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Agenor de Miranda Araújo Neto OMC, mais conhecido como Cazuza, é uma das vozes mais inesquecíveis da história da música brasileira. O cantor e compositor morreu no dia 7 de julho de 1990, aos 32 anos de idade, após uma batalha de anos contra as complicações da AIDS. Ele não apenas colecionou sucessos ao longo da vida, como se tornou um símbolo da luta contra a doença e ainda é exaltado por seu legado. Diversas pessoas próximas ao artista já deram declarações e contaram como era a convivência com ele. A seguir, confira algumas delas!
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Marcelo Frejat é ex-integrante do Barão Vermelho e, segundo informações do jornal Extra, o artista relembrou a morte do grande amigo durante entrevista ao Provocações, de Marcelo Tas. Na época, o famoso contou: - A última vez que o encontrei foi muito pesado. Foi na casa dele, fui visitá-lo. Cazuza estava muito doente, fraco. Meu Deus do céu, isso não é vida. Ninguém merece passar por isso, pensei. E ele foi embora três, quatro dias depois. O bate-papo aconteceu em 2020, quando o mundo ainda enfrentava a pandemia de Covid-19. Reflexivo, Marcelo mencionou a batalha de Cazuza contra o HIV: - A gente vive hoje uma pandemia, mas era como se naquela época tivesse uma pandemia virada para a classe artística. E naquele momento o que se sabia da doença ainda estava muito ligada a sexualidade. Perdemos muitos amigos. E se tem uma coisa que Cazuza me ensinou foi brigar até o fim. Tenho muito orgulho dele. Ele só largou a briga quando não tinha mais condição de brigar.
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Regina Casé compartilhou nas redes sociais um vídeo em que surge abrindo o álbum de casamento de sua mãe e contou que o buquê da cerimônia possui ligação com Cazuza: - Minha mãe jogou o buque e quem pegou? Lucinha Araújo! Que logo em seguida casou com João Araújo e teve um bebê que ela botou o nome de Agenor, igual o Cartola. Só que ele ganhou outro apelido, de Cazuza. Esse neném cresceu, virou compositor. Quem se tornou a melhor amiga dele? Aquela menina que jogou o buquê. No caso, a minha mãe. Na verdade, o Cazuza era amigo da minha irmã, mas ele acabou ficando muito e mais ainda [da minha mãe]. Ele amava, chamava ela de Leleide, tomavam Jack Daniels às 9h d amanhã. Não é maravilhoso? Acho incrível como o mundo dá voltas.
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Ney Matogrosso viveu um grande romance com Cazuza, que durou três meses no final da década de 1970. O artista já deu diversas declarações sobre o intenso relacionamento e uma delas foi à revista Veja. Durante a entrevista, o cantor de Homem com H relembrou as dificuldades que viveram enquanto estavam juntos: - Fui completamente apaixonado, mas era difícil conviver com os dois Cazuzas que havia nele. No lado público, se mostrava agressivo, louco, bêbado e cheirava muito pó. Já na intimidade, era o oposto. Foi uma das pessoas mais encantadoras que conheci. A relação durou três intensos meses. Ele também comentou sobre o término da relação: - Uma vez, ele sumiu por quatro dias e apareceu na minha casa sujo, fedendo, com um traficante a tiracolo. Discutimos, e Cazuza cuspiu em mim. Aí dei um tapa na cara dele e o mandei ir embora. Seguimos amigos, nos amando, mas sem sexo.
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Ney Matogrosso também abriu o coração em entrevista para o programa Rock a Três, na rádio Kiss FM: - Conheci o Cazuza, de vista, quando ele tinha 17 anos, na praia, no Rio. Nossa história só rolou quando ele tinha 21. Foi uma paixão arrebatadora. Era um amor maior que o namoro. Amo o Cazuza, como amo todos os meus ex-namorados. Não precisa estar aqui para continuar amando. Na época do início do romance, o cantor tinha 38 anos de idade, enquanto Cazuza tinha apenas 21: - Morava em um apartamento lá no fim do Leblon e uma amiga foi em casa. Meu apartamento tinha três andares e a loucura toda era no meu quarto. Ela foi para lá e ficamos enlouquecendo. Eu gostava de baseado. Não sou maconheiro, mas gostava de um baseadinho. Essa minha amiga falou que chamaria o Cazuza que estava lá embaixo, na sala. Aí, ela chamou ele pro quarto. Continuamos enlouquecendo, enlouquecendo... Teve uma hora que ele perguntou se eu daria um beijo nele. Falei, Claro. Não ia querer beijar uma coisinha linda daquelas? As segundas intenções aconteceram depois daquilo. De uma paixão sem controle, nasceu uma amizade que perdurou por muitos anos: - Fiquei com o Cazuza até o finzinho. Ia até a casa dele e ficava massageando o pé dele. Não tinha amor nisso? Claro que era amor.
