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Publicada em 02/07/2022 às 00:00 | Atualizada em 01/07/2022 às 13:01

Em cartaz com a peça Longa Jornada Noite Adentro, Ana Lúcia Torre revela com quem ainda sonha em dividir os palcos

Em um bate-papo exclusivo com o ESTRELANDO, a atriz compartilhou informações da preparação e bastidores da produção

Bárbara More

Divulgação-TV Globo

Ana Lúcia Torre está em cartaz nos teatros de São Paulo com a peça Longa Jornada Noite Adentro, baseada na obra máxima do dramaturgo Eugene O´Neill. A atriz integra o elenco da produção como a protagonista Mary, membro da família Tyrone que usa de diferentes artifícios para esconder dos filhos seu vício em morfina. O trabalho é um drama familiar que se passa em 1912 e em um único dia. 

Em um bate-papo exclusivo com o ESTRELANDO, Ana Lúcia revela detalhes da peça de teatro e explicou as características da complexa personagem, que se tornou viciada na substância, com pouco ou nenhum contato com a realidade, desde o nascimento do filho mais novo.

- É uma mulher que teve uma boa formação, estudou em uma ótima escola e se apaixonou por um ator de teatro. Isso em 1910 e 1920 era uma coisa fora da curva. Ela é uma mãe de família que tenta deixar essa família unida. Mas completamente apaixonada pelo marido, que durante muitos anos da carreira viveu de excursões em excursões teatrais e ela ia atrás dele com os filhos e tudo. Em dado momento, por um motivo de saúde, foi recomendada a ela uma medicação que ela começou a tomar e tempos depois se descobriu que aquilo era morfina e, obviamente, ela ficou viciada.

Vencedora do Prêmio Pulitzer, em 1957, Longa Jornada Noite Adentro é uma das mais relevantes obras teatrais do século XX e, para muitos críticos ela marca, inclusive, o surgimento do teatro moderno nos Estados Unidos da América. Apesar da obra já ter recebido inúmeras adaptações do palco e nas telas, a intérprete de Mary conta que não se inspirou no trabalho de nenhuma atriz para interpretar a personagem tão aclamada pelo público e, na preparação, usou conhecimentos adquiridos através de muito estudo. 

- Não me inspirei em nenhuma atriz. Eu já tinha assistido esse espetáculo com a fabulosa Cleyde Yáconis, mas faz muitos anos. Eu só fui ver alguma coisa feita em vídeo depois que eu estreei. Eu acho que, quando você lê ao longo da vida, não especificamente agora, mas quando você lê coisas sobre adicção, quando você conhece alguma família na qual existe uma pessoa adicta, você fica sabendo os limites e os meandros de todos esses membros da família e como isso afeta a todos. Foram esses pequenos detalhes de informações que durante a vida eu tive que me levaram a fazer esse personagem. Com a ajuda também do meu diretor.

Ela também revela qual a parte mais desafiadora de interpretar Mary Tyrone. 

- O difícil de interpretar um personagem desses são as mudanças de humor, de atitude, de comportamento que acontecem em segundos. Em um segundo ela estava rindo, em outro ela estava atacando. Eu acho que essa foi aparte mais difícil. Encontrar esse equilíbrio em ir do zero ao cem e ir do cem ao zero em instantes. Isso foi o mais difícil.

Na peça, a personagem apresenta um estado progressivo de decadência. Ao ser questionada se é difícil se desvencilhar do momento de imersão na personagem após o fim das cenas, a artista explica que por estar apresentando a peça em um teatro com forma de arena, onde não existem coxias ou backstage, ela abandona os sentimentos do momento ao assistir o restante do elenco se apresentando. 

- Eu não sei, eu sinto cansaço, isso sem dúvida nenhuma. Mas, principalmente nesse espetáculo em que nos ficamos o tempo inteiro presentes, não saímos da cena, mas nos sentamos ali junto com a plateia porque é uma arena. Essa saída do personagem em um estado alterado e eu me sentar na cadeira e assistir meus colegas se apresentando, me faz mudar o foco do meu personagem para o deles. Então não foi tão difícil me desvencilhar desses momentos, mas me cansa bastante.

E compartilha duas curiosidades dos bastidores da produção. 

