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Publicada em 15/06/2021 às 15:20 | Atualizada em 15/06/2021 às 15:48

Filha de Bussunda relembra reação ao saber da morte do pai, quando tinha 12 anos de idade: - Uma injustiça enorme

Júlia Besserman dirigiu um dos episódios da série Meu Amigo Bussunda, que estreia dia 17 de junho no Globoplay

Da Redação

Montagem-Divulgação

A roteirista e professora de storytelling Júlia Besserman tem boas memórias do pai, Cláudio Besserman Viana, mais conhecido como Bussunda. Quando criança, Júlia acreditava que o humorista era um super-herói, e que o poder dele vinha de sua enorme barriga. Os dois também passavam muito tempo na praia; ele a ensinou a pegar onda, jacaré, a saber a diferença entre vale e boca, e até mandou fazer uma prancha para que toda a família fizesse aulas de surf no Havaí. Infelizmente, não deu tempo. A prancha nunca mais saiu de casa e Júlia não quis mais saber do mar.

Em entrevista ao jornal O Globo, a jovem fala de sua reação ao saber da morte do pai, quando ela tinha apenas 12 anos de idade. Bussunda morreu em junho de 2006, oito dias antes de seu aniversário de 44 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco.

Me perguntei Por quê?, Por que com a gente?. Achei uma injustiça enorme. A sensação foi de um balde de água fria, que gela da cabeça aos pés. Imediatamente, comecei a chorar.

Júlia diz acreditar que desenvolveu miopia após o impacto da morte do comediante.

Quando meu pai morreu, eu fiquei míope. Meu avô era, tem genética aí. Tive convergência nos olhos antes, e o médico disse que eu, provavelmente, ia ser míope. Mas foi coisa de quatro meses depois da morte, acho que ela acelerou o processo.

Procurar ajuda psicológica, inclusive, também foi muito importante para que a roteirista aprendesse a lidar com a perda.

No início, não quis fazer [terapia]. Tive a sensação de que tinha que passar por cima dos meus sentimentos. Fiquei de luto por um mês, e voltei à escola na época das provas. Botei na minha cabeça que tinha sido suficiente. Aí, cheguei na faculdade muito mal. Claramente, não lidei com nada. Há dez anos faço terapia. [Tive que elaborar] a revolta e um sentimento infundado de culpa. Pensava Se tivesse ligado no dia, talvez ele tivesse ido ao médico ou Se estivesse perto, não teria acontecido. Essas fantasias que a gente cria.

Ela, que dirigiu um dos episódios da série Meu Amigo Bussunda, que estreia dia 17 de julho no Globoplay, ainda refletiu sobre a diferença que o projeto fez em sua vida.

Me forçou a revisitar a relação que tinha com ele e com o trabalho dele. Essa coisa da praia e da miopia eu também não tinha juntado até o documentário. Ele era meu parceiro de praia e, depois que morreu, fiquei míope e não fui muito mais à praia. Não vou sozinha, preciso ter alguém para saber se está seguro, porque mal enxergo as ondas. Ver o legado que deixou e a escola com o nome dele (um colégio municipal em Rio das Pedras) também foi bom.

A produção também a ajudou a superar o medo do mar.

Superei um pouco. Nesse dia de gravação, consegui entrar na água com a prancha dele e senti como se fosse um fechamento. Ela nunca tinha ido para a água. Teve uma única vez em que ele tentou levá-la e brincou que ela tinha ficado com medo e não quis entrar... Mas, dessa vez, eu entrei (ela se emociona).

No documentário, Júlia se surpreende com algumas piadas feitas pelo pai, que hoje em dia seriam vistas como impróprias.

Eu fiquei um tempão sem revisitar o humor do meu pai, e, quando revisitei, nos tempos atuais, vi piadas que falei Nossa. Fiquei nessa dúvida se elas significavam algo maior sobre o que ele pensava. As conversas ajudaram, principalmente com a Noemia Oliveira (humorista entrevistada no seriado), que fala sobre a relação com um pai que também errou.

A professora também conta o que diria ao artista caso o encontrasse atualmente.

Cheguei a um ponto do luto em que nem sinto mais pena por mim, mas pelo que ele não pôde presenciar. Minhas formaturas, eu virar professora... Ele não viu os filme da Marvel, adorava quadrinhos. Ia adorar Tik Tok, se amarraria em rede social por vídeo. A questão do humor eu não ia questionar, seria o último assunto que puxaria, não ia gastar o encontro com isso. Seria mais colocar o papo em dia sobre o mundo mesmo. [E diria] aquele clichê sobre o quanto eu o amava. Queria que soubesse que foi um p**a pai mesmo pelo tempo curto, que isso eu não por trocaria por nada.

E fala sobre as semelhanças que tem com o ator.

Minha cara é do meu pai, mas meu superpoder não é minha barriga (risos). Meu humor é parecido com o dele, a timidez. Se me mandam mensagem de trabalho sábado, fico irritadíssima, como ele ficava. O apetite é diferente. Ele comia de tudo, eu sou chata para comer.

Por fim, Júlia refletiu sobre a morte precoce do pai.

Sou agnóstica, não sei se tem ou não. Tento ser positiva. Se tem algum significado a morte dele foi aproximar a mim e minha mãe ainda mais. A gente virou uma unidade. Tenho amigas e fãs do meu pai que dizem que sonharam com ele e acreditam que está precisando de algo. Eu já pedi a ele que, se estiver, venha aqui escrever com sangue na parede (risos). Mas acho que minha mãe ameaçou que, se ele escrever algo na parede, vai ter que limpar. Então, ele não quis (risos).

