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Publicada em 13/11/2025 às 08:00 | Atualizada em 13/11/2025 às 09:18

Minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada mostra violência do julgamento contra a mulher

A produção baseada em fatos reais estreia no HBO Max nesta quinta-feira, dia 13

Brisa Sayuri Kunichiro

Divulgação

Um crime cometido em 1976 ainda vale ser comentado nos dias atuais? A resposta é dada pela minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, que conta a história de Ângela Diniz, uma socialite brasileira que foi assassinada a tiros pelo seu namorado, Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, na Praia dos Ossos, no Rio de Janeiro.

A série baseada em fatos reais estreia nesta quinta-feira, dia 13, no HBO Max, mas o ESTRELANDO assistiu em primeira mão e conta, a seguir, o que você pode esperar da produção de Andrucha Waddington, estrelada por Marjorie Estiano, que vive Ângela Diniz, e Emílio Dantas, que interpreta Doca Street. 

Imagina você ser casada com um homem bem-sucedido, rico e com um nome prestigiado? Essa era a vida de Ângela Diniz, que se casou aos 17 anos de idade com Milton Villas Boas, vivido por Thelmo Fernandes na trama, e teve três filhos. Na série, no entanto, os trio é reduzido apenas a uma menina, que representa a filha da personagem. É um sonho, não é? 

Para Ângela, não. Muito além do seu tempo, Ângela Diniz tinha vontade de viver, ser livre e do mundo. Deixar a vida imposta pela sociedade para trás e abraçar a beleza do estar viva. 

- A vida não pode ser só isso, diz ela à mãe quando é perguntada sobre o motivo dela estar deixando uma vida de quem já tem tudo para trás.

Agora imagina você ser julgada e condenada pela sociedade por tomar essa decisão? Foi o que aconteceu com ela, que teve sua história distorcida por suas escolhas. 

Dividida em seis episódios, a minissérie mostra toda a trajetória da socialite até o seu assassinato, mergulhando em suas relações amorosas, majoritariamente com homens casados, suas amizades e sua maternidade, algo que ela lutava muito para ter crédito, já que teve a guarda retirada e foi afastada de sua filha pelo seu ex-marido. 

Glamour 

Com o toque da alta sociedade do Rio de Janeiro nos anos 70, a série mostra todo o glamour vivido naquela época. As festas, as roupas, os jantares e as músicas levam o telespectador a uma viagem no tempo para entender como era a vida de Ângela. 

A produção também se guia pelo olhar e pela emoção da protagonista. No começo, as cores são mais cinzas, com um ar sombrio e pesado, até que ela decide deixar seu marido e Minas Gerais, e se mudar para o Rio de Janeiro. É neste momento que as cores se tornam vibrantes e a leveza é percebida, assim como a liberdade. 

Sozinha, Ângela lida com os problemas, como encontrar um novo apartamento, se relacionar com homens casados e ser julgada por isso, se aproximar de sua filha. Mas isso não era um problema para ela, pois sua independência era algo que almejava. 

Sempre segura de si, dos seus limites e do que queria, Ângela se tornou uma mulher imparável e conhecida por ser a Pantera de Minas Gerais. Um apelido e tanto, né?

Amizades femininas

Embora tenha sido julgada pela sociedade por suas escolhas e atitudes, Ângela fez diversas amizades femininas verdadeiras e profundas, que não a julgavam pelo o que acontecia, mesmo que em muitos momentos ela tenha se envolvido com os maridos dessas mulheres. 

O foco da série não é retratar uma rivalidade feminina, algo que nem aconteceu na vida real da protagonista, mas sim essa união, amor e irmandade que foi criado por elas; esse vínculo. 

Foi justamente o vínculo que trouxe justiça para seu assassinato, já que suas amigas de vida, que na série são reduzidas para duas, Lulu e Gilda, interpretadas por Camila Márdila e Renata Gaspar, respectivamente, são quem lutam pelo movimento depois do julgamento. 

Culpada?

