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No dia 14 de fevereiro, o nome de Marcius Melhem voltou aos assuntos mais comentados da internet após a Justiça liberar a matéria da revista Piauí que expõe novas denúncias de assédio contra o humorista. Pronta desde 2021, a matéria estava proibida de ser veiculada por decisão da juíza Tula Corrêa de Mello, da 20ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, a pedido dos advogados do ator. No dia 31 de janeiro de 2022, no entanto, o ministro Gilmar Mendes derrubou a decisão. No material divulgado, o veículo apresentou alguns desdobramentos do caso. Sem ter o nome divulgado, uma mulher contou que após um banho, antes de uma confraternização, Melhem saiu de toalha, com o pênis ereto, e tentou agarrá-la. Vale pontuar que a atriz em questão estranhou o pedido do ator para tomar banho em seu quarto, mas se sentiu constrangida a negar algo ao chefe. Um dia após a situação, o humorista teria enviado uma mensagem para a mulher perguntando se o constrangimento do momento já havia passado. Ela respondeu que não. Em outro trecho da reportagem foi revelado como Melhem costumava receber as mulheres: Melhem receberia as atrizes só de cuecas, ou ainda com as calças abaixadas, ou sem calças. Uma relata ter sido chamada de piranha, outra que lembra de ele apontar para o banheiro e dizer Vamos?, em tom convidativo, propondo sexo. Em outra parte das denúncias, uma mulher, que também está com o nome em sigilo, contou que o humorista lhe dizia que merecia receber um boquete por tê-la contratado para a emissora Rede Globo. Ao todo, oito mulheres afirmam que foram vítimas de Melhem. A primeira vítima a levar as denúncias de assédio contra Marcius Melhem à alta cúpula da emissora foi a atriz e apresentadora Dani Calabresa. Recentemente, a emissora arquivou o caso, alegando que não existe algo novo a respeito. Após a divulgação do conteúdo, entretanto, Melhem usou a sua conta no Twitter para se pronunciar e alegou que o texto é uma covardia. Enquanto eu respeitar o sigilo judicial e não mostrar o que a Piauí se recusa (pois desmoralizaria sua narrativa), vou sofrer esse tipo de covardia. As manipulações, omissões e distorções são um escândalo. Mas vai chegar a hora. Eita! A seguir, relembre outras famosas que não se calaram diante casos de assédios e abusos.
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Quando Ana Maria Braga participou do programa Roda Viva, da TV Cultura, emocionou o público ao relatar um caso de assédio que sofreu no começo dos anos 80. Demonstrando força, a apresentadora contou que chegou a quebrar um dos braços ao tentar fugir de seu abusador: - O assédio não foi feito fisicamente, porque eu estava na sala de um diretor, e ele tinha pedido um projeto para mim, que ia ser muito bom para a televisão brasileira. E aí eu fiz um projeto lindo, fiquei 15 dias trabalhando no projeto, acreditando que eu pudesse sair do programa da tarde e ter um programa à noite na televisão. E ele tinha me dito, inclusive: você pode ser a Hebe Camargo amanhã, dependendo. Eu fiz um belo projeto jornalístico, levei para ele e quando eu levei, ficou na mesa dele o projeto, ele me olhou, levantou da mesa e veio para cima de mim, e eu fiquei absolutamente estupefata e eu fugi. Quando eu fugi da sala dele, eu saí com tanto ímpeto, que tinha uma escada e eu despenquei da escada, do nono andar. E aí alguém me socorreu lá, me acudiu, eu quebrei o braço. Que história, hein?
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Em fevereiro de 2020, Mel Maia, de então 15 anos de idade, expôs um homem que a assediou no Instagram. A atriz compartilhou um clique com a língua de fora na rede social e, inesperadamente, recebeu uma mensagem totalmente inapropriada do abusador: Essa sua língua deve fazer mágica, enviou ele. Mel, então, decidiu encaminhar a mensagem do homem para a esposa dele e ainda pediu para que ele aprendesse a ter mais educação no futuro.
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Juliana Lohmann fez um relato triste em julho de 2020. Em um texto para a revista
Claudia, a atriz falou do estupro que sofreu aos 18 anos de idade, por um diretor famoso:
Em determinado momento, percebi que o contato que ele fazia comigo excedia o profissional. Minha inexperiência com a erva [o diretor ofereceu maconha para a artista]
não me deixou em condições de avaliar com mais clareza o que de fato estava acontecendo. Ele veio me beijar. Eu me assustei, disse que não queria. Foi uma completa surpresa acreditar que aquele homem, com sua boa imagem midiática de família margarina, pudesse se aventurar com outras mulheres. E ainda mais comigo. Não fazia a menor ideia de que eu seria atraente pra um homem como ele. [...]
Este diretor me enganou, me drogou e me estuprou, violando minha dignidade sexual e deixando marcas que carregarei pro resto da vida. Veja o relato completo
clicando aqui.
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A cantora Lily Allen revelou ter sido vítima de assédio durante uma entrevista no podcast de James O'Brien. Falando sobre Harvey Weinstein, produtor de Hollywood acusado de casos de assédio a estupro por mais de 50 mulheres, ela disse que também foi vítima de assédio sexual, mas não disse o nome do assediador: Não posso falar muito por causa das questões legais envolvidas, mas estou no processo de resolver esta situação. Ela afirmou que pretende ir até o fim com o processo, para poder esquecer a questão. Muitos sugerem que há algo a ganhar quando falamos sobre essas situações. Na verdade, o que a maioria das mulheres quer é apenas seguir com suas vidas. Eu quero tirar o nome deste filho da mãe da minha boca e da minha cabeça. Não quero dinheiro.
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Jessica Alba foi entrevistada pela CNN e falou sobre o movimento Me Too, que serve para que famosos relatem suas experiências de assédios e abusos em Hollywood. Ela começou dizendo o seguinte: - Já era hora. Eu acho que as coisas estiveram desequilibradas por muito tempo. A atriz ainda comentou que já experienciou assédio durante sua carreira: - Claro que já. O tempo todo ao longo dos anos. Como uma jovem atriz crescendo nesse mundo, você apenas aceitava que essa era a maneira que você ia ser tratada. (Houve) muitas diferentes circunstâncias. Quer dizer, eu faço isso desde os meus 12 anos. Imagine como é isso, disse. Por fim, ainda acrescentou como lida com esse assunto com suas duas filhas, Haven e Honor: - Estive em diferentes situações e por isso é importante, para mim, para falar com minhas meninas sobre elas, saber que você tem controle sobre o seu corpo e sobre situações as situações as quais você quer se colocar. Há sinais de perigo e há aquele sentimento em seu estômago e você tem que ouvir esse sentimento. Provavelmente vai ser diferente falar com o meu filho sobre esse tipo de coisa, disse, se referindo ao seu caçula Hayes.
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Após ouvir na rua que era uma mamãe gostosa, Yanna Lavigne, mãe da pequena Madalena, usou o Instagram para desabafar sobre o caso: Que a escola da vida te dê um soco de maturidade e vergonha na cara. Sua sorte que Madalena ainda não entende português! O mundo que quero pra ela não é esse, eu acredito nas mudanças pelos fortes cansados de intolerância. Porque soltar uma dessa, depois arrancar com o carro e levantar o vidro se chama covardia, falta de hombridade.
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Chloé Grace Moretz foi uma das mulheres a expor Louis C.K., comediante acusado de assédio. Em entrevista, ela explicou sua decisão em falar sobre o assunto: - Eu acho que é mais importante falar sobre o movimento como um todo. Eu sou uma das centenas de mulheres em diversas indústrias que tem uma história... Eu acho que é legal, na comunicação, o fato de que você fez essa pergunta no Sundance durante uma gravação. Isso jamais teria acontecido dois anos atrás. Nós todas já passamos por muita coisa, mas pelo menos, nós estamos falando sobre isso e as pessoas serão responsabilizadas.
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Muitas vezes as atrizes recebem pedidos desconfortáveis em sets de gravações e filmagens. Sarah Jessica Parker contou que quando atuava como Carrie Bradshaw em Sex and the City, sofria muita pressão para tirar a roupa, mas que nunca cedia caso não estivesse confortável: - Não sei se sempre tive autoconfiança ou se tive muito aconselhamento das pessoas, mas havia muita pressão para eu tirar a roupa. Eles diziam, Sarah Jessica vai ficar nua amanhã, e eu dizia, Não, eu não vou ficar nua.
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Quem também não se calou foi Adriana Esteves. Em entrevista ao colunista Bruno Astuto, ela dividiu sua experiência: - Eu não conheço quem nunca tenha sofrido. E não falo só de mulheres, mas de meninos. E afirmo que, sim, infelizmente, sofri. Em todo o crescimento, desde a escola até o início da vida profissional, existe isso cerceando. A gente quer se preservar, tem medo, não sabe até quando isso vai fazer parte da vida, mas os tempos estão mudando: Time's up! O discurso da Oprah [Winfrey] no Globo de Ouro foi sensacional, resume o assunto de forma importante. É fundamental falar disso. O momento agora é de união, sinto que o grito já poderia ter sido dado.