Para mim foram duas coisas fundamentais que todos tem um forte, um humor, o que torna, não vou dizer mais fácil, mas mais tranquilo para você entrar neste mundo tão violento. A Mary é viciada em morfina, mas os filhos bebem, o marido bebe, então é um círculo vicioso de vícios e ninguém consegue sair dali. Essa foi uma curiosidade. A outra que durante os ensaios que se passaram durante dois meses, de cinco atores e um diretor que participaram da peça, cinco pessoas pegaram Covid-19 durante a encenação e preparação.

Por ser uma atriz com uma longa carreira teatral, Ana diz que foi difícil enfrentar a pandemia longe dos palcos físicos.

- Eu sou, como se costuma dizer, cria do teatro. Esse contato físico com o público é fundamental para nós que temos uma formação teatral. Então foi essa falta de pisar no palco que é o lugar onde eu mais me sinto bem na vida e de não ter o publico presente foi bem difícil.

Além da distância do público dos teatros, a artista ainda gravou a novela Quanto Mais Vida Melhor inteiramente na pandemia. Sobre a experiência, ela revela:

- Foi tranquilo no sentido de que nosso diretor o Allan Fiterman conseguiu montar um elenco incrível de pessoas felizes, todos graças a Deus. Éramos pessoas felizes. Foi difícil porque as exigências de protocolos tanto da Globo quanto meus com relação a me preservar durante a pandemia foram muito rígidas, muito complexos e muito necessários, mas fundamentais para que a obra acontecesse.

Por fim, a atriz de carreira profissional altamente completa e que já protagonizou com vários nomes do teatro, revela com quem sonha em dividir o palco.

Tem várias colegas minhas com as quais eu gostaria muito de trabalhar, eu não sei se de momento eu poderia citar uma, mas seria encantador partilhar um palco com Julia Lemmertz e seria uma alegria profunda voltar a estar no palco junto com duas atrizes que eu considero incríveis e já trabalhei algum tempo em um grupo: Clara Carvalho e Denise Weinberg. 

E aí, ficou curioso para assistir a peça? Se você mora na capital paulista, pode conferir Ana Lúcia Torre como Mary Tyrone no Teatro Tucarena na sexta e sábado às 20h30 e domingo às 18h30. 

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Em cartaz com a peça <i>Longa Jornada Noite Adentro</i>, Ana Lúcia Torre revela com quem ainda sonha em dividir os palcos

Em cartaz com a peça Longa Jornada Noite Adentro, Ana Lúcia Torre revela com quem ainda sonha em dividir os palcos

07/Mai/

Ana Lúcia Torre está em cartaz nos teatros de São Paulo com a peça Longa Jornada Noite Adentro, baseada na obra máxima do dramaturgo Eugene O´Neill. A atriz integra o elenco da produção como a protagonista Mary, membro da família Tyrone que usa de diferentes artifícios para esconder dos filhos seu vício em morfina. O trabalho é um drama familiar que se passa em 1912 e em um único dia. 

Em um bate-papo exclusivo com o ESTRELANDO, Ana Lúcia revela detalhes da peça de teatro e explicou as características da complexa personagem, que se tornou viciada na substância, com pouco ou nenhum contato com a realidade, desde o nascimento do filho mais novo.

- É uma mulher que teve uma boa formação, estudou em uma ótima escola e se apaixonou por um ator de teatro. Isso em 1910 e 1920 era uma coisa fora da curva. Ela é uma mãe de família que tenta deixar essa família unida. Mas completamente apaixonada pelo marido, que durante muitos anos da carreira viveu de excursões em excursões teatrais e ela ia atrás dele com os filhos e tudo. Em dado momento, por um motivo de saúde, foi recomendada a ela uma medicação que ela começou a tomar e tempos depois se descobriu que aquilo era morfina e, obviamente, ela ficou viciada.

Vencedora do Prêmio Pulitzer, em 1957, Longa Jornada Noite Adentro é uma das mais relevantes obras teatrais do século XX e, para muitos críticos ela marca, inclusive, o surgimento do teatro moderno nos Estados Unidos da América. Apesar da obra já ter recebido inúmeras adaptações do palco e nas telas, a intérprete de Mary conta que não se inspirou no trabalho de nenhuma atriz para interpretar a personagem tão aclamada pelo público e, na preparação, usou conhecimentos adquiridos através de muito estudo. 