Depois de ser assassinada a tiros por seu namorado, Doca Street, Ângela se tornou ainda mais assunto na sociedade, algo também retratado pela série. O julgamento foi televisionado e as pessoas se dividiram em dois lados: os que concordavam com Doca e os que defendiam Ângela.

Isso é muito bem retratado na produção, que por meio de diálogos silenciosos mostra as intenções, sentimentos e emoções das personagens. Nas cenas do julgamento, a minissérie acerta em trazer essa repercussão e confusão que o caso teve na época, tanto dentro, quanto fora do tribunal. 

Além disso, eles deixam o telespectador criar sua própria opinião, mostrando os dois lados da história. Enquanto Doca alegava ter defendido sua honra ao matar Ângela, a acusando de traição e usando toda a sua história contra ela, a família e as amigas da vítima tentavam demostrar a vontade de Doca de assassinar Ângela, reforçando que ele deu não só um tiro, mas quatro. 

A frase Quem Ama Não Mata se tornou popular após o crime, pois quem lutava pela justiça, rebatia os argumentos de Doca pelo crime cometido. 

A grande questão é: Ângela Diniz teve o final merecido, ela pediu para ser morta por tudo que já fez na vida, ou Doca Street cometeu o crime por ciúmes e controle?

Reflexão

É justamente neste ponto que a mensagem da minissérie entra: até quando a violência contra a mulher é tolerável? Quando as mulheres pararão de ser julgadas por suas atitudes? Até quando os homens serão inocentados e as mulheres serão culpadas?

A reflexão é essa, a mensagem é essa. O crime cometido em 1976 ainda é algo que acontece. Os erros cometidos no julgamento, que rendeu apenas dois anos em regime aberto a Doca, ainda acontecem. Então, sim, faz sentido falar sobre algo que aconteceu há anos, pois ele ainda não é algo extinguido.

Ângela Diniz: Assassinada e Condenada cumpre a promessa e mostra como a violência do julgamento da sociedade é tão cruel quanto a violência física. Ela ainda deixa o telespectador refletir sobre os próprios julgamentos e retoma uma pauta tão apagada. 

Afinal, quem ama mata?

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Minissérie <i>Ângela Diniz: Assassinada e Condenada</i> mostra violência do julgamento contra a mulher

Minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada mostra violência do julgamento contra a mulher

13/Nov/

Um crime cometido em 1976 ainda vale ser comentado nos dias atuais? A resposta é dada pela minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, que conta a história de Ângela Diniz, uma socialite brasileira que foi assassinada a tiros pelo seu namorado, Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, na Praia dos Ossos, no Rio de Janeiro.

A série baseada em fatos reais estreia nesta quinta-feira, dia 13, no HBO Max, mas o ESTRELANDO assistiu em primeira mão e conta, a seguir, o que você pode esperar da produção de Andrucha Waddington, estrelada por Marjorie Estiano, que vive Ângela Diniz, e Emílio Dantas, que interpreta Doca Street. 

Imagina você ser casada com um homem bem-sucedido, rico e com um nome prestigiado? Essa era a vida de Ângela Diniz, que se casou aos 17 anos de idade com Milton Villas Boas, vivido por Thelmo Fernandes na trama, e teve três filhos. Na série, no entanto, os trio é reduzido apenas a uma menina, que representa a filha da personagem. É um sonho, não é? 

Para Ângela, não. Muito além do seu tempo, Ângela Diniz tinha vontade de viver, ser livre e do mundo. Deixar a vida imposta pela sociedade para trás e abraçar a beleza do estar viva. 

- A vida não pode ser só isso, diz ela à mãe quando é perguntada sobre o motivo dela estar deixando uma vida de quem já tem tudo para trás.

Agora imagina você ser julgada e condenada pela sociedade por tomar essa decisão? Foi o que aconteceu com ela, que teve sua história distorcida por suas escolhas. 

Dividida em seis episódios, a minissérie mostra toda a trajetória da socialite até o seu assassinato, mergulhando em suas relações amorosas, majoritariamente com homens casados, suas amizades e sua maternidade, algo que ela lutava muito para ter crédito, já que teve a guarda retirada e foi afastada de sua filha pelo seu ex-marido. 

Glamour 

Com o toque da alta sociedade do Rio de Janeiro nos anos 70, a série mostra todo o glamour vivido naquela época. As festas, as roupas, os jantares e as músicas levam o telespectador a uma viagem no tempo para entender como era a vida de Ângela. 

A produção também se guia pelo olhar e pela emoção da protagonista. No começo, as cores são mais cinzas, com um ar sombrio e pesado, até que ela decide deixar seu marido e Minas Gerais, e se mudar para o Rio de Janeiro. É neste momento que as cores se tornam vibrantes e a leveza é percebida, assim como a liberdade. 

Sozinha, Ângela lida com os problemas, como encontrar um novo apartamento, se relacionar com homens casados e ser julgada por isso, se aproximar de sua filha. Mas isso não era um problema para ela, pois sua independência era algo que almejava. 

Sempre segura de si, dos seus limites e do que queria, Ângela se tornou uma mulher imparável e conhecida por ser a Pantera de Minas Gerais. Um apelido e tanto, né?

Amizades femininas

Embora tenha sido julgada pela sociedade por suas escolhas e atitudes, Ângela fez diversas amizades femininas verdadeiras e profundas, que não a julgavam pelo o que acontecia, mesmo que em muitos momentos ela tenha se envolvido com os maridos dessas mulheres. 

O foco da série não é retratar uma rivalidade feminina, algo que nem aconteceu na vida real da protagonista, mas sim essa união, amor e irmandade que foi criado por elas; esse vínculo. 

Foi justamente o vínculo que trouxe justiça para seu assassinato, já que suas amigas de vida, que na série são reduzidas para duas, Lulu e Gilda, interpretadas por Camila Márdila e Renata Gaspar, respectivamente, são quem lutam pelo movimento depois do julgamento. 

Culpada?

Depois de ser assassinada a tiros por seu namorado, Doca Street, Ângela se tornou ainda mais assunto na sociedade, algo também retratado pela série. O julgamento foi televisionado e as pessoas se dividiram em dois lados: os que concordavam com Doca e os que defendiam Ângela.

Isso é muito bem retratado na produção, que por meio de diálogos silenciosos mostra as intenções, sentimentos e emoções das personagens. Nas cenas do julgamento, a minissérie acerta em trazer essa repercussão e confusão que o caso teve na época, tanto dentro, quanto fora do tribunal. 

Além disso, eles deixam o telespectador criar sua própria opinião, mostrando os dois lados da história. Enquanto Doca alegava ter defendido sua honra ao matar Ângela, a acusando de traição e usando toda a sua história contra ela, a família e as amigas da vítima tentavam demostrar a vontade de Doca de assassinar Ângela, reforçando que ele deu não só um tiro, mas quatro. 

A frase Quem Ama Não Mata se tornou popular após o crime, pois quem lutava pela justiça, rebatia os argumentos de Doca pelo crime cometido. 

A grande questão é: Ângela Diniz teve o final merecido, ela pediu para ser morta por tudo que já fez na vida, ou Doca Street cometeu o crime por ciúmes e controle?

Reflexão

É justamente neste ponto que a mensagem da minissérie entra: até quando a violência contra a mulher é tolerável? Quando as mulheres pararão de ser julgadas por suas atitudes? Até quando os homens serão inocentados e as mulheres serão culpadas?

A reflexão é essa, a mensagem é essa. O crime cometido em 1976 ainda é algo que acontece. Os erros cometidos no julgamento, que rendeu apenas dois anos em regime aberto a Doca, ainda acontecem. Então, sim, faz sentido falar sobre algo que aconteceu há anos, pois ele ainda não é algo extinguido.

Ângela Diniz: Assassinada e Condenada cumpre a promessa e mostra como a violência do julgamento da sociedade é tão cruel quanto a violência física. Ela ainda deixa o telespectador refletir sobre os próprios julgamentos e retoma uma pauta tão apagada. 

Afinal, quem ama mata?