coletiva. Traduziu do turco para o português e se passou por mim, dizendo que aquela conta [que tinham hackeado] era dela. E aí eles começaram a ficar com medo e a falar Ela é real!. Uma coisa muito louca. Como eles ficaram com a minha conta por 15 dias, começaram a seguir um monte de pessoas. Então eu ainda sigo muitas pessoas da Turquia, e todas elas têm mais de 200 mil seguidores. A sensação que eu tenho é que todas elas fazem parte dessa máfia. A moeda de troca hoje é um seguidor, é o fato de você ser ou não um influenciador digital. 

A artista ainda se preocupou de ter suas conversas e fotos íntimas vazadas -  o que felizmente não aconteceu. 

- É preocupante, né? Tem foto, endereço, os rostos das pessoas, quem é minha mãe, quem é minha irmã, mensagens de trabalho que eu não posso divulgar, conversas pessoais, relacionamentos, nude, tem tudo igual todo mundo. Aí eu entrei em contato com o Ancelmo [Gois] e no dia seguinte ele publicou uma nota para me ajudar. E no mesmo dia o Instagram entrou em contato comigo, me mandou um link real para eu mudar as minhas senhas. E eu tinha certeza de que eles tinham esse controle, sabe? Que se eles quisessem, eles podiam devolver a minha conta. É uma plataforma internacional, uma das maiores potências do mundo hoje em dia. Eles devolveram a minha conta com a maioria das fotos.

Ana Flávia falou sobre os procedimentos que devem ser tomados após a invasão de hackers

- No caso da polícia, é a primeira coisa que a pessoa tem que fazer. Quando você é hackeado, você perde o controle dos seus dados pessoais. Então a pessoa pode fazer compras com o seu cartão de crédito, seu CPF. Eu procurei um advogado que me deu boas instruções e a primeira coisa que ele falou foi para eu ir ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e fazer um boletim de ocorrência. Ele também me passou um contato de uma empresa que faz um contra-ataque, que tenta recuperar e minimizar os seus prejuízos. Mas essa empresa cobrou 30 mil reais e eu não tinha essa grana. Mas ir à delegacia é o primeiro passo. Caso aconteça algum desdobramento, você tem um boletim que comprova que, durante um período, você perdeu o controle das suas redes sociais. A Lei Carolina Dieckmann dá essa proteção para a gente. O Instagram foi muito solícito depois da nota [publicada pelo O Globo]. Rapidamente devolveram a minha conta. Mas acontece isso demais, e talvez eles não consigam atender todo mundo rapidamente. Eu tenho a sensação de que se eu não tivesse procurado a mídia e alguns amigos, eu recuperaria a minha conta, mas iria demorar muito mais. Acho que tem que ter uma regulação de mídia. Acho que precisamos de melhores regras de segurança. Na primeira oportunidade, eles [hackers] atacam. 

E também deu dicas do que fazer para que isso não aconteça.

- Eu mudei todos os e-mails. Criei novas contas com senhas mais fortes. No Instagram, pedi duas verificações de dois códigos e você recebe as mensagens no seu celular cadastrado, que são gerados na hora em que você acessa. Então fica bem mais difícil [de hackear]. É o que existe, não tem muito mais o quê fazer. Tudo o que tinha lá de possibilidade, eu fiz. E também não acessar qualquer internet, não entrar em Wi-Fi livre, não entrar em sites que podem trazer vírus para o computador… Um técnico fez a limpa no meu computador inteiro, estou com mil antivírus. Mas não tem como garantir, né? 

Ao recuperar suas redes - ela conseguiu ter seu e-mail, Facebook e Instagram recuperados -, Ana Flávia fez um post explicando aos seus seguidores tudo o que tinha acontecido.

- Fiz um vídeo avisando que tinha voltado com as minhas contas, que estava tudo bem. Sugeri para que as pessoas tomassem cuidado também, para que vissem se não usavam o mesmo e-mail em tudo, como eu tinha. Falei para que eles fizessem o que eu fiz [de medidas de segurança]. Todo mundo ficou muito solidário. As pessoas que gostam de mim, que me seguem, adoraram que eu voltei. Disse que só de birra eu viraria blogueira! 

Visualizar esta foto no Instagram.

Uma publicação compartilhada por Ana Flavia Cavalcanti (@anaflaviacavalcanti) em

E ela ainda deixa uma mensagem final.

- Estou com vontade de falar sobre esse tema. Acho que só quando a gente começar a falar mais disso, e quando mais artistas se colocarem, a gente vai criar um ambiente de, pelo menos, mais discussão sobre a segurança. Porque ainda é muito inseguro. Essa história está me fazendo refletir muito sobre como a gente se relaciona, qual a importância de uma rede social… Que pessoa é essa que compra seguidor? Acho uma loucura isso. Quem aceita comprar seguidor nesse mercado informal dos hackers, para mim é tão marginal quanto. A internet é um mundo a ser desvendado por todo mundo. De um modo geral, temos que criar uma rede positiva.

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