Após muita espera, o filme de drama Ainda Estou Aqui finalmente estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 7. O longa-metragem dirigido por Walter Salles é uma das produções nacionais mais aguardadas de todo o ano. A trama se passa no Rio de Janeiro retratando a vida de uma mulher que estudou Direito e se reinventou como uma das mais importantes ativistas dos Direitos Humanos no Brasil depois do assassinato de seu marido na ditadura militar em 1971. A produção, que é adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, conta com Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva em sua fase adulta, Fernanda Montenegro como Eunice Paiva idosa e Selton Mello interpretando o personagem Rubens Paiva. A seguir, confira tudo o que já foi falado sobre Ainda Estou Aqui, que já ganhou o carinho da crítica antes do lançamento!

O longa-metragem foi exibido em festivais de diversos países ao redor do globo e, durante sua passagem, conquistou a crítica internacional. O filme chegou a ser premiado Festival de Cinema de Veneza e no Festival Internacional de Cinema de Vancouver.

Selton Mello revelou na mostra de cinema de São Paulo que em uma das cenas com Fernanda Montenegro o público de Veneza chegou a acreditar que se tratava na verdade de Fernanda Torres com caracterização: Tem uma coisa maravilhosa em Veneza, que quando a Fernandona apareceu, algumas pessoas falaram assim que trabalho de maquiagem fabuloso, é uma maravilha como essa atriz Fernanda Torres está uma senhora no final do filme.

Fernanda Torres já ganhou o prêmio Critics Choice Awards por sua atuação. A cerimônia aconteceu no dia 23 de outubro no Egyptian Theatre, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Apesar de não ter conseguido ir pessoalmente, a atriz enviou uma mensagem de vídeo para agradecer a homenagem. Segundo informações da CNN, ela declarou: - Primeiro de tudo, eu realmente gostaria de estar com vocês hoje à noite, mas infelizmente a vida não é justa. Eu estou lançando Ainda Estou Aqui no Brasil, então daqui, da minha cidade natal, eu gostaria agradecer profundamente a associação do Critics Choice por esse prêmio. Para mim, isso é uma confirmação que sou parte da cultura que me moldou, de Gabriel García Márquez a Jorge Luis Borges, Iñárritu, Ricardo Darín, Carmen Miranda e Frida Kahlo. Nós brasileiros, às vezes, não nos sentimos parte, porque não falamos espanhol. Nós falamos português, mas isso é uma confirmação. Descendente de uma família de artistas, ela ainda fez uma reflexão: - Eu me lembro na época da ditadura o medo que eles tinham de censura, porque o lugar poderia ser fechado um dia antes da abertura. Eles tinham ameaças de bomba e tiroteio no teatro. Era estranho, horrível. Mas eles nunca foram torturados ou assassinados como o patriarca da família Paiva. As dificuldades de Eunice Paiva, essa mulher maravilhosa que eu tive a honra de interpretar, eram as mesmas dos meus pais, do toda uma geração para o retorno de uma democracia no Brasil. Ainda Estou Aqui não é um filme sobre o passado. É estranhamente e tristemente sobre o presente. Uma reflexão sobre a normalização da violência do Estado. A dignidade, a força e a perseverança de Eunice Paiva nos levou ao filme e sinto que agora sou uma atriz diferente depois do filme

O filme foi selecionado pelo Brasil para representar o país e concorrer a uma vaga no Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. Nas redes sociais, a Academia Brasileira de Cinema celebrou: Estou orgulhosa de presidir essa comissão, que foi unânime na escolha desse grande filme sobre memória, um retrato emocionante de uma família sob a ditadura militar. Ainda Estou Aqui é uma obra-prima, sobre o olhar de uma mulher, Eunice Paiva, e com atuações sublimes das duas Fernandas. Esse é um momento histórico para nosso cinema. Não tenho dúvida que esse filme tem grandes chances de colocar o Brasil de novo entre os melhores do mundo. Nós, da indústria do audiovisual brasileiro, merecemos isso.

Fernanda Montenegro foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1999 pelo seu papel em Central do Brasil, também dirigido por Walter Salles, mas acabou não levando a estatueta para casa. Por conta disso, o público está na expectativa que Fernanda Torres faça justiça por sua mãe e finalmente traga para casa uma estatueta.

Em conversa com Fábia Said, do jornal Metrópoles, Fernada Torres falou sobre a possível indicação ao Oscar com Melhor Filme Internacional ou até como Melhor Atriz: - Acho que tem chance em Filme Internacional porque tivemos críticas deslumbrantes. É um filme importantíssimo, porque recupera uma mulher extraordinária, chamada Eunice Paiva, que eu acho que o Brasil não conhece como deveria. Ao falar sobre como sua mãe foi a última brasileira a concorrer pela categoria que representa a maior honraria para uma atriz na premiação, ela declarou: - Isso não existe. Acho muito difícil. Para uma atriz sul-americana, ser indicada já é uma vitória. Eu estou cotada nas shortlists, o que, para mim, já é milagre.