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Publicada em 10/05/2021 às 16:30 | Atualizada em 10/05/2021 às 15:44

Sarah Oliveira e Roberta Martinelli apostam na sensibilidade - e na música! - para contar histórias no podcast Nós, original Spotify

Série estreia nesta segunda-feira, dia 10, e pode ser ouvida gratuitamente no serviço de streaming

Carolina Rocha

Nadja Kouchi

Você com certeza já ouviu falar de Sarah Oliveira e Roberta Martinelli, não é? Pois saiba que ao longo dos anos, as duas jornalistas musicais também ouviram falar de muitas pessoas. Em um momento tão delicado, Sarah e Roberta decidiram reunir alguns desses relatos emocionantes que receberam durante suas carreiras e colocá-los em um programa, onde poderiam refletir sobre as fragilidades e resistências dos relacionamentos; as verdades e as fantasias; as complexidades e as clarezas; as pluralidades e as particularidades; e os inúmeros sentimentos que envolvem as interações humanas e o relacionar com o outro. Assim nasceu o podcast Nós, original Spotify, que já está disponível no serviço de streaming nesta segunda-feira, dia 10.

A cada semana, Sarah e Roberta falarão sobre um tipo diferente de relacionamento, muito além do clichê amor-romântico. Cada uma das apresentadoras conversará com uma das faces desta relação, e ao final, darão suas considerações, sempre movidas pela sensibilidade que já mostram em seus projetos. O ouvinte também poderá estender sua experiência com uma playlist que seguirá o tema dos episódios; o primeiro, que aborda o vínculo entre pai e filha, conta com as canções Pai e Mãe (Ney Matogrosso), Seu Pai (Arto Lindsay), You've got a friend (James Taylor e Carole King), The Blower's Daughter (Damien Rice), Father Figure (George Michael), Como nossos Pais (Elis Regina), 1 de Julho (Cássia Eller), Father and Son (Johnny Cash e Fiona Apple), Pai Grande (Milton Nascimento) e O mundo é um Moinho (Cartola).

Abaixo, você confere a entrevista que o ESTRELANDO fez com Sarah Oliveira e Roberta Martinelli.

ESTRELANDO - No trailer do podcast, vocês começam a falar da relação entre a música e o afeto, até mesmo pelo extenso trabalho de vocês no entretenimento e jornalismo musical brasileiro. Por que vocês acham que a música tem esse impacto tão grande na vida das pessoas? Acham que funciona da mesma forma em alguém que "não gosta de música"?

Roberta Martinelli - A música tem uma relação direta com a memória afetiva, leva você na hora para lugares na memória marcados por essa relação com a música, ela é muito poderosa. Por isso, fizemos uma playlist para cada episódio, cada história, porque todo mundo quando conta uma história lembra de uma música, e a música às vezes leva a gente para aquele lugar específico em um segundo, é muito forte.

Sarah Oliveira - Livros, filmes, séries, tudo isso faz parte da memória afetiva e tem o poder de tocar alguém, mas quando entra uma música, uma trilha sonora, você perde tudo ali e esquece até a cena, porque você mergulha de uma forma tão incrível, a música tem essa força de te levar aonde nem os cheiros te levam. Nós somos da rádio, então, temos aquela coisa de estar no carro e começa aquela música marcante, a gente coloca o som no talo e curte muito aquele momento, e por isso como a Rô falou, a gente fez playlists pra cada história, para a música permear e complementar a experiência. Mas o foco do programa são as histórias. Como decidimos na criação do projeto, não queríamos fazer um programa juntas só sobre música. Foi quando pensamos em contar essas histórias que mandavam para nós e essas histórias são muito poderosas, elas têm o poder de emocionar qualquer um, até mesmo alguém que não tenha essa relação afetiva com a música.

ESTRELANDO - Ao longo desse período em que receberam todas essas histórias dos ouvintes, o que mais vocês aprenderam? E o que esperam passar para o público que ouvirá o podcast?

