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Publicada em 19/04/2018 às 00:01 | Atualizada em 18/04/2018 às 18:16

Rafael Primot fala sobre as deficiências das relações em Todo Clichê do Amor

Diretor desmistificou o romance ao quebrar estereótipos clássicos do gênero no cinema

Carolina Rocha

Divulgação

Rafael Primot, atualmente no ar em Deus Salve o Rei, também dirigiu o filme Todo Clichê do Amor, com Maria Luisa Mendonça, Débora Falabella, Marjorie Estiano e outros grandes nomes no elenco. Na coletiva de imprensa do longa, que aconteceu no começo de abril em São Paulo, o astro deu detalhes da trama romântica com uns bons toques de comédia e desgosto - e explicou o motivo de seguir uma produção independente ao invés de abusar das leis de incentivo à cultura. 

A gente costuma produzir coisas que nos dizem respeito, histórias que a gente quer contar. E muitas vezes o caminho independente é a maneira de se fazer isso sem muitas intervenções do distribuidor, do produtor. Tenho outros projetos em que eu uso porte de leis, e pela dificuldade de conseguir realizar esses projetos que são mais caros, e pela demora disso, a minha ansiedade me fez correr atrás de outras maneiras de realizar tudo isso. A nossa meta é fazer um filme a cada dois anos, e esses editais podem demorar até cinco, seis anos.

Primot, que desenvolveu o filme em cima de um texto de teatro que ele havia escrito, também contou que sua intenção era desmistificar a comédia romântica.

Eu vinha já de um trabalho que é o Gata Velha Ainda Mia, que foi razoavelmente bem-sucedido, que é um filme que fala sobre envelhecer, as dificuldades de se envelhecer. A história de uma escritora. É uma obra temática com um universo mais sombrio. E a minha ideia para o Todo Clichê do Amor era ir exatamente contra isso. Era tentar fazer uma história de amor, que pegasse o lado mais solar das relações, mas que não fosse necessariamente uma comédia romântica nos padrões que a gente vê por aí, que se repetem como uma fórmula. E só pelo caminho independente eu conseguiria contar esta história desta maneira, com três histórias e três personagens ao mesmo tempo. E esse roteiro tinha que ser bastante simples, com poucas locações.

Para trazer um outro tom ao romance, o diretor optou por quebrar estereótipos de personagens rotineiros no cinema. 

A minha busca era humanizar esses personagens que são estereótipos de figuras da ficção. Então a gente tem a história que imita uma telenovela, aquele dramalhão todo. Tem a história do triângulo amoroso clássico, tradicional. E tem a última história que brinca um pouco com a coisa do cinema, que poderia ser mais ousada. A brincadeira era fazer um filme de amor que tivesse um pouco de humor, mas que fosse uma crítica a isso. A mocinha que fuma maconha e ensina libras, a prostituta sadomasoquista que queria casar e ter filhos... A gente vai quebrando esses estereótipos.

O astro ainda revelou a grande ironia por trás da história. 

Eu tinha uma preocupação do filme não ser machista. Porque quando você faz histórias de amor, esbarra muito nesse olhar machista, da mulher como objeto sexual e pronto. A grande metáfora, talvez, por trás de tudo, seja a deficiência. Tem uma personagem que não consegue escutar direito. Tem uma que trabalha com surdos. Tem uma que não vê. Tem um cara que não sente o gosto das coisas. Como se cada um de nós tivesse uma dificuldade, uma deficiência de se abrir para o amor, da maneira que seja.

Todo Clichê do Amor estreia nesta quinta-feira, dia 19, em alguns cinemas de São Paulo e Rio de Janeiro. 

Sinopse: TODO CLICHÊ DO AMOR conta a história de uma stripper passional que decide se tornar mãe; de um entregador que comete um assassinato como prova de amor a uma garçonete comprometida e mostra a última chance que uma madrasta tem para conquistar o afeto de sua enteada no velório de seu esposo. Um entrechoque de carências e erros desses outsiders que emerge novas e inesperadas formas de afeto.

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Rafael Primot fala sobre as deficiências das relações em <I>Todo Clichê do Amor</I>

Rafael Primot fala sobre as deficiências das relações em Todo Clichê do Amor

20/Abr/

Rafael Primot, atualmente no ar em Deus Salve o Rei, também dirigiu o filme Todo Clichê do Amor, com Maria Luisa Mendonça, Débora Falabella, Marjorie Estiano e outros grandes nomes no elenco. Na coletiva de imprensa do longa, que aconteceu no começo de abril em São Paulo, o astro deu detalhes da trama romântica com uns bons toques de comédia e desgosto - e explicou o motivo de seguir uma produção independente ao invés de abusar das leis de incentivo à cultura. 

A gente costuma produzir coisas que nos dizem respeito, histórias que a gente quer contar. E muitas vezes o caminho independente é a maneira de se fazer isso sem muitas intervenções do distribuidor, do produtor. Tenho outros projetos em que eu uso porte de leis, e pela dificuldade de conseguir realizar esses projetos que são mais caros, e pela demora disso, a minha ansiedade me fez correr atrás de outras maneiras de realizar tudo isso. A nossa meta é fazer um filme a cada dois anos, e esses editais podem demorar até cinco, seis anos.

Primot, que desenvolveu o filme em cima de um texto de teatro que ele havia escrito, também contou que sua intenção era desmistificar a comédia romântica.

Eu vinha já de um trabalho que é o Gata Velha Ainda Mia, que foi razoavelmente bem-sucedido, que é um filme que fala sobre envelhecer, as dificuldades de se envelhecer. A história de uma escritora. É uma obra temática com um universo mais sombrio. E a minha ideia para o Todo Clichê do Amor era ir exatamente contra isso. Era tentar fazer uma história de amor, que pegasse o lado mais solar das relações, mas que não fosse necessariamente uma comédia romântica nos padrões que a gente vê por aí, que se repetem como uma fórmula. E só pelo caminho independente eu conseguiria contar esta história desta maneira, com três histórias e três personagens ao mesmo tempo. E esse roteiro tinha que ser bastante simples, com poucas locações.

Para trazer um outro tom ao romance, o diretor optou por quebrar estereótipos de personagens rotineiros no cinema. 

A minha busca era humanizar esses personagens que são estereótipos de figuras da ficção. Então a gente tem a história que imita uma telenovela, aquele dramalhão todo. Tem a história do triângulo amoroso clássico, tradicional. E tem a última história que brinca um pouco com a coisa do cinema, que poderia ser mais ousada. A brincadeira era fazer um filme de amor que tivesse um pouco de humor, mas que fosse uma crítica a isso. A mocinha que fuma maconha e ensina libras, a prostituta sadomasoquista que queria casar e ter filhos... A gente vai quebrando esses estereótipos.

O astro ainda revelou a grande ironia por trás da história. 

Eu tinha uma preocupação do filme não ser machista. Porque quando você faz histórias de amor, esbarra muito nesse olhar machista, da mulher como objeto sexual e pronto. A grande metáfora, talvez, por trás de tudo, seja a deficiência. Tem uma personagem que não consegue escutar direito. Tem uma que trabalha com surdos. Tem uma que não vê. Tem um cara que não sente o gosto das coisas. Como se cada um de nós tivesse uma dificuldade, uma deficiência de se abrir para o amor, da maneira que seja.

Todo Clichê do Amor estreia nesta quinta-feira, dia 19, em alguns cinemas de São Paulo e Rio de Janeiro. 

Sinopse: TODO CLICHÊ DO AMOR conta a história de uma stripper passional que decide se tornar mãe; de um entregador que comete um assassinato como prova de amor a uma garçonete comprometida e mostra a última chance que uma madrasta tem para conquistar o afeto de sua enteada no velório de seu esposo. Um entrechoque de carências e erros desses outsiders que emerge novas e inesperadas formas de afeto.