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Publicada em 12/11/2025 às 14:02 | Atualizada em 12/11/2025 às 15:19

Elenco de Ângela Diniz: Assassinada e Condenada comenta sobre violência contra a mulher

A minissérie baseada em fatos reais chega ao HBO Max na próxima quinta-feira, dia 13

Brisa Sayuri Kunichiro

Divulgação

O assassinato de Ângela Diniz marcou o Brasil em 1976. A socialite brasileira foi morta a tiros por seu namorado, Doca Street, e levantou o movimento feminista sobre a violência contra a mulher. Agora, o crime real se tornou uma minissérie do HBO Max, Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, que conta a história da personalidade e como na época o julgamento da sociedade a condenou, mesmo ela sendo a vítima do crime. 

Em coletiva de imprensa que o ESTRELANDO participou, o elenco da produção comentou mais sobre a mensagem da série e ressaltou a importância de trazer à tona essa discussão na sociedade. 

Doca Street foi condenado apenas a dois anos de prisão em regime aberto, com a justificativa de que ele estava defendendo a sua honra ao assassinar Ângela Diniz. Para Camila Márdila, que interpreta uma das amigas da protagonista, vivida por Marjorie Estiano, essa tese é a origem da violência contra a mulher:

- Essa questão da tese de legítima defesa da honra pode não existir mais juridicamente desde 2023, mas ela ainda é a base do pensamento, a origem de toda a violência de gênero. 

Ela também percebe que não importa se você é homem, ou mulher, a liberdade incomoda, principalmente naquela época:

- Enquanto a gente via a série, eu sentia muito nas escolhas da Marjorie, de todo mundo que eu estava ali construindo isso de bancar essa personalidade, essa particularidade da Ângela, que incomoda, porque a verdade é que tanto homens, quanto mulheres, se incomodam com uma mulher usufruindo dessa liberdade, desse desejo. 

Para ela, é justamente esse julgamento da sociedade e as atitudes durante a vida de Ângela contra a motivação do crime:

- Eu acho que é uma série que vai dividir opiniões, inclusive, e deflagrar essa falha. Dividir opiniões em relação ao julgamento sobre a Ângela, que eu acho que vai ter muita gente que vai adorar isso, se sentir contemplada, e acho que vai reforçar quem tem aquela cabeça de olhar e falar: Mas ela merecia, e aí a pessoa morde a própria língua, porque se percebe condenando também essa assassinada. Esse título do Assassinada e Condenada é que a gente vive muito em casos de estupro, por exemplo, em tudo que está relacionado à violência de gênero tem essa essa base ali injetada. Então, acho que a série vai provocar debates nesse sentido e acho que essa complexidade vai ser muito boa da gente sentir, conversar e perceber o público a partir disso.

Yara de Novaes, que vive a mãe de Ângela na trama, também comentou sobre como esse preconceito é enraizado:

- Eu gostei da Marjorie realmente assumir essa personalidade, com a carreira essa mulher livre e que quer o prazer, e que não precisa ser punida por causa disso, é fundamental na recepção dessa série. Porque normalmente o que se diz é: Ah, mas ela pediu isso, ela, na verdade, provocou, ela buscou essa morte. Isso é inclusive a teoria da defesa, de que ela buscou isso, que foi uma espécie de suicídio. 

Já para Emílio Dantas, que vive Doca Street, esse julgamento que Ângela recebeu em 1976 poderia ser pior nos dias atuais, assim como a divisão de opiniões da internet, que proporcionaria um ambiente ainda mais aberto para Doca promover o seu lado:

- Muitas vezes a gente faz o paralelo entre a questão temporal. A gente vê uma coisa do fato que aconteceu há 49 anos e a gente pensa: Poxa, até hoje. Mas também eu acho que é necessário a gente entender, colocar essas datas lado a lado, entender quem é esse Doca hoje? Ele estaria no Congresso. Esse Doca hoje, ele teria uma equipe de marketing com ele - que o máximo do avanço tecnológico ali era você televisionar o julgamento e apelar com o melhor advogado. Mas acho que é importante também a gente entender essa Ângela, quem seria ela hoje?
Não é só um atraso no nosso comportamento. Essa Ângela hoje estaria sendo muito mais massacrada na internet, na vida, o que quer que fosse. 

Amizades femininas

Ainda sobre reflexões na série, o elenco feminino também comentou sobre como a relação entre as mulheres fugiu do comum. Camila, por exemplo, mencionou o quão bem retratado isso foi na trama:

- Isso é muito bonito na relação entre as mulheres construída, que é de não colocar as mulheres competindo, que é um vício da narrativa também sobre a mulher. Elas são muito diferentes, mas é bonito que a diferença entre elas não separa. Elas se respeitam, se admiram e pensam completamente diferente, mas isso não separa. Elas permanecem amigas e se respeitando e cuidando uma da outra, o elo com as personagens femininas é muito bonito e muito político também. É um ato político você transformar essas relações, essas narrativas das amizades ou dos relacionamentos entre mulheres não serem através da competição.

