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Publicada em 16/04/2021 às 04:30 | Atualizada em 16/04/2021 às 14:41

Com proposta de valorizar a diversidade, TV Cultura estreia programa Estação Livre: - É a abertura de vozes

O programa, apresentado por Cris Guterres, traz um protagonismo de mulheres negras

Yasmin Luara

Montagem-Divulgação

Um programa sobre o que importa. É assim que a TV Cultura descreve seu novo produto jornalístico, o Estação Livre. Com apresentação da jornalista Cris Guterres e dirigido por Kelly Castilho, duas mulheres negras, a produção promete valorizar a diversidade do Brasil ao mesmo tempo que abre espaço para a cultura negra. Em conversa exclusiva com o ESTRELANDO, a dupla falou um pouco mais sobre o projeto, e Cris comentou sobre a escolha do nome do programa:

- Está muito relacionado com essa questão da liberdade, do poder estar onde nós quisermos. A gente sabe que aqui no Brasil tem uma questão de que não é toda a população que pode estar na televisão, então está muito relacionado a essa possibilidade, essa liberdade de circulação e de pensar: eu posso estar onde eu quiser, eu posso ser o que eu quiser, sem que existam barreiras.

A apresentadora segue comentando sobre a importância de um programa jornalístico que se importe em trazer mais diversidade tanto para a frente das telas quanto por detrás das câmeras ao mesmo tempo que trata de assuntos do cotidiano dos telespectadores. Para Cris, projetos feitos com uma equipe diversa tem um impacto diferente:

- A importância [do Estação Livre] é imensa. Mais uma vez a TV Cultura dá um pontapé à frente e reconhece a possibilidade da diversidade dentro da televisão. É um programa onde a gente tem pessoas pretas como protagonistas, na produção, na apresentação, na elaboração. A gente sabe o quão valioso é o resultado de algo feito por pessoas diferentes, a positividade é muito maior, o resultado alcança muito mais gente. É a abertura de vozes. Quando a gente está aí lutando, dizendo que vidas negras importam, que vidas de pessoas trans importam, é um pedido para que essas pessoas também sejam ouvidas. Então estamos falando de um programa jornalístico que permitiu um protagonismo maior de pessoas negras, mas é um programa feito para todo mundo. Todo mundo pode assistir, pode se identificar com esse programa porque ele tem uma riqueza muito grande.

Cris fala ainda sobre a importância de que as pessoas se sintam representadas na televisão e que sejam dadas oportunidades para que elas ocupem esses postos. Ela relembra que, de acordo com uma pesquisa feita pelo IBGE, cerca de 54% da população brasileira se identifica como negra ou parda, sendo que as mulheres negras representam 27% da população. Apesar disso, a jornalista destaca que a presença dessas pessoas em programas televisivos ainda é escassa.

Apesar de, no ano de 2020, diversas pessoas negras terem se destacado em programas de entretenimento na televisão - como foi o caso de Thelma Assis, vencedora do BBB20, Jojo Todynho, vencedora de A Fazenda 12, e Victor Alves, vencedor do The Voice Brasil -, Cris Guterres destaca que a conquista da representatividade negra na realidade da televisão brasileira ainda tem um longo caminho pela frente:

- É uma realidade a presença de pessoas negras nesses programas, mas isso ainda não representa nenhuma mudança para o país. A presença de pessoas negras vai representar mudança para o país quando elas estiverem em posição de decisão. Eu sei o quanto é imprescindível a gente reconhecer a vitória de Jojo Toddynho na Fazenda. Poxa, uma mulher negra, gorda, é uma imagem que a gente não vê na televisão. Mas é muito mais impactante uma pessoa negra discutindo negócios, discutindo economia na televisão. Isso gera mudanças comportamentais absurdas. É sobre uma criança negra assistir à televisão e dizer: Eu posso ser médica, posso ser economista, eu posso ser o que eu quiser. É isso que o Estação Livre tende a provocar na população.

Tendo estreado na última sexta-feira, dia 9, o Estação Livre faz parte da nova grade de jornalismo da emissora e promete trazer diferentes temáticas a cada episódio, além de uma diversidade de entrevistados em cada um dos quatro blocos do programa - e, como conta a diretora Kelly Castilho, os telespectadores podem esperar por alguns rostinhos mais conhecidos passando pelas telas:

- Sonhos nós temos [risos]. Temos muitos nomes nas nossas pautas, e com certeza espero que essas pessoas estejam conosco. São nomes bem legais que nós queremos trazer para a conversa, de alguma forma também bem ativa, uma coisa legal, uma conversa mais potencializando todo o projeto e o trabalho de cada pessoa, então acredito que logo logo vocês vão ver nomes bem legais.

Apesar disso, o programa irá se preocupar em trazer personalidades que não conquistaram a fama, mas que se destacaram em diferentes áreas de atuação, a fim de mostrar ao público uma mistura de novas inspirações. É o que destaca Kelly:

- É mais do que necessário um programa como o Estação Livre, justamente porque a gente precisa que cada um enxergue e veja a potência que tem em várias pessoas, independente se ela é negra ou se ela é branca. E principalmente os negros, porque até então isso não é pautado. Se você abrir uma revista, você vai ver nomes já famosos que estão o tempo todo nas mesmas revistas. Mas e as outras pessoas incríveis, talentos, cientistas, grandes empresários, escritores, chefs de cozinha, pessoas que realmente fazem a diferença dentro do mercado em geral, do nosso Brasil em si. Cadê essas pessoas? Tem pessoas que são conhecidas e pessoas que não são conhecidas, então nós vamos ter essa mistura.

Por fim, Cris ressalta que a diversidade é a palavra da vez para o programa, tanto nas pautas que irá abordar quanto na equipe que atua dentro da produção, que é composta por homens e mulheres negros, brancos e de descendência asiática. Além disso, a apresentadora afirma que o objetivo da proposta é realmente causar um impacto na sociedade:

- Esse projeto está aqui pra fazer a diferença. As pessoas estão preparadas, as pessoas são muito cultas, nós conseguimos ter uma troca muito grande de coisas essenciais, conteúdo bacana, conteúdo realmente rico, e isso vai fazer muita diferença.

O Estação Livre vai ao ar todas as sextas-feiras, às 22h, e promete uma variedade de temas como empreendedorismo, comunidades, literatura, dança, gastronomia e artes plásticas.

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Com proposta de valorizar a diversidade, <i>TV Cultura</i> estreia programa <i>Estação Livre: - É a abertura de vozes</i>

Com proposta de valorizar a diversidade, TV Cultura estreia programa Estação Livre: - É a abertura de vozes

18/Abr/

Um programa sobre o que importa. É assim que a TV Cultura descreve seu novo produto jornalístico, o Estação Livre. Com apresentação da jornalista Cris Guterres e dirigido por Kelly Castilho, duas mulheres negras, a produção promete valorizar a diversidade do Brasil ao mesmo tempo que abre espaço para a cultura negra. Em conversa exclusiva com o ESTRELANDO, a dupla falou um pouco mais sobre o projeto, e Cris comentou sobre a escolha do nome do programa:

- Está muito relacionado com essa questão da liberdade, do poder estar onde nós quisermos. A gente sabe que aqui no Brasil tem uma questão de que não é toda a população que pode estar na televisão, então está muito relacionado a essa possibilidade, essa liberdade de circulação e de pensar: eu posso estar onde eu quiser, eu posso ser o que eu quiser, sem que existam barreiras.

A apresentadora segue comentando sobre a importância de um programa jornalístico que se importe em trazer mais diversidade tanto para a frente das telas quanto por detrás das câmeras ao mesmo tempo que trata de assuntos do cotidiano dos telespectadores. Para Cris, projetos feitos com uma equipe diversa tem um impacto diferente:

- A importância [do Estação Livre] é imensa. Mais uma vez a TV Cultura dá um pontapé à frente e reconhece a possibilidade da diversidade dentro da televisão. É um programa onde a gente tem pessoas pretas como protagonistas, na produção, na apresentação, na elaboração. A gente sabe o quão valioso é o resultado de algo feito por pessoas diferentes, a positividade é muito maior, o resultado alcança muito mais gente. É a abertura de vozes. Quando a gente está aí lutando, dizendo que vidas negras importam, que vidas de pessoas trans importam, é um pedido para que essas pessoas também sejam ouvidas. Então estamos falando de um programa jornalístico que permitiu um protagonismo maior de pessoas negras, mas é um programa feito para todo mundo. Todo mundo pode assistir, pode se identificar com esse programa porque ele tem uma riqueza muito grande.

Cris fala ainda sobre a importância de que as pessoas se sintam representadas na televisão e que sejam dadas oportunidades para que elas ocupem esses postos. Ela relembra que, de acordo com uma pesquisa feita pelo IBGE, cerca de 54% da população brasileira se identifica como negra ou parda, sendo que as mulheres negras representam 27% da população. Apesar disso, a jornalista destaca que a presença dessas pessoas em programas televisivos ainda é escassa.

Apesar de, no ano de 2020, diversas pessoas negras terem se destacado em programas de entretenimento na televisão - como foi o caso de Thelma Assis, vencedora do BBB20, Jojo Todynho, vencedora de A Fazenda 12, e Victor Alves, vencedor do The Voice Brasil -, Cris Guterres destaca que a conquista da representatividade negra na realidade da televisão brasileira ainda tem um longo caminho pela frente:

- É uma realidade a presença de pessoas negras nesses programas, mas isso ainda não representa nenhuma mudança para o país. A presença de pessoas negras vai representar mudança para o país quando elas estiverem em posição de decisão. Eu sei o quanto é imprescindível a gente reconhecer a vitória de Jojo Toddynho na Fazenda. Poxa, uma mulher negra, gorda, é uma imagem que a gente não vê na televisão. Mas é muito mais impactante uma pessoa negra discutindo negócios, discutindo economia na televisão. Isso gera mudanças comportamentais absurdas. É sobre uma criança negra assistir à televisão e dizer: Eu posso ser médica, posso ser economista, eu posso ser o que eu quiser. É isso que o Estação Livre tende a provocar na população.

Tendo estreado na última sexta-feira, dia 9, o Estação Livre faz parte da nova grade de jornalismo da emissora e promete trazer diferentes temáticas a cada episódio, além de uma diversidade de entrevistados em cada um dos quatro blocos do programa - e, como conta a diretora Kelly Castilho, os telespectadores podem esperar por alguns rostinhos mais conhecidos passando pelas telas:

- Sonhos nós temos [risos]. Temos muitos nomes nas nossas pautas, e com certeza espero que essas pessoas estejam conosco. São nomes bem legais que nós queremos trazer para a conversa, de alguma forma também bem ativa, uma coisa legal, uma conversa mais potencializando todo o projeto e o trabalho de cada pessoa, então acredito que logo logo vocês vão ver nomes bem legais.

Apesar disso, o programa irá se preocupar em trazer personalidades que não conquistaram a fama, mas que se destacaram em diferentes áreas de atuação, a fim de mostrar ao público uma mistura de novas inspirações. É o que destaca Kelly:

- É mais do que necessário um programa como o Estação Livre, justamente porque a gente precisa que cada um enxergue e veja a potência que tem em várias pessoas, independente se ela é negra ou se ela é branca. E principalmente os negros, porque até então isso não é pautado. Se você abrir uma revista, você vai ver nomes já famosos que estão o tempo todo nas mesmas revistas. Mas e as outras pessoas incríveis, talentos, cientistas, grandes empresários, escritores, chefs de cozinha, pessoas que realmente fazem a diferença dentro do mercado em geral, do nosso Brasil em si. Cadê essas pessoas? Tem pessoas que são conhecidas e pessoas que não são conhecidas, então nós vamos ter essa mistura.

Por fim, Cris ressalta que a diversidade é a palavra da vez para o programa, tanto nas pautas que irá abordar quanto na equipe que atua dentro da produção, que é composta por homens e mulheres negros, brancos e de descendência asiática. Além disso, a apresentadora afirma que o objetivo da proposta é realmente causar um impacto na sociedade:

- Esse projeto está aqui pra fazer a diferença. As pessoas estão preparadas, as pessoas são muito cultas, nós conseguimos ter uma troca muito grande de coisas essenciais, conteúdo bacana, conteúdo realmente rico, e isso vai fazer muita diferença.

O Estação Livre vai ao ar todas as sextas-feiras, às 22h, e promete uma variedade de temas como empreendedorismo, comunidades, literatura, dança, gastronomia e artes plásticas.