Sarah Oliveira - A gente chora com todas, por mais que nós não tenhamos vivido o que a pessoa está contando, aquilo faz a gente revisitar algum momento da nossa vida de alguma forma, e é por isso que o podcast chama Nós; são os nossos nós e viver é isso, não é fácil viver bem, ainda mais nesse momento de pandemia, por isso, entramos bastante nas histórias, sofremos bastante e isso tomou uma dimensão tão maior para nossa vida pessoal, está sendo transformador pra gente de verdade, é muito emocionante. É um momento tão difícil, tão duro, essa pandemia, tão doído que eu acho que, fora os meus filhos e os meus amores terem saúde, o Nós trouxe uma alegria que eu estava precisando. Essa coisa do podcast é bem íntimo né, que entra no ouvido e vai para o coração. Esse processo é um dos mais bonitos que eu já vivi no audiovisual e eu tô no audiovisual há 20 anos.

Roberta Martinelli - Acho que todos nós, nesse momento, o que a gente mais quer é ouvir histórias de vida, porque está tudo tão difícil, e a gente está ouvindo o dia inteiro, vendo as histórias, e a gente se vê em todas e começa a se reconhecer por mais diferentes que sejam, só por saber que qualquer uma poderia ser minha.

ESTRELANDO - O primeiro episódio aborda uma relação familiar. Esse tipo de afeto possui uma influência maior em vocês? Por que optaram em abrir o podcast com esse tema?

Sarah Oliveira - Temos o desejo de que as pessoas ouçam e abram suas cabeças e entendam que existem raciocínios diferentes, vivências diferentes, posturas diferentes de vida e que está todo mundo vivendo isso. Ninguém quer só sobreviver, a gente quer viver e é tão bonito você pensar que isso pode transformar o outro, pode tirar preconceitos, quebrar tabus, apesar de não termos a pretensão de que esse podcast vá transformar a vida das pessoas como está transformando as nossas.

Roberta Martinelli - Sempre falamos sobre a questão do afeto nas relações e desenvolvendo as ideias e as histórias, chegamos no formato de podcast, por ser uma maneira mais íntima de contar essas lindas histórias. Outro dia, eu estava entrevistando uma menina e a gente falou muito sobre maternidade e educação, e eu saí de lá querendo ser que nem ela, querendo que ela ajudasse a educar minha filha, porque ela falava de um jeito tão firme sobre tantas questões e tinha uma história tão bonita pra contar e com uma firmeza que eu fiquei admirada e encantada por ela.

ESTRELANDO - Quando falamos de "um podcast sobre relacionamentos", talvez uma das primeiras coisas que passe pela cabeça das pessoas é um relacionamento amoroso. Vocês acreditam que seja importante desconstruir um pouco essa ideia? Pretendem fazer isso ao longo dos episódios?

Sarah Oliveira - Com certeza! Quando falamos de amor, não estamos falando somente de pessoas que se apaixonam e têm relações românticas, estamos falando de amor entre avó e neto, professor e aluno, amizades e outros tipos de relações. Você estabelece uma relação de afeto e de amor como seu irmão, com o seu vizinho, com a sua amiga, é uma forma de amor incondicional e não dá para ficar medindo intensidade; toda relação humana é uma forma de amor, e a gente fala bastante sobre isso. O amor é a maior ferramenta de transformação da sociedade.

ESTRELANDO - Como é feita a seleção de músicas de cada episódio? Quais são os critérios para filtrar uma canção e priorizá-la no meio de tantas outras?

Roberta Martinelli - Nós fizemos uma playlist pra cada história, e cada música que a gente seleciona tem muito a ver com essa coisa da memória afetiva, então, enquanto estamos fazendo as entrevistas, ouvindo as histórias, a gente vai lembrando de músicas e pensando “Nossa, essa história tem tudo a ver com tal música, ou com tal artista”, então, tem muito a ver com o sentimento, com o afeto daquela história e com as músicas que a gente gosta e conhece, que acabam vindo na memória com tantas histórias diferentes e bonitas.

ESTRELANDO - O processo todo é de muita sensibilidade, uma experiência enriquecedora. Mas se vocês pudessem citar uma dificuldade dentro do projeto, qual seria?

Roberta Martinelli - Eu faço rádio diário e ao vivo, então, tem uma coisa real, um despojamento, uma comunicação que eu acho importante de ter, que a gente sente falta no formato podcast, mas, ao mesmo tempo, o podcast tem esse cuidado, essa finalização, que é importante pra poder contar essas histórias. E no podcast, estamos preocupadas com tudo: a trilha entrando na hora certa, o roteiro, a pesquisa, porque estamos contando uma história que não é nossa, mas poderia ser e ela tem que ser contada da melhor forma possível. Acho que esse tem sido o grande desafio, contar essas histórias em um formato diferente do qual estamos acostumadas.

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Sarah Oliveira e Roberta Martinelli apostam na sensibilidade - e na música! - para contar histórias no podcast Nós, original Spotify

05/Out/

Você com certeza já ouviu falar de Sarah Oliveira e Roberta Martinelli, não é? Pois saiba que ao longo dos anos, as duas jornalistas musicais também ouviram falar de muitas pessoas. Em um momento tão delicado, Sarah e Roberta decidiram reunir alguns desses relatos emocionantes que receberam durante suas carreiras e colocá-los em um programa, onde poderiam refletir sobre as fragilidades e resistências dos relacionamentos; as verdades e as fantasias; as complexidades e as clarezas; as pluralidades e as particularidades; e os inúmeros sentimentos que envolvem as interações humanas e o relacionar com o outro. Assim nasceu o podcast Nós, original Spotify, que já está disponível no serviço de streaming nesta segunda-feira, dia 10.

A cada semana, Sarah e Roberta falarão sobre um tipo diferente de relacionamento, muito além do clichê amor-romântico. Cada uma das apresentadoras conversará com uma das faces desta relação, e ao final, darão suas considerações, sempre movidas pela sensibilidade que já mostram em seus projetos. O ouvinte também poderá estender sua experiência com uma playlist que seguirá o tema dos episódios; o primeiro, que aborda o vínculo entre pai e filha, conta com as canções Pai e Mãe (Ney Matogrosso), Seu Pai (Arto Lindsay), You've got a friend (James Taylor e Carole King), The Blower's Daughter (Damien Rice), Father Figure (George Michael), Como nossos Pais (Elis Regina), 1 de Julho (Cássia Eller), Father and Son (Johnny Cash e Fiona Apple), Pai Grande (Milton Nascimento) e O mundo é um Moinho (Cartola).

Abaixo, você confere a entrevista que o ESTRELANDO fez com Sarah Oliveira e Roberta Martinelli.

ESTRELANDO - No trailer do podcast, vocês começam a falar da relação entre a música e o afeto, até mesmo pelo extenso trabalho de vocês no entretenimento e jornalismo musical brasileiro. Por que vocês acham que a música tem esse impacto tão grande na vida das pessoas? Acham que funciona da mesma forma em alguém que "não gosta de música"?

Roberta Martinelli - A música tem uma relação direta com a memória afetiva, leva você na hora para lugares na memória marcados por essa relação com a música, ela é muito poderosa. Por isso, fizemos uma playlist para cada episódio, cada história, porque todo mundo quando conta uma história lembra de uma música, e a música às vezes leva a gente para aquele lugar específico em um segundo, é muito forte.

Sarah Oliveira - Livros, filmes, séries, tudo isso faz parte da memória afetiva e tem o poder de tocar alguém, mas quando entra uma música, uma trilha sonora, você perde tudo ali e esquece até a cena, porque você mergulha de uma forma tão incrível, a música tem essa força de te levar aonde nem os cheiros te levam. Nós somos da rádio, então, temos aquela coisa de estar no carro e começa aquela música marcante, a gente coloca o som no talo e curte muito aquele momento, e por isso como a Rô falou, a gente fez playlists pra cada história, para a música permear e complementar a experiência. Mas o foco do programa são as histórias. Como decidimos na criação do projeto, não queríamos fazer um programa juntas só sobre música. Foi quando pensamos em contar essas histórias que mandavam para nós e essas histórias são muito poderosas, elas têm o poder de emocionar qualquer um, até mesmo alguém que não tenha essa relação afetiva com a música.

ESTRELANDO - Ao longo desse período em que receberam todas essas histórias dos ouvintes, o que mais vocês aprenderam? E o que esperam passar para o público que ouvirá o podcast?

Sarah Oliveira - A gente chora com todas, por mais que nós não tenhamos vivido o que a pessoa está contando, aquilo faz a gente revisitar algum momento da nossa vida de alguma forma, e é por isso que o podcast chama Nós; são os nossos nós e viver é isso, não é fácil viver bem, ainda mais nesse momento de pandemia, por isso, entramos bastante nas histórias, sofremos bastante e isso tomou uma dimensão tão maior para nossa vida pessoal, está sendo transformador pra gente de verdade, é muito emocionante. É um momento tão difícil, tão duro, essa pandemia, tão doído que eu acho que, fora os meus filhos e os meus amores terem saúde, o Nós trouxe uma alegria que eu estava precisando. Essa coisa do podcast é bem íntimo né, que entra no ouvido e vai para o coração. Esse processo é um dos mais bonitos que eu já vivi no audiovisual e eu tô no audiovisual há 20 anos.

Roberta Martinelli - Acho que todos nós, nesse momento, o que a gente mais quer é ouvir histórias de vida, porque está tudo tão difícil, e a gente está ouvindo o dia inteiro, vendo as histórias, e a gente se vê em todas e começa a se reconhecer por mais diferentes que sejam, só por saber que qualquer uma poderia ser minha.

ESTRELANDO - O primeiro episódio aborda uma relação familiar. Esse tipo de afeto possui uma influência maior em vocês? Por que optaram em abrir o podcast com esse tema?

Sarah Oliveira - Temos o desejo de que as pessoas ouçam e abram suas cabeças e entendam que existem raciocínios diferentes, vivências diferentes, posturas diferentes de vida e que está todo mundo vivendo isso. Ninguém quer só sobreviver, a gente quer viver e é tão bonito você pensar que isso pode transformar o outro, pode tirar preconceitos, quebrar tabus, apesar de não termos a pretensão de que esse podcast vá transformar a vida das pessoas como está transformando as nossas.

Roberta Martinelli - Sempre falamos sobre a questão do afeto nas relações e desenvolvendo as ideias e as histórias, chegamos no formato de podcast, por ser uma maneira mais íntima de contar essas lindas histórias. Outro dia, eu estava entrevistando uma menina e a gente falou muito sobre maternidade e educação, e eu saí de lá querendo ser que nem ela, querendo que ela ajudasse a educar minha filha, porque ela falava de um jeito tão firme sobre tantas questões e tinha uma história tão bonita pra contar e com uma firmeza que eu fiquei admirada e encantada por ela.

ESTRELANDO - Quando falamos de "um podcast sobre relacionamentos", talvez uma das primeiras coisas que passe pela cabeça das pessoas é um relacionamento amoroso. Vocês acreditam que seja importante desconstruir um pouco essa ideia? Pretendem fazer isso ao longo dos episódios?

Sarah Oliveira - Com certeza! Quando falamos de amor, não estamos falando somente de pessoas que se apaixonam e têm relações românticas, estamos falando de amor entre avó e neto, professor e aluno, amizades e outros tipos de relações. Você estabelece uma relação de afeto e de amor como seu irmão, com o seu vizinho, com a sua amiga, é uma forma de amor incondicional e não dá para ficar medindo intensidade; toda relação humana é uma forma de amor, e a gente fala bastante sobre isso. O amor é a maior ferramenta de transformação da sociedade.

ESTRELANDO - Como é feita a seleção de músicas de cada episódio? Quais são os critérios para filtrar uma canção e priorizá-la no meio de tantas outras?

Roberta Martinelli - Nós fizemos uma playlist pra cada história, e cada música que a gente seleciona tem muito a ver com essa coisa da memória afetiva, então, enquanto estamos fazendo as entrevistas, ouvindo as histórias, a gente vai lembrando de músicas e pensando “Nossa, essa história tem tudo a ver com tal música, ou com tal artista”, então, tem muito a ver com o sentimento, com o afeto daquela história e com as músicas que a gente gosta e conhece, que acabam vindo na memória com tantas histórias diferentes e bonitas.

ESTRELANDO - O processo todo é de muita sensibilidade, uma experiência enriquecedora. Mas se vocês pudessem citar uma dificuldade dentro do projeto, qual seria?

Roberta Martinelli - Eu faço rádio diário e ao vivo, então, tem uma coisa real, um despojamento, uma comunicação que eu acho importante de ter, que a gente sente falta no formato podcast, mas, ao mesmo tempo, o podcast tem esse cuidado, essa finalização, que é importante pra poder contar essas histórias. E no podcast, estamos preocupadas com tudo: a trilha entrando na hora certa, o roteiro, a pesquisa, porque estamos contando uma história que não é nossa, mas poderia ser e ela tem que ser contada da melhor forma possível. Acho que esse tem sido o grande desafio, contar essas histórias em um formato diferente do qual estamos acostumadas.