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Publicada em 09/07/2022 às 12:55 | Atualizada em 09/07/2022 às 13:19

Lorena Comparato fala sobre a rede de apoio que surgiu após seu relato de assédio: -É um grande processo de cura para o mundo

A atriz bateu um papo com o ESTRELANDO e falou sobre a chance que está tendo de usar suas vivências para ajudar outras pessoas

Sarah Melchior

Divulgação - Sérgio Baia

Lorena Comparato é uma atriz de peso. Com uma vasta lista de produções em sua carreira, como Pé na Cova e Rock Story, para 2022 ela está em quatro produções, dentre elas, Renga Hits, do Globoplay, e Não Foi Culpa Minha, do Star+.

Recentemente a atriz, em um ato de coragem, decidiu falar em uma entrevista para a Marie Claire sobre um assunto delicado e difícil para muitas mulheres. Lorena sofreu assédio por um membro de sua família. A revelação ganhou uma grande e positiva repercussão, vinda principalmente de mulheres que se identificaram com sua história e se sentiram acolhidas.

Em uma conversa com o ESTRELANDO, Lorena contou como está se sentindo com toda essa repercussão, e também deu mais detalhes sobre como foi falar sobre este assunto publicamente pela primeira vez. 

- Cara, é um momento de muita dor, de muito alívio também. Acho que de certa forma eu estou divulgando uma série que fala sobre esse assunto, a série Não Foi Minha Culpa, do Star+, que com certeza vai dar o que falar. Ela é uma série muito importante porque realmente denuncia muita coisa. E eu sinto que durante o processo da produção e ao longo desses últimos tempos, meus processos de terapia têm sido realmente investigar as coisas que eu já vivi e botar isso tudo para fora, fazer uma matéria daquelas para a Marie Claire requer muita responsabilidade porque mexe com muita coisa, sabe? Não só comigo, minha família e as pessoas a minha volta, mas também com muita gente que ainda está concatenando tudo o que eu falei ali. 

A atriz contou que após abrir este lado íntimo de sua vida, muitas pessoas começaram a mandar mensagens para ela, tendo se identificado com o ocorrido e também se sentido acolhidas, no sentido de verem que não estão sozinhas.

- A gente tem recebido muitos relatos, eu, minha equipe, acho que isso acaba terceirizando, porque o que eu mais gosto disso tudo é o alívio que dá de eu poder falar desse assunto, das pessoas estarem me acolhendo tanto, e das pessoas pensarem que elas podem falar sobre essa questão, porque eu acho que é falando dela que a gente vai realmente conseguir parar, fazer com que acabe. Então eu sinto que é muita responsabilidade, muita tristeza e dor, mas de certa forma é um alívio, uma felicidade de eu também ter as ferramentas para poder falar disso e poder ajudar as pessoas. 

Apesar de existir todo um sentimento de dor acerca do assunto e de ser algo que ninguém gostaria de viver ou ver o outro passando, Lorena entendeu que infelizmente a situação é mais comum do que ela imaginava, e isso também contribuiu para dar início a um processo de cura tanto nela, quanto em outras pessoas.

É muito louco falar disso porque é uma coisa tão difícil, tão dura, mas eu sinto uma certa felicidade de eu não estar sozinha, sabe? Porque a gente questiona muito a nossa sanidade, a gente se culpa muito. Eu pelo menos faço isso. E aí quando você entende que isso acontece com muita gente, eu sinto que essa culpa e essa solitude diminuem, porque as pessoas estão te dizendo que aquilo ali é uma parada muito dolorosa, mas muito mais comum do que você imagina. Então está sendo difícil, intenso, mas eu vejo que é um grande processo de cura, e também um grande processo de cura para o mundo. A gente tem que conversar sobre esse assunto porque eu ouso dizer até que tem muita gente que entra nesse lugar desse masculino tóxico que nem dimensiona que está nele. E eu acho que é nesse lugar que a gente tem que conversar, falar com homens e mulheres, porque a verdade é que só vai mudar quando os agressores mudarem. 

Perguntei se Lorena sentiu medo de falar sobre sua vivência publicamente pela primeira vez, e ela explicou que mesmo com muito medo, era algo que ela precisava colocar para fora.

Eu sinto que essa decisão foi um vômito. É horrível falar isso, mas é o que foi, um vômito, uma coisa que saiu mais do que eu pudesse controlar. E assim, tremendo falando desse assunto, tendo crises de choro, muito medo. Você falou uma palavra que ecoa em mim o tempo inteiro hoje em dia, muito medo mesmo. Eu comecei a notar que eu tranco porta de banheiro, porta de quarto, e eu comecei a notar tipo: Eu não preciso trancar porta nesse lugar que eu estou, está tudo bem, só que eu tranco. Então acho que são simbologias dos medos que eu realmente tenho, sabe? Medos reais e irreais. Porque você fala: Ah, tenho medo de ser assaltada. Claro que você tem, você mora no Brasil, está tudo bem. Mas medo de dentro de casa precisar trancar o banheiro, são coisas que eu penso: Por que eu tranco? Que traumas são esses que me fazem ficar tão na defensiva?

Para ela, para entender a dimensão do tema dentro do universo feminino, também é importante destacar a série de assédios que mulheres sofrem diariamente. 

- Eu acredito que a gente também tem que conversar com os homens sobre assédios que eles já sofreram. Tem muito homem que foi assediado criança, adolescente, e eu acho muito importante a gente conversar sobre isso de uma forma aconchegante, mas eles têm que entender que a gente têm gatilhos diários. Que comigo não foi só com fulano, foi com ex-namorado, com massagista, com terapeuta, e aí começa a vir um monte de coisa, porque não é só no assédio sexual né, é no moral, no psicológico. E você pensa: Cara, é um gatilho atrás do outro. É todo o dia alguma coisa acontecendo que tem a ver com o teu corpo, que tem uma passada de mão, que tem uma cheirada no cangote, que tem um negócio que alguém fala. E aí é que você entende que a ferida da mulher talvez seja mais aberta por causa desses gatilhos. 

A primeira vez que a atriz falou sobre o que viveu foi em uma conversa entre amigas, onde elas além de terem fornecido todo o apoio necessário, também abriram os olhos de Lorena para ela enxergar que aquilo não era normal. 

- Fez toda a diferença. Quando eu falei com as minhas amigas, e eu falei em um tom de brincadeira, achando que era uma coisa super comum, e hoje em dia eu reconheço eu eu realmente estava pedindo ajuda. Eu estava de certa forma falando como se fosse assim: Ah, cortei a perna. Rindo, sabe? E elas foram: Não, calma, como assim você cortou a perna? Essa seriedade que elas deram com o respeito ao meu tempo, ninguém nunca me pressionou a nada, a denunciar, a fazer nada, mas elas ficavam me alertando, abrindo meus olhos e conversando comigo. E essas são coisas que eu acho que só a sororidade salva. A arte é outro fator muito importante, então assistir muitos filmes, ler muitos artigos, e o jornalismo também tem um papel gigante nessa questão. 

Lorena também pontuou que não foram só amigas mulheres que a ajudaram e estiveram ali para ela.

- Eu tenho que dizer, tiveram muitos amigos homens que me ajudaram muito também, que estiveram lá para mim e conversaram comigo. Acho que muita gente está nesse movimento de se questionar, e mesmo vacilando aqui ou ali, está ali para apoiar o outro. Eu sinto que é uma dor muito grande quando você se abre para alguém e a pessoa diz que a responsabilidade também é sua, porque tem aquela máxima de que tudo na vida é meio responsabilidade sua e meio responsabilidade do outro, e eu discordo. Eu acho que talvez a responsabilidade da vítima seja estar no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada. Mas só. De resto, a gente tem que acabar com essa ideia de que a pessoa fez ou vestiu alguma coisa, falou alguma coisa que deu a entender que aquilo ali está tudo bem. Até porque na maioria das vezes a pessoa fala não, e independente do jeito que ela falou, não é não. Eu sinto que a gente está realmente caminhando para um lugar em que temos denunciado mais, e eu acho que esse medo que é só da vítima tem que passar a ser o medo do agressor, dele ser pego, denunciado, castigado mesmo pelo crime que ele fez. 

