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Publicada em 21/06/2017 às 05:00 | Atualizada em 20/06/2017 às 19:05

Letícia Spiller dispara sobre vaidade: - Sei que a beleza não é eterna

A atriz está em cartaz com a peça Doroteia ao lado de Rosamaria Murtinho e se despiu de toda a vaidade para dar vida à personagem

Lygia Haydée

Divulgação

Letícia Spiller tem uma carreira de fazer inveja. A atriz estourou como a Babalu de Quatro por Quatro e seguiu tendo diversos papeis de sucesso, estando agora na supersérie Os Dias Eram Assim, quando chegou a mostrar os seios na televisão, sem pudores. E não é só. Em cartaz com a peça Doroteia, quando atua ao lado de Rosamaria Murtinho, a estrela mostrou que, apesar de linda, abre mão da vaidade por sua arte. Isso porque ela aparece como na foto acima, com peruca e arranhões pelo corpo, além de surgir nua em certa parte da peça. 

Linda e com um corpo de fazer inveja no auge de seus 44 anos de idade recém completados, a atriz falou sobre essa exacerbação da beleza ao ESTRELANDO

Hoje a gente tem essa cultura individualista por causa das selfies e das redes sociais. Existe uma exacerbação dessa vaidade. E eu acredito que isso não pode dar em boa coisa. Se você souber levar isso na medida certa, pode dar frutos bacanas para você, mas se você se entregar a isso, eu acho que você corre o risco de sofrer. Assim como quem é muito vaidoso também sofre. Eu tento buscar esse equilíbrio, porque eu sei que a beleza não é eterna, mas a beleza que vem de dentro pode ser. E eu acho que essa beleza que vem de dentro reflete para o lado de fora. Mesmo que a gente esteja cheio de rugas, com o cabelo branco, com a pele opaca, a gente tem um olho que pode brilhar. E eu espero continuar com esse pensamento e cada vez mais buscar aprendizados novos e procurar alimentar o meu pensamento de coisas boas, interessantes, que possam me acrescentar. 

Mesmo com isso em mente, a atriz percebe hoje, acompanhando a velhice dos pais, como o passar do tempo pode ser penoso. 

A velhice é cruel. Eu vejo isso porque eu tenho pais que me tiveram com 50 anos, 40 e poucos anos, e hoje em dia estão numa fase da vida que as coisas se tornam mais difíceis. Se torna mais difícil o caminhar para ir até a padaria, se torna mais difícil pegar o leite num armário um pouco mais acima da cabeça, ir até o banheiro... é cruel. 

Fazendo pela primeira vez um texto de Nelson Rodrigues nos palcos, ela vive Doroteia. Escrita em 1949, a peça aborda, entre outros assuntos, o mito da beleza. Ex-prostituta, que largou a profissão depois da morte do filho, a personagem de Letícia segue em busca da destruição da própria beleza para se igualar à feiura de suas primas, que vivem em uma casa sem quartos e onde há 20 anos não entram homens.

- Eu tinha muita curiosidade em vivenciar um texto do Nelson e gostava muito do tema da Doroteia, sempre me atraiu. Agora eu acho que estou descobrindo o verdadeiro sentido desse texto, a verdadeira mensagem que ele quer trazer, que vai muito além da história, simplesmente. É um texto que me atrai porque ele fala principalmente da condição humana, da aceitação da nossa condição humana, que todos nós estamos indo para o mesmo lugar, caminhando para o mesmo lugar. Todos nós, um dia, retornaremos ao pó. Eu acho que é isso que a Doroteia fala essencialmente. É claro que tem muito sarcasmo em torno de preconceito, falsa moral, tudo o que o Nelson gosta de expor nas obras dele. É transgressor. É desafiador. Está sempre incitando o público, a platéia, o ser humano de alguma forma.

E sobre sua parceria com Rosamaria, a estrela ainda dispara: 

É a primeira vez que eu atuo numa peça de Nelson e eu devo isso muito ao Farjala (Jorge Farjalla - diretor da peça) e à Rosinha, que me convidaram. E depois, uma coincidência (ou não) interessante, é que essa também é a primeira vez que a Rosa atua numa peça do Nelson. E nós, na história, somos uma o espelho da outra, somos os nossos duplos. E também, na vida, por sermos atrizes e por termos uma o dobro da idade da outra. Eu tenho a metade e ela tem o dobro. Então é interessante ver essas coincidências aí. Para mim é maravilhoso. Estou aprendendo muito, eu amo esse processo, que é um processo de companhia teatral, que é o que mais me atrai: poder sair do ego, sair de mim, e me disponibilizar para uma obra maior, que eu acho que é o caso dessa obra, que eu acho que é uma obra mística. Não é simplesmente uma história do subúrbio carioca. É uma peça mítica, que vai além da história.

