X

FOTOS

Publicada em 09/03/2020 às 00:00 | Atualizada em 09/03/2020 às 15:13

Simone Spoladore reflete sobre Clotilde, sua personagem em Éramos Seis: - Ela também tocou muito o público masculino

A atriz bateu um papo franco com o ESTRELANDO e falou sobre a nova fase de seu papel na trama global

Roseane Santos

X

Desde o início a trama Éramos Seis muito se mostrou sobre os preconceitos que a mulher enfrentou nos anos 1940. Só que a narrativa que foi realizada através de Lola, papel de Gloria Pires, tocou muito no público. Já Clotilde, vivida por Simone Spoladore, sofreu bastante no folhetim, mas está perto de seu final feliz, sendo que no capítulo do último sábado, dia 7, ela até pegou seu filho de volta. 

Diante disso, a atriz fez um resumo de como foi viver alguém tão complexo em uma conversa franca com ESTRELANDO nos bastidores da novela.

ESTRELANDO - Para você, qual foi a cena mais marcante da Clotilde?

SIMONE SPOLADORE - Quando ela entregou o filho para Olga (papel Maria Eduarda de Carvalho) e para o Zeca (vivido por Eduardo Sterblitch). Nossa, aquilo me deixou mortificada, fiquei muito triste e aí eu fui entender do que se tratava. Na verdade, para mim, ela não dá o filho de jeito nenhum, ela só dá um discurso, né? Ela fala pra sociedade: A gente vai batizar e o nome fica filho da Olga e do Zeca. Mas dentro dela, ela não entregou o filho e eu acho que a gente conseguiu mostrar isso na cena. Ela diz que entregou, mas não entregou. Ela já se conectou com ele desde o primeiro momento e é isso.

ESTRELANDO - E nas ruas? O que você mais ouviu sobre a Clotilde?

SIMONE SPOLADORE - Ela tem uma coisa muito legal, que me surpreendeu muito, porque no começo quando me falaram que eu ia fazer uma solteirona, uma mulher que ficou pra titia, é estereótipo, e eu tenho pavor de estereótipos. Pensei: Será que eu quero fazer isso? Mas vamos lá, vamos trabalhar e aí a gente foi construindo a Clotilde. E eu fiquei muito surpresa, porque a gente foi indo nuns lugares com ela e tocou muito as pessoas e não só mulheres, mas homens também, e mulheres que tiveram relações com filhos muito parecidas com a Clotilde. Esses dias mesmo uma mulher veio me contar a história dela falando que teve que abrir mão do seu filho para os pais e perdeu a relação com ele, esse tipo que está muito colado com a história da Clotilde. Homens que deixaram de viver amores na sua vida... Os homens vinham falar isso pra mim no mercado e eu via que estavam emocionados com a Clotilde e que deixaram de viver alguma coisa por alguma outra coisa, pela opinião de alguém. Então isso tocou muito as pessoas também e foi muito emocionante para mim, muito surpreendente, não imaginei que fosse chegar perto das pessoas desse jeito. Ela tocou muito o público masculino.

ESTRELANDO - Você mentiria para proteger um filho do preconceito?

SIMONE SPOLADORE - Olha, acho que é tão difícil responder isso. Primeiro que não tenho filho e a gente nunca sabe como a gente vai reagir numa situação. Eu poderia responder hipoteticamente, acho que sim, mas acho que é uma resposta muito vaga. Eu não saberia responder isso.

ESTRELANDO - Podemos colocar que a Clotilde está mais para empoderada se ela vivesse hoje entre a gente?

SIMONE SPOLADORE - Bom, eu acho que ela teve um momento de amargura que foi quando ela disse não para o amor dela. Ali, eu quis pontuar isso, até tentei fazer de uma maneira para não pesar tanto, mas eu quis pontuar uma amargura, porque ela diz não pra ela mesma e qualquer pessoa vai ficar amargurada, e a gente fica querendo salvar os personagens, mas não pode salvar. O ser humano é falho, ele é egoísta, amargo às vezes, ele é triste, nós somos tudo isso e também alegres, então ali eu pontuei uma amargura sim, mas só ali, porque antes, por exemplo, a gente já pensa no clichê de a mulher que não tem um homem é amargurada e eu quis pensar diferente. Tipo, ela não tinha um homem, não tinha se sentido atraída, não tinha aberto aquele campo na vida dela, mas ela tinha uma alegria na vida, ela era feliz, alegre com a vida simples que ela tinha.

ESTRELANDO - Mas a grande questão seria de Clotilde com ela mesma ou com os preconceitos?

SIMONE SPOLADORE - Eu acho que com a mente dela, que está paralisada em ideias fixas, tanto que quando ela se abre para o amor, ela quase enlouquece. Eu acho que ela, na verdade, tem muito medo de se entregar para a vida, se entregar para o amor, para o desconhecido. Ela tem muito medo do que isso vai causar nela. E a gente conhece muita gente que é assim. A gente tem isso de querer manter controle sobre as coisas e quer arriscar e aí você paralisa sua vida, porque a vida é um movimento, aí vem uma pessoa, um irmão que fica doente, uma mãe, e você tem que rever a sua vida, porque a vida está se movendo o tempo todo.

ESTRELANDO - A Clotilde é uma personagem que te surpreendeu?

SIMONE SPOLADORE - Muito, porque eu ia fazer as cenas às vezes, e assim, eu estava tranquila, tipo, sem prever o que eu ia fazer em cena, sem prever o que eu ia sentir. De repente vinha uma emoção, que eu não sabia o que eu ia sentir, de lá de dentro, uma coisa que eu ficava meio surpreendida. Aquela fase toda que ela enrolava a barriga, aquilo me deixou muito angustiada. Era muito angustiante pra mim fazer aquilo e ir para casa.

Deixe um comentário

Atenção! Os comentários do portal Estrelando são via Facebook, lembre-se que o comentário é de inteira responsabilidade do autor, comentários impróprios poderão ser denunciados pelos outros usuários, acarretando até mesmo na perda da conta no Facebook.

Enquete

Com a final do BBB24, qual bordão você vai levar para a sua vida?

Obrigado! Seu voto foi enviado.