Impossível não citar que Cleo e Antônia Morais são as filhas de Gloria Pires, mas as irmãs já não precisam mais definidas apenas por esse rótulo. Na noite da última terça-feira, dia 27, elas estiveram no Conversa com Bial e falaram sobre os múltiplos talentos que descobriram ao longo da vida, enquanto aprendiam a lidar com a pressão de serem herdeiras de artistas.

- Teve uma fase da minha vida em que isso mexia comigo emocionalmente, porque eu achava que minha existência estava sendo anulada. Por que eu tenho que ser filha de alguém? Irmã de alguém? Isso me incomodava. Hoje em dia penso nisso de forma mais estratégica, preciso do meu nome forte, preciso fortalecer meu nome. Obviamente minha irmã e minha mãe, por terem feito uma carreira grande na televisão, elas são mais reconhecida que eu que fui por um caminho alternativo. É normal as pessoas não saberem quem eu sou, mas é importante para mim deixar meu nome sólido, embora tenha muito orgulho de ambas, disse Antônia.

Em tom de brincadeira, Antônia, que também é filha de Orlando Morais, falou sobre como foi crescer no meio artístico:

- Eu fui amamentada por Ruth e Raquel, por isso que eu sou bipolar. Tinha acabado de fazer um ano quando minha mãe começou a gravar Mulheres de Areia, então ela tava amamentando. Eu tinha um quartinho no set, estava todos os dias no camarim. 

Já Cleo, que é filha de Fábio Jr., explicou que, na verdade, seu grande sonho sempre foi ser cantora e não atriz, como a mãe: 

- Eu sempre quis ser cantora. Na minha cabeça, eu ia ser uma rockstar, ia viajar o mundo com música e ser milionária. Era isso que eu achava da vida, era minha fantasia como criança.  Eu acabei sendo atriz, porque é incrível também. Eu tive a sorte e o privilégio de ter muitas oportunidades na minha vida. Eu não sei viver sem ser agarrar as oportunidades. Você vai conhecendo a vida de atriz e vai se apaixonando por aquilo, porque é tanta oportunidade de conhecer o mundo, pessoas incríveis, você se apaixona por histórias... você vai se envolvendo. Quando eu vi, estava apaixonada.

O papo sobre os rótulos levou Antônia e Cleo falarem abertamente sobre a depressão e distúrbios alimentares que apareceram como consequência da grande exposição que tiveram desde a infância:

- No meu caso, foram várias coisas, foi um pouco de depressão com um distúrbio. Eu tomei muito remédio para emagrecer uma época, e esses remédios mexiam com minha cabeça, comecei a ter várias questões, crise de pânico, depressão, paranoia, achar que estava sendo perseguida o tempo todo. Era bem horrível essa fase da minha vida, era tão confuso para mim. Quando você passa por uma coisa dessa é difícil elaborar com outras pessoas, até com quem você ama muito, você tem um pouco de vergonha também. Você não quer assumir,  é uma mistura de sentimentos que te impedem de pedir ajuda. Você dá sinais. Acho que cheguei e contei depois que tinha me curado e já não tomava mais os remédios, disse Antônia ao relembrar foto postada em março deste ano, quando disse que se matava um pouco todos os dias por causa das tentativas de emagrecer. 

Cleo explicou que enfrentou o mesmo tipo de situação:

- A gente passou por coisas muito parecidas. Eu me via de um jeito que não era. Você toma coisas que tiram totalmente a sua fome e de repente você passa por alguma coisa emocional, que fica desequilibrada, e você come o pé da mesa. Não tem fim. Você come até passar mal mesmo. Qualquer mulher, mesmo as que estão dentro de um padrão que é aceito, passam por esse tipo de pressão estética fortíssima.

E fez um alerta sobre a depressão:

- É muito séria a coisa da depressão, é uma doença que você não vê, as pessoas tendem a não levar a sério, por achar que é drama ou preguiça e não é. Se você não tratar, resulta em coisas muito sérias. As pessoas precisam estar atentas às outras. é difícil pedir ajuda. você está com tanta dor que tem medo de as pessoas não entenderem e você não aguentar.

Constantemente atacada nas redes sociais por causa de seu corpo, Cleo confessou que os comentários ofensivos a atingem, no entanto, a rede de apoio a ajuda a superar os momentos difíceis: 

- Eu acho que piora si (os comentários), tem momentos horríveis, mas eu tenho apoio. Eu tenho algumas pessoas que acho que são meu fechamento. Eu me trato, quando tive crise de depressão séria, eu me tratei, tomei remédio. Não levo de forma leve. Faço piadas com a minha condição, comigo, porque a vida também é maravilhosa e a gente tem que rir.

Antônia, por fim, saiu em defesa da irmã: 

- Eu sou muito fã da Cleo, acho ela incrível e supercorajosa. Eu vou apoiá-la de qualquer forma, do jeito que ela quiser ser. Quero que ela seja livre, feliz e sei que ela também vai me apoiar de qualquer decisão que eu for tomar. Ela é muito forte. Esses ataques que ela sofrem não vão parar ela de fazer o que ela quer fazer.