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Publicada em 12/10/2023 às 00:00 | Atualizada em 11/10/2023 às 18:57

Presença de ícones da MPB e surgimento da Tropicália... Saiba o que esperar de Meu Nome É Gal

O ESTRELANDO participou de uma coletiva de imprensa com o elenco e direção da produção

Bárbara More

Divulgação

Ela nasceu Maria da Graça Penna Burgos Costa, tinha o apelido de Gracinha, mas o mundo a conhece como Gal Costa. Uma das maiores vozes da música brasileira, o ícone da MPB teve parte de sua vida retratada no filme Meu Nome É Gal, que aborda o efervescente momento da Tropicália e as relações que a cantora criou com seus amigos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Jards Macalé, Tom Zé e Wally Salomão enquanto ainda eram jovens.

O ESTRELANDO não só participou de uma coletiva de imprensa com o elenco e direção da produção - como você já conferiu - como também assistiu ao filme e vai contar tudinho o que esperar do longa-metragem. Meu Nome É Gal começa e termina com a apresentação de Gal Costa no show Fa-Tal, que foi realizado em 1971 em meio à Ditadura Militar. Ao longo das duas horas, é mostrado como a cantora e seus companheiros vanguardistas conseguiram resistir à violência imposta pelo governo e criar o principal movimento da contracultura no Brasil, responsável pela maior mudança musical e comportamental que o país já viveu.

Amizades

Durante a conversa com os jornalistas, Sophie Charlotte enalteceu a relação de Gal com os amigos e aproveitou a oportunidade para rasgar elogios aos atores que interpretaram Caetano Veloso, Maria Bethânia, Dedé e o empresário Guilherme.  

- Cada escolha e cada transformação da obra de Gal aponta para o que estava acontecendo com essa artista, com essa mulher extraordinária internamente. Um filme é muito coletivo e aqui eu quero enaltecer e agradecer o Rodrigo Leles, agradecer o [Luís] Lobianco e a Camila [Mardila], porque realmente o trabalho deles me compôs muito. Foi nessa relação com Dandara [Ferreira], de Bethânia, seu mistério e sua presença encantadora. Tudo isso foi me moldando nessas parcerias, porque eram amigos que se estimularam muito, que se levantaram muito. Então, assim, principalmente nesse momento, eu fico até arrepiada de pensar você ter amigos assim, tão geniais e tão generosos uns com os outros, e que se fomentaram e se influenciaram ao longo da vida. 

Com a história se passando majoritariamente na década de 1960, acompanhando o lançamento do primeiro disco de Gal e sua ascensão à fama, Sophie conta qual mensagem gostaria de passar: 

- O nosso filme fala de um recorte de tempo, mas o meu interesse também era, de alguma forma, apontar para a grandiosidade desses jovens artistas que nem sei se eles previam ou se tinham tanta absoluta certeza do que seria esse caminhar tão revolucionário que é. Hoje sabemos que eles são estandarte da nossa cultura e queremos reverenciá-los, mas aqueles jovens, qual que era essa faísca, né? Dessa juventude resistindo ativamente através da sua arte e levantando essa fonte de beleza, de alegria, de liberdade que eles fizeram nesse período.

Dandara Ferreira não só dirigiu o filme ao lado de Lô Politi, como também interpretou Maria Bethânia e falou sobre o recorte da produção: 

- A gente está falando de uma pessoa, da grandeza de Ga. A gente fala que esse filme é homenagem, mas é homenagem também aos amigos. O filme também fala sobre desses encontros, desse coletivo. Desde o começo a gente achava que tinha que pensar no recorte. Não é numa construção, porque cinematografias geralmente querem contar a história da vida inteira desse personagem. A gente achava que era importante aprofundar na história e o recorte justamente é dessa transformação da Maria da Graça, Gracinha, em Gal Costa. O começo dela é a transformação dela como mulher e como artista, porque depois o que vem no resto da carreira da Gal, ela já está consolidada. Foi justamente de a gente mostrar esse lugar, dessa transformação, dessa mulher, dessa artista.

Amiga Dedé

Camila Mardila interpreta Andréa Gadelha, conhecida como Dedé, amiga próxima de Gal Costa que mais tarde se casa com Caetano Veloso. A atriz refletiu como a personagem tem quase um co-protagonismo com a cantora e desempenha papel fundamental na história. 

- A Dedé, o que muita gente não sabe, é que ela é a ligação com Maria da Graça, com a Gracinha, na sua essência. Ela é daquele grupo de amigos com uma conexão com a amizade de infância mesmo. Elas são amigas de infância, conhecem o Caetano ao mesmo tempo, começam a fazer parte desse grupo ao mesmo tempo. Essa questão do co-protagonismo, porque de fato é a amiga próxima, é uma coisa que fui descobrindo na pesquisa de Dedé. Ela não é uma personagem conhecida pelo público por uma série de razões. Acho que entre elas a questão de ela ser uma mulher muito discreta, sempre foi, no sentido da própria imagem. Ao mesmo tempo, o que eu não esperava, foi me surpreendendo e acho que torna essa personagem extremamente complexa e interessante de se fazer é que ela era uma figura central no universo. Ela era uma liga que faz as coisas acontecerem. Ela chega a parceria com o Guilherme numa espécie de empresariamento deles, é uma pessoa que conduzirá muito a Gal num movimento de abertura do próprio corpo, porque a Dedé tem uma relação coma dança. Ao mesmo tempo, é a figura pragmática que organiza um pouco a vida dessa galera, tida como a mais festeira, mais a frente do seu tempo, mais revolucionária nas relações, na maneira de pensar e no comportamento. 

Caetano Veloso

Rodrigo Lelis tinha a carreira voltada para peças teatrais na Bahia e acabou sendo descoberto pelas diretoras, que logo o chamaram para dar vida a Caetano Veloso no filme, que se tornou seu primeiro longa-metragem. 

- Estou vivendo um sonho, esse é o meu primeiro longa, estou me sentindo como se estivesse estreando uma peça no Teatro Vila Velha. Que bom que é com essas pessoas. O Caetano surgiu na minha vida através de um movimento muito bonito. Eu sempre, desde o princípio, nunca quis imitá-lo. O processo do ator não é de imitar ninguém, mas de buscar em você aquele personagem. Para mim não é um peso, mas uma responsabilidade. Eu me diverti muito fazendo esse personagem, foi uma honra enorme fazer Caetano. Foi gostoso, uma troca muito bonita e eu trouxe ele para mim. Quando trouxe para mim, acho que isso ficou um pouco mais interessante. 

Empresário Guilherme 

Luís Lobianco explicou como foi o processo de entrar no personagem Guilherme Araújo, empresário de Gal. 

- A gente acha que não conhece o Guilherme, mas, na verdade, conhece. Foi assim comigo. Quando recebi o convite, decidi pesquisar muito. Conversando com as pessoas, descobri que todo mundo conhecia Guilherme Araújo e em algum momento ou trabalhou, ou foi para uma balada ou morou com ele. Todo mundo me trazia um pedacinho dele. Ele foi um agente cultural importantíssimo no Brasil, uma das cabeças da Tropicália. Mesmo sendo uma figura dos bastidores, se tornou muito fácil, próximo e prazeroso. Percebi também que a imitação não seria o caminho. Todo mundo que falava de Guilherme vinha com um brilho no olho, uma vibração de vida, de humor, de entusiasmo, de inteligência, de ambição que foi isso que tentei captar e colocar nessas cenas. 

E ainda contou como os colegas de cena ajudaram a entender melhor a figura:

- O isolamento que a gente fez, ainda por conta da Covid, mas também porque era uma ideia de tropicalizar o nosso trabalho, nos ajudou a construir os nossos personagens muito pelo que o outro trazia para a roda. Pela pesquisa do outro. Sophie e Camila traziam uma informaçãozinha sobre Guilherme e eu levava uma sobre Gal que tinha descoberto conversando com o Instituto Guilherme Araújo. A gente foi se forjando junto, em algum momento a pesquisa não era mais só pessoal, mas realmente todo mundo trazendo pecinhas para montar um grande quebra-cabeça. 




