Você já deve ter ouvido falar da banda Liniker e os Caramelows, banda liderada por Liniker, não é mesmo? A cantora já se declarou uma mulher transgênero e fala abertamente sobre o empoderamento, tanto como uma mulher trans, como uma mulher negra. Em conversa com a revista Glamour, ela declarou: - O preconceito está em todos os lugares. Sou uma mulher trans e negra. Sair de casa, que é algo simples para as pessoas, parece ameaçador para gente. Isso dá medo! É como se estivéssemos fazendo algo de errado! Por isso, temos que ocupar os espaços, os programas, os palcos... A sociedade invisibiliza a gente.

Outra cantora brasileira que tem chamado a atenção não só por aqui, como também lá fora, é a Linn da Quebrada. A cantora, que esteve presente no elenco do BBB22 se expressa por meio de suas músicas, como Enviadescer e Bixa Preta. A artista ainda colaborou para fundar a ONG Atravessa (Associação de Travestis de Santo André) e se considera bicha, trans, preta e periférica. Nem ator, nem atriz, atroz. Performer e terrorista de gênero. Ela declarou, em entrevista à BBC: - Tudo que a gente faz é politica. A roupa que eu escolho para sair na rua é política, a escolha de sair maquiada ou não também. Cada palavra que eu digo numa musica ou numa conversa informal é política, tem efeitos e diz respeito a uma atitude, a um posicionamento. Lina ganhou ainda mais destaque ao participar do BBB22.

A novela A Dona do Pedaço deu o que falar na faixa das nove da Globo. E com Glamour Garcia não poderia ser diferente. A atriz trans deu vida à Britney, filho mais novo de Eusébio e Dodô, interpretados por Marcos Nanini e Rosi Campos, respectivamente. Na trama, ela estava estudando Ciências Contábeis no interior de São Paulo e voltou para reencontrar a família que ainda não sabia que ela havia se descoberto mulher. Depois de a cena do reencontro ir ao ar, ela se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter (o atual X), com os internautas comemorando a entrada da atriz trans. Um grande passo em frente, chamar uma atriz trans pra viver uma personagem trans, dá até vontade de assistir a novela, disse uma das telespectadoras na rede social.

Os fãs da série 13 Reasons Why certamente se lembram de Tommy Dorfman, que interpretou o personagem Ryan Shaver. Mas o que poucos talvez saibam é que a atriz é uma mulher trans! Apesar de se identificar com o gênero feminino há cerca de um ano, Tommy abriu sua identificação para a sociedade somente no dia 22 de julho, em conversa com a revista norte-americana Times. Durante a entrevista, ela comentou que estava gradativamente mostrando um pouco mais de si aos fãs através do Instagram e reforçou que nunca tentou esconder quem era: É engraçado pensar em sair do armário, porque eu não fui a lugar nenhum. Vejo o dia de hoje como uma reintrodução para mim como mulher, tendo feito uma transição médica. Se assumir é sempre visto como uma grande revelação, mas eu nunca deixei de ser quem eu sou. Não é uma transição. Ou é, mas não como uma ideia de ir a algum lugar. Só sou eu mesma. A atriz ainda informa que não pretende mudar seu nome, como é o caso da maioria dos artistas que se assumem transexuais, e entrega que isso não impacta em seu processo para se tornar quem ela realmente é: Hoje é sobre clareza. Eu sou uma mulher trans. Meus pronomes são ela/dela. Meu nome é Tommy. Eu não estou mudando meu nome. Recebi o nome do irmão da minha mãe, que faleceu um mês depois de eu nascer, e me sinto muito ligada a esse nome, a um tio que me abraçou quando estava morrendo. Esta é uma evolução de Tommy. Estou me tornando mais Tommy. O primeiro longa de Dorfman como uma mulher, aliás, é o Sharp Stick, um longa independente.

José de Abreu decidiu falar um pouco mais sobre sua família em entrevista ao jornal Extra e surpreendeu. O ator, que está no ar em Um Lugar ao Sol, revelou que a mais nova de suas filhas é uma mulher trans. Os filhos do ator veterano são Rodrigo, que morreu em 1992 ao cair da janela de seu apartamento no Rio de Janeiro - e é fruto de sua relação com Neuza Serroni -, Theo (45 anos de idade), Ana (44 anos de idade) e Cristiano (37 anos de idade) - frutos de seu relacionamento com Nara Keiserman -, e, finalmente, Bia, jovem de 21 anos de idade que é filha de Andrea Pontual. Zé conta que Bia nasceu sob o nome Bernardo, mas que, em 2019, conversou com a família sobre sua identidade de gênero e, desde então, foi apoiada pelos familiares para se assumir como mulher transsexual: - Minha última filha é trans. Era Bernardo, agora é Bia. Já estamos vivendo há dois anos assim. Eu apoiei desde o primeiro dia que soube. Estamos fazendo um trabalho lento, com assistência psicológica, e espero que ela encontre o seu caminho e seja feliz.