- Não me inspirei em nenhuma atriz. Eu já tinha assistido esse espetáculo com a fabulosa Cleyde Yáconis, mas faz muitos anos. Eu só fui ver alguma coisa feita em vídeo depois que eu estreei. Eu acho que, quando você lê ao longo da vida, não especificamente agora, mas quando você lê coisas sobre adicção, quando você conhece alguma família na qual existe uma pessoa adicta, você fica sabendo os limites e os meandros de todos esses membros da família e como isso afeta a todos. Foram esses pequenos detalhes de informações que durante a vida eu tive que me levaram a fazer esse personagem. Com a ajuda também do meu diretor.

Ela também revela qual a parte mais desafiadora de interpretar Mary Tyrone. 

- O difícil de interpretar um personagem desses são as mudanças de humor, de atitude, de comportamento que acontecem em segundos. Em um segundo ela estava rindo, em outro ela estava atacando. Eu acho que essa foi aparte mais difícil. Encontrar esse equilíbrio em ir do zero ao cem e ir do cem ao zero em instantes. Isso foi o mais difícil.

Na peça, a personagem apresenta um estado progressivo de decadência. Ao ser questionada se é difícil se desvencilhar do momento de imersão na personagem após o fim das cenas, a artista explica que por estar apresentando a peça em um teatro com forma de arena, onde não existem coxias ou backstage, ela abandona os sentimentos do momento ao assistir o restante do elenco se apresentando. 

- Eu não sei, eu sinto cansaço, isso sem dúvida nenhuma. Mas, principalmente nesse espetáculo em que nos ficamos o tempo inteiro presentes, não saímos da cena, mas nos sentamos ali junto com a plateia porque é uma arena. Essa saída do personagem em um estado alterado e eu me sentar na cadeira e assistir meus colegas se apresentando, me faz mudar o foco do meu personagem para o deles. Então não foi tão difícil me desvencilhar desses momentos, mas me cansa bastante.

E compartilha duas curiosidades dos bastidores da produção. 

Para mim foram duas coisas fundamentais que todos tem um forte, um humor, o que torna, não vou dizer mais fácil, mas mais tranquilo para você entrar neste mundo tão violento. A Mary é viciada em morfina, mas os filhos bebem, o marido bebe, então é um círculo vicioso de vícios e ninguém consegue sair dali. Essa foi uma curiosidade. A outra que durante os ensaios que se passaram durante dois meses, de cinco atores e um diretor que participaram da peça, cinco pessoas pegaram Covid-19 durante a encenação e preparação.

Por ser uma atriz com uma longa carreira teatral, Ana diz que foi difícil enfrentar a pandemia longe dos palcos físicos.

- Eu sou, como se costuma dizer, cria do teatro. Esse contato físico com o público é fundamental para nós que temos uma formação teatral. Então foi essa falta de pisar no palco que é o lugar onde eu mais me sinto bem na vida e de não ter o publico presente foi bem difícil.

Além da distância do público dos teatros, a artista ainda gravou a novela Quanto Mais Vida Melhor inteiramente na pandemia. Sobre a experiência, ela revela:

- Foi tranquilo no sentido de que nosso diretor o Allan Fiterman conseguiu montar um elenco incrível de pessoas felizes, todos graças a Deus. Éramos pessoas felizes. Foi difícil porque as exigências de protocolos tanto da Globo quanto meus com relação a me preservar durante a pandemia foram muito rígidas, muito complexos e muito necessários, mas fundamentais para que a obra acontecesse.

Por fim, a atriz de carreira profissional altamente completa e que já protagonizou com vários nomes do teatro, revela com quem sonha em dividir o palco.

Tem várias colegas minhas com as quais eu gostaria muito de trabalhar, eu não sei se de momento eu poderia citar uma, mas seria encantador partilhar um palco com Julia Lemmertz e seria uma alegria profunda voltar a estar no palco junto com duas atrizes que eu considero incríveis e já trabalhei algum tempo em um grupo: Clara Carvalho e Denise Weinberg. 

E aí, ficou curioso para assistir a peça? Se você mora na capital paulista, pode conferir Ana Lúcia Torre como Mary Tyrone no Teatro Tucarena na sexta e sábado às 20h30 e domingo às 18h30.