E completou:

- A verdade é que eu queria que meu agressor entendesse o que aconteceu comigo e entendesse todas as consequências que isso tem até hoje diariamente, e eu acho que é nesse lugar que os agressores não tem dimensão. Eles não tem noção de quanta dor eles causam para frente, eles acham que é só uma besteira, porque claro, quem bate, esquece, mas quem apanha nunca esquece. 

Para expressar toda a repercussão positiva que Lorena está gerando, usei o termo bola de neve do bem, justamente por muitas pessoas estarem entrando em contato com ela para conversar sobre o assunto, e pela rede de apoio que está se formando e aumentando cada vez mais. 

- Ai, eu vou chorar. É muito maneiro. Acho que tinha uma bola de neve do mal que rolava antes, que era de silenciamento, de não conta, não fala, esquece, finge que não aconteceu. Eu amei o termo bola de neve do bem, achei a coisa mais linda, porque realmente se eu pudesse almejar alguma coisa para a minha carreira como artista no mundo, era fazer bolas de neve do bem mesmo, criar efeitos borboleta de um movimento meu que gere um movimento gigante lá na frente, de coisas muito boas. E isso não só na questão pessoal, seja na questão do assédio, ou também do câncer de pele que eu acabei de tirar, foi um baque, tirei o sinal e está tudo bem, mas também artisticamente. Eu estou fazendo um mestrado em artes cênicas que se chama ACT: Atores da Cena no Trabalho, e eu fiz uma série de lives no Instagram, vai ser uma série de vídeos no YouTube e um livro futuramente, justamente para conversar com artistas que estão querendo começar a carreira e dividir um pouco do que é a vivência do artista no dia a dia, porque é muito difícil. Se eu pensar também que esse livro pode ser uma bola de neve do bem eu vou ficar muito feliz. 

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Lorena Comparato fala sobre a rede de apoio que surgiu após seu relato de assédio: -<i>É um grande processo de cura para o mundo</i>

Lorena Comparato fala sobre a rede de apoio que surgiu após seu relato de assédio: -É um grande processo de cura para o mundo

25/Abr/

Lorena Comparato é uma atriz de peso. Com uma vasta lista de produções em sua carreira, como Pé na Cova e Rock Story, para 2022 ela está em quatro produções, dentre elas, Renga Hits, do Globoplay, e Não Foi Culpa Minha, do Star+.

Recentemente a atriz, em um ato de coragem, decidiu falar em uma entrevista para a Marie Claire sobre um assunto delicado e difícil para muitas mulheres. Lorena sofreu assédio por um membro de sua família. A revelação ganhou uma grande e positiva repercussão, vinda principalmente de mulheres que se identificaram com sua história e se sentiram acolhidas.

Em uma conversa com o ESTRELANDO, Lorena contou como está se sentindo com toda essa repercussão, e também deu mais detalhes sobre como foi falar sobre este assunto publicamente pela primeira vez. 

- Cara, é um momento de muita dor, de muito alívio também. Acho que de certa forma eu estou divulgando uma série que fala sobre esse assunto, a série Não Foi Minha Culpa, do Star+, que com certeza vai dar o que falar. Ela é uma série muito importante porque realmente denuncia muita coisa. E eu sinto que durante o processo da produção e ao longo desses últimos tempos, meus processos de terapia têm sido realmente investigar as coisas que eu já vivi e botar isso tudo para fora, fazer uma matéria daquelas para a Marie Claire requer muita responsabilidade porque mexe com muita coisa, sabe? Não só comigo, minha família e as pessoas a minha volta, mas também com muita gente que ainda está concatenando tudo o que eu falei ali. 

A atriz contou que após abrir este lado íntimo de sua vida, muitas pessoas começaram a mandar mensagens para ela, tendo se identificado com o ocorrido e também se sentido acolhidas, no sentido de verem que não estão sozinhas.

- A gente tem recebido muitos relatos, eu, minha equipe, acho que isso acaba terceirizando, porque o que eu mais gosto disso tudo é o alívio que dá de eu poder falar desse assunto, das pessoas estarem me acolhendo tanto, e das pessoas pensarem que elas podem falar sobre essa questão, porque eu acho que é falando dela que a gente vai realmente conseguir parar, fazer com que acabe. Então eu sinto que é muita responsabilidade, muita tristeza e dor, mas de certa forma é um alívio, uma felicidade de eu também ter as ferramentas para poder falar disso e poder ajudar as pessoas. 

Apesar de existir todo um sentimento de dor acerca do assunto e de ser algo que ninguém gostaria de viver ou ver o outro passando, Lorena entendeu que infelizmente a situação é mais comum do que ela imaginava, e isso também contribuiu para dar início a um processo de cura tanto nela, quanto em outras pessoas.

É muito louco falar disso porque é uma coisa tão difícil, tão dura, mas eu sinto uma certa felicidade de eu não estar sozinha, sabe? Porque a gente questiona muito a nossa sanidade, a gente se culpa muito. Eu pelo menos faço isso. E aí quando você entende que isso acontece com muita gente, eu sinto que essa culpa e essa solitude diminuem, porque as pessoas estão te dizendo que aquilo ali é uma parada muito dolorosa, mas muito mais comum do que você imagina. Então está sendo difícil, intenso, mas eu vejo que é um grande processo de cura, e também um grande processo de cura para o mundo. A gente tem que conversar sobre esse assunto porque eu ouso dizer até que tem muita gente que entra nesse lugar desse masculino tóxico que nem dimensiona que está nele. E eu acho que é nesse lugar que a gente tem que conversar, falar com homens e mulheres, porque a verdade é que só vai mudar quando os agressores mudarem. 

Perguntei se Lorena sentiu medo de falar sobre sua vivência publicamente pela primeira vez, e ela explicou que mesmo com muito medo, era algo que ela precisava colocar para fora.

Eu sinto que essa decisão foi um vômito. É horrível falar isso, mas é o que foi, um vômito, uma coisa que saiu mais do que eu pudesse controlar. E assim, tremendo falando desse assunto, tendo crises de choro, muito medo. Você falou uma palavra que ecoa em mim o tempo inteiro hoje em dia, muito medo mesmo. Eu comecei a notar que eu tranco porta de banheiro, porta de quarto, e eu comecei a notar tipo: Eu não preciso trancar porta nesse lugar que eu estou, está tudo bem, só que eu tranco. Então acho que são simbologias dos medos que eu realmente tenho, sabe? Medos reais e irreais. Porque você fala: Ah, tenho medo de ser assaltada. Claro que você tem, você mora no Brasil, está tudo bem. Mas medo de dentro de casa precisar trancar o banheiro, são coisas que eu penso: Por que eu tranco? Que traumas são esses que me fazem ficar tão na defensiva?

Para ela, para entender a dimensão do tema dentro do universo feminino, também é importante destacar a série de assédios que mulheres sofrem diariamente. 

- Eu acredito que a gente também tem que conversar com os homens sobre assédios que eles já sofreram. Tem muito homem que foi assediado criança, adolescente, e eu acho muito importante a gente conversar sobre isso de uma forma aconchegante, mas eles têm que entender que a gente têm gatilhos diários. Que comigo não foi só com fulano, foi com ex-namorado, com massagista, com terapeuta, e aí começa a vir um monte de coisa, porque não é só no assédio sexual né, é no moral, no psicológico. E você pensa: Cara, é um gatilho atrás do outro. É todo o dia alguma coisa acontecendo que tem a ver com o teu corpo, que tem uma passada de mão, que tem uma cheirada no cangote, que tem um negócio que alguém fala. E aí é que você entende que a ferida da mulher talvez seja mais aberta por causa desses gatilhos. 

A primeira vez que a atriz falou sobre o que viveu foi em uma conversa entre amigas, onde elas além de terem fornecido todo o apoio necessário, também abriram os olhos de Lorena para ela enxergar que aquilo não era normal. 

- Fez toda a diferença. Quando eu falei com as minhas amigas, e eu falei em um tom de brincadeira, achando que era uma coisa super comum, e hoje em dia eu reconheço eu eu realmente estava pedindo ajuda. Eu estava de certa forma falando como se fosse assim: Ah, cortei a perna. Rindo, sabe? E elas foram: Não, calma, como assim você cortou a perna? Essa seriedade que elas deram com o respeito ao meu tempo, ninguém nunca me pressionou a nada, a denunciar, a fazer nada, mas elas ficavam me alertando, abrindo meus olhos e conversando comigo. E essas são coisas que eu acho que só a sororidade salva. A arte é outro fator muito importante, então assistir muitos filmes, ler muitos artigos, e o jornalismo também tem um papel gigante nessa questão. 

Lorena também pontuou que não foram só amigas mulheres que a ajudaram e estiveram ali para ela.

- Eu tenho que dizer, tiveram muitos amigos homens que me ajudaram muito também, que estiveram lá para mim e conversaram comigo. Acho que muita gente está nesse movimento de se questionar, e mesmo vacilando aqui ou ali, está ali para apoiar o outro. Eu sinto que é uma dor muito grande quando você se abre para alguém e a pessoa diz que a responsabilidade também é sua, porque tem aquela máxima de que tudo na vida é meio responsabilidade sua e meio responsabilidade do outro, e eu discordo. Eu acho que talvez a responsabilidade da vítima seja estar no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada. Mas só. De resto, a gente tem que acabar com essa ideia de que a pessoa fez ou vestiu alguma coisa, falou alguma coisa que deu a entender que aquilo ali está tudo bem. Até porque na maioria das vezes a pessoa fala não, e independente do jeito que ela falou, não é não. Eu sinto que a gente está realmente caminhando para um lugar em que temos denunciado mais, e eu acho que esse medo que é só da vítima tem que passar a ser o medo do agressor, dele ser pego, denunciado, castigado mesmo pelo crime que ele fez. 

E completou:

- A verdade é que eu queria que meu agressor entendesse o que aconteceu comigo e entendesse todas as consequências que isso tem até hoje diariamente, e eu acho que é nesse lugar que os agressores não tem dimensão. Eles não tem noção de quanta dor eles causam para frente, eles acham que é só uma besteira, porque claro, quem bate, esquece, mas quem apanha nunca esquece. 

Para expressar toda a repercussão positiva que Lorena está gerando, usei o termo bola de neve do bem, justamente por muitas pessoas estarem entrando em contato com ela para conversar sobre o assunto, e pela rede de apoio que está se formando e aumentando cada vez mais. 

- Ai, eu vou chorar. É muito maneiro. Acho que tinha uma bola de neve do mal que rolava antes, que era de silenciamento, de não conta, não fala, esquece, finge que não aconteceu. Eu amei o termo bola de neve do bem, achei a coisa mais linda, porque realmente se eu pudesse almejar alguma coisa para a minha carreira como artista no mundo, era fazer bolas de neve do bem mesmo, criar efeitos borboleta de um movimento meu que gere um movimento gigante lá na frente, de coisas muito boas. E isso não só na questão pessoal, seja na questão do assédio, ou também do câncer de pele que eu acabei de tirar, foi um baque, tirei o sinal e está tudo bem, mas também artisticamente. Eu estou fazendo um mestrado em artes cênicas que se chama ACT: Atores da Cena no Trabalho, e eu fiz uma série de lives no Instagram, vai ser uma série de vídeos no YouTube e um livro futuramente, justamente para conversar com artistas que estão querendo começar a carreira e dividir um pouco do que é a vivência do artista no dia a dia, porque é muito difícil. Se eu pensar também que esse livro pode ser uma bola de neve do bem eu vou ficar muito feliz.