O jornal The New York Times publicou um relato perturbador feito pela atriz Salma Hayek. Ela escreveu um depoimento chocante sobre a série de assédios que sofreu do produtor Harvey Weinstein, assim como muitas outras estrelas de Hollywood. Confira abaixo:

Harvey Weinstein era apaixonado por cinema, uma pessoa que assumia riscos, um patrão talentoso, um pai amoroso e um monstro. Durante anos, ele foi o meu monstro. Neste outono, eu fui requisitada por repórteres, e também por diferentes fontes, incluindo a minha querida amiga Ashley Judd, para falar sobre um episódio da minha vida que, embora doloroso, precisava ficar em paz com isso. Eu tive que fazer uma lavagem cerebral em mim mesma porque eu pensei que tudo tinha acabado e que eu tinha sobrevivido; eu escondi a responsabilidade de ir a público com a desculpa de que muitas pessoas já estavam envolvidas em uma luz brilhante em torno do meu monstro. Eu não achava que minha voz era importante, não achava que iria fazer a diferença. Na verdade, eu estava tentando me salvar do desafio de explicar muitas coisas a quem eu amava: o porquê de, quando mencionei que tinha sido abusada como muitas outras por Harvey, eu excluí alguns detalhes. E o porquê, por muitos anos, eu ser educada com um homem que me machucou tão profundamente. 

A atriz então alega que o fato de muitas artistas terem denunciado o produtor, de início, não a ajudou a se pronunciar.

Quando tantas mulheres apareceram para descreverem o que Harvey tinha feito com elas, eu tive que confrontar a minha covardia e aceitar humildemente que a minha história, embora fosse muito importante para mim, não era nada além de uma gota em um oceano de culpas e confusões. Eu senti que ninguém ligaria para a minha dor — talvez esse seja um efeito de muitos anos em que me disseram, especialmente Harvey, que eu não era nada. Finalmente estamos nos tornando mais conscientes de uma imoralidade que é socialmente aceita e que já insultou e humilhou milhões de garotas como eu, já que em cada mulher existe uma garota. 

Salma escreveu sobre o início das abordagens impróprias de Harvey.

Sabendo o que eu sei agora, eu me pergunto se não foi a minha amizade com Quentin Tarantino e George Clooney que me salvou de ser estuprada. [...] Em minha ingenuidade, eu tinha realizado um sonho. Ele me deu uma chance, me disse sim. Mas mal sabia que seria a minha vez de dizer não. Não abrir a porta para ele tarde da noite, hotel após hotel, locação após locação, onde ele aparecia inesperadamente, incluindo uma locação onde eu estava fazendo um filme que ele nem envolvido estava. Não para tomar banho com ele. Não para deixá-lo me observar enquanto eu tomava banho. Não para ele me dar uma massagem. Não para deixar um amigo nu dele me fazer uma massagem. Não para ele me fazer sexo oral. Não para que eu ficasse nua com outra mulher. Não, não, não, não, não...

E continua.

O alcance de suas táticas de persuasão passou de falar gentilmente comigo a, em um ataque de fúria, ele disse as terríveis palavras: Eu vou matar você, não pense que eu não posso.

E então, a atriz conclui.

Sou grata por todos que estão ouvindo as nossas experiências. Eu espero que adicionando a minha voz neste coro daquelas que finalmente vieram à frente possa acender uma luz sobre o porquê isso é tão difícil, e por que tantas de nós esperaram tanto tempo. Os homens abusam sexualmente das mulheres porque eles podem. As mulheres estão falando sobre isso hoje, nesta nova era, porque finalmente podemos.

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