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Filha de Bussunda relembra reação ao saber da morte do pai, quando tinha 12 anos de idade: - Uma injustiça enorme

25/Abr/

A roteirista e professora de storytelling Júlia Besserman tem boas memórias do pai, Cláudio Besserman Viana, mais conhecido como Bussunda. Quando criança, Júlia acreditava que o humorista era um super-herói, e que o poder dele vinha de sua enorme barriga. Os dois também passavam muito tempo na praia; ele a ensinou a pegar onda, jacaré, a saber a diferença entre vale e boca, e até mandou fazer uma prancha para que toda a família fizesse aulas de surf no Havaí. Infelizmente, não deu tempo. A prancha nunca mais saiu de casa e Júlia não quis mais saber do mar.

Em entrevista ao jornal O Globo, a jovem fala de sua reação ao saber da morte do pai, quando ela tinha apenas 12 anos de idade. Bussunda morreu em junho de 2006, oito dias antes de seu aniversário de 44 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco.

Me perguntei Por quê?, Por que com a gente?. Achei uma injustiça enorme. A sensação foi de um balde de água fria, que gela da cabeça aos pés. Imediatamente, comecei a chorar.

Júlia diz acreditar que desenvolveu miopia após o impacto da morte do comediante.

Quando meu pai morreu, eu fiquei míope. Meu avô era, tem genética aí. Tive convergência nos olhos antes, e o médico disse que eu, provavelmente, ia ser míope. Mas foi coisa de quatro meses depois da morte, acho que ela acelerou o processo.

Procurar ajuda psicológica, inclusive, também foi muito importante para que a roteirista aprendesse a lidar com a perda.

No início, não quis fazer [terapia]. Tive a sensação de que tinha que passar por cima dos meus sentimentos. Fiquei de luto por um mês, e voltei à escola na época das provas. Botei na minha cabeça que tinha sido suficiente. Aí, cheguei na faculdade muito mal. Claramente, não lidei com nada. Há dez anos faço terapia. [Tive que elaborar] a revolta e um sentimento infundado de culpa. Pensava Se tivesse ligado no dia, talvez ele tivesse ido ao médico ou Se estivesse perto, não teria acontecido. Essas fantasias que a gente cria.

Ela, que dirigiu um dos episódios da série Meu Amigo Bussunda, que estreia dia 17 de julho no Globoplay, ainda refletiu sobre a diferença que o projeto fez em sua vida.

Me forçou a revisitar a relação que tinha com ele e com o trabalho dele. Essa coisa da praia e da miopia eu também não tinha juntado até o documentário. Ele era meu parceiro de praia e, depois que morreu, fiquei míope e não fui muito mais à praia. Não vou sozinha, preciso ter alguém para saber se está seguro, porque mal enxergo as ondas. Ver o legado que deixou e a escola com o nome dele (um colégio municipal em Rio das Pedras) também foi bom.

A produção também a ajudou a superar o medo do mar.

Superei um pouco. Nesse dia de gravação, consegui entrar na água com a prancha dele e senti como se fosse um fechamento. Ela nunca tinha ido para a água. Teve uma única vez em que ele tentou levá-la e brincou que ela tinha ficado com medo e não quis entrar... Mas, dessa vez, eu entrei (ela se emociona).

No documentário, Júlia se surpreende com algumas piadas feitas pelo pai, que hoje em dia seriam vistas como impróprias.

Eu fiquei um tempão sem revisitar o humor do meu pai, e, quando revisitei, nos tempos atuais, vi piadas que falei Nossa. Fiquei nessa dúvida se elas significavam algo maior sobre o que ele pensava. As conversas ajudaram, principalmente com a Noemia Oliveira (humorista entrevistada no seriado), que fala sobre a relação com um pai que também errou.

A professora também conta o que diria ao artista caso o encontrasse atualmente.

Cheguei a um ponto do luto em que nem sinto mais pena por mim, mas pelo que ele não pôde presenciar. Minhas formaturas, eu virar professora... Ele não viu os filme da Marvel, adorava quadrinhos. Ia adorar Tik Tok, se amarraria em rede social por vídeo. A questão do humor eu não ia questionar, seria o último assunto que puxaria, não ia gastar o encontro com isso. Seria mais colocar o papo em dia sobre o mundo mesmo. [E diria] aquele clichê sobre o quanto eu o amava. Queria que soubesse que foi um p**a pai mesmo pelo tempo curto, que isso eu não por trocaria por nada.

E fala sobre as semelhanças que tem com o ator.

Minha cara é do meu pai, mas meu superpoder não é minha barriga (risos). Meu humor é parecido com o dele, a timidez. Se me mandam mensagem de trabalho sábado, fico irritadíssima, como ele ficava. O apetite é diferente. Ele comia de tudo, eu sou chata para comer.

Por fim, Júlia refletiu sobre a morte precoce do pai.

Sou agnóstica, não sei se tem ou não. Tento ser positiva. Se tem algum significado a morte dele foi aproximar a mim e minha mãe ainda mais. A gente virou uma unidade. Tenho amigas e fãs do meu pai que dizem que sonharam com ele e acreditam que está precisando de algo. Eu já pedi a ele que, se estiver, venha aqui escrever com sangue na parede (risos). Mas acho que minha mãe ameaçou que, se ele escrever algo na parede, vai ter que limpar. Então, ele não quis (risos).