Elenco de Passagrana compartilha detalhes sobre o processo de atuação e produção do filme
04/Out/
O filme Passagrana chegará nas telonas do cinema na próxima quinta-feira, dia 19, e conta com um enredo divertido e instigante. Amigos desde a infância, Zoinhu, Linguinha, Mãodeló e Alãodelom fazem vários golpes pequenos para ganhar uns trocados para o pão de cada dia. No entanto, o grupo diariamente corre riscos de ser pego pelos policiais, até que aparece uma oportunidade de ouro: um golpe que poderia trazer muita grana. O que os meninos não esperavam é que cairiam em uma emboscada e se envolveriam com a gangue de Britto, um policial corrupto, que vai atrás de quem atrapalhou o seu esquema.
Na coletiva de imprensa que o ESTRELANDO participou, o diretor Ravel Cabral e os atores Wesley Guimarães, que dá vida ao líder, Zoinhu; Juan Queiroz, que vive Linguinha, o amigo mais folgado; e Wenry Bueno, que interpreta Alãodelom, que tem o ar de mãe do grupo, falaram mais sobre o processo de atuação e sobre a produção do filme.
Durante a narrativa, os meninos criam um plano para saírem da furada que se enfiaram, um plano incrível, mas arriscado: contratar atores para fazer um roubo, mas de mentirinha. Vivendo uma vida quase dupla e precisando performar dois personagens ao mesmo tempo, o golpista e o cineasta, transitando no formal e informal, Wesley compartilhou como foi para ele mudar constantemente a forma de falar, a postura e o comportamento durante as cenas:
- Foi divertido! Poder viver um personagem que se finge de outro personagem... Isso daí, para a gente, é uma grande possibilidade de trabalhar, de mostrar as facetas, de viver a história de vários ângulos. A gente é acostumado a viver a história do ângulo do seu personagem e quando você está vivendo a história que é de um personagem, que ele olha a história por vários ângulos, ele se finge de várias pessoas, é um grande presente, e apesar de ter sido difícil, de ter sido trabalhoso, desafiador, foi muito divertido.
Juan também apontou que a forma que eles escolheram trabalhar foi na base da sutileza, a fim de mostrar nitidamente quando era o cineasta e quando era o golpista na tela:
- As trocas sempre foram muito conscientes, tanto o uso das gírias, no momento que a gente estava usando elas, quanto o momento que a gente estava falando de maneira mais formal. Mas tem uma construção desses personagens, dos dois, é um, mas são dois, que passa pelo o que a gente é mesmo... Eu acho que todo mundo faz isso, dependendo do ambiente que está inserido, para falar de uma forma diferente. Então, tem essa espécie de associação. Foi complicado, mas existiu um caminho que a gente encontrou ali, junto com o Ravel e nas nossas trocas.
Já Wenry ressaltou a forma como o grupo de amigos possui essa linguagem quase que própria entre eles. O ator também contou que eles ficavam muito no apartamento de Wesley conversando sobre o filme e que isso fez eles criarem uma conexão para além das palavras.
- Tem uma coisa que eu acho muito interessante, que as gírias que a gente usa não são gírias... é meio que gíria de tiozão; o que eu acho muito gostoso, que deixa também característico esse grupo, mostra que eles têm uma linguagem própria deles. E é legal que na nossa construção, a gente teve muita abertura de poder trabalhar nesses lugares, de experimentar essas camadas que esses personagens trazem. [...] Os caras se entendem no olhar, eles se entendem no jeito de falar, nesse linguajar deles, que eles criam, os códigos, o visão-visão, entre outros.
Ravel disse que se inspirou em filmes de assaltos e golpes, porque sempre gostou muito de assisti-los. No entanto, ele apontou que sempre se incomodou com o fato das equipes sempre terem equipamentos de primeira classe, tecnologia avançada e entre outros, o que fez com que ele se questionasse: Como que seria uma história assim no Brasil?
