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Publicada em 06/06/2025 às 12:12 | Atualizada em 06/06/2025 às 13:43

Léo Lins se pronuncia sobre condenação: - Rir virou crime?

Humorista foi condenado a oito anos de prisão por show com falas polêmicas

Da Redação

Divulgação

O comediante Léo Lins, condenado a oito anos e três meses de prisão em regime fechado por falas consideradas polêmicas durante um show em 2022, quebrou o silêncio e se pronunciou sobre a decisão judicial.

Em um vídeo de 12 minutos compartilhado em seu canal no YouTube na última quinta-feira, dia 5, ele afirmou que a juíza responsável pelo caso misturou as linhas entre realidade e ficção, não compreendendo que o humorista é um personagem.

- Antes de me pronunciar, eu quis ler toda a sentença da juíza que condenou um humorista, no caso eu, a mais de oito anos de prisão e uma multa de quase dois milhões de reais. Esse vídeo não é de piada. Eu estou em casa, com meus gatos, aqui a pessoa é Leonardo de Lima Borges Lins, e não o comediante Leo Lins, uma persona cômica criada ao longo de anos, que faz piadas ácidas, críticas, e que sabe que nem todas as piadas são para todas as pessoas, iniciou.

O comediante explicou que, no palco, interpreta um personagem que utiliza figuras de linguagem como metáfora e ironia. Ainda segundo ele, uma análise literal de seus textos não se aplica à estrutura do cômico.

- Na construção do texto, nós utilizamos figuras de linguagem, a hipérbole, metáfora e ironia, numa licença estética; e, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico. Isso não é uma opinião, isso é um dos conceitos do humor segundo o autor Simon Critchley, um autor com diversas obras a respeito da comédia, continuou.

Ele criticou a sentença por, segundo ele, ter como base a Wikipedia e ainda comparou a situação a um caso hipotético em que uma pessoa é condenada com base em informações não verificadas:

- Sabe qual foi um dos embasamentos teóricos da juíza que me condenou a mais de oito anos de cadeia? A Wikipedia! E isso não é uma piada. Você imagine um inocente acusado de homicídio. A juíza fala: Você matou?. Ele diz: Não. Ela vai na Wikipedia: Pessoas podem mentir?, Sim. Ah, sabia. Condenado. Isso mesmo a Wikipedia tendo um aviso: Não é fonte primária de informação, não substitui uma pesquisa acadêmica. Assim como no meu show também tem avisos. Show de humor, apresentação de stand-up comedy. Obra teatral. Ficção. Você está entrando em um teatro.

O humorista também abordou um episódio durante o julgamento, quando o promotor questionou se ele já havia pensado que as pessoas que o defendiam - minorias como negros, gays e pessoas com deficiência - poderiam ser uma minoria dentro da minoria:

- Mas o objetivo desse processo não é justamente o respeito às minorias? Você está me dizendo então que essa minoria é tão pequena que não merece respeito. Em que momento a nossa régua moral e jurídica passou a ser baseada em um número do IBGE? Isso se é que era uma minoria. Pelo menos no meu julgamento, havia mais minorias do meu lado do que contra, porque não levaram nenhuma. E mesmo assim, em nome da defesa das minorias, a juíza ignora a opinião dessas minorias e determina que piada incentiva o crime, o ódio e o preconceito.

Ao longo do vídeo, o comediante se posicionou contra o que chama de criminalização do riso e disse que a sociedade perdeu a capacidade de interpretar o óbvio, vivendo o que chamou de uma epidemia da cegueira racional.

- Quando a gente ri, nós liberamos endorfina, dopamina, neurotransmissores que fazem você se sentir bem. Eu não vejo problema nisso. Eu acho mais problemático quando, ao ouvir uma piada, a pessoa, ao invés de rir, reage com ódio.

Léo Lins ainda disse na gravação que não se pode proibir algo impedindo pessoas a se divertirem e que, se fizerem isso, estão nivelando a sociedade pelo idiota:

- Eu não posso jogar Street Fighter, agredir alguém e colocar a culpa no japonês que fez o jogo. Fazer isso e proibir o jogo vai impedir milhões de pessoas de se divertirem por causa de um idiota. E é isso que nos estamos fazendo, nivelando a sociedade pelo idiota. Concordar com sentenças como essa é assinar um atestado que nós somos adultos infantiloides, sem a menor capacidade de discernir o que é bom ou ruim para nós, e precisamos de um Estado falando do que você pode rir, o que você pode ouvir, o que você vai poder comer, o que você pode falar, finalizou.

Assista ao vídeo:


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Léo Lins se pronuncia sobre condenação: - <i>Rir virou crime?</i>

Léo Lins se pronuncia sobre condenação: - Rir virou crime?

06/Jun/

O comediante Léo Lins, condenado a oito anos e três meses de prisão em regime fechado por falas consideradas polêmicas durante um show em 2022, quebrou o silêncio e se pronunciou sobre a decisão judicial.

Em um vídeo de 12 minutos compartilhado em seu canal no YouTube na última quinta-feira, dia 5, ele afirmou que a juíza responsável pelo caso misturou as linhas entre realidade e ficção, não compreendendo que o humorista é um personagem.

- Antes de me pronunciar, eu quis ler toda a sentença da juíza que condenou um humorista, no caso eu, a mais de oito anos de prisão e uma multa de quase dois milhões de reais. Esse vídeo não é de piada. Eu estou em casa, com meus gatos, aqui a pessoa é Leonardo de Lima Borges Lins, e não o comediante Leo Lins, uma persona cômica criada ao longo de anos, que faz piadas ácidas, críticas, e que sabe que nem todas as piadas são para todas as pessoas, iniciou.

O comediante explicou que, no palco, interpreta um personagem que utiliza figuras de linguagem como metáfora e ironia. Ainda segundo ele, uma análise literal de seus textos não se aplica à estrutura do cômico.

- Na construção do texto, nós utilizamos figuras de linguagem, a hipérbole, metáfora e ironia, numa licença estética; e, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico. Isso não é uma opinião, isso é um dos conceitos do humor segundo o autor Simon Critchley, um autor com diversas obras a respeito da comédia, continuou.

Ele criticou a sentença por, segundo ele, ter como base a Wikipedia e ainda comparou a situação a um caso hipotético em que uma pessoa é condenada com base em informações não verificadas:

- Sabe qual foi um dos embasamentos teóricos da juíza que me condenou a mais de oito anos de cadeia? A Wikipedia! E isso não é uma piada. Você imagine um inocente acusado de homicídio. A juíza fala: Você matou?. Ele diz: Não. Ela vai na Wikipedia: Pessoas podem mentir?, Sim. Ah, sabia. Condenado. Isso mesmo a Wikipedia tendo um aviso: Não é fonte primária de informação, não substitui uma pesquisa acadêmica. Assim como no meu show também tem avisos. Show de humor, apresentação de stand-up comedy. Obra teatral. Ficção. Você está entrando em um teatro.

O humorista também abordou um episódio durante o julgamento, quando o promotor questionou se ele já havia pensado que as pessoas que o defendiam - minorias como negros, gays e pessoas com deficiência - poderiam ser uma minoria dentro da minoria:

- Mas o objetivo desse processo não é justamente o respeito às minorias? Você está me dizendo então que essa minoria é tão pequena que não merece respeito. Em que momento a nossa régua moral e jurídica passou a ser baseada em um número do IBGE? Isso se é que era uma minoria. Pelo menos no meu julgamento, havia mais minorias do meu lado do que contra, porque não levaram nenhuma. E mesmo assim, em nome da defesa das minorias, a juíza ignora a opinião dessas minorias e determina que piada incentiva o crime, o ódio e o preconceito.

Ao longo do vídeo, o comediante se posicionou contra o que chama de criminalização do riso e disse que a sociedade perdeu a capacidade de interpretar o óbvio, vivendo o que chamou de uma epidemia da cegueira racional.

- Quando a gente ri, nós liberamos endorfina, dopamina, neurotransmissores que fazem você se sentir bem. Eu não vejo problema nisso. Eu acho mais problemático quando, ao ouvir uma piada, a pessoa, ao invés de rir, reage com ódio.

Léo Lins ainda disse na gravação que não se pode proibir algo impedindo pessoas a se divertirem e que, se fizerem isso, estão nivelando a sociedade pelo idiota:

- Eu não posso jogar Street Fighter, agredir alguém e colocar a culpa no japonês que fez o jogo. Fazer isso e proibir o jogo vai impedir milhões de pessoas de se divertirem por causa de um idiota. E é isso que nos estamos fazendo, nivelando a sociedade pelo idiota. Concordar com sentenças como essa é assinar um atestado que nós somos adultos infantiloides, sem a menor capacidade de discernir o que é bom ou ruim para nós, e precisamos de um Estado falando do que você pode rir, o que você pode ouvir, o que você vai poder comer, o que você pode falar, finalizou.

Assista ao vídeo: