X

NOTÍCIAS

Publicada em 07/12/2023 às 01:00 | Atualizada em 08/12/2023 às 14:42

Ao buscar o Oscar, Bradley Cooper peca em Maestro e cai no famoso didatismo biográfico

A produção da Netflix busca retratar a vida de Leonard Bernstein, com um enfoque em seu casamento

Clara Rocha

Divulgação

Com o clássico apelo a estética do preto e branco, Bradley Cooper - que aqui atua como diretor, co-roteirista, produtor e protagonista - cria um palco que se aproxima do mágico para apresentar ao público a vida do renomado compositor, maestro e pianista Leonard Bernstein. Maestro tem sua narrativa centrada no amor do artista pela atriz de teatro Felicia Montealegre (Carey Mulligan), acompanhado de um casamento marcado por conflitos e diversos casos extraconjugais.

Apesar da polêmica que envolveu o lançamento mundial do filme, onde Cooper foi acusado de antissemitismo devido à prótese que usou no nariz - por qual, felizmente, foi defendido pelos filhos de Bernstein - o longa-metragem já é considerado uma aposta para o Oscar 2024. A homenagem ao criador do musical Amor, Sublime Amor (West Side Story), adaptado ao cinema em 1961 por Jerome Robbins e Robert Wise e, recentemente, por Steven Spielberg - aliás, um dos produtores da cinebiografia, ao lado de Martin Scorsese - é conduzida com uma perfeição técnica, mas parece se distanciar dos pontos de vulnerabilidade do seu personagem principal.

A partir de uma ligação num dia de outono de 1973, quando ainda era apenas um maestro assistente da Filarmônica de Nova York, o artista norte-americano Leonardo Bernstein - morto em 1990 - é retratado realizando sua estreia ao substituir o condutor principal de último minuto e sem nenhum ensaio. De um dia para o outro, vemos a apresentação mudar a sua vida para sempre.

É perceptível que Maestro não está interessado em esmiuçar a biografia de Bernstein em detalhes para quem não o conhece - o que pode acabar deixando muita gente perdida. Aqueles que não estão familiarizados com Leonard Bernstein, se deparam com um retrato do maestro como um artista talentoso e criativo. No entanto, apenas o vemos em grande ação nos momentos finais, quando Leonard/Bradley sobe ao palco e toma as rédeas de todas os instrumentistas diante de si, tendo em contraposição as escolhas pessoais descarrilhadas.

Com uma bela montagem e o aspecto sessentista recriado na primeira parte do enredo, esse segundo ato se torna melodramático até demais e pouco emblemático. Preso em seus casos extraconjugais com homens e diversos rumores, Bernstein decide deixar o casamento normativo com três filhos, mas volta a viver com esposa ao descobrir a luta dela contra o câncer. Consolidado como grande performático, Bernstein tenta manter as aparências, assim como o amor da filha mais velha Jamie, vivida por Maya Hawke (Stranger Things).

Ambos protagonistas são ótimos, no entanto, juntos diante das câmeras naufragam ao se tornarem apenas regulares como casal, uma sensação diferente da química com as ex-parceiras de cena Lady Gaga, em Nasce Uma Estrela (2018) e Jennifer Lawrence - em várias obras. Apesar das mais diversas tentativas, o que falta é uma conexão emotiva. Apesar de não preencher a nossa alma com fortes sensações ou admiração, não perde o seu mérito de grande produção.

Afinal, devo assistir à obra?

Por ser uma biografia não tão convencional, o filme não vai agradar todo mundo já que não se propõe a contar a história da carreira artística de Leonard Bernstein nos mínimos detalhes. Uma decisão, no mínimo, ousada e estranha. Na realidade, Maestro está interessado nos conflitos por trás do gênio musical, focando, principalmente, em seu casamento. Assim, se torna um estudo de personagem fraco e um tanto quanto superficial, mas consegue apresentar uma interessante visão sobre as contradições de um artista entre a vida pessoal e profissional.

Sim, Maestro poderia explorar um tom mais poético e menos expositivo, tal como a mágica parte inicial do filme, apresentando a transição de um profissional para uma estrela. Apesar de pecar ao apostar num didatismo biográfico, ainda chama atenção tecnicamente com sua reconstrução de diferentes períodos da vida de Bernstein e sua caracterização surpreendente - então, por que não se dar a chance se sair encantado com tamanha produção?

Com o lançamento no Festival de Veneza em setembro de 2023, o longa chega à cinemas brasileiros selecionados no dia 7 de dezembro e, no dia 20 de dezembro, à plataforma de streaming Netflix. Abaixo, confira o trailer completo da cine-biografia:


Deixe um comentário

Atenção! Os comentários do portal Estrelando são via Facebook, lembre-se que o comentário é de inteira responsabilidade do autor, comentários impróprios poderão ser denunciados pelos outros usuários, acarretando até mesmo na perda da conta no Facebook.

