A minissérie Assédio, que está sendo exibida pela Globo, vem repercutindo nas redes sociais e na mídia por conta de atuações fortes como as de Antonio Calloni e Adriana Esteves, mas também pelo assunto que deixa um verdadeiro nó na garganta. Inspirada no livro A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih, de Vicente Vilardaga, a obra mostra o médico especialista em reprodução assistida Roger Sadala. Abdelmassih foi condenado pelo estupro de 39 mulheres, depois de ser denunciado por uma secretária por abuso sexual - o que trouxe à tona denúncias de outras mulheres. Confira, a seguir, o que é real e o que é ficção na série!

Segundo entrevista de Vilardaga à Veja, as vítimas da série, encabeçadas por Stela, vivida por Adriana Esteves, reúnem características de vítimas reais que são muito mais numerosas. Elas exemplificam, porém, as diferentes características das vítimas reais. A história que é totalmente fiel à realidade é a da secretária Daiane, vivida por Jéssica Ellen, que leva à polícia o assédio sexual do ex-médico - e seu patrão.

Um dos casos mais tenebrosos da série, o da paciente que foi a primeira vítima do ex-médico, é verdadeira. Aos 17 anos, uma moça internada com cólicas renais em uma ala restrita foi molestada por dias por Abdelmassih, com uma única testemunha: outra paciente, cega. Isso aconteceu na década de 80, anos antes da maioria das denúncias de outras vítimas.

As vítimas que se uniram contra o médico - entre elas muitas pacientes que o procuravam para fertilização in vitro - fundaram uma associação e até tentaram descobrir o paradeiro do ex-médico após as denúncias, mas foi a polícia quem, na vida real, encontrou Abdelmassih, ao contrário do roteiro da série.

Outro momento muito parecido com a ficção foi como descobriram o paradeiro de Sadala com como descobriram o de Abdelmassih. O ex-médico matriculou os filhos em uma escola bilíngue no Paraguai, para onde fugiu, e jornalistas e a polícia investigaram onde ficaria a instituição. Descobriram, avistaram primeiro a esposa do Roger da vida real, e então, dias depois, localizaram o criminoso. Mas a jornalista da ficção não teve um papel tão importante na história real quanto aparenta. Vários repórteres fizeram furos e boas matérias sobre o caso, mas nenhum foi tão decisivo como o trabalho da personagem Mira.

O final de Sadala deixou os telespectadores que já viram a série pelo Globoplay de queixo caído - já que ele deixa o presídio onde estava detido. Pois, na vida real, Abdelmassih também está em prisão domiciliar em sua mansão, em São Paulo, após cumprir apenas três anos de sua pena de 278.