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Publicada em 13/01/2024 às 01:00 | Atualizada em 26/01/2024 às 13:49

João Côrtes estabelece reflexões em espetáculo Invisível - monólogo trata sobre relacionamentos tóxicos em relações homossexuais

O ator contou ao ESTRELANDO que nunca tinha feito algo que o provocasse e exigisse tanto de si

Clara Rocha

Divulgação - Crédito: Jonathan Wolpert

Aos três anos de idade, João Cortês já começava a trilhar sua carreira no ramo artístico. Com início como dublador e locutor publicitário, o ator e cantor, de 28 anos de idade, agora possui estreia marcado no Teatro Renaissance, em São Paulo. O monólogo intitulado como Invisível chega com a premissa de explorar as camadas dos relacionamentos tóxicos em relações homossexuais, tratando sobre as marcas deixadas e desafios.

Como artista e como homem gay, é uma honra poder estrear essa peça e levar esse tema pro mundo. É muito raro ouvirmos falar sobre abuso dentro de relacionamentos entre dois homens. E é algo, infelizmente, muito comum. Quero trazer novas camadas, complexidades e cores para a ideia que se tem de um relacionamento gay. Mas muito além disso, estamos falando de questões que regem todos os seres humanos: trauma, abuso, desejo de ser amado, de ser visto, de ser validado e acolhido. São anseios universais, afirmou o ator em entrevista ao ESTRELANDO.

Com expectativas de encontrar uma casa cheia, Côrtes espera poder estar presente, vulnerável, entregue e concentrado para fazer o melhor possível ao subir no palco. Com senso de responsabilidade que parece pesar, o ator conta estar representando muitas pessoas ao interpretar Eduardo, muitas pessoas que não têm a oportunidade de serem vistas ou ouvidas. O personagem do artista é apresentado como o protagonista cuja jornada é marcada pela convivência conflituosa com seu parceiro, Michel.

Eduardo veio pra me ensinar muita coisa. Tem sido uma entrega catártica. Esse é um espetáculo bem desafiador, em todos os sentidos. Mesmo. fisicamente é uma demanda enorme, tem cenas de violência bem intensas, de agressividade, de discussões, tem também coreografias… enfim. Emocionalmente, nem se fala. É um mergulho profundo, um exercício de presença e de vulnerabilidade absurdos, contou.

Nas palavras de Côrtes, ele diz que nunca tinha feito algo que o provocasse e exigisse tanto de si. O ator revela sair da peça exausto, mas isso é exatamente o que ele almejava - praticar o seu protagonismo, seu lado mais dramático e se provar como ator para si mesmo.

Tem sido um projeto muito especial. Falar de abuso é sempre delicado. Envolvem muitos traumas, gatilhos, camadas e camadas de dores. E quando falamos da jornada do homem gay, estamos falando de dores ancestrais. De uma busca primitiva e inconsciente por aprovação, por amor, por respeito (próprio e externo), por reconhecimento da própria existência. Ao juntar esses dois temas, o que esperamos é que essas barreiras do preconceito, de crenças limitantes se derrubem, e que o público possa apenas enxergar o humano. 

A criança que busca desesperadamente por amor, por atenção, por acolhimento... é nesse lugar que queremos acessar e estabelecer reflexões, provocações e gerar conversas, conta João Côrtes, que estreou o espetáculo no FITA (Festival Internacional de Teatro de Angra), após ensaiar por apenas três semanas - a apresentação ainda o rendeu a indicação de Melhor Ator Do Ano.

Refletindo sobre o ano passado, o artista define 2023 como um ano de mudanças. Para ele, foi o período de assumir novos e maiores riscos, dar saltos mais desafiadores, confiar mais em si e assumir seu protagonismo, tanto na vida pessoal quanto no trabalho.

Dois projetos que me trouxeram muito orgulho esse ano: segunda temporada de Encantado's foi um baita desafio lindo! Celso Tadeu ganhou um espaço ainda maior nessa segunda parte, e tem muitas surpresas novas vindo aí... 

[Além da estreia de Invisível,] em fevereiro estreia na Globoplay a segunda temporada de Encantado's, além disso, quero lançar músicas minhas e continuo escrevendo roteiros de curtas e longa-metragens, e quero dirigir alguns projetos. Fora tudo isso, também planejo voltar pra Los Angeles no primeiro semestre e continuar investindo na carreira internacional, afirmou o artista ao finalizar.

Na última pergunta, levando em conta as últimas estreias do ator nas plataformas de streaming, questionamos Côrtes sobre o que ele pontuaria como a maior diferença ao estar em um projeto pensado para as telas e outro focado nas artes dramáticas, nos palcos. Ainda mais, existe algum por qual você possua maior paixão?

Difícil essa pergunta, mas talvez sejam dois: os elementos do tempo e da repetição. O tempo que se tem para viver um processo de preparação e ensaio em uma série de TV é, na maioria das vezes, não tão extenso. Normalmente estamos mais focados no resultado final. Em entregar um produto. O tempo do teatro é bem diferente..., começou afirmando.

São meses de ensaio, malhando em cima de um mesmo texto, repetindo e repetindo várias vezes. E muitas vezes o foco não está em chegar a um produto final, e sim deixar que o mergulho nos ilumine. É a maravilha do teatro. Esse aspecto físico de subir em cima de um palco se experimentar, com seu corpo, com a palavra, com o silêncio... É tão poderoso e tão ancestral. E depois, o elemento mais importante, que é a plateia. Um teatro cheio de pessoas que estão ali, presentes, vivas e atentas a você. Isso hoje em dia é ouro. Eu me sinto reconectado com meu propósito, com a raiz do meu ofício, contou ao finalizar.

