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Publicada em 26/10/2025 às 01:00 | Atualizada em 24/10/2025 às 14:20

Dione Carlos, colaboradora de roteiro de Guerreiros do Sol, revela o que mais a encantou na novela

A dramaturga conversou com exclusividade com o ESTRELANDO

Bárbara More

Divulgação-Karen Lima

Dione Carlos tem uma carreira de sucesso como atriz e dramaturga. Em entrevista exclusiva ao ESTRELANDO, a premiada roteirista, que é hoje uma das grandes referências do audiovisual e do teatro brasileiro, reflete sobre seu processo de criação, sua visão sobre a arte e o que o espetáculo Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos representa para ela artisticamente. 

Dione começa falando sobre a experiência de ter sido colabora de roteiro de Guerreiros do Sol, novela produzida e exibida pelo Globoplay. A obra é escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, com história retratando o cangaço no sertão nordestino das décadas de 1920 e 1930. A produção conta com artistas como Isadora Cruz, Thomás Aquino, Alice Carvalho, Irandhir Santos, Alinne Moraes e Nathalia Dill no elenco. 

- Mergulhamos na pesquisa sobre o cangaço auxiliados por Frederico Pernambuco de Melo, uma autoridade no assunto. O que mais me encantou no projeto, foi o recorte escolhido: o olhar das mulheres sobre o cangaço e o meio no qual estavam inseridas, além dos melodramas envolvendo personagens LGBTQI+. Tudo muito sensível e humanizado. 

Ela já revelou que escreve com o ouvido, sendo influenciada e alimentada por tudo o que ouve, transformando sons do cotidiano em matéria-prima para histórias. Sobre seu processo de criação, detalha: 

- Acho que escrever pelo ouvido se mantém. O que ouço me alimenta, sejam músicas ou histórias compartilhadas. Acho que tenho uma escuta bem sensível ao entorno. Frases me capturam. Histórias reais me arrebataram. E a música me leva a estados de sensibilidade aguçada nos quais consigo elaborar mais perguntas do que respostas. 

Questionada sobre com qual dramaturga gostaria de colaborar, elege Grace Passô, com quem trabalhou no espetáculo O Fim É Uma Outra Coisa.

- Desde sempre. Minha amiga, com quem já trabalhei e quero voltar a criar. 

A dramaturga reflete ainda sobre o papel da escrita e da arte na vida das pessoas e na sua própria trajetória:

- A arte tem o poder de nos libertar de um eu pequeno, submetido para um nós inclusivo, onde contribuímos para o todo, o coletivo. Estamos a serviço. 

Dione não apenas foi vencedora da categoria de melhor documentário no Festival de Cinema de Nova York pelo trabalho em Elza Infinita, como também é muito reconhecida pelo espetáculo Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, que foi um marco em sua carreira e lhe rendeu os prêmios Shell e APCA de melhor dramaturgia. No bate-papo, revela o que a peça representa para ela artisticamente: 

- Uma imersão nas entranhas do nosso país, nessa mátria chamada Brasil, onde não agradecemos o suficiente às nossas avós, mães. Há uma invisibilidade em curso diante do papel fundamental dessas mulheres e a problematização da ausência paterna. 

Por fim, revela se seu olhar para o teatro mudou desde que começou sua trajetória na arte até agora: 

- No começo eu me via como alguém em busca de um conhecimento que estava muito distante da minha origem, hoje sei que o poço de água criativa sempre esteve no chão de terra batida onde fui criada. Isso me deu lucidez para escrever escavando, mergulhando e sobrevoando. Universalizando o íntimo. Ocupando espaços nos quais não sou esperada, nem desejada, sem perder a potência das raízes que me erguem.


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Dione Carlos, colaboradora de roteiro de <i>Guerreiros do Sol</i>, revela o que mais a encantou na novela

Dione Carlos, colaboradora de roteiro de Guerreiros do Sol, revela o que mais a encantou na novela

26/Out/

Dione Carlos tem uma carreira de sucesso como atriz e dramaturga. Em entrevista exclusiva ao ESTRELANDO, a premiada roteirista, que é hoje uma das grandes referências do audiovisual e do teatro brasileiro, reflete sobre seu processo de criação, sua visão sobre a arte e o que o espetáculo Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos representa para ela artisticamente. 

Dione começa falando sobre a experiência de ter sido colabora de roteiro de Guerreiros do Sol, novela produzida e exibida pelo Globoplay. A obra é escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, com história retratando o cangaço no sertão nordestino das décadas de 1920 e 1930. A produção conta com artistas como Isadora Cruz, Thomás Aquino, Alice Carvalho, Irandhir Santos, Alinne Moraