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Publicada em 25/07/2019 às 10:06 | Atualizada em 25/07/2019 às 11:20

Preferida de Nelson Rodrigues, Lucélia Santos fala sobre obras do dramaturgo em sua vida: É como água para minha sede de atriz

Ao lado de Matheus Nachtergaele, ela está em A Serpente, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, dia 25

Da Redação

Divulgação

Longe do Brasil, mas não das produções brasileiras. Lucélia Santos chega nesta quinta-feira, dia 25, aos cinemas com o filme A Serpente, baseada em obra de Nelson Rodrigues e sob direção do pernambucano Jura Capela, ao mesmo tempo em que grava Vida Louca, nova novela do canal TVI em Portugal, onde reside atualmente por causa do novo trabalho. Ao lado de Matheus Nachtergaele, ela interpreta as gêmeas Guida e Lígia, duas irmãs que vivem na mesma casa com seus respectivos maridos, em quartos separados por uma única parede. Uma das irmãs, Lígia, permanece virgem. Insatisfeita, ela quer desfazer o casamento e pensa em se matar. Para impedir o suicídio da irmã, Guida lhe oferece o próprio marido, Paulo, personagem de Nachtergaele, por uma noite.

Considerada a atriz favorita de Nelson Rodrigues, Lucélia revela, em entrevista ao ESTRELANDO, a honra de ser considerada a preferida do dramaturgo e também a chance de trabalhar, mais uma vez, com uma personagem rodriguiana:

- E esse foi um encontro definitivo pra mim. Nelson e eu nos encontramos várias vezes nessa vida e, inclusive no presídio da Frei caneca, onde eu visitava os presos políticos e ele também nos anos de 1979. Ele visitava seu filho Nelson Rodrigues que lá estava entre os outros. Temos muitas coisas em comum. A minha admiração por Nelson vem junto com a minha paixão pelo teatro. Foi na obra dele que eu bebi toda a satisfação que é possível a uma atriz a um ator. E repetidas vezes por toda vida leio estudo as obras de Nelson, é como água para minha sede de atriz . Agora mesmo em Lisboa participei da leitura de Vestido de Noiva e tenho ouvido as outras leituras de um festival que está acontecendo por aqui. Sinto-me honrada de ele ter gostado de mim, pois o considero um verdadeiro gênio.

Para o filme, Matheus Nachtergaele confessou que para atuar ao lado de Lucélia precisou superar seu lado fã, já que foi por causa dela que decidiu seguir carreira artística.  A atriz, claro, recebeu os elogios do companheiro de cena de braços abertos: 

- Matheus é uma pessoa muito especial na minha vida também. O admiro extremamente como ator e como ser humano. Ele tem uma rara sensibilidade, uma coisa que não se encontra a toda hora. Encontrá-lo no set de filmagem foi muito forte, vertiginoso, assim como todo o filme, do começo ao fim, e não se trata de um filme fácil. Trata-se de uma tragédia. Uma tragédia brasileira. Acho que os atores se admiram, talvez o que não aconteça seja a expressão dessa admiração.

Quando o assunto é a tragédia, Lucélia não deixa de comentar sobre suas impressões de Mariana, onde esteve para filmar o longa logo após a tragédia ambiental que devastou a cidade em 2015:

O que ocorreu em Mariana foi um dos crimes mais hediondos da recente história do Brasil. Um crime ambiental sem precedentes. Não houve punição aos responsáveis por essa tragédia. Os atingidos até hoje não foram ressarcidos das suas perdas. A natureza morreu para sempre. O que é pior é que seguiu-se a ele tragédia igual em Brumadinho. Sim, isso nos faz ficar extremamente pesarosos em relação ao que se passa atualmente no nosso país. Sobretudo na questão ambiental, porque todas as outras destruições que estão sendo cometidas poderão talvez a médio e longo prazo serem revertidos, o  meio-ambiente não. Matou, não ressuscita. Acabou para sempre.

Para divulgação do filme, Jura Capela afirma que conseguir colocar o filme nas salas de cinema é devolver ao publico a arte brasileira, é trazer Nelson Rodrigues e a Lucélia Santos para o tempo do agora. Sobre a declaração do diretor, Lucélia ainda comenta o atual momento do cinema brasileiro e da importância do longa nos dias de hoje: 

Sempre amei o cinema como a maior forma de expressão artística. Amo cinema como atriz, como diretora e produtora e principalmente como espectadora. Vejo cinema desde a infância quando invadia o Cine Tangará em Santo André pelos fundos e via todos os filmes que conseguia, assim me tornei uma cinéfila. O atual momento do cinema brasileiro e da cultura brasileira são extremamente delicados e exigem toda nossa atenção. Há um desmonte de todas as instituições de educação e de cultura. Nesse momento portanto, o cinema fica ainda mais visível como forma de expressão artística e de resistência cultural. Jura tem razão, levar um filme para as salas nesse momento significa muito, tanto pra quem o faz como pra quem o vê.

E faz uma observação sobre o que sente falta nas produções brasileiras: 

- Sinto falta de mais comédias românticas no cinema brasileiro, acho que ela se funcionaria muito bem. Os franceses tem feito filmes muito bons, muitos mesmo. Isso em consequência de um casamento com a televisão francesa, o que o Brasil deveria fazer também, uma união do cinema com a TV.

Vida em Portugal e Novela

Lucélia fez questão de esclarecer que sua ida a Portugal está apenas atrelada ao trabalho e que não deixou o Brasil em definitivo. Sobre sua volta ao país, no entanto, ela prefere não cravar uma data: 

- Eu não deixei o Brasil. Estou apenas cumprindo um contrato de trabalho com a televisão portuguesa. Não estou saindo definitivamente do Brasil, que isso fique bem claro. Pretendo voltar quando acabar o trabalho, lá pelo ano que vem, mas como budista prefiro expressar-me assim: vamos ver como os ventos do meu carma vão soprar, em que direção…

Por enquanto, ela apenas prefere celebrar sua volta às novelas: 

- Gravar novela pra mim é uma coisa extremamente fácil e agradável. Gosto do relacionamento com equipe e colegas, é como um parque de diversões. Minha personagem é uma mulher milionária, comedora compulsiva de chocolate, que tem uma grande tragédia na vida. Perdeu a filha amada muito cedo por drogas e vai passar toda a trama em busca da neta sequestrada.

Na trama, aliás, Lucélia contracena com Edwin Luisi, com quem fez par romântico na inesquecível Escrava Isaura (1976), de Gilberto Braga. Sobre o reencontro com o ator, ela revela: 

- Fomos convidados juntos para esse trabalho, a novela do Rui Vilhena quis o casal da Escrava Isaura. Nós convivemos muito bem, somos muito parceiros e nos apoiamos muito, pois estamos no mesmo barco. Nos gostamos muito, está sendo ótimo.



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Preferida de Nelson Rodrigues, Lucélia Santos fala sobre obras do dramaturgo em sua vida: <i>É como água para minha sede de atriz</i>

Preferida de Nelson Rodrigues, Lucélia Santos fala sobre obras do dramaturgo em sua vida: É como água para minha sede de atriz

05/Mai/

Longe do Brasil, mas não das produções brasileiras. Lucélia Santos chega nesta quinta-feira, dia 25, aos cinemas com o filme A Serpente, baseada em obra de Nelson Rodrigues e sob direção do pernambucano Jura Capela, ao mesmo tempo em que grava Vida Louca, nova novela do canal TVI em Portugal, onde reside atualmente por causa do novo trabalho. Ao lado de Matheus Nachtergaele, ela interpreta as gêmeas Guida e Lígia, duas irmãs que vivem na mesma casa com seus respectivos maridos, em quartos separados por uma única parede. Uma das irmãs, Lígia, permanece virgem. Insatisfeita, ela quer desfazer o casamento e pensa em se matar. Para impedir o suicídio da irmã, Guida lhe oferece o próprio marido, Paulo, personagem de Nachtergaele, por uma noite.

Considerada a atriz favorita de Nelson Rodrigues, Lucélia revela, em entrevista ao ESTRELANDO, a honra de ser considerada a preferida do dramaturgo e também a chance de trabalhar, mais uma vez, com uma personagem rodriguiana:

- E esse foi um encontro definitivo pra mim. Nelson e eu nos encontramos várias vezes nessa vida e, inclusive no presídio da Frei caneca, onde eu visitava os presos políticos e ele também nos anos de 1979. Ele visitava seu filho Nelson Rodrigues que lá estava entre os outros. Temos muitas coisas em comum. A minha admiração por Nelson vem junto com a minha paixão pelo teatro. Foi na obra dele que eu bebi toda a satisfação que é possível a uma atriz a um ator. E repetidas vezes por toda vida leio estudo as obras de Nelson, é como água para minha sede de atriz . Agora mesmo em Lisboa participei da leitura de Vestido de Noiva e tenho ouvido as outras leituras de um festival que está acontecendo por aqui. Sinto-me honrada de ele ter gostado de mim, pois o considero um verdadeiro gênio.

