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Publicada em 21/07/2020 às 16:17 | Atualizada em 21/07/2020 às 16:31

Karen Junqueira relata estupro aos 12 anos de idade por pai de amiga: Não tenho mais vergonha de me expor

A atriz disse que demorou vários anos para contar à sua família tudo sobre o ocorrido

Da Redação

Divulgação

Após Juliana Lohmann e Julia Konrad, agora foi a vez de Karen Junqueira desabafar sobre traumas que sofreu no passado. Em um relato publicado na revista Claudia, a atriz contou que foi estuprada aos 12 anos de idade por um pai de sua amiga, quando estava dormido na casa da família em sua cidade natal, Caxambu, Minas Gerais. 

Ela começou o desabafo falando sobre o motivo de ter finalmente decidido abrir o jogo sobre o assunto:

Aos 37 anos, decidi contar minha história. Senti necessidade de acalentar aquela menina que aos 12 anos sofreu abuso e ficou calada. O objetivo deste relato é encorajar aos que foram abusados a não se calarem. Não podemos mais normalizar a cultura do estupro e do silêncio. Eu conheço os sentimentos que os permeiam: culpa, medo e muita vergonha. O abuso que sofri me gerou muitas questões emocionais. Desconfiança excessiva e insegurança foram algumas delas. Durante muito tempo tive que procurar entender e restabelecer meu valor e lugar no mundo. Poder falar abertamente sobre isso está sendo uma libertação pra mim. Não tenho mais vergonha de me expor.

Karen então continuou, relatando como o abuso ocorreu: 

Era aniversário da minha melhor amiga e acabei passando a noite na casa dela. Eu me lembro de cada detalhe. Estávamos juntas, lado a lado, dormindo na mesma cama. Era tarde da noite, usávamos o mesmo pijama branco estampado com palhacinhos vermelhos. Foi quando meu sono foi interrompido pelo pai dela. Naquele instante meu mundo parou. Eu congelei e sequer consegui abrir os olhos ou a boca para gritar. Foram poucos minutos que se transformaram em uma eternidade massacrante. (...) Enquanto ele me abusava, sua filha dormia grudada em mim e eu escutava sua esposa tomar banho. Quando o chuveiro parou, ele rapidamente me vestiu o pijama e deixou o quarto. Eu me contorcia chorando e passei o resto da noite em claro, ainda estarrecida.  No dia seguinte, uma repulsa enorme tomou conta de mim. Fui embora e me afastei da minha melhor amiga na época. Senti muita vergonha de contar o ocorrido e ser culpada de alguma forma, afinal, aquela família era muito próxima dos meus pais. Minha cabeça não entendia.

A atriz ainda contou que só conseguiu falar com a mãe sobre o assunto dez anos depois, após a morte de seu pai. Após anos afastada de Caxambu, Karen voltou à cidade para passar a quarentena, e ao ver o abusador novamente depois de tantos anos, decidiu vir à público falar sobre o assunto. 

Tive que cruzar com a pessoa que me abusou, vivendo livremente como se nunca tivesse feito algo tão monstruoso. Tomei a decisão de não mais me calar. Ter que relembrar questionamentos da minha mãe (Será que isso não foi um sonho, minha filha?) me fez refletir profundamente a seriedade disso. É claro que ela não queria acreditar como alguém tão legal e inofensivo poderia fazer tal coisa. Não quero julgá-la. Ela é apenas mais uma vítima do machismo estrutural que impera na sociedade. A submissão sempre esteve encruada dentro da minha casa. Reservo à minha mãe sororidade.  

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Karen Junqueira relata estupro aos 12 anos de idade por pai de amiga: <I>Não tenho mais vergonha de me expor</I>

Karen Junqueira relata estupro aos 12 anos de idade por pai de amiga: Não tenho mais vergonha de me expor

20/Abr/

Após Juliana Lohmann e Julia Konrad, agora foi a vez de Karen Junqueira desabafar sobre traumas que sofreu no passado. Em um relato publicado na revista Claudia, a atriz contou que foi estuprada aos 12 anos de idade por um pai de sua amiga, quando estava dormido na casa da família em sua cidade natal, Caxambu, Minas Gerais. 

Ela começou o desabafo falando sobre o motivo de ter finalmente decidido abrir o jogo sobre o assunto:

Aos 37 anos, decidi contar minha história. Senti necessidade de acalentar aquela menina que aos 12 anos sofreu abuso e ficou calada. O objetivo deste relato é encorajar aos que foram abusados a não se calarem. Não podemos mais normalizar a cultura do estupro e do silêncio. Eu conheço os sentimentos que os permeiam: culpa, medo e muita vergonha. O abuso que sofri me gerou muitas questões emocionais. Desconfiança excessiva e insegurança foram algumas delas. Durante muito tempo tive que procurar entender e restabelecer meu valor e lugar no mundo. Poder falar abertamente sobre isso está sendo uma libertação pra mim. Não tenho mais vergonha de me expor.

Karen então continuou, relatando como o abuso ocorreu: 

Era aniversário da minha melhor amiga e acabei passando a noite na casa dela. Eu me lembro de cada detalhe. Estávamos juntas, lado a lado, dormindo na mesma cama. Era tarde da noite, usávamos o mesmo pijama branco estampado com palhacinhos vermelhos. Foi quando meu sono foi interrompido pelo pai dela. Naquele instante meu mundo parou. Eu congelei e sequer consegui abrir os olhos ou a boca para gritar. Foram poucos minutos que se transformaram em uma eternidade massacrante. (...) Enquanto ele me abusava, sua filha dormia grudada em mim e eu escutava sua esposa tomar banho. Quando o chuveiro parou, ele rapidamente me vestiu o pijama e deixou o quarto. Eu me contorcia chorando e passei o resto da noite em claro, ainda estarrecida.  No dia seguinte, uma repulsa enorme tomou conta de mim. Fui embora e me afastei da minha melhor amiga na época. Senti muita vergonha de contar o ocorrido e ser culpada de alguma forma, afinal, aquela família era muito próxima dos meus pais. Minha cabeça não entendia.

A atriz ainda contou que só conseguiu falar com a mãe sobre o assunto dez anos depois, após a morte de seu pai. Após anos afastada de Caxambu, Karen voltou à cidade para passar a quarentena, e ao ver o abusador novamente depois de tantos anos, decidiu vir à público falar sobre o assunto. 

Tive que cruzar com a pessoa que me abusou, vivendo livremente como se nunca tivesse feito algo tão monstruoso. Tomei a decisão de não mais me calar. Ter que relembrar questionamentos da minha mãe (Será que isso não foi um sonho, minha filha?) me fez refletir profundamente a seriedade disso. É claro que ela não queria acreditar como alguém tão legal e inofensivo poderia fazer tal coisa. Não quero julgá-la. Ela é apenas mais uma vítima do machismo estrutural que impera na sociedade. A submissão sempre esteve encruada dentro da minha casa. Reservo à minha mãe sororidade.