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Letícia Spiller dispara sobre vaidade: - <i>Sei que a beleza não é eterna</i>

Letícia Spiller dispara sobre vaidade: - Sei que a beleza não é eterna

17/Jun/

Letícia Spiller tem uma carreira de fazer inveja. A atriz estourou como a Babalu de Quatro por Quatro e seguiu tendo diversos papeis de sucesso, estando agora na supersérie Os Dias Eram Assim, quando chegou a mostrar os seios na televisão, sem pudores. E não é só. Em cartaz com a peça Doroteia, quando atua ao lado de Rosamaria Murtinho, a estrela mostrou que, apesar de linda, abre mão da vaidade por sua arte. Isso porque ela aparece como na foto acima, com peruca e arranhões pelo corpo, além de surgir nua em certa parte da peça. 

Linda e com um corpo de fazer inveja no auge de seus 44 anos de idade recém completados, a atriz falou sobre essa exacerbação da beleza ao ESTRELANDO

Hoje a gente tem essa cultura individualista por causa das selfies e das redes sociais. Existe uma exacerbação dessa vaidade. E eu acredito que isso não pode dar em boa coisa. Se você souber levar isso na medida certa, pode dar frutos bacanas para você, mas se você se entregar a isso, eu acho que você corre o risco de sofrer. Assim como quem é muito vaidoso também sofre. Eu tento buscar esse equilíbrio, porque eu sei que a beleza não é eterna, mas a beleza que vem de dentro pode ser. E eu acho que essa beleza que vem de dentro reflete para o lado de fora. Mesmo que a gente esteja cheio de rugas, com o cabelo branco, com a pele opaca, a gente tem um olho que pode brilhar. E eu espero continuar com esse pensamento e cada vez mais buscar aprendizados novos e procurar alimentar o meu pensamento de coisas boas, interessantes, que possam me acrescentar. 

Mesmo com isso em mente, a atriz percebe hoje, acompanhando a velhice dos pais, como o passar do tempo pode ser penoso. 

A velhice é cruel. Eu vejo isso porque eu tenho pais que me tiveram com 50 anos, 40 e poucos anos, e hoje em dia estão numa fase da vida que as coisas se tornam mais difíceis. Se torna mais difícil o caminhar para ir até a padaria, se torna mais difícil pegar o leite num armário um pouco mais acima da cabeça, ir até o banheiro... é cruel. 

Fazendo pela primeira vez um texto de Nelson Rodrigues nos palcos, ela vive Doroteia. Escrita em 1949, a peça aborda, entre outros assuntos, o mito da beleza. Ex-prostituta, que largou a profissão depois da morte do filho, a personagem de Letícia segue em busca da destruição da própria beleza para se igualar à feiura de suas primas, que vivem em uma casa sem quartos e onde há 20 anos não entram homens.

- Eu tinha muita curiosidade em vivenciar um texto do Nelson e gostava muito do tema da Doroteia, sempre me atraiu. Agora eu acho que estou descobrindo o verdadeiro sentido desse texto, a verdadeira mensagem que ele quer trazer, que vai muito além da história, simplesmente. É um texto que me atrai porque ele fala principalmente da condição humana, da aceitação da nossa condição humana, que todos nós estamos indo para o mesmo lugar, caminhando para o mesmo lugar. Todos nós, um dia, retornaremos ao pó. Eu acho que é isso que a Doroteia fala essencialmente. É claro que tem muito sarcasmo em torno de preconceito, falsa moral, tudo o que o Nelson gosta de expor nas obras dele. É transgressor. É desafiador. Está sempre incitando o público, a platéia, o ser humano de alguma forma.

E sobre sua parceria com Rosamaria, a estrela ainda dispara: 

É a primeira vez que eu atuo numa peça de Nelson e eu devo isso muito ao Farjala (Jorge Farjalla - diretor da peça) e à Rosinha, que me convidaram. E depois, uma coincidência (ou não) interessante, é que essa também é a primeira vez que a Rosa atua numa peça do Nelson. E nós, na história, somos uma o espelho da outra, somos os nossos duplos. E também, na vida, por sermos atrizes e por termos uma o dobro da idade da outra. Eu tenho a metade e ela tem o dobro. Então é interessante ver essas coincidências aí. Para mim é maravilhoso. Estou aprendendo muito, eu amo esse processo, que é um processo de companhia teatral, que é o que mais me atrai: poder sair do ego, sair de mim, e me disponibilizar para uma obra maior, que eu acho que é o caso dessa obra, que eu acho que é uma obra mística. Não é simplesmente uma história do subúrbio carioca. É uma peça mítica, que vai além da história.