Fábio Assunção conta experiências engraçadas no Ceará ao gravar Motel Destino
07/Out/
Fábio Assunção está no elenco de Motel Destino, um filme do Karim Aïnouz, que foi gravado no Ceará e conta com muitas raízes e cultura do estado. Visto isso, na coletiva de imprensa que o ESTRELANDO participou, o ator contou um pouco dos perrengues que passou lá e como foi se adaptar as gírias do local.
Iago Xavier, que interpreta o protagonista do filme, Heraldo, é cearense e foi ajudar o Fábio a entender um pouco mais sobre algumas falas da região, e durante a coletiva, os dois caíram no riso após lembrarem de um momento inusitado! Assunção queria postar uma foto no Instagram e usar uma legenda com gírias regionais e pediu para Iago explicar como elas eram usadas:
- As palavras que o Iago me ensinou, porque ele fala assim: Tu tá frescando! e ele fala: Não fica mangando de mim não! Quando é que tu usa o frescando e quando é que tu usa o mangando?, começa Fábio, recriando a conversa entre os dois.
Xavier começou a rir ao lembrar do dia e começou a contar a história, explicando o que significa cada palavra:
- Nossa, essa história é muito engraçada! Ele foi postar uma foto lá no Instagram, [aí] tirou uma foto lá no motel, na parede e [era] ele e uma sombra. O sol batendo cruel nele e fazendo uma sombra na parede. Aí ele mandou uma mensagem para mim no WhatsApp: Iago, pelo amor de Deus, me ajuda aqui, porque eu quero postar com uma legenda legal, cearense... aí ele mandou, a minha ideia é essa: Eu frescando a sombra. E o sol mangando eu. Aí eu fiquei assim: Mano, pelo amor de Deus! Deixa eu te ensinar. Eu mandei algo pra ele mesmo, porque frescando e mangando é tudo a mesma coisa, que é a zoação, tirar uma onda, tirar um sarro. Só que tem algumas especificidades: frescando é com, [ou seja], eu e você frescando com ele, a gente frescando com ele. E agora o mangando, ele é de, para alguém, então você tá mangando de alguém. Você não pode ultrapassar essas regras da língua brasileira, porque senão fica muito estranho.
Em seguida, o ator principal falou como seria a frase correta: Eu frescando com a sombra. E o sol mangando de mim. E mandou procurarem a foto do Fábio Assunção com a legenda: Depois vocês vão lá no Instagram dele e vão ver essa foto e a legenda estão lá.
Iago também conta que riu com os comentários dos internautas apontando que ele já estava falando como cearense, mas que não quis tirar a moral do amigo com o povo da região:
- E o pessoal dos comentários: Nossa tá falando que nem o Cearense. Meu Deus, você chegou e já aprendeu tão rápido. Aí eu pensei: Não, não vou entregar meu amigo. Vou deixar ele com essa moral.
Além disso, Assunção disse que passou por perrengues até no texto! Segundo ele, no Ceará as pessoas usam muito a palavra macho, e ele estranhou, pois em São Paulo esse apelido não é utilizado como algo positivo e amigo. Seu personagem, o Elias, dono do motel, usava muito esse apelido no roteiro, mas ele contou que precisaram remover, pois ele não acertava o tom correto:
- Eu tinha muita coisa também no texto. Às vezes eu falava assim: Que isso, macho? E aqui em São Paulo, você fala isso, a pessoa dá uma porrada. Aí eu falei: Karim, como é que essa questão do macho? Aí ele explicou e eu tentava falar o macho. [Aí ele:] Não, mas não era assim. E eu falava: Não, olha só macho. Olha só, macho [alternando os tons] até que o Karim falou assim: Esquece o macho. Não, deixa o macho pra lá!
Nataly Rocha, que dá vida à Dayana, esposa de Elias e amante de Heraldo, também relembrou um momento engraçado com o ator:
- Lá no Ceará a gente tem um dia de colocar a cadeira na calçada e ficar vendo a vida, esperando o vento passar... tem um vento refrescante, que tem até nome, que é: Vento Aracati. Aí a gente tem essa mania de sentar e tem o horário do vento passar. E eu falando para o Fábio [sobre].
Fábio então disse que achou interessante a ideia e disse que deu a sugestão de que seus personagens ficassem sentados esperando o vento, mas Nataly achou que não ia dar certo:
- [O Fábio] na calçada ia ser o caos na cidade. E ele: Não, vamos, vamos! Aí teve um dia que ele realizou o sonho dele e conseguiu, porque já tinha uma cadeira lá - geralmente ficam uns banquinhos já prontos para a pessoa ir sentar... o Fábio ficava namorando essa cadeira.
Ele então, disse que não conseguiu ter a experiência desejada:
- Sempre que eu passava e via as pessoas na cadeira, eu pensava: Pô, que sossego. E realmente tinha uma cadeira em frente à casa onde eu estava, mas eu não tinha sossego. Porque eu sentava na cadeira, começava a refletir [e vinha gente perguntar]: Está gostando? Está curtindo a cidade? Eu pensava: Pô, só queria ter uma experiência de ver o carro passar. Mas a gente fez muito isso, e foi muito legal para a gente. Porque lá no motel, inclusive, na hora do almoço a gente colocava música... não vendo a cidade passar, mas a gente ficava vendo a equipe toda de um lado pro outro. Isso foi uma coisa muito boa pra gente.
Embora as experiências engraçadas, Fábio não deixou de demonstrar o carinho pelo Ceará e o Nordeste brasileiro;
- Graças a Deus, o meu trabalho me proporcionou conhecer o Nordeste, as pessoas do Nordeste... Eu acho o Nordeste fenomenal, passo até o réveillon lá.
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