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Presença de ícones da MPB e surgimento da Tropicália... Saiba o que esperar de <i>Meu Nome É Gal</i>

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27/Abr/

Ela nasceu Maria da Graça Penna Burgos Costa, tinha o apelido de Gracinha, mas o mundo a conhece como Gal Costa. Uma das maiores vozes da música brasileira, o ícone da MPB teve parte de sua vida retratada no filme Meu Nome É Gal, que aborda o efervescente momento da Tropicália e as relações que a cantora criou com seus amigos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Jards Macalé, Tom Zé e Wally Salomão enquanto ainda eram jovens.

O ESTRELANDO não só participou de uma coletiva de imprensa com o elenco e direção da produção - como você já conferiu - como também assistiu ao filme e vai contar tudinho o que esperar do longa-metragem. Meu Nome É Gal começa e termina com a apresentação de Gal Costa no show Fa-Tal, que foi realizado em 1971 em meio à Ditadura Militar. Ao longo das duas horas, é mostrado como a cantora e seus companheiros vanguardistas conseguiram resistir à violência imposta pelo governo e criar o principal movimento da contracultura no Brasil, responsável pela maior mudança musical e comportamental que o país já viveu.

Amizades

Durante a conversa com os jornalistas, Sophie Charlotte enalteceu a relação de Gal com os amigos e aproveitou a oportunidade para rasgar elogios aos atores que interpretaram Caetano Veloso, Maria Bethânia, Dedé e o empresário Guilherme.  

- Cada escolha e cada transformação da obra de Gal aponta para o que estava acontecendo com essa artista, com essa mulher extraordinária internamente. Um filme é muito coletivo e aqui eu quero enaltecer e agradecer o Rodrigo Leles, agradecer o [Luís] Lobianco e a Camila [Mardila], porque realmente o trabalho deles me compôs muito. Foi nessa relação com Dandara [Ferreira], de Bethânia, seu mistério e sua presença encantadora. Tudo isso foi me moldando nessas parcerias, porque eram amigos que se estimularam muito, que se levantaram muito. Então, assim, principalmente nesse momento, eu fico até arrepiada de pensar você ter amigos assim, tão geniais e tão generosos uns com os outros, e que se fomentaram e se influenciaram ao longo da vida. 

Com a história se passando majoritariamente na década de 1960, acompanhando o lançamento do primeiro disco de Gal e sua ascensão à fama, Sophie conta qual mensagem gostaria de passar: 

- O nosso filme fala de um recorte de tempo, mas o meu interesse também era, de alguma forma, apontar para a grandiosidade desses jovens artistas que nem sei se eles previam ou se tinham tanta absoluta certeza do que seria esse caminhar tão revolucionário que é. Hoje sabemos que eles são estandarte da nossa cultura e queremos reverenciá-los, mas aqueles jovens, qual que era essa faísca, né? Dessa juventude resistindo ativamente através da sua arte e levantando essa fonte de beleza, de alegria, de liberdade que eles fizeram nesse período.

Dandara Ferreira não só dirigiu o filme ao lado de Lô Politi, como também interpretou Maria Bethânia e falou sobre o recorte da produção: 

- A gente está falando de uma pessoa, da grandeza de Ga. A gente fala que esse filme é homenagem, mas é homenagem também aos amigos. O filme também fala sobre desses encontros, desse coletivo. Desde o começo a gente achava que tinha que pensar no recorte. Não é numa construção, porque cinematografias geralmente querem contar a história da vida inteira desse personagem. A gente achava que era importante aprofundar na história e o recorte justamente é dessa transformação da Maria da Graça, Gracinha, em Gal Costa. O começo dela é a transformação dela como mulher e como artista, porque depois o que vem no resto da carreira da Gal, ela já está consolidada. Foi justamente de a gente mostrar esse lugar, dessa transformação, dessa mulher, dessa artista.