- A gente não tem nem tempo, nem espaço para esse tipo de ladrão grandioso... Então eu fiquei intrigado por essa pergunta e comecei a imaginar e fui imaginando um grupo de personagens que não têm recurso nenhum, o desafio era esse: não têm recurso nenhum, apenas a própria inteligência, a própria audácia, a sagacidade e a lealdade entre eles. Era um desafio mesmo, uma história que não se apoia em violência, em armas, em explosões, é uma história de esperteza. Eu queria que as pessoas que assistissem se divertissem, se sentissem bem, e que o espectador se apaixonasse por esses quatro meninos e ficasse com uma sensação de querer fazer parte desses amigos, ser uma espécie de quinto integrante desse grupo.
Além do diretor, os atores contaram que assistiram a vários filmes do mesmo gênero para se prepararem para as gravações e revelaram que viram tantas vezes os mesmos longas que chegaram até a decorar as falas! Fora os filmes, eles também tiveram outros processos de preparação, sendo um deles através da música, que se moveu durante o Passagrana e fez com que eles percebessem o tom que o diretor queria:
- Tem essa musicalidade, as marcações, o roteiro tinha muito disso. É muito doido falar que um roteiro tinha musicalidade, mas ele tinha marcações específicas, quase como uma batida mesmo. E a gente entendeu isso, sentou, o Ravel criou uma playlist no Spotify, falou: Olha, ouçam... A gente ouvia essa playlist, a gente absorveu da forma que era pra absorver, cada um entendia que era pra absorver. Na hora de sentarmos para debater a playlist... não só o que esse artista, esse músico está dizendo com a letra dessa música, mas o que esse som que aparece a cada um quarto do saxofone está dizendo para gente, qual que é a função dele, qual que é a camada que ele cria, qual que é a atmosfera que ele criou...
Por fim, eles também falaram mais sobre suas expectativas para o filme e Ravel soltou um leve spoiler para o futuro. Juan, por exemplo, disse que está desesperado e ansioso para a data de estreia e comparou a sensação
- Sabe uma viagem longa que você está fazendo? Aí você está há dez horas em um ônibus. Aí você [pensa]: Eu estou viajando. Eu estou indo para tal lugar... Do nada no meu dia: Caraca, já é agora, já é dia 19. E aí me vem aquele faniquito.
Wenry disse que também está ansioso, embora não seja algo que ele sinta com frequência.
- Eu estou bem ansioso também e olha que eu não sou um cara ansioso, não. Mas estou bem ansioso, assim, de estar no dia a dia pensando: Meu Deus, vai estrear. A gente vai estrear. E é essa vontade de que o público vá ver o filme no cinema, torcendo e divulgando. Esses dias eu peguei os nossos adesivos para gente divulgar e saí pedalando pela cidade aqui próxima, comecei a colar o adesivo em tudo quanto é canto na faculdade de artes aqui do Paraná... distribuo isso para todo mundo. Fiz amizade com o pessoal do Uber que eu entro... Começo a falar, eu começo a conversar com todo mundo e divulgar, assim.
Juan e Wesley ainda contaram a expectativa de levar o público para o cinema. De acordo com eles, o cinema nacional tem esse desafio de levar públicos para assistir as telonas de cinema:
- Eu fico pensando tanto na situação do cinema nacional... É um filme que eu tenho certeza que é só a pessoa ver os cinco primeiros minutos. Ela vai se fascinar com o filme. Então, eu fico pensando muito, estou muito ansioso com esse desafio de levar as pessoas pra sala de cinema. Porque eu sei, no meu coração, que se uma pessoa vai e assiste, ela vai convencer outras quatro, cinco na sala, disse Juan.
- Cada vez mais as pessoas estão indo menos para o cinema, então, esse filme, eu acho que é um chamarismo mesmo, assim, da galera entender que é um filme de cinema, que tem uma trilha sonora que precisa da atmosfera da sala do cinema, apontou Wesley.
O final do filme fica em aberto e Ravel não escondeu a vontade de fazer uma sequência. Segundo ele, os personagens ainda têm muito a se explorar e desenvolver, o que fez com que ele quisesse ainda mais o segundo longa. Será que vem sequência por aí?
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