Enquete

Qual filho de Kate Middleton e Príncipe William você acha mais fofo?

Obrigado! Seu voto foi enviado.

Ao buscar o <i>Oscar</i>, Bradley Cooper peca em <i>Maestro</i> e cai no famoso didatismo biográfico

Ao buscar o Oscar, Bradley Cooper peca em Maestro e cai no famoso didatismo biográfico

28/Abr/

Com o clássico apelo a estética do preto e branco, Bradley Cooper - que aqui atua como diretor, co-roteirista, produtor e protagonista - cria um palco que se aproxima do mágico para apresentar ao público a vida do renomado compositor, maestro e pianista Leonard Bernstein. Maestro tem sua narrativa centrada no amor do artista pela atriz de teatro Felicia Montealegre (Carey Mulligan), acompanhado de um casamento marcado por conflitos e diversos casos extraconjugais.

Apesar da polêmica que envolveu o lançamento mundial do filme, onde Cooper foi acusado de antissemitismo devido à prótese que usou no nariz - por qual, felizmente, foi defendido pelos filhos de Bernstein - o longa-metragem já é considerado uma aposta para o Oscar 2024. A homenagem ao criador do musical Amor, Sublime Amor (West Side Story), adaptado ao cinema em 1961 por Jerome Robbins e Robert Wise e, recentemente, por Steven Spielberg - aliás, um dos produtores da cinebiografia, ao lado de Martin Scorsese - é conduzida com uma perfeição técnica, mas parece se distanciar dos pontos de vulnerabilidade do seu personagem principal.

A partir de uma ligação num dia de outono de 1973, quando ainda era apenas um maestro assistente da Filarmônica de Nova York, o artista norte-americano Leonardo Bernstein - morto em 1990 - é retratado realizando sua estreia ao substituir o condutor principal de último minuto e sem nenhum ensaio. De um dia para o outro, vemos a apresentação mudar a sua vida para sempre.

É perceptível que Maestro não está interessado em esmiuçar a biografia de Bernstein em detalhes para quem não o conhece - o que pode acabar deixando muita gente perdida. Aqueles que não estão familiarizados com Leonard Bernstein, se deparam com um retrato do maestro como um artista talentoso e criativo. No entanto, apenas o vemos em grande ação nos momentos finais, quando Leonard/Bradley sobe ao palco e toma as rédeas de todas os instrumentistas diante de si, tendo em contraposição as escolhas pessoais descarrilhadas.

Com uma bela montagem e o aspecto sessentista recriado na primeira parte do enredo, esse segundo ato se torna melodramático até demais e pouco emblemático. Preso em seus casos extraconjugais com homens e diversos rumores, Bernstein decide deixar o casamento normativo com três filhos, mas volta a viver com esposa ao descobrir a luta dela contra o câncer. Consolidado como grande performático, Bernstein tenta manter as aparências, assim como o amor da filha mais velha Jamie, vivida por Maya Hawke (Stranger Things).

Ambos protagonistas são ótimos, no entanto, juntos diante das câmeras naufragam ao se tornarem apenas regulares como casal, uma sensação diferente da química com as ex-parceiras de cena Lady Gaga, em Nasce Uma Estrela (2018) e Jennifer Lawrence - em várias obras. Apesar das mais diversas tentativas, o que falta é uma conexão emotiva. Apesar de não preencher a nossa alma com fortes sensações ou admiração, não perde o seu mérito de grande produção.

Afinal, devo assistir à obra?

Por ser uma biografia não tão convencional, o filme não vai agradar todo mundo já que não se propõe a contar a história da carreira artística de Leonard Bernstein nos mínimos detalhes. Uma decisão, no mínimo, ousada e estranha. Na realidade, Maestro está interessado nos conflitos por trás do gênio musical, focando, principalmente, em seu casamento. Assim, se torna um estudo de personagem fraco e um tanto quanto superficial, mas consegue apresentar uma interessante visão sobre as contradições de um artista entre a vida pessoal e profissional.

Sim, Maestro poderia explorar um tom mais poético e menos expositivo, tal como a mágica parte inicial do filme, apresentando a transição de um profissional para uma estrela. Apesar de pecar ao apostar num didatismo biográfico, ainda chama atenção tecnicamente com sua reconstrução de diferentes períodos da vida de Bernstein e sua caracterização surpreendente - então, por que não se dar a chance se sair encantado com tamanha produção?

Com o lançamento no Festival de Veneza em setembro de 2023, o longa chega à cinemas brasileiros selecionados no dia 7 de dezembro e, no dia 20 de dezembro, à plataforma de streaming Netflix. Abaixo, confira o trailer completo da cine-biografia: