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Publicada em 13/12/2020 às 11:59 | Atualizada em 13/12/2020 às 12:30

Bruna Marquezine cita frustração por falar de Neymar Jr. em entrevista e abre o jogo sobre sua intimidade: - Gente, estamos em 2020, ninguém tem um vibrador?

A atriz também falou sobre o fim de seu contrato com a TV Globo

Da Redação

Divulgação

Bruna Marquezine deu uma entrevista para a revista Ela, do jornal o Globo, e foi sincera ao falar do ex-namorado, o jogador de futebol Neymar Jr. A atriz assumiu que se sentia frustrada por receber perguntas constantes sobre o namoro, mesmo querendo falar sobre sua carreira, novos projetos ou qualquer outro tema que não fosse relacionado ao atleta.

- A palavra não é ressentimento. Nunca fiquei ressentida nem magoada, eu ficava frustrada. Simplesmente pelo fato de que eu dava entrevistas gigantes abordando assuntos relevantes, principalmente para falar sobre meu trabalho, que é o que eu tenho de mais precioso para trocar com o próximo, e sempre deixavam essa pergunta para o final... E era sempre muito frustrante ver a chamada da entrevista resumida a um namoro. Eu sentia que tinha perdido meu tempo, depois de horas falando sobre coisas que amo falar. É muito bom ouvir perguntas relevantes e saber que vocês querem saber da Bruna. Entendo que as pessoas têm interesse na vida pessoal das outras, eu mesma trabalho a minha mente e estado de espírito para ter cada vez menos interesse na vida alheia. 

A artista confessou que não entende o motivo de ainda ter a sua imagem atrelada a Neymar.

- Quantas vezes ouvi: Desculpa, mas tenho que te perguntar sobre ele. Já faz mais de três anos que eu não me relaciono com essa pessoa, mas muita gente ainda tem necessidade de atrelar a minha imagem à dele e a dele à minha. Mas acredito que um dia isso acabe.

Bruna também disse que está curtindo esse momento em que está sozinha.

- Estou bem com a minha solteirice. Quase não consigo me ver hoje com alguém. É claro que amanhã isso pode mudar. Até porque, quando eu me encanto, por mais que não namore, fico parada ali. Não tenho necessidade de ir para outra pessoa para ver como é.

Por mais que exista carência no período de quarentena (sim, precisamos naturalizar esse sentimento dentro do isolamento), a estrela optou por respeitar as recomendações dos principais órgãos de saúde e não encontrou crushs na pandemia.

- Parabenizo quem conseguiu começar um relacionamento na pandemia. As minhas amigas perguntavam se eu não ia encontrar tal pessoa. Se fosse um cara que já tivesse ficado, talvez. Não ia ligar e falar: Oi, quero muito te ver, você pode fazer um teste e, depois do exame, ficar em casa até sair o resultado?. Tenho taquicardia só de pensar em ter alguém morando na minha casa. É muito libertador falar isso. Quantas vezes não estava de boa e tinha que fingir que estava bem? Cheguei a perguntar para as minhas amigas: Vocês estão com vontade de mandar mensagem para o ex mesmo ou é só um meme? Nos últimos meses, não tive vontade de mandar mensagem para ex.

Sendo assim, Bruna encontrou outras maneiras de passar o tempo.

Sexo é a maior troca de energia entre seres humanos. Não transo só pelo prazer. Se for por isso, tem outras maneiras de se satisfazer sozinha. Não consigo banalizar. Escuto muito isso: Ser solteiro está foda!. Eu falo: Gente, estamos em 2020, ninguém tem um vibrador?. Sei que é delicado falar, não gosto de ficar escancarando a minha vida sexual... Só consigo me relacionar com quem eu confio, admiro e conheço, pelo menos, um pouco. Mas não julgo. Cada um vive de acordo com as suas escolhas. Essa é a minha.

A atriz, inclusive, se sente bastante segura com as suas escolhas. Em 2020, ela declarou que iria encerrar o seu contrato com a Rede Globo para se dedicar a outros projetos. 

Na minha profissão, vou ter sempre que escolher entre liberdade e segurança. É muito bom poder escolher pela liberdade e viver com mais leveza.

E por mais que o novo sempre cause medo, Bruna admite que não teve problemas em realizar essa transição. 

- Foi maravilhoso! Eu desejava sair de um contrato de exclusividade há muito tempo. Queria muito ter liberdade para ser dona das minhas escolhas. Até porque essa profissão é muito ingrata: uma escolha errada e você coloca tudo a perder. Sou infinitamente grata. Passei mais tempo nos estúdios da Globo do que dentro da minha própria casa. Mas chegou um momento em que, graças ao meu trabalho, poderia parar uns meses para estudar, fazer uma faculdade, um curso de atuação ou direção. Tenho oportunidade de trabalhar fora do país, trabalhar com moda, que é uma das grandes paixões, trabalhar com fotografia, trabalhar como produtora.

Na série Maldivas, da Netflix, a beldade fará uma participação como atriz no elenco principal, mas já trabalhará como diretora em outra obra.

Já tenho outro projeto engatilhado, um trabalho em que já entro como produtora criativa. O roteirista perguntou se eu queria dirigir um episódio. Achei a proposta muito louca, mas topei! Vou me arriscar um pouco mais. A produtora é comandada por uma mulher, negra, de muita sensibilidade, a Maria Angela, que me acolheu.

E é claro que ela iria falar sobre o seu cabelo, não é?

Fiz uma transição capilar e precisava tirar o resto de química dos fios. A única maneira era fazer em camadas. Fiquei com medo de ficar parecida com um poodle, mas acho que ficou cool. E, o que é melhor, não sou mais escrava de escova progressiva.

Mais consciente, a artista aprendeu nos últimos anos que precisava controlar melhor os seus gastos.

- Gasto muito, e isso é um problema. Tenho que trabalhar diariamente a minha conscientização sobre dinheiro. Eu cresci com a minha mãe administrando isso para mim. Pulei fases essenciais para aprender a administrar os ganhos. A minha consultora financeira me perguntou o que, envolvendo dinheiro, me fazia feliz. Não sabia colocar em ordem de importância, mas listei: a minha segurança e a da minha família em saúde, filantropia, viabilização dos meus projetos artísticos, viagens e imprevistos. Daí, comecei a aprender que precisava abrir mão de algumas coisas que não cabiam no meu orçamento... Eu amo moda. Se deixar, consumo muito. Quando os estilistas que admiro lançam uma coleção, fico nervosa! E ainda tenho uma stylist consciente, só que não! Então faço cada compra que... Deus do céu. Depois levo bronca da minha consultora. O bom de ser uma pessoa de fora é que a gente engole. Com a minha mãe, eu rebatia.

Outra mudança perceptível em Bruna é o seu posicionamento em relação a causas sociais.

- Há alguns anos, comecei a escutar sobre o feminismo e entendi algumas situações que vivo diariamente só por ser mulher. Percebi que eu era vítima diariamente da cultura machista. Falo de um lugar de privilégios, mas pensando em quantas mulheres passaram por casos trágicos e histórias irreversíveis por conta da cultura machista, não consigo entender quem ainda não se diz feminista. A mesma coisa com o antirracismo. É lamentável como pessoas que não sentem esse mal na pele acabam entendendo que essa doença que mata e destrói vidas é um problema do outro. 

Apesar de reconhecer que se encaixa em muitos padrões, a atriz se preocupa em ter empatia por realidades diferentes da sua.

- Tenho muita consciência dos meus privilégios. O que não quer dizer que tudo sempre foi muito fácil, mas, enfim, talvez por isso, sinto a necessidade de usar minha voz para lutar contra tudo que está errado. Acredito que quanto mais privilégio você tem, maior sua responsabilidade. Se já é difícil para quem tem privilégios, imagina para quem não tem. O mais importante é sempre manter a escuta aberta. Sempre estive em contato com pessoas de diferentes realidades. Não nasci nessa bolha de privilégios, nasci em Duque de Caxias. Saí da Baixada com nove anos de idade, meus pais têm uma história e um background completamente diferentes do meu. Então, cresci com o olhar voltado para o outro.

Quando vê um comentário machista nas redes sociais, a estrela precisa administrar os seus sentimentos para não perder o foco.

Sinto um misto de nojo com preguiça e tristeza. É tão cansativo lidar com o desejo do outro de permanecer ignorante. De verdade, não consigo aceitar, acho que tem pessoas que gostam de ver as coisas como estão, mesmo vendo que é injusto e cruel. Se a cada comentário machista eu me permitisse sentir tudo isso em uma potência elevada, eu não teria vida, seria rancorosa. Temos que conseguir focar na força que o movimento ganhou e pensar nas coisas boas. [...] E é óbvio que é ainda mais triste quando o comentário vem de uma mulher que também é vitima de machismo e só fortalece essa estrutura julgando outras mulheres. Desmotiva, e por isso não me permito perder muito tempo com isso.

Retrospectiva

Na entrevista, ela também contou como foi o seu 2020, um ano totalmente atípico para todas as pessoas.

- Acho que foi um ano muito difícil para todo mundo, né? Para mim, foi emocionalmente instável. Passava metade do meu dia tentando meditar... Uma gangorra muito louca! Pensava: Hoje vou me alimentar bem, e terminava o dia comendo um pote de Nutella. Ou Hoje vou criar maneiras de ajudar as ONGs que apoio, e acabava pedindo socorro para a terapeuta. Além da Netflix, outras possibilidades de trabalho surgiram [Bruna fechou contrato com o Grupo Arezzo para ser garota-propaganda da Brizza, nova marca de sandálias de Alexandre Birman) e me fizeram muito bem. Então, ao mesmo tempo que foi um ano muito difícil, eu seria hipócrita se dissesse que foi um ano ruim... É difícil ser grata por um ano em que tanta gente sofreu e morreu. Me sinto até culpada. Enfim, 2020 foi bem complexo.

Bruna sabe o quão importante é a questão da saúde mental, mas assume que, infelizmente, não consegue priorizar isso na sua agenda.

Procurei uma terapeuta quando tive depressão, há uns três, quatro anos. O problema é que, como não tenho rotina e, na minha profissão, é tudo de uma hora para outra, tenho uma dificuldade enorme de me priorizar. As questões emocionais deixo de lado, para quando a vida ficar um pouco menos agitada. Desapareço umas semanas, depois marco uma consulta. Volto pedindo arrego.

A atriz diz que não se sente confortável em compartilhar alguns pensamentos e características sobre si, mas que vem lidando com algumas inseguranças.

- O que posso falar, porque é uma característica da minha geração, é sobre a insegurança. Cresci diante dos olhos do público, e isso me fez criar uma consciência muito grande sobre o olhar do outro. Além da minha observação, que é extremamente crítica. Eu sou a minha pior hater. Comecei a trabalhar numa época na qual me ensinaram que o certo era construir uma imagem perfeita, [de uma] artista que não tinha problemas. Não tinha problema de família, de saúde, não sofria. Acho que nem ao banheiro ia.

E continua.

Colocavam o artista num pedestal. E isso não era só um movimento do público ou da imprensa, a pessoa se blindava e não deixava ninguém enxergar a sua vulnerabilidade. A minha geração foi desconstruindo isso, porque acredita que a força está na vulnerabilidade. A gente se ajuda muito mais não com exemplo de perfeição, mas com exemplo real. Aliás, nem com exemplo! Eu detesto quando falam que sou exemplo. Não sou modelo para ninguém. Sou só mais uma mulher de 25 anos, trilhando o seu caminho, aprendendo diariamente como lidar com tudo isso. Eu acho que ajudo muito mais quando falo sobre depressão do que quando estou de bonita no meu Instagram. [...] Que imagem é essa que estou passando ou as pessoas estão construindo sobre mim? Sempre entro numa sala achando que a pessoa me detesta. É o mecanismo de defesa que criei. Então, me freio muito. A minha insegurança é mais comigo mesma do que com o outro.

Por fim, ela revela os seus sentimentos sobre a Bruna Marquezine de cinco anos atrás.

Sinto amor, compaixão e empatia e por tudo que ela estava vivendo. Me sinto feliz, pois sei onde ela está hoje.

A seguir, relembre os papéis mais marcantes da atriz na televisão:


Ela também participou do Sítio do Picapau Amarelo duas vezes, em 2002 e 2003: na primeira vez como a Anjinha Florinda e na segunda como Jajale/Marina.

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Bruna Marquezine cita <I>frustração</I> por falar de Neymar Jr. em entrevista e abre o jogo sobre sua intimidade: <I>- Gente, estamos em 2020, ninguém tem um vibrador?</I>

Bruna Marquezine cita frustração por falar de Neymar Jr. em entrevista e abre o jogo sobre sua intimidade: - Gente, estamos em 2020, ninguém tem um vibrador?

A atriz também falou sobre o fim de seu contrato com a TV Globo

13/Dez/2020

Da Redação

Bruna Marquezine deu uma entrevista para a revista Ela, do jornal o Globo, e foi sincera ao falar do ex-namorado, o jogador de futebol Neymar Jr. A atriz assumiu que se sentia frustrada por receber perguntas constantes sobre o namoro, mesmo querendo falar sobre sua carreira, novos projetos ou qualquer outro tema que não fosse relacionado ao atleta.

- A palavra não é ressentimento. Nunca fiquei ressentida nem magoada, eu ficava frustrada. Simplesmente pelo fato de que eu dava entrevistas gigantes abordando assuntos relevantes, principalmente para falar sobre meu trabalho, que é o que eu tenho de mais precioso para trocar com o próximo, e sempre deixavam essa pergunta para o final... E era sempre muito frustrante ver a chamada da entrevista resumida a um namoro. Eu sentia que tinha perdido meu tempo, depois de horas falando sobre coisas que amo falar. É muito bom ouvir perguntas relevantes e saber que vocês querem saber da Bruna. Entendo que as pessoas têm interesse na vida pessoal das outras, eu mesma trabalho a minha mente e estado de espírito para ter cada vez menos interesse na vida alheia. 

A artista confessou que não entende o motivo de ainda ter a sua imagem atrelada a Neymar.

- Quantas vezes ouvi: Desculpa, mas tenho que te perguntar sobre ele. Já faz mais de três anos que eu não me relaciono com essa pessoa, mas muita gente ainda tem necessidade de atrelar a minha imagem à dele e a dele à minha. Mas acredito que um dia isso acabe.

Bruna também disse que está curtindo esse momento em que está sozinha.

- Estou bem com a minha solteirice. Quase não consigo me ver hoje com alguém. É claro que amanhã isso pode mudar. Até porque, quando eu me encanto, por mais que não namore, fico parada ali. Não tenho necessidade de ir para outra pessoa para ver como é.

Por mais que exista carência no período de quarentena (sim, precisamos naturalizar esse sentimento dentro do isolamento), a estrela optou por respeitar as recomendações dos principais órgãos de saúde e não encontrou crushs na pandemia.

- Parabenizo quem conseguiu começar um relacionamento na pandemia. As minhas amigas perguntavam se eu não ia encontrar tal pessoa. Se fosse um cara que já tivesse ficado, talvez. Não ia ligar e falar: Oi, quero muito te ver, você pode fazer um teste e, depois do exame, ficar em casa até sair o resultado?. Tenho taquicardia só de pensar em ter alguém morando na minha casa. É muito libertador falar isso. Quantas vezes não estava de boa e tinha que fingir que estava bem? Cheguei a perguntar para as minhas amigas: Vocês estão com vontade de mandar mensagem para o ex mesmo ou é só um meme? Nos últimos meses, não tive vontade de mandar mensagem para ex.

Sendo assim, Bruna encontrou outras maneiras de passar o tempo.

Sexo é a maior troca de energia entre seres humanos. Não transo só pelo prazer. Se for por isso, tem outras maneiras de se satisfazer sozinha. Não consigo banalizar. Escuto muito isso: Ser solteiro está foda!. Eu falo: Gente, estamos em 2020, ninguém tem um vibrador?. Sei que é delicado falar, não gosto de ficar escancarando a minha vida sexual... Só consigo me relacionar com quem eu confio, admiro e conheço, pelo menos, um pouco. Mas não julgo. Cada um vive de acordo com as suas escolhas. Essa é a minha.

A atriz, inclusive, se sente bastante segura com as suas escolhas. Em 2020, ela declarou que iria encerrar o seu contrato com a Rede Globo para se dedicar a outros projetos. 