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Além do sucesso no mundo da música, Kesha ganhou os holofotes nos últimos anos por causa de uma situação nada agradável. Ela relatou que seu produtor, Dr. Luke, a abusou fisicamente e psicologicamente por anos. Quando criou coragem, a cantora relatou que ele a abusou e influenciou seus distúrbios alimentares, provando por meio de e-mails trocados com Dr. Luke. Apesar de seus relatos e idas ao tribunal, Kesha ainda teve que lidar com o produtor, sendo obrigada a trabalhar com ele, por decisão de um juiz. Porém, depois, foi anunciado que ele foi demitido da Sony, gravadora onde trabalhava com Kesha.
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Karol Conka não apenas viu de perto um caso de assédio, como não se aguentou e foi defender uma menina, partindo para a agressão contra o homem. Em um relato no Instagram, ela deu os detalhes: - A gente está aqui no Sheraton curtindo um final de trabalho, para chegar esses gringos filhos da p**a e se aproveitarem aqui. Chamar as meninas de p**a, passar a mão nelas. É o dia inteiro, todo dia isso. Gringo folgado. Agora eu acho que a medida que deveria ser tomada pelo Sheraton é a seguinte: o cara passou a mão nas meninas, fez gesto obsceno? Tira o cara do local que está todo mundo curtindo, e vai resolver pra lá. Mas eles estão aqui, tranquilamente. Só falta dar beijinho na testa do tarado do c*****o. E esse idiota fez isso com as duas que estavam sozinhas, que não estavam acompanhadas de homem. Quando tem mulher com homem, eles não fazem isso. E ele está dizendo que não fez nada. A rapper ainda contou que o hotel não fez nada e, por isso, teve que tomar uma atitude: - Eu acabei dando na cara dele, porque é assim que a gente tem que fazer.
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Quem também fez a Karol Conka e partiu para algo mais, digamos, físico, foi Carrie Fisher! Heather Morris, uma das melhores da atriz, contou durante entrevista a uma rádio que um produtor a convidou para sair, e quando foi buscá-la, encostou o carro e subiu em cima dela, prendendo-a no assento. Ela, então, teve que empurrá-lo, ao que ele reagiu violentamente, dizendo: - Você nunca vai fazer um filme na minha cidade e dá o fora do meu carro. Quando desabafou sobre a situação com Carrie, a amiga logo tomou suas dores: - Cerca de duas semanas depois, ela me enviou uma mensagem dizendo: - Eu acabei de vê-lo na Sony Studios. Eu sabia que ele provavelmente estaria lá, então eu fui até lá e pessoalmente lhe entreguei uma caixinha da Tiffany. Quando eu lhe perguntei o que tinha dentro, ela me respondeu, - Era uma língua de boi que peguei em um restaurante com um bilhete escrito Se você alguma vez tocar na minha querida Heather ou qualquer outra mulher de novo, a próxima entrega será algo seu em uma caixa bem menor.
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Após ter sido assediada por um DJ, em um caso que fez questão de levar a tribunal, Taylor Swift foi eleita uma das personalidades do ano de 2017 pela revista Time. Em entrevista à publicação, a cantora deu um discurso empoderado sobre o assunto: - Você pode ser forçada a sentir que está reagindo de forma exagerada, porque a sociedade fez com que essas coisas parecessem ocasionais. Meu conselho é que você não se culpe e que não aceite a culpa que os outros tentarão colocar em você. Você não deve ser culpada por esperar 15 minutos ou 15 dias ou 15 anos para denunciar agressão ou assédio sexual, ou pelo o que acontece com uma pessoa depois que ele ou ela faz a escolha de assediar ou agredir sexualmente.
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Assim como Jennifer Lawrence, que também não deixou de se pronunciar sobre os recentes casos de assédio em Hollywood, afirmando que não é só no mundo do entretenimento que isso acontece: - O maior equívoco é pensar que isso só acontece na indústria do entretenimento. Mais uma vez, a indústria do entretenimento é uma espécie de estágio no qual você pode ver o funcionamento interno dos problemas que estão no mundo inteiro. Se uma aeromoça fala sobre um piloto, isso não aparece nas notícias porque ninguém sabe nada sobre isso. Isso não significa que há menos abusos sexuais acontecendo em outros lugares do mundo, em outros ambientes de trabalho. Mas, felizmente, nós estamos começando esta conversa agora.
