Alicia Keys fez um ensaio incrível para a revista Fault de julho. Como você pode ver nesta galeria, em nenhuma das fotos é possível ver a cantora usando qualquer tipo de maquiagem. Além dos cachos poderosos e volumosos, Alicia também vestiu suas sardas e escreveu uma carta explicando os motivos pelos quais não usará maquiagem nunca mais. Quer entender? Então, prepare-se: o relato dela é emocionante e de um emponderamento incrível para as mulheres, além de citar a perversa ditadura da beleza. A estrela, então, começa: Nós todos chegamos em um ponto em nossas vidas (especialmente garotas) onde tentamos ser perfeitos. Será que ele começa em algum dia após aquela foto de classe que você tira na segunda série onde você usa o seu cabelo crespo, que sua mãe diz ser lindo, mas seus colegas riem de você? Você pega uma escova e o gel e coloca seu cabelo no rabo de cavalo mais alto que você consegue para conter todo o seu cabelo em um elástico, escondendo um pedaço de você para se encaixar na em uma foto de modo que os outros julgam como perfeito. É, esse é um dos momentos.

Ela, então, continua: E o seu ensino médio? Onde todas as meninas bonitas estão usando batom, delineador e máscara de cílios. Algumas delas são tão magras que até parecem com uma das modelos que você vê por aí nas revistas - aquelas que fazem com que você se sinta altamente desconfortável com você mesma ou até a criação de um sentimento de não representatividade porque você não é vista. Este é outro momento em que algumas de vocês percebem que para ser bonita precisam se cobrir com maquiagem para ficar próximo do perfeito. Sim, este é outro momento. E acredite em mim, não termina no ensino médio. Eu me lembro de quando comecei a me tornar uma pessoa pública. Meu Deus! Todo mundo tinha algo a dizer. Ela é tão difícil, ela age como um cara, ela deve ser lésbica, ela deveria ser mais feminina! Mas a verdade é que eu era de Nova York, e todo mundo que eu conhecia agia desta forma. Nas ruas de Nova York você precisa ser dura, as pessoas precisam saber que você não tem medo de lutar! Mas aquilo não era mais Nova York. Este era o difícil e julgador mundo do entretenimento e meu maior teste até agora. Eu comecei, mais do que nunca, a me tornar um camaleão. Nunca enganando quem eu era de verdade, mas mudando constantemente para que eles pudessem me aceitar.

É então que ela começa a falar sobre como tomou a decisão de parar com a maquiagem: Antes de começar o meu novo álbum, eu escrevi uma lista de coisas que eu estava cansada de lidar. E uma delas foi sobre como as mulheres são manipuladas para acreditarem que devem ser magras, sexys, desejáveis, perfeitas. Uma das várias coisas que eu estava cansada era o julgamento que as mulheres tinham. Aquele constante esteriótipo que nos faz crer que ser de um tamanho normal não é normal, e então você é titulada de plus-size. Ou a imagem constante de que ser sexy é ficar pelada. Tudo isso é frustrante e impossível. Eu percebi que durante o processo eu escrevi uma série de músicas sobre máscaras cheias de metáforas sobre se esconder. Eu precisava dessas músicas porque eu estava sentindo aquelas inseguranças. Eu estava finalmente descobrindo o quanto eu me censuro, e isso me assusta. Quem eu era, afinal? Será que eu ainda sei como ser honesta? Quem eu queria ser? Eu não sabia as exatas respostas, mas eu queria descobri-las. Uma música que eu escrevi, chamada Quando Uma Garota Não Pode Ser Ela Mesma, eu digo: De manhã, assim que eu acordo / E se eu não quiser colocar toda aquela maquiagem / Quem disse que tenho que esconder o que eu sou / Talvez toda essa Maybelline esteja escondendo minha auto estima. Sem querer desrespeitar a Maybelline, a palavra apenas funcionou bem com a melodia. Mas a verdade é que eu estava me sentindo como se não fosse boa para o mundo ver. Isso começou a ser manifestado em muitos níveis, e não estava sendo saudável.

Alicia contou suas frustrações quando começou a perceber melhor as coisas: Todas as vezes em que eu saía de casa, eu ficava preocupada se eu colocava ou não maquiagem. E se alguém quisesse uma foto? E se eles publicassem essa foto? Isto era inseguro, superficial, mas os meus pensamentos mais honestos. E todos eles, de um jeito ou de outro, se baseavam muito no que as outras pessoas pensavam de mim. Eu me encontrei na meditação, e comecei a me focar na claridade e em um conhecimento mais profundo de mim mesma. Eu me foquei em cultivar forças e a me convencer a colocar em prática, em um lugar onde eu pudesse aprender mais sobre a verdadeira eu. E eu prometi que faria as coisas diferentes desta vez, regando minha imagem e permitindo que o meu verdadeiro eu viesse à tona. O tempo passou depois que eu escrevi Quando Uma Garota Não Pode Ser Ela Mesma e eu não pensei muito sobre isso. Eu acho que fiquei ocupada e estava focada em escrever músicas que não escrevi sobre isso particularmente. Isso não voltou até que eu caminhasse em direção a minha sessão fotográfica do meu novo álbum para ver que tudo isso ainda estava em mim, de modo certeiro. Eu tinha acabado de sair da academia, estava com uma cicatriz na minha testa debaixo do meu boné e a fotógrafa me disse Eu tenho que tirar uma foto de você agora, assim mesmo! As músicas são cruas e reais, e estas fotos também precisam ser!

A cantora conclui: Eu estava chocada. Instantaneamente, eu fiquei muito desconfortável e um pouco nervosa. Meu rosto estava completamente sem nada. Eu estava vestindo um shorts de academia suado! Eu entendia que aquilo era o meu look para ir para a sessão de fotos, não o look que eu usaria na sessão. Então eu perguntei à ela O que? Agora? Eu quero ser real, mas talvez isso seja real demais! E foi isso. Ela começou a me fotografar. Era um pano branco de background, eu e a fotógrafa nos entendendo intimamente, aquela cicatriz embaixo do boné e um monte de coisas mágicas acontecendo. E eu juro que foi a beleza mais forte, emponderadora, livre e honesta que eu já senti. Eu me senti poderosa porque minhas intenções iniciais se realizaram por elas mesmas. Meu desejo de ouvir a mim mesma, para derrubar as paredes que eu construí a minha vida toda, de ser repleta de propósitos, e ser eu mesma! O universo estava ouvindo as coisas que eu prometi a mim mesma, ou talvez eu que estivesse ouvindo o universo, mas de qualquer forma, foi assim que essa coisa de não usar maquiagem começou. Depois que a foto que eu tirei foi a arte do meu single Em Comum, foi como uma verdade que se espalhou para outros que usaram a #nomakeup em resposta ao que era real e cru para mim. Eu espero que isso seja uma revolução. Porque eu não quero me cobrir mais. Não o meu rosto, não a minha alma, não os meus pensamentos, não os meus sonhos, não as minhas lutas, não o meu crescimento emocional. Nada. Emocionante, não é mesmo?