Na minha profissão, vou ter sempre que escolher entre liberdade e segurança. É muito bom poder escolher pela liberdade e viver com mais leveza.

E por mais que o novo sempre cause medo, Bruna admite que não teve problemas em realizar essa transição. 

- Foi maravilhoso! Eu desejava sair de um contrato de exclusividade há muito tempo. Queria muito ter liberdade para ser dona das minhas escolhas. Até porque essa profissão é muito ingrata: uma escolha errada e você coloca tudo a perder. Sou infinitamente grata. Passei mais tempo nos estúdios da Globo do que dentro da minha própria casa. Mas chegou um momento em que, graças ao meu trabalho, poderia parar uns meses para estudar, fazer uma faculdade, um curso de atuação ou direção. Tenho oportunidade de trabalhar fora do país, trabalhar com moda, que é uma das grandes paixões, trabalhar com fotografia, trabalhar como produtora.

Na série Maldivas, da Netflix, a beldade fará uma participação como atriz no elenco principal, mas já trabalhará como diretora em outra obra.

Já tenho outro projeto engatilhado, um trabalho em que já entro como produtora criativa. O roteirista perguntou se eu queria dirigir um episódio. Achei a proposta muito louca, mas topei! Vou me arriscar um pouco mais. A produtora é comandada por uma mulher, negra, de muita sensibilidade, a Maria Angela, que me acolheu.

E é claro que ela iria falar sobre o seu cabelo, não é?

Fiz uma transição capilar e precisava tirar o resto de química dos fios. A única maneira era fazer em camadas. Fiquei com medo de ficar parecida com um poodle, mas acho que ficou cool. E, o que é melhor, não sou mais escrava de escova progressiva.

Mais consciente, a artista aprendeu nos últimos anos que precisava controlar melhor os seus gastos.

- Gasto muito, e isso é um problema. Tenho que trabalhar diariamente a minha conscientização sobre dinheiro. Eu cresci com a minha mãe administrando isso para mim. Pulei fases essenciais para aprender a administrar os ganhos. A minha consultora financeira me perguntou o que, envolvendo dinheiro, me fazia feliz. Não sabia colocar em ordem de importância, mas listei: a minha segurança e a da minha família em saúde, filantropia, viabilização dos meus projetos artísticos, viagens e imprevistos. Daí, comecei a aprender que precisava abrir mão de algumas coisas que não cabiam no meu orçamento... Eu amo moda. Se deixar, consumo muito. Quando os estilistas que admiro lançam uma coleção, fico nervosa! E ainda tenho uma stylist consciente, só que não! Então faço cada compra que... Deus do céu. Depois levo bronca da minha consultora. O bom de ser uma pessoa de fora é que a gente engole. Com a minha mãe, eu rebatia.

Outra mudança perceptível em Bruna é o seu posicionamento em relação a causas sociais.

- Há alguns anos, comecei a escutar sobre o feminismo e entendi algumas situações que vivo diariamente só por ser mulher. Percebi que eu era vítima diariamente da cultura machista. Falo de um lugar de privilégios, mas pensando em quantas mulheres passaram por casos trágicos e histórias irreversíveis por conta da cultura machista, não consigo entender quem ainda não se diz feminista. A mesma coisa com o antirracismo. É lamentável como pessoas que não sentem esse mal na pele acabam entendendo que essa doença que mata e destrói vidas é um problema do outro. 

Apesar de reconhecer que se encaixa em muitos padrões, a atriz se preocupa em ter empatia por realidades diferentes da sua.

- Tenho muita consciência dos meus privilégios. O que não quer dizer que tudo sempre foi muito fácil, mas, enfim, talvez por isso, sinto a necessidade de usar minha voz para lutar contra tudo que está errado. Acredito que quanto mais privilégio você tem, maior sua responsabilidade. Se já é difícil para quem tem privilégios, imagina para quem não tem. O mais importante é sempre manter a escuta aberta. Sempre estive em contato com pessoas de diferentes realidades. Não nasci nessa bolha de privilégios, nasci em Duque de Caxias. Saí da Baixada com nove anos de idade, meus pais têm uma história e um background completamente diferentes do meu. Então, cresci com o olhar voltado para o outro.