Amiga Dedé

Camila Mardila interpreta Andréa Gadelha, conhecida como Dedé, amiga próxima de Gal Costa que mais tarde se casa com Caetano Veloso. A atriz refletiu como a personagem tem quase um co-protagonismo com a cantora e desempenha papel fundamental na história. 

- A Dedé, o que muita gente não sabe, é que ela é a ligação com Maria da Graça, com a Gracinha, na sua essência. Ela é daquele grupo de amigos com uma conexão com a amizade de infância mesmo. Elas são amigas de infância, conhecem o Caetano ao mesmo tempo, começam a fazer parte desse grupo ao mesmo tempo. Essa questão do co-protagonismo, porque de fato é a amiga próxima, é uma coisa que fui descobrindo na pesquisa de Dedé. Ela não é uma personagem conhecida pelo público por uma série de razões. Acho que entre elas a questão de ela ser uma mulher muito discreta, sempre foi, no sentido da própria imagem. Ao mesmo tempo, o que eu não esperava, foi me surpreendendo e acho que torna essa personagem extremamente complexa e interessante de se fazer é que ela era uma figura central no universo. Ela era uma liga que faz as coisas acontecerem. Ela chega a parceria com o Guilherme numa espécie de empresariamento deles, é uma pessoa que conduzirá muito a Gal num movimento de abertura do próprio corpo, porque a Dedé tem uma relação coma dança. Ao mesmo tempo, é a figura pragmática que organiza um pouco a vida dessa galera, tida como a mais festeira, mais a frente do seu tempo, mais revolucionária nas relações, na maneira de pensar e no comportamento. 

Caetano Veloso

Rodrigo Lelis tinha a carreira voltada para peças teatrais na Bahia e acabou sendo descoberto pelas diretoras, que logo o chamaram para dar vida a Caetano Veloso no filme, que se tornou seu primeiro longa-metragem. 

- Estou vivendo um sonho, esse é o meu primeiro longa, estou me sentindo como se estivesse estreando uma peça no Teatro Vila Velha. Que bom que é com essas pessoas. O Caetano surgiu na minha vida através de um movimento muito bonito. Eu sempre, desde o princípio, nunca quis imitá-lo. O processo do ator não é de imitar ninguém, mas de buscar em você aquele personagem. Para mim não é um peso, mas uma responsabilidade. Eu me diverti muito fazendo esse personagem, foi uma honra enorme fazer Caetano. Foi gostoso, uma troca muito bonita e eu trouxe ele para mim. Quando trouxe para mim, acho que isso ficou um pouco mais interessante. 

Empresário Guilherme 

Luís Lobianco explicou como foi o processo de entrar no personagem Guilherme Araújo, empresário de Gal. 

- A gente acha que não conhece o Guilherme, mas, na verdade, conhece. Foi assim comigo. Quando recebi o convite, decidi pesquisar muito. Conversando com as pessoas, descobri que todo mundo conhecia Guilherme Araújo e em algum momento ou trabalhou, ou foi para uma balada ou morou com ele. Todo mundo me trazia um pedacinho dele. Ele foi um agente cultural importantíssimo no Brasil, uma das cabeças da Tropicália. Mesmo sendo uma figura dos bastidores, se tornou muito fácil, próximo e prazeroso. Percebi também que a imitação não seria o caminho. Todo mundo que falava de Guilherme vinha com um brilho no olho, uma vibração de vida, de humor, de entusiasmo, de inteligência, de ambição que foi isso que tentei captar e colocar nessas cenas. 

E ainda contou como os colegas de cena ajudaram a entender melhor a figura:

- O isolamento que a gente fez, ainda por conta da Covid, mas também porque era uma ideia de tropicalizar o nosso trabalho, nos ajudou a construir os nossos personagens muito pelo que o outro trazia para a roda. Pela pesquisa do outro. Sophie e Camila traziam uma informaçãozinha sobre Guilherme e eu levava uma sobre Gal que tinha descoberto conversando com o Instituto Guilherme Araújo. A gente foi se forjando junto, em algum momento a pesquisa não era mais só pessoal, mas realmente todo mundo trazendo pecinhas para montar um grande quebra-cabeça.