
Ivete Sangalo fala sobre amor pelo samba e admiração por Clara Nunes: - Tive uma conexão com ela
25/Jun/
Ivete Sangalo anunciou que seu mais novo projeto é uma turnê inédita de samba, que recebeu o nome de Ivete Clareou. A cantora destacou durante coletiva de imprensa - que o ESTRELANDO acompanhou - como o gênero musical sempre esteve muito presente em sua vida e descreveu a grande admiração que tem por Clara Nunes, considerada uma das maiores e melhores intérpretes do país.
Na conversa, a artista começou contando como seu pai a influenciou a ouvir samba:
- A minha relação com o samba, ela é desde muito pequena. Então, é natural que eu tenha uma relação com o samba da época que meu pai me trouxe, desde Nelson Cavaquinho, próprio Pixinguinha, Cartola, esses caras todos, até os dias de hoje que a gente ouve Ferrugem de uma forma deliciosa, Sorriso Maroto comemorando anos de carreira com um repertório completamente atualizado.
E rasgou elogios ao gênero musical:
- O samba comove, o samba une, e todo mundo gosta de samba. [Quem não gosta] ou é ruim da cabeça, ou ruim do pé. Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É uma música que ela agrega, que ela une, e é uma maneira também de eu fazer um convite tanto àqueles que gostam de samba, aos meus fãs que vão conhecer muita coisa de samba através da minha voz. É uma celebração muito importante, eu acho que vai ser muito importante isso, a gente trazer o samba, contar um pouco dessa história.
Clara Nunes
A primeira música que Ivete aprendeu a cantar foi Contos de Areia, grande sucesso de Clara Nunes. Ao ser questionada sobre a influência que a saudosa sambista teve em sua vida, explicou que não foi consciente, pois cresceu em uma casa repleta de muita música, com toda a sua família sendo fã de estilos nacionais.
- Na verdade, não foi uma coisa consciente. Na minha casa, a música era o grande barato. A televisão perdia fácil para a música, sabe? Embora a televisão sempre foi um entretenimento maravilhoso para a gente, mas a música era a nossa prioridade, então meu pai fazia questão de nos apresentar todos os segmentos da música. Na cabeça dele, o gosto dele era por samba, samba canção, bossa, chorinho. Minha mãe idem, algumas coisas de serestas, boleros. Sou a caçula de seis irmãos e eu sofri uma influência muito grande do samba e de outros segmentos em casa através dos meus irmãos. Então, eu vivi aquilo de uma forma muito intensa.
Veveta então relembra que se encantava sempre que via Clara na televisão e sentiu uma forte conexão com a cantora e compositora.
- Meu pai me conta, e eu me lembro que tenho memória arretada, que nos meus quatro anos cantava a música Contos de Areia de Clara Nunes todinha. Eu ouvia milhões de cantoras e cantores desse segmento dentro da minha casa, mas tive uma conexão com ela, não sei explicar o porquê, eu me lembro de vê-la na televisão linda, uma mulher forte, hoje tenho completa consciência de que conexão foi essa.
Em seguida, exalta a sambista e tudo o que ela representa para as mulheres no samba:
- É uma mulher construindo uma ideia para novas mulheres, embora eu fosse muito pequena, mas uma mulher muito forte, bonita, dona de si, de uma voz maravilhosa, de muita autenticidade, de muita força em um tempo em que as mulheres eram ainda mais pressionadas. Continuamos pressionadas, mas a coisa vem mudando e a luta não cessa, mas eram mulheres desse tempo onde você ser um ícone, você se evidenciar era uma luta dobrada.
E ainda declara:
- Então isso tem uma simbologia muito grande para mim, cantar samba, e sem falar na relação afetuosa, a memória afetiva que tenho com o meu pai e minha mãe, que cantava lindamente samba, e com os meus irmãos em casa. Me lembro de abrir mão de festas de aniversário, de ir ao shopping, de qualquer coisa para não perder o sarau de nós mesmos. Onde tinha muito samba, também muita bossa, muito pop, tinha tudo isso, mas o samba era um segmento muito evidenciado, porque meu pai tinha preferência por isso.
Mulheres no samba
E por falar em representatividade feminina em um meio majoritariamente masculino, como o samba, Ivete ainda elogiou o trabalho de colegas homens no gênero musical e destacou como acredita ser inegável a necessidade de ter mais mulheres neste universo que ela considera como maternal.