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Angelina Jolie certa vez fez um discurso em uma conferência da ONU, a Organização das Nações Unidas, e falou sobre o assédio: - Violência sexual está em todo lugar - na indústria a qual eu trabalho, no mundo dos negócios, nas universidades, na política, no exército e ao redor do mundo. Muito comum, esses tipos de crimes contra a mulher não são levados a sério, representados como uma ofensa menor por alguém que não consegue se controlar, como uma doença ou como algum tipo de necessidade sexual exagerada. Mas um homem que maltrata mulheres não tem fortes desejos sexuais. Ele é abusivo.
Reuters
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Para Juliana Paes, o momento de colocar esse assunto em pauta é mais do que oportuno: - Eu estou percebendo que com tudo isso acontecendo em Hollywood, parece que a mulherada resolveu colocar a boca no trombone. E aí não importa o tempo, se foi abusada em 1900 e sei lá quando, elas estão falando e isso está repercutindo, que bom que está repercutindo. Acho que tem que ser assim mesmo! Então, cuidado abusadores! Não achem que o tempo vai apagar os rastros das sujeirinhas que foram feitas por aí.
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Durante a premiação Elle Woman in Hollywood, Reese Whiterspoon subiu ao palco e também não se calou. Ao público, ela relembrou histórias de assédio sofridas na adolescência, e que esses não foram os únicos casos em sua carreira: - (Eu me sinto) realmente enojada por causa do diretor que me assediou quando eu tinha 16 anos de idade e a raiva que os agentes e produtores me fizeram sentir que o silêncio era uma condição do meu emprego. E eu gostaria de dizer que foi um incidente isolado em minha carreira, mas infelizmente, não foi. Eu tive muitas experiências de assédio e agressões sexuais e eu não falo sobre elas com muita frequência.
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Em entrevista ao Los Angeles Times, Blake Lively também dividiu sua história e revelou que um maquiador a assediou: - Ele estava dizendo coisas inapropriadas, insistindo em colocar o batom em mim usando seus dedos. Eu estava dormindo uma noite no set e eu acordei e ele estava me filmando. Eu estava vestida, mas era muito voyeurista, uma coisa aterrorizante de se fazer. Ao relatar o caso para os produtores, a atriz percebeu que ninguém ia fazer nada e contratou um advogado para afastá-lo do filme. Porém, apesar do processo, isso não o impediu de continuar a trabalhar na indústria cinematográfica: - Um dos produtores escreveu a ele uma carta de recomendação porque não queria que a situação ficasse ruim, concluiu.
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Uma das mulheres a expor o assédio sofrido por Harvey Weinstein foi Lupita Nyong'o. Ao The New York Times, ela deu os detalhes da aproximação do produtor: - Harvey me levou até um quarto, seu quarto, e anunciou que me faria uma massagem. Eu pensei que ele estava brincando, a principio. Ele não estava. Pela primeira vez desde que o conheci, eu me senti em perigo. Eu entrei em pânico e rapidamente pensei em lhe oferecer uma (massagem) ao invés disso. Isso me permitiria estar no controle fisicamente, saber onde minhas mãos estavam o tempo todo. Mas depois de um tempo, ele quis tirar as calças. Eu lhe disse para não fazer isso e disse que isso me deixaria extremamente desconfortável. Mas ele se levantou do mesmo jeito para fazer isso e eu fui até a porta, dizendo que não estava confortável.
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Casos de assédio são frequentes, apesar de as mulheres às vezes não se sentirem abertas ou com coragem o suficiente para delatar seus abusadores. Grande parte dessa onda de relatos se dá, principalmente, porque Ashley Judd relatou o seu caso de assédio sofrido pelas mãos de Harvey Weinstein. Em uma reportagem no
The New York Times, a atriz abriu as portas para que outros famosos falassem sobre traumas do passado, ao informar que há 20 anos foi convidada por Weinstein para o que seria um café da manhã de negócios em um hotel em Beverly Hills, nos Estados Unidos. Entretanto, ela afirma que ao chegar ao quarto do produtor, se deparou com ele usando um roupão de banho, perguntando se ela não poderia fazer uma massagem nele ou vê-lo tomar banho. Judd afirmou que pensou
Como eu saio dessa sala o mais rápido possível sem Harvey Weinstein perceber? Tenso, né?
Relembre outros casos de assédio aqui.
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