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João Côrtes estabelece reflexões em espetáculo <i>Invisível</i> - monólogo trata sobre relacionamentos tóxicos em relações homossexuais

João Côrtes estabelece reflexões em espetáculo Invisível - monólogo trata sobre relacionamentos tóxicos em relações homossexuais

28/Abr/

Aos três anos de idade, João Cortês já começava a trilhar sua carreira no ramo artístico. Com início como dublador e locutor publicitário, o ator e cantor, de 28 anos de idade, agora possui estreia marcado no Teatro Renaissance, em São Paulo. O monólogo intitulado como Invisível chega com a premissa de explorar as camadas dos relacionamentos tóxicos em relações homossexuais, tratando sobre as marcas deixadas e desafios.

Como artista e como homem gay, é uma honra poder estrear essa peça e levar esse tema pro mundo. É muito raro ouvirmos falar sobre abuso dentro de relacionamentos entre dois homens. E é algo, infelizmente, muito comum. Quero trazer novas camadas, complexidades e cores para a ideia que se tem de um relacionamento gay. Mas muito além disso, estamos falando de questões que regem todos os seres humanos: trauma, abuso, desejo de ser amado, de ser visto, de ser validado e acolhido. São anseios universais, afirmou o ator em entrevista ao ESTRELANDO.

Com expectativas de encontrar uma casa cheia, Côrtes espera poder estar presente, vulnerável, entregue e concentrado para fazer o melhor possível ao subir no palco. Com senso de responsabilidade que parece pesar, o ator conta estar representando muitas pessoas ao interpretar Eduardo, muitas pessoas que não têm a oportunidade de serem vistas ou ouvidas. O personagem do artista é apresentado como o protagonista cuja jornada é marcada pela convivência conflituosa com seu parceiro, Michel.

Eduardo veio pra me ensinar muita coisa. Tem sido uma entrega catártica. Esse é um espetáculo bem desafiador, em todos os sentidos. Mesmo. fisicamente é uma demanda enorme, tem cenas de violência bem intensas, de agressividade, de discussões, tem também coreografias… enfim. Emocionalmente, nem se fala. É um mergulho profundo, um exercício de presença e de vulnerabilidade absurdos, contou.

Nas palavras de Côrtes, ele diz que nunca tinha feito algo que o provocasse e exigisse tanto de si. O ator revela sair da peça exausto, mas isso é exatamente o que ele almejava - praticar o seu protagonismo, seu lado mais dramático e se provar como ator para si mesmo.

Tem sido um projeto muito especial. Falar de abuso é sempre delicado. Envolvem muitos traumas, gatilhos, camadas e camadas de dores. E quando falamos da jornada do homem gay, estamos falando de dores ancestrais. De uma busca primitiva e inconsciente por aprovação, por amor, por respeito (próprio e externo), por reconhecimento da própria existência. Ao juntar esses dois temas, o que esperamos é que essas barreiras do preconceito, de crenças limitantes se derrubem, e que o público possa apenas enxergar o humano. 

A criança que busca desesperadamente por amor, por atenção, por acolhimento... é nesse lugar que queremos acessar e estabelecer reflexões, provocações e gerar conversas, conta João Côrtes, que estreou o espetáculo no FITA (Festival Internacional de Teatro de Angra), após ensaiar por apenas três semanas - a apresentação ainda o rendeu a indicação de Melhor Ator Do Ano.

Refletindo sobre o ano passado, o artista define 2023 como um ano de mudanças. Para ele, foi o período de assumir novos e maiores riscos, dar saltos mais desafiadores, confiar mais em si e assumir seu protagonismo, tanto na vida pessoal quanto no trabalho.

Dois projetos que me trouxeram muito orgulho esse ano: segunda temporada de Encantado's foi um baita desafio lindo! Celso Tadeu ganhou um espaço ainda maior nessa segunda parte, e tem muitas surpresas novas vindo aí... 

[Além da estreia de Invisível,] em fevereiro estreia na Globoplay a segunda temporada de Encantado's, além disso, quero lançar músicas minhas e continuo escrevendo roteiros de curtas e longa-metragens, e quero dirigir alguns projetos. Fora tudo isso, também planejo voltar pra Los Angeles no primeiro semestre e continuar investindo na carreira internacional, afirmou o artista ao finalizar.

Na última pergunta, levando em conta as últimas estreias do ator nas plataformas de streaming, questionamos Côrtes sobre o que ele pontuaria como a maior diferença ao estar em um projeto pensado para as telas e outro focado nas artes dramáticas, nos palcos. Ainda mais, existe algum por qual você possua maior paixão?

Difícil essa pergunta, mas talvez sejam dois: os elementos do tempo e da repetição. O tempo que se tem para viver um processo de preparação e ensaio em uma série de TV é, na maioria das vezes, não tão extenso. Normalmente estamos mais focados no resultado final. Em entregar um produto. O tempo do teatro é bem diferente..., começou afirmando.

São meses de ensaio, malhando em cima de um mesmo texto, repetindo e repetindo várias vezes. E muitas vezes o foco não está em chegar a um produto final, e sim deixar que o mergulho nos ilumine. É a maravilha do teatro. Esse aspecto físico de subir em cima de um palco se experimentar, com seu corpo, com a palavra, com o silêncio... É tão poderoso e tão ancestral. E depois, o elemento mais importante, que é a plateia. Um teatro cheio de pessoas que estão ali, presentes, vivas e atentas a você. Isso hoje em dia é ouro. Eu me sinto reconectado com meu propósito, com a raiz do meu ofício, contou ao finalizar.