- Os meninos são muito talentosos, merecem ter os seus espaços mesmo, Thiaguinho, Mumuzinho e tantos outros bons artistas. Mas, sem dúvida nenhuma, como falei a vocês, essa minha consciência da minha relação com Clara Nunes não foi à toa, foi uma percepção feminina mesmo, do forte, do poderoso, do realizador, do que ela tinha e permanece até hoje como legado, daquela presença feminina. É inegável a necessidade de ter vozes femininas em um projeto como esse. Porque o samba, ele é muito maternal, ele é muito feminino, ele é muito agregador. Nós mulheres sabemos agregar, sabemos organizar, sabemos deixar todo mundo feliz. Às vezes até abrimos mão da nossa felicidade em busca da felicidade de outros. Isso é muito maternal. Então acho que o samba, ele tem isso.
E refletiu sobre o ambiente em que cresceu:
- Eu sou uma mulher que eu, embora eu não tenha vivido circunstâncias ou situações, por esse ou aquele viés, mas tenho muita consciência de mulheres que lutam por espaços. Estou falando na música, né? O quão difícil é e o quão desafiador é para nós mulheres. Sou mais casca-grossa, de verdade, mas não porque eu me tornei uma casca-grossa, eu acho que eu já cheguei casca-grossa porque eu vivia numa casa com quatro homens, que tinha consciência através do amor pelas irmãs e pelas filhas. Acho que tive uma consciência já de pequena de como eu deveria me portar e me posicionar sobre as minhas vontades e sonhos. Isso me ajudou muito. Mas não é todo mundo que tem uma casa onde tem essa consciência. E eu acho que eles foram ganhando através do exercício do amor mesmo. Não foi nem da consciência, foi do exercício do amor, de evitar aquilo que eles provocavam provavelmente em outras mulheres e em outros espaços. Então, que eu seja exemplo de muitas mulheres em força e em delicadeza também.
Axé music
O principal gênero cantado por Ivete e que lhe rendeu o título de Rainha do Carnaval é o axé music. Apesar disso, ela faz questão de ressaltar que a Bahia, onde nasceu, é um estado marcado pela pluralidade de estilos musicais, com a criação de novos segmentos e estilos. Em sua casa, não era diferente, pois a família toda ouvia os mais diversos tipos de canções:
- A cantora de axé que eu sou, que eu tenho o maior orgulho disso, Ave Maria só Deus sabe a paixão que eu tenho por isso, ela foi construída a partir dessa democracia na minha casa. A música da Bahia é uma música da democracia. Se você for ao Carnaval da Bahia, você vai ouvir de tudo um pouco. E essas misturas são muito reveladoras e muito surpreendentes. Elas, inclusive, criam novos segmentos e novos estilos que, outrora, não se ouvem. A Bahia é um lugar democraticamente artístico e eu devo muito isso a esse ambiente tão fértil que foi a minha casa, onde ouvisse de tudo, era permitido ouvir-se tudo, e com muito respeito.
Cada membro do clã acabou se apaixonando por um gênero e, o que conquistou o coração da cantora, foi o samba. Ela conta ainda que acredita que sua construção como artista foi marcada pela mistura de estilos:
- Obviamente, as predileções foram se formando por cada filho. Eu tenho uma predileção grande pelo samba. Um gostava mais de, de Gil e Caetano, o outro gostava de Xangai, o outro gostava de Geraldo Azevedo, a outra gostava de Kid Abelha, e eu fui pegando um pouquinho de cada um. Mas como eu pequenininha ouvia muito samba dentro de casa, eu criei também uma predileção grande. E a construção dessa artista deve ser isso. Eu no palco, sou um pouquinho de cada coisa. E talvez por isso que eu me sinto tão especial podendo fazer a minha música. Não existe uma coisa só, viu, gente? Nós não somos uma coisa só. O mundo não só tem uma forma de pensar, nem uma forma de agir, nem uma forma de ser. Nós somos muitos, então que seja assim com a música também.
Ivete rockeira?
A artista confessou ainda ser uma grande fã de Rock'n Roll, mas que não se arriscaria a gravar um disco do gênero e explicou o motivo:
- Olha, eu vou te falar, eu adoro Rock'n Roll, mas eu não poderia gravar um disco de Rock'n Roll. Eu gosto, eu adoraria poder gravar, talvez tipo System of a Down, ACDC, mas não vou me arriscar numa coisa que eu ouvi a partir dos meus, sei lá, 18 anos, 19 anos. O samba eu estou ouvindo desde a barriga de minha mãe, sabe? É outra pegada, é outra referência.
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