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Elenco de <i>Ângela Diniz: Assassinada e Condenada</i> comenta sobre violência contra a mulher

Elenco de Ângela Diniz: Assassinada e Condenada comenta sobre violência contra a mulher

12/Nov/

O assassinato de Ângela Diniz marcou o Brasil em 1976. A socialite brasileira foi morta a tiros por seu namorado, Doca Street, e levantou o movimento feminista sobre a violência contra a mulher. Agora, o crime real se tornou uma minissérie do HBO Max, Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, que conta a história da personalidade e como na época o julgamento da sociedade a condenou, mesmo ela sendo a vítima do crime. 

Em coletiva de imprensa que o ESTRELANDO participou, o elenco da produção comentou mais sobre a mensagem da série e ressaltou a importância de trazer à tona essa discussão na sociedade. 

Doca Street foi condenado apenas a dois anos de prisão em regime aberto, com a justificativa de que ele estava defendendo a sua honra ao assassinar Ângela Diniz. Para Camila Márdila, que interpreta uma das amigas da protagonista, vivida por Marjorie Estiano, essa tese é a origem da violência contra a mulher:

- Essa questão da tese de legítima defesa da honra pode não existir mais juridicamente desde 2023, mas ela ainda é a base do pensamento, a origem de toda a violência de gênero. 

Ela também percebe que não importa se você é homem, ou mulher, a liberdade incomoda, principalmente naquela época:

- Enquanto a gente via a série, eu sentia muito nas escolhas da Marjorie, de todo mundo que eu estava ali construindo isso de bancar essa personalidade, essa particularidade da Ângela, que incomoda, porque a verdade é que tanto homens, quanto mulheres, se incomodam com uma mulher usufruindo dessa liberdade, desse desejo. 

Para ela, é justamente esse julgamento da sociedade e as atitudes durante a vida de Ângela contra a motivação do crime:

- Eu acho que é uma série que vai dividir opiniões, inclusive, e deflagrar essa falha. Dividir opiniões em relação ao julgamento sobre a Ângela, que eu acho que vai ter muita gente que vai adorar isso, se sentir contemplada, e acho que vai reforçar quem tem aquela cabeça de olhar e falar: Mas ela merecia, e aí a pessoa morde a própria língua, porque se percebe condenando também essa assassinada. Esse título do Assassinada e Condenada é que a gente vive muito em casos de estupro, por exemplo, em tudo que está relacionado à violência de gênero tem essa essa base ali injetada. Então, acho que a série vai provocar debates nesse sentido e acho que essa complexidade vai ser muito boa da gente sentir, conversar e perceber o público a partir disso.

Yara de Novaes, que vive a mãe de Ângela na trama, também comentou sobre como esse preconceito é enraizado:

- Eu gostei da Marjorie realmente assumir essa personalidade, com a carreira essa mulher livre e que quer o prazer, e que não precisa ser punida por causa disso, é fundamental na recepção dessa série. Porque normalmente o que se diz é: Ah, mas ela pediu isso, ela, na verdade, provocou, ela buscou essa morte. Isso é inclusive a teoria da defesa, de que ela buscou isso, que foi uma espécie de suicídio. 

Já para Emílio Dantas, que vive Doca Street, esse julgamento que Ângela recebeu em 1976 poderia ser pior nos dias atuais, assim como a divisão de opiniões da internet, que proporcionaria um ambiente ainda mais aberto para Doca promover o seu lado:

- Muitas vezes a gente faz o paralelo entre a questão temporal. A gente vê uma coisa do fato que aconteceu há 49 anos e a gente pensa: Poxa, até hoje. Mas também eu acho que é necessário a gente entender, colocar essas datas lado a lado, entender quem é esse Doca hoje? Ele estaria no Congresso. Esse Doca hoje, ele teria uma equipe de marketing com ele - que o máximo do avanço tecnológico ali era você televisionar o julgamento e apelar com o melhor advogado. Mas acho que é importante também a gente entender essa Ângela, quem seria ela hoje?
Não é só um atraso no nosso comportamento. Essa Ângela hoje estaria sendo muito mais massacrada na internet, na vida, o que quer que fosse. 

Amizades femininas

Ainda sobre reflexões na série, o elenco feminino também comentou sobre como a relação entre as mulheres fugiu do comum. Camila, por exemplo, mencionou o quão bem retratado isso foi na trama:

- Isso é muito bonito na relação entre as mulheres construída, que é de não colocar as mulheres competindo, que é um vício da narrativa também sobre a mulher. Elas são muito diferentes, mas é bonito que a diferença entre elas não separa. Elas se respeitam, se admiram e pensam completamente diferente, mas isso não separa. Elas permanecem amigas e se respeitando e cuidando uma da outra, o elo com as personagens femininas é muito bonito e muito político também. É um ato político você transformar essas relações, essas narrativas das amizades ou dos relacionamentos entre mulheres não serem através da competição.