Quando vê um comentário machista nas redes sociais, a estrela precisa administrar os seus sentimentos para não perder o foco.

Sinto um misto de nojo com preguiça e tristeza. É tão cansativo lidar com o desejo do outro de permanecer ignorante. De verdade, não consigo aceitar, acho que tem pessoas que gostam de ver as coisas como estão, mesmo vendo que é injusto e cruel. Se a cada comentário machista eu me permitisse sentir tudo isso em uma potência elevada, eu não teria vida, seria rancorosa. Temos que conseguir focar na força que o movimento ganhou e pensar nas coisas boas. [...] E é óbvio que é ainda mais triste quando o comentário vem de uma mulher que também é vitima de machismo e só fortalece essa estrutura julgando outras mulheres. Desmotiva, e por isso não me permito perder muito tempo com isso.

Retrospectiva

Na entrevista, ela também contou como foi o seu 2020, um ano totalmente atípico para todas as pessoas.

- Acho que foi um ano muito difícil para todo mundo, né? Para mim, foi emocionalmente instável. Passava metade do meu dia tentando meditar... Uma gangorra muito louca! Pensava: Hoje vou me alimentar bem, e terminava o dia comendo um pote de Nutella. Ou Hoje vou criar maneiras de ajudar as ONGs que apoio, e acabava pedindo socorro para a terapeuta. Além da Netflix, outras possibilidades de trabalho surgiram [Bruna fechou contrato com o Grupo Arezzo para ser garota-propaganda da Brizza, nova marca de sandálias de Alexandre Birman) e me fizeram muito bem. Então, ao mesmo tempo que foi um ano muito difícil, eu seria hipócrita se dissesse que foi um ano ruim... É difícil ser grata por um ano em que tanta gente sofreu e morreu. Me sinto até culpada. Enfim, 2020 foi bem complexo.

Bruna sabe o quão importante é a questão da saúde mental, mas assume que, infelizmente, não consegue priorizar isso na sua agenda.

Procurei uma terapeuta quando tive depressão, há uns três, quatro anos. O problema é que, como não tenho rotina e, na minha profissão, é tudo de uma hora para outra, tenho uma dificuldade enorme de me priorizar. As questões emocionais deixo de lado, para quando a vida ficar um pouco menos agitada. Desapareço umas semanas, depois marco uma consulta. Volto pedindo arrego.

A atriz diz que não se sente confortável em compartilhar alguns pensamentos e características sobre si, mas que vem lidando com algumas inseguranças.

- O que posso falar, porque é uma característica da minha geração, é sobre a insegurança. Cresci diante dos olhos do público, e isso me fez criar uma consciência muito grande sobre o olhar do outro. Além da minha observação, que é extremamente crítica. Eu sou a minha pior hater. Comecei a trabalhar numa época na qual me ensinaram que o certo era construir uma imagem perfeita, [de uma] artista que não tinha problemas. Não tinha problema de família, de saúde, não sofria. Acho que nem ao banheiro ia.

E continua.

Colocavam o artista num pedestal. E isso não era só um movimento do público ou da imprensa, a pessoa se blindava e não deixava ninguém enxergar a sua vulnerabilidade. A minha geração foi desconstruindo isso, porque acredita que a força está na vulnerabilidade. A gente se ajuda muito mais não com exemplo de perfeição, mas com exemplo real. Aliás, nem com exemplo! Eu detesto quando falam que sou exemplo. Não sou modelo para ninguém. Sou só mais uma mulher de 25 anos, trilhando o seu caminho, aprendendo diariamente como lidar com tudo isso. Eu acho que ajudo muito mais quando falo sobre depressão do que quando estou de bonita no meu Instagram. [...] Que imagem é essa que estou passando ou as pessoas estão construindo sobre mim? Sempre entro numa sala achando que a pessoa me detesta. É o mecanismo de defesa que criei. Então, me freio muito. A minha insegurança é mais comigo mesma do que com o outro.

Por fim, ela revela os seus sentimentos sobre a Bruna Marquezine de cinco anos atrás.

Sinto amor, compaixão e empatia e por tudo que ela estava vivendo. Me sinto feliz, pois sei onde ela está hoje.

A seguir, relembre os papéis mais marcantes da atriz na televisão: