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Para celebrar o aniversário de 30 anos de sua estreia, o filme Carlota Joaquina, Princesa do Brazil volta a ser exibido nos cinemas a partir desta quinta-feira, dia 14. Marieta Severo, Marco Nanini, Ludmila Dayer e Marcos Palmeira se juntaram à diretora Carla Camurati e a produtora Bianca de Felippes para celebrar o trabalho e relembrar histórias de bastidores. Na época, a equipe lidou com um orçamento extremamente limitado, mas conseguiram invocar o jeitinho brasileiro e entregaram um belo produto final, superando todas as dificuldades e lançando um longa-metragem que se tornou marco da Retomada do Cinema Brasileiro nos anos 1990. Quer saber mais sobre isso? Então siga nessa galeria e saiba várias curiosidades de bastidores reveladas em coletiva de imprensa, da qual o ESTRELANDO participou!
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Uma das melhores e mais curiosas histórias dos bastidores do filme é que uma ovelha sofreu um ataque cardíaco durante as gravações e a equipe ficou desesperada. O que aconteceu é que algumas cenas do filme se passam na Escócia, mas como não poderiam viajar para gravar, a diretora Carla Camurati recriou o país europeu na Praia da Joatinga, no Rio de Janeiro. Para isso, escolheu um dia especialmente chuvosa e com o céu fechado, além de colocar algumas ovelhas do exército. Só que os animais acabaram ficando assustados com o mar: - A ovelha do exército nunca tinha visto o mar e como era um dia escuro, o mar estava muito forte. A Melanie, que fez o roteiro junto comigo e também fazia a assistência de direção, estava lá em cima coordenando e arrumando as ovelhas enquanto eu estava com os atores e uma equipe super reduzida lá embaixo. Como era um mar alto, não era bom ficar um monte de gente, sem falar que sujava o quadro. Foi então que uma ovelha acabou infartando e até recebeu respiração boca a boca, mas felizmente não morreu: - De repente, começo a ver a Melanie descendo e gritando para parar que a ovelha estava tendo um ataque do coração e o Luís estava fazendo respiração boca a boca nela. A gente começou a rir e ela dizia: É verdade! Não sei como a Bianca vai devolver essa ovelha morta. Carla não consegue segurar a risada ao relembrar: - Elas estavam com tanto medo, que o máximo que a Melanie conseguiu na sequência final foi botar as três paradas bem no caminho. O Grant vinha, pedia para saírem, e elas não saíam, porque estavam com muito medo de se mexer. Ele dá um tapa na bunda de uma delas e passa, mas para elas estavam congeladas de ver o mar. Por essa a gente não contava.
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A diretora Carla Camurati explicou que não queria que o elenco usasse muita maquiagem, pois estava em busca de mostrar a pele natural dos atores. No entanto, Marieta Severo precisava aplicar alguns pelos faciais, pois Carlota tinha bigode. O problema é que a atriz acabou se empolgando um pouco demais enquanto se arrumava sozinha, gerando um momento engraçado: - Só eu que ficava colocando meus bigodes, porque Carlota era bigoduda e eu adorava e ficava botando bastante. Teve uma hora que a Carla falou que eu estava parecendo o Pepe Legal. Carla relembra a cena hilária quando se deparou com Marieta toda bigoduda: - Ela que queria fazer e não deixava ninguém fazia. Eu gostava que era dente e bigode, porque ela tinha dos dentes pretos estragados e tinha uma chapinha que um dentista fez e ela colocava. Um dia eu chego no set, olho de longe e ela está com um bigode.
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O momento em que Carlota encarna a fúria de um touro confrontar a esposa de seu amante é uma das cenas mais marcantes de Marieta Severo no filme. A personagem agir como se estivesse em uma tourada não estava no roteiro e foi uma sugestão da diretora no momento para facilitar a gravação, pois estavam lidando com um texto longo e pouco filme, como conta a atriz que viveu a protagonista: - Era um texto muito complicado, muito longo. Tinha ainda naquela época a questão de queimar negativo, que era caro e tinha que economizar. A gente estava fazendo a cena e era muito texto, a Carla começou a ficar vesga e daqui a pouco ela me chama e fala: Vai ali para frente, perto da câmera, é como se você fosse um touro em uma tourada. E completa: - É uma cena interessantíssima no filme, que ela vai baixando o som dos textos que não estavam muito rolando e vai colocando uma música de tourada.
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Marco Nanini confessou que a peruca usada para gravar as cenas externas como Dom João VI era muito pequena para a sua cabeça, mas ele conseguiu dar um jeitinho para conseguir usa-la mesmo assim: - O filme foi sendo levado com muita alegria na equipe, isso facilitou muito tudo, porque a gente lidada com muito pouca coisa. A minha peruca do Dom João lá em São Luís do Maranhão, onde fizemos as externas, não cabia na minha cabeça. Eu tive que fazer um corte e virar ela ao contrário, aí ficou boa.
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Marco Nanini acabou sofrendo um pouco por conta do figurino, pois uma peça de lã em meio às altas temperaturas: - Eu tinha uma jaqueta de lã, era uma coisa muito agradável, diz ele brincando. O ator também relembra um dia em que não estava nada bem-humorado com todo o calor durante as gravações na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, e a equipe conseguiu achar uma forma infalível de acalmá-lo: - Foi um dia em que fiquei lá em Paquetá, com um calor danado e vestindo lã. Não fiquei muito de bom-humor, fiquei de humor péssimo. Descobriram lá uma árvore de pitomba, um frutinho que tem no Nordeste que sou tarado e viciado por ele. A Bianca descobriu a pitombeira, chegaram caixas e caixas de pitomba, eu acalmei e fiz a cena, foi tudo tranquilo. Na verdade, não gosto de representar, gosto de chupar pitomba.
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Não foi só pitomba que Marco Nanini comeu nos sets! O ator acabou colocando para dentro várias coxas de frango, pois esse era o prato que mais aparecia nas refeições de Dom João VI. Na coletiva, o ator relembra: - O Dom João comeu muito frango, né? Quase fui intoxicado de frango, porque a gente repetia a cena, mas felizmente a Carla teve o carinho de fazer com que eu comesse só os frangos da cozinheira dela, que eram os mais cuidados. Ele ainda brinca que era tanto frago para as cenas, que a equipe estava sempre comendo o que sobrava durante as pausas: - Era frango no café da manhã, almoço e jantar. Às vezes sonhando eu também comia frango.
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Uma curiosidade muito legal é que a diretora Carla Camurati conseguiu pegar emprestada do museu a carruagem de Dom João VI para gravar algumas cenas: - A gente conseguiu usar a carruagem de Dom João mesmo. Combinamos com o museu, reconstituímos tudo o que estava quebrado, fizemos um restauro em tudo e prometemos que filmaríamos só na rua em frente ao museu. Realmente fizemos só três tales com o maior cuidado com aquilo, mas foi muito emocionante toda a filmagem, embora muito difícil.
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Como todos estavam lidando com um baixo orçamento para fazer o filme, a equipe usou toda a sua criatividade para compor os cenários. Marita Severo revela que os cenógrafos chegaram a usar papel papel machê amassado para imitar decorações de ouro: - O cenário era papel machê que os cenógrafos faziam da melhor maneira para parecer ouro. A gente estava revendo e realmente as cenas da corte espanhola tem um barroco, uma riqueza ali que pensei como o papel machê tudo amassado resultou tudo. Era uma criatividade enorme.
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O longa-metragem era sustentável em vários quesitos, que iam além do cenário. A diretora Carla Camurati relembra que eles também reutilizavam roupas e acessórios do figurino, encontrando uma forma de aproveitar o que tinham ao máximo: - Acabava de filmar e o que não tinha mais continuidade entrava como roupa ou adereço para a próxima cena. Como o filme passa por alguns países, acabava aquele país e via o que estava liberado. Normalmente ficavam só a roupa dos protagonistas e a da Lud, que a última coisa que a gente fez foi a Escócia. Que se tivesse algum problema ou furo no roteiro, eu tinha o narrador e a menina que iam me defender e resolver. A produtora Bianca de Felippes também conta como se mobilizaram para entregar a estética apesar do orçamento limitado: - A Carla morava em uma casa em São Conrado. A gente montou uma tenda do exército no quintal da casa dela e a gente ficava produzindo adereços. O Celestino, que era nosso aderecista, fez 300 sapatos para a Carlota. O colar da Carlota era areia com cola e Colorgin, e parece que é um negócio de ouro. As perucas eram de Bombril, de palha. Tinham roupas feitas de folhas. A gente ia pro Jardim Botânico pegar folhas pra fazer roupas. Então, isso também deu essa cara pro filme. E tudo com muito bom gosto.
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