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Quando conversou com o jornal Extra, Lucinha Araújo, a mãe de Cazuza, elogiou o legado que o filho deixou na música e declarou que gosta de ver as homenagens que ele recebe: - Poucos artistas que viveram tão pouco tempo são lembrados como ele. A obra que Cazuza deixou é uma coisa incontestável. Bato palma para qualquer homenagem ao meu filho e peço bis. Quem tem bom gosto vai aplaudir de pé.
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Lucinha Araújo já chegou a conversar com o podcast Papo com Clê e revelou qual foi o verdadeiro motivo que levou o filho a sair do Barão Vermelho: - Pra mim ele é o melhor, mais bonito, mais inteligente, que dançava melhor, que escrevia melhor as letras... por isso que ele teve que sair do Barão. O Barão era pequeno pro talento dele.
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Em meio à pandemia de Covid-19, a mãe de Cazuza conversou com o jornal O Globo e declarou que a sua maior lembrança no filho foi quando ele anunciou para o Brasil que havia sido diagnosticado com AIDS: - O legado não foi só de coragem, que não conheço outra pessoa no Brasil com tanta coragem. Quando ele quis anunciar que estava com Aids, ele me disse Eu não aguento mais esconder que estou doente, vou abrir a boca e vou falar, eu pedi para ele não fazer isso. As pessoas vão ficar com medo de você. Mas ele rebateu, Não importa. Faz todo sentido para uma pessoa que canta Brasil! Mostra tua cara, que não pode esconder a sua num momento destes. Lucinha ainda cita a evolução do tratamento da AIDS desde a época em que o filho estava vivo até agora: - Ele nunca foi tão amado na vida dele como depois que declarou que estava doente. Achei também que aquilo foi um exemplo para milhões de soropositivos não viverem escondidos. Na época dele, infelizmente, só havia o AZT. Trinta anos depois, há 26 diferentes tipos de medicamentos retrovirais, os chamados coquetéis que, nada mais são do que a mistura de dois ou três, de acordo com o exame médico. Ainda há pessoas que acham que é só chegar na farmácia e pedir: Me dá um coquetel para Aids, mas não é nada disso. Minhas crianças (da Sociedade Viva Cazuza) todas tomam e estão perfeitas de saúde.
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Pedro Bial e Cazuza foram melhores amigos e colecionaram muitas memórias juntos. O apresentador relembrou um dos episódios que viveu com o cantor e também com Vinícius de Moraes quando participou o talk show Amigos, Sons e Palavras, de Gilberto Gil. Na ocasião, os colegas de sala tinham um dever que era entrevistar alguém importante. O pai de Cazuza conseguiu o feito, e 10 horas da manhã, o poeta os recebeu em sua casa. Nesse dia ele tomou sua primeira bebida e ficou bêbado: A gente chegou às 10 horas da manhã e ele já estava bebendo seu uísque na banheira. Nós ficamos até 10 horas da noite com o Vinicius. Ele deu uísque pra gente, a gente tinha 11 anos e voltamos bêbados pra casa. Melhor começo impossível. Depois, quando adulto, a gente ficou sabendo que ele não tinha muita paciência pra criança, mas a gente conhecia a obra dele e falava de poemas. Quando ele olhou dois meninos de 11 anos que conheciam alguns poemas, aí foi um barato.
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No aniversário de 30 anos da morte de Cazuza, Frejat resgatou um clique antigo ao do amigo ao lado do produtor Ezequiel Neves e deixou uma homenagem para os dois: Saudades de Cazuza, Saudades de Ezequiel!! Suas ausências se tornam presenças cada vez maiores quando penso na saudade que sinto das gargalhadas, da inteligência, da coragem e da personalidade que os dois tiveram ao viver suas vidas como queriam, e ao mesmo tempo iluminar as dos que conviveram com eles. A verdade é que nos divertimos muito. Viva Cazuza! Viva Ezequiel Neves ou seria Zeca Jagger?
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Caetano Veloso também já prestou uma homenagem a Cazuza. Em 2020, ele exaltou o artista através das redes sociais: Cazuza era um romântico autêntico. Isso foi o que deu à sua poesia um grande poder de comoção.
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