Laverne Cox ficou mais conhecida ao viver Sophia em Orange is the New Black. Tanto na série quanto na vida real, a atriz é uma mulher transgênero. Além de artista, a estrela também chama a atenção por quebrar barreiras no mundo do entretenimento, como por exemplo, ser a primeira mulher trans a ser indicada ao Emmy e a estampar a capa da Cosmopolitan. Aliás, em entrevista à publicação, ela comentou: - Mulheres trans merecem ser amadas ao ar livre. A voz de vocês importa, a verdade sobre se conhecer é importante. A verdade irá te libertar!

Após muitos rumores, Bruce Jenner assumiu sua identidade como mulher no dia 1º de junho de 2015 e surpreendeu muita gente, principalmente a própria família Kardashian. Padrasto de Kim, Kourtney, Khloé e Rob, e pai de Kendall e Kylie Jenner, o ex-atleta logo anunciou que, a partir daquele momento, seria conhecido como Caitlyn Jenner. Junto com a capa da Vanity Fair, Caitlyn abriu uma conta no Twitter e escreveu a seguinte mensagem: Estou muito feliz após uma longa luta para viver o meu verdadeiro eu. Bem-vinda ao mundo, Caitlyn. Não vejo a hora de vocês conhecerem ela/eu.

Quem chamou a atenção em 2017 foi Daniela Vega que arrancou elogios da crítica internacional ao protagonizar o filme Uma Mulher Fantástica. A produção chilena, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, conta a história de uma mulher trans que não é reconhecida de jeito nenhum como parceira de seu namorado que morre repentinamente. Ela lida com a busca por seus direitos e com o preconceito da família dele, o que torna a história muito emocionante. Daniela foi a primeira atriz trans a apresentar uma categoria do Oscar, e teve que lidar com o preconceito na pele, após a prefeitura de Ñuñoa, no distrito de Santiago, no Chile, se recusar a entregar um prêmio para ela.

Outra atriz que ganhou mais destaque no mundo do entretenimento é Jamie Clayton que viveu a Nomi em Sense8. Tanto na série quanto na vida real, a estrela é transgênero e fala abertamente sobre o assunto, sempre chamando a atenção para o assunto. Em entrevista à NBC, ela destacou a importância de produções convidarem artistas trans, sem se preocupar em demonstrar nas telas o processo de transição do personagem. Pegando Nomi como exemplo, Jamie disse: - A história não foca na transição, o que eu acho um passo importante para personagens trans. Estou animada porque os programas estão indo em direção ao fato de que pessoas trans podem simplesmente existir no mundo da ficção, porque nós existimos no mundo real. É ótimo que mais pessoas trans estão escrevendo. É daí que sai que nós existimos.

Leandra Medeiros Cerezo, mais conhecida como Lea T, é uma modelo brasileira conhecida internacionalmente. Ela fez cirurgia de mudança de sexo em 2012, logo após revelar se identificar com o gênero feminino, e ganhou o mundo ao se tornar o rosto de grandes marcas como Givenchy, além de estampar revistas como a Vogue e participar da abertura das Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016, como uma das artistas a representar o Brasil. À BBC, na época, ela falou sobre ser transgênero: - Eu, como qualquer outra transexual, levanto uma bandeira. Falo da transexualidade porque faz parte da minha história, mas sou apenas mais uma integrante desta comunidade, sou mais uma. Sei que sou privilegiada por ter a mídia que me ouve, mas cada transexual em sua luta cotidiana tem igual importância para os LGBTs.

Chaz Bono, filho de Cher e Sonny Bono, é ativista dos direitos LGBTQ+, advogado e ator. Ele nasceu Chastity Sun Bono e após muitas especulações, revelou ser lésbica em 1995. Ele escreveu dois livros para falar sobre esse processo: Family Outing: A Guide to the Coming Out Process for Gays, Lesbians, and Their Families, em 1998, e The End of Innocence, em 2003. Entre 2008 e 2010, ele passou pelo processo de transição de gênero e até fez o documentário Becoming Chaz para contar tudo. Ao Huffington Post Chaz já declarou o seguinte: - Então, com frequência as pessoas pensam que estamos tentando enganar outras pessoas por ser algo que não somos. Não. Aquilo não era eu. Agora eu sou quem eu sou.

Por fim, outra artista já conhecida do público brasileiro é Maria Clara Spinelli que esteve na famosa A Força do Querer e depois integrou o elenco de Carcerários, como Kelly. Em depoimento à revista Veja, a estrela já falou sobre o preconceito e revela que já sentia uma mulher desde o nascimento: - Já nasci mulher, não houve um dia específico em que tenha me descoberto. Hoje, sou física, social e legalmente Maria Clara Spinelli Rodrigues e, para minha surpresa, sofro bem menos preconceito do que antes. Por fim, ainda declarou: - Um ator não tem sexo nem idade.