Para o filme, Matheus Nachtergaele confessou que para atuar ao lado de Lucélia precisou superar seu lado fã, já que foi por causa dela que decidiu seguir carreira artística.  A atriz, claro, recebeu os elogios do companheiro de cena de braços abertos: 

- Matheus é uma pessoa muito especial na minha vida também. O admiro extremamente como ator e como ser humano. Ele tem uma rara sensibilidade, uma coisa que não se encontra a toda hora. Encontrá-lo no set de filmagem foi muito forte, vertiginoso, assim como todo o filme, do começo ao fim, e não se trata de um filme fácil. Trata-se de uma tragédia. Uma tragédia brasileira. Acho que os atores se admiram, talvez o que não aconteça seja a expressão dessa admiração.

Quando o assunto é a tragédia, Lucélia não deixa de comentar sobre suas impressões de Mariana, onde esteve para filmar o longa logo após a tragédia ambiental que devastou a cidade em 2015:

O que ocorreu em Mariana foi um dos crimes mais hediondos da recente história do Brasil. Um crime ambiental sem precedentes. Não houve punição aos responsáveis por essa tragédia. Os atingidos até hoje não foram ressarcidos das suas perdas. A natureza morreu para sempre. O que é pior é que seguiu-se a ele tragédia igual em Brumadinho. Sim, isso nos faz ficar extremamente pesarosos em relação ao que se passa atualmente no nosso país. Sobretudo na questão ambiental, porque todas as outras destruições que estão sendo cometidas poderão talvez a médio e longo prazo serem revertidos, o  meio-ambiente não. Matou, não ressuscita. Acabou para sempre.

Para divulgação do filme, Jura Capela afirma que conseguir colocar o filme nas salas de cinema é devolver ao publico a arte brasileira, é trazer Nelson Rodrigues e a Lucélia Santos para o tempo do agora. Sobre a declaração do diretor, Lucélia ainda comenta o atual momento do cinema brasileiro e da importância do longa nos dias de hoje: 

Sempre amei o cinema como a maior forma de expressão artística. Amo cinema como atriz, como diretora e produtora e principalmente como espectadora. Vejo cinema desde a infância quando invadia o Cine Tangará em Santo André pelos fundos e via todos os filmes que conseguia, assim me tornei uma cinéfila. O atual momento do cinema brasileiro e da cultura brasileira são extremamente delicados e exigem toda nossa atenção. Há um desmonte de todas as instituições de educação e de cultura. Nesse momento portanto, o cinema fica ainda mais visível como forma de expressão artística e de resistência cultural. Jura tem razão, levar um filme para as salas nesse momento significa muito, tanto pra quem o faz como pra quem o vê.

E faz uma observação sobre o que sente falta nas produções brasileiras: 

- Sinto falta de mais comédias românticas no cinema brasileiro, acho que ela se funcionaria muito bem. Os franceses tem feito filmes muito bons, muitos mesmo. Isso em consequência de um casamento com a televisão francesa, o que o Brasil deveria fazer também, uma união do cinema com a TV.

Vida em Portugal e Novela

Lucélia fez questão de esclarecer que sua ida a Portugal está apenas atrelada ao trabalho e que não deixou o Brasil em definitivo. Sobre sua volta ao país, no entanto, ela prefere não cravar uma data: 

- Eu não deixei o Brasil. Estou apenas cumprindo um contrato de trabalho com a televisão portuguesa. Não estou saindo definitivamente do Brasil, que isso fique bem claro. Pretendo voltar quando acabar o trabalho, lá pelo ano que vem, mas como budista prefiro expressar-me assim: vamos ver como os ventos do meu carma vão soprar, em que direção…

Por enquanto, ela apenas prefere celebrar sua volta às novelas: 

- Gravar novela pra mim é uma coisa extremamente fácil e agradável. Gosto do relacionamento com equipe e colegas, é como um parque de diversões. Minha personagem é uma mulher milionária, comedora compulsiva de chocolate, que tem uma grande tragédia na vida. Perdeu a filha amada muito cedo por drogas e vai passar toda a trama em busca da neta sequestrada.

Na trama, aliás, Lucélia contracena com Edwin Luisi, com quem fez par romântico na inesquecível Escrava Isaura (1976), de Gilberto Braga. Sobre o reencontro com o ator, ela revela: 

- Fomos convidados juntos para esse trabalho, a novela do Rui Vilhena quis o casal da Escrava Isaura. Nós convivemos muito bem, somos muito parceiros e nos apoiamos muito, pois estamos no mesmo barco. Nos gostamos muito, está sendo ótimo.