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Publicada em 14/12/2023 às 01:00 | Atualizada em 14/12/2023 às 15:28

Novo filme sobre tragédia na Cordilheira dos Andes se desprende do sensacionalismo e foca em dilemas morais

Nomeado de A Sociedade da Neve, o longa estreia nesta quinta-feira, dia 14, em cinemas selecionados

Tiffany Maria

Divulgação

Ao retratar uma tragédia no cinema é quase certo de que pode haver sensacionalismo por parte da produção, mesmo não sendo intencional. Mas o novo longa do espanhol Juan Antonio Bayona (O Impossível), A Sociedade da Neve, que retrata O milagre - e tragédia - dos Andes, tenta se desprender do óbvio e conta a história da queda do avião uruguaio sem protagonismos e com rostos desconhecidos do cinema. 

A trágica narrativa já foi retratada pelos olhos do norte-americano Frank Marshall, em 1993, com o longa Vivos, no qual Ethan Hawke foi uma das grandes estrelas. Mas, diferente de Bayona, a outra produção foca em protagonismos e peca na construção sem detalhes. Já Bayona escolhe um narrador para a história, Numa Tucartti (Enzo Vogrincic), e mesmo assim consegue deixar o filme sem nomes em destaque.

Aos que desconhecem a história, no dia 13 de outubro de 1972 um avião da força aérea uruguaia que levava 45 passageiros, incluindo um time de rugby e seus familiares, caiu na Cordilheira dos Andes. Do total das pessoas dentro do avião, somente 16 sobreviveram à queda, ao frio e à solidão. 

O moralismo é retratado quando a comida dos sobreviventes acaba e, depois de sete dias sem comer, apelam para a antropofagia, quando a pessoa precisa comer carne humana. Bayona representa as cenas da fome de forma dilaceradora, chegando a embrulhar o estômago. E entrega diálogos sobre dilemas morais e a questão: até onde o moralismo atinge a sobrevivência humana?

Representado pelo barulho da ventania extrema e o tremer dos corpos vivos, o frio intenso arrepia a cada cena. A fotografia, com o plano cada vez mais fechado conforme o lugar onde o personagem se encontra, faz entender o quão claustrofóbico poderia ser estar naquele ambiente - metade de um avião, já que a outra parte ficou do outro lado da montanha. 

O respeito às vítimas é apresentado quando, a cada vida perdida, é escrito na tela o nome completo da pessoa, seu apelido e idade. E apesar do ato heroico de Nando Parrado (Agustín Pardella) e Roberto Canessa (Matías Recalt), que saíram do local do acidente à procura de ajuda, cada vida que se perdeu ou sobreviveu teve seu tempo de tela para contar sua história. 

É preciso se preparar para assistir à obra de Bayona, porque é um filme que demora um tempo para ser digerido. Emocionante, intenso e triste. Muito triste. Porém, vale muito à pena. Ele estreia em cinemas selecionados do país nesta quinta-feira, dia 14, e entrará ao catálogo da Netflix no dia 4 de janeiro de 2024. 

A seguir, confira o trailer

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Novo filme sobre tragédia na Cordilheira dos Andes se desprende do sensacionalismo e foca em dilemas morais

Novo filme sobre tragédia na Cordilheira dos Andes se desprende do sensacionalismo e foca em dilemas morais

27/Abr/

Ao retratar uma tragédia no cinema é quase certo de que pode haver sensacionalismo por parte da produção, mesmo não sendo intencional. Mas o novo longa do espanhol Juan Antonio Bayona (O Impossível), A Sociedade da Neve, que retrata O milagre - e tragédia - dos Andes, tenta se desprender do óbvio e conta a história da queda do avião uruguaio sem protagonismos e com rostos desconhecidos do cinema. 

A trágica narrativa já foi retratada pelos olhos do norte-americano Frank Marshall, em 1993, com o longa Vivos, no qual Ethan Hawke foi uma das grandes estrelas. Mas, diferente de Bayona, a outra produção foca em protagonismos e peca na construção sem detalhes. Já Bayona escolhe um narrador para a história, Numa Tucartti (Enzo Vogrincic), e mesmo assim consegue deixar o filme sem nomes em destaque.

Aos que desconhecem a história, no dia 13 de outubro de 1972 um avião da força aérea uruguaia que levava 45 passageiros, incluindo um time de rugby e seus familiares, caiu na Cordilheira dos Andes. Do total das pessoas dentro do avião, somente 16 sobreviveram à queda, ao frio e à solidão. 

O moralismo é retratado quando a comida dos sobreviventes acaba e, depois de sete dias sem comer, apelam para a antropofagia, quando a pessoa precisa comer carne humana. Bayona representa as cenas da fome de forma dilaceradora, chegando a embrulhar o estômago. E entrega diálogos sobre dilemas morais e a questão: até onde o moralismo atinge a sobrevivência humana?

Representado pelo barulho da ventania extrema e o tremer dos corpos vivos, o frio intenso arrepia a cada cena. A fotografia, com o plano cada vez mais fechado conforme o lugar onde o personagem se encontra, faz entender o quão claustrofóbico poderia ser estar naquele ambiente - metade de um avião, já que a outra parte ficou do outro lado da montanha. 

O respeito às vítimas é apresentado quando, a cada vida perdida, é escrito na tela o nome completo da pessoa, seu apelido e idade. E apesar do ato heroico de Nando Parrado (Agustín Pardella) e Roberto Canessa (Matías Recalt), que saíram do local do acidente à procura de ajuda, cada vida que se perdeu ou sobreviveu teve seu tempo de tela para contar sua história. 

É preciso se preparar para assistir à obra de Bayona, porque é um filme que demora um tempo para ser digerido. Emocionante, intenso e triste. Muito triste. Porém, vale muito à pena. Ele estreia em cinemas selecionados do país nesta quinta-feira, dia 14, e entrará ao catálogo da Netflix no dia 4 de janeiro de 2024. 

A seguir, confira o trailer