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Publicada em 26/02/2018 às 14:31 | Atualizada em 14/02/2019 às 19:11

Em entrevista, Lupita Nyong'o dispara sobre racismo no Brasil: - Vocês podem ser melhores do que isso!

A atriz também contou a importância do filme Pantera Negra para com a sociedade

Da Redação

Divulgação

Após o lançamento histórico do filme Pantera Negra, o primeiro da Marvel a protagonizar um negro, Chadwick Boseman, sendo também dirigido por um afro-descendente, Lupita Nyong'o, que interpreta a espiã Nakia, conversou com a Veja em entrevista publicada nesta segunda-feira, dia 26, sobre questões raciais e diversos outros temas. 

Ao ser perguntada sobre o que acha de viver uma espiã no longa metragem, Lupita foi direto ao ponto e disparou:

Amei o fato de ela ser uma mulher independente, loba solitária e ainda assim leal a seu país. Ela tem esse senso profundo de responsabilidade com sua nação e luta pelo que acredita. Tem um poder silencioso, como espiã tem de ser camaleão-fêmea e passar despercebida. E isso foi legal de ver, especialmente no contexto das outras mulheres em Pantera Negra, por exemplo a general Okoye, que é mais durona. Shuri é brincalhona, tem a mente como arma. E a rainha, Angela Bassett, que é o legado de Wakanda. Foi maravilhoso ver as cores do poder, como elas se complementam e como apoiam um rei que precisa descobrir o caminho para a sua nação.

Uau, hein! Mas não demorou muito para aparecer uma pergunta que relacionava o tema da obra com a cultura africana. Lupita também fez questão de explicar bastante a sua posição:

Como africana, sempre soube que o continente tem muito a oferecer. Sempre tive orgulho das minhas origens. É muito bacana ter um filme que enxerga isso. A hora de tratar a África com respeito foram e são todas. É sempre. Porque realmente somos um continente incrivelmente rico, de muita diversidade e bastante intrincado, e esse filme mostra isso. Embora Wakanda seja uma nação africana fictícia, sua estética, sua identidade, suas culturas derivam de países africanos. Espero que o filme demonstre isso e deixe as pessoas curiosas sobre essa diversidade cultural — e também com mais respeito por ela, com certeza.

Quando perguntada sobre a união estabelecida entre a importância da representação, dos movimentos feministas e das diferentes realidades existentes e Pantera Negra, Lupita contou que o cinema tem o poder de mostrar quem já fomos, quem nos tornamos e quem queremos ser:

 O cinema tem esse potencial de nos mostrar quem fomos um dia, quem somos agora e quem podemos nos tornar. Wakanda é quem podemos nos tornar. Porque é um país autodeterminado, uma nação africana isolada, protegida do ataque que foi o colonialismo, uma nação que pôde evoluir sob seus próprios termos. Vemos que isso criou uma sociedade em que as mulheres têm permissão de desenvolver seu potencial pleno. Elas podem exercer seu poder ao lado dos homens, e esse poder não os diminui. Ambos podem ser poderosos ao mesmo tempo, tudo bem. E as mulheres são diferentes, então elas têm poderes distintos. Shuri é a chefe da tecnologia. Ela é inteligente e tem só 16 anos, e seu irmão, o rei, a convoca quando precisa de algo relacionado à tecnologia. T’Challa dá espaço a ela para liderar nessa área. Nakia, minha personagem, é uma espiã. Sua responsabilidade é informar Wakanda sobre o que se passa no mundo. E o rei T’Challa recorre a ela quando precisa tomar decisões, porque ela vê as coisas de maneira diferente, e os dois discutem. No fim, eles querem o melhor para seu povo. É uma imagem poderosa e idílica de se ter e de buscar.

Outra questão que foi abordada, é que grande parte dos negros brasileiros nem sempre se acham bonitos, então, a atriz que já ganhou um Oscar por 12 Anos de Escravidão deu um pequeno conselho:

Eu sei! Fiquei sabendo da miss criticada por sua pele escura. Vocês podem ser melhores que isso!

Além disso, Lupita recorreu ao seu Twitter para contar que se juntou ao #BlackPanterChallenge - um desafio do Pantera Negra - que levaria 600 crianças africanas para assistir ao filme no cinema no Quenia. Ela ainda contou o motivo pelo qual tomou tal decisão:

- Eu queria que as crianças da minha cidade natal vissem as imagens positivas refletidas no filme e os super heróis com quem eles podem se identificar nas telonas! 

Enquanto isso, confira outras atrizes que lutam pela causa e são feministas assumidas:


Jennifer Lawrence também já fez declarações sobre a diferença entre salários de homens e mulheres. Em carta, ela falou: Eu não queria ficar lutando por alguns milhões de dólares que - depois de ter estrelado duas franquias [X-Men e Jogos Vorazes] - eu realmente não precisava... Cansei de tentar encontrar a maneira fofa de marcar minha opinião e continuar sendo simpática. Jeremy Renner, Christian Bale e Bradley Cooper todos lutaram e conseguiram negociar bons contratos para si. No mínimo eles foram elogiados por serem duros e estratégicos, enquanto eu estava preocupada em parecer uma fedelha sem conseguir o que era justo. E ainda relembrou o caso do vazamento de dados da Sony: Quando aconteceu o vazamento da Sony e eu soube como estava ganhando menos que os caras com pintos, não me irritei com a Sony. Eu me irritei comigo mesma. Eu falhei na negociação porque desisti muito cedo. Não queria brigar por milhões de dólares que, francamente, graças a duas franquias eu não preciso. Para a Vanity Fair, a atriz também desabafou sobre o caso de fotos íntimas suas terem sido divulgadas na internet: - Só porque eu sou uma figura pública, só porque eu sou uma atriz, não significa que eu pedi por isso (…) É o meu corpo, e deveria ser uma escolha minha, e o fato de que isso não foi escolhido por mim é absolutamente nojento. Eu não consigo acreditar que nós vivemos em um mundo como esse.

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Em entrevista, Lupita Nyong'o dispara sobre racismo no Brasil: <I>- Vocês podem ser melhores do que isso!</i>

Em entrevista, Lupita Nyong'o dispara sobre racismo no Brasil: - Vocês podem ser melhores do que isso!

A atriz também contou a importância do filme Pantera Negra para com a sociedade

26/Fev/2018

Da Redação

Após o lançamento histórico do filme Pantera Negra, o primeiro da Marvel a protagonizar um negro, Chadwick Boseman, sendo também dirigido por um afro-descendente, Lupita Nyong'o, que interpreta a espiã Nakia, conversou com a Veja em entrevista publicada nesta segunda-feira, dia 26, sobre questões raciais e diversos outros temas. 

Ao ser perguntada sobre o que acha de viver uma espiã no longa metragem, Lupita foi direto ao ponto e disparou:

Amei o fato de ela ser uma mulher independente, loba solitária e ainda assim leal a seu país. Ela tem esse senso profundo de responsabilidade com sua nação e luta pelo que acredita. Tem um poder silencioso, como espiã tem de ser camaleão-fêmea e passar despercebida. E isso foi legal de ver, especialmente no contexto das outras mulheres em Pantera Negra, por exemplo a general Okoye, que é mais durona. Shuri é brincalhona, tem a mente como arma. E a rainha, Angela Bassett, que é o legado de Wakanda. Foi maravilhoso ver as cores do poder, como elas se complementam e como apoiam um rei que precisa descobrir o caminho para a sua nação.

Uau, hein! Mas não demorou muito para aparecer uma pergunta que relacionava o tema da obra com a cultura africana. Lupita também fez questão de explicar bastante a sua posição:

Como africana, sempre soube que o continente tem muito a oferecer. Sempre tive orgulho das minhas origens. É muito bacana ter um filme que enxerga isso. A hora de tratar a África com respeito foram e são todas. É sempre. Porque realmente somos um continente incrivelmente rico, de muita diversidade e bastante intrincado, e esse filme mostra isso. Embora Wakanda seja uma nação africana fictícia, sua estética, sua identidade, suas culturas derivam de países africanos. Espero que o filme demonstre isso e deixe as pessoas curiosas sobre essa diversidade cultural — e também com mais respeito por ela, com certeza.

Quando perguntada sobre a união estabelecida entre a importância da representação, dos movimentos feministas e das diferentes realidades existentes e Pantera Negra, Lupita contou que o cinema tem o poder de mostrar quem já fomos, quem nos tornamos e quem queremos ser:

 O cinema tem esse potencial de nos mostrar quem fomos um dia, quem somos agora e quem podemos nos tornar. Wakanda é quem podemos nos tornar. Porque é um país autodeterminado, uma nação africana isolada, protegida do ataque que foi o colonialismo, uma nação que pôde evoluir sob seus próprios termos. Vemos que isso criou uma sociedade em que as mulheres têm permissão de desenvolver seu potencial pleno. Elas podem exercer seu poder ao lado dos homens, e esse poder não os diminui. Ambos podem ser poderosos ao mesmo tempo, tudo bem. E as mulheres são diferentes, então elas têm poderes distintos. Shuri é a chefe da tecnologia. Ela é inteligente e tem só 16 anos, e seu irmão, o rei, a convoca quando precisa de algo relacionado à tecnologia. T’Challa dá espaço a ela para liderar nessa área. Nakia, minha personagem, é uma espiã. Sua responsabilidade é informar Wakanda sobre o que se passa no mundo. E o rei T’Challa recorre a ela quando precisa tomar decisões, porque ela vê as coisas de maneira diferente, e os dois discutem. No fim, eles querem o melhor para seu povo. É uma imagem poderosa e idílica de se ter e de buscar.

Outra questão que foi abordada, é que grande parte dos negros brasileiros nem sempre se acham bonitos, então, a atriz que já ganhou um Oscar por 12 Anos de Escravidão deu um pequeno conselho:

Eu sei! Fiquei sabendo da miss criticada por sua pele escura. Vocês podem ser melhores que isso!

Além disso, Lupita recorreu ao seu Twitter para contar que se juntou ao #BlackPanterChallenge - um desafio do Pantera Negra - que levaria 600 crianças africanas para assistir ao filme no cinema no Quenia. Ela ainda contou o motivo pelo qual tomou tal decisão:

- Eu queria que as crianças da minha cidade natal vissem as imagens positivas refletidas no filme e os super heróis com quem eles podem se identificar nas telonas! 

Enquanto isso, confira outras atrizes que lutam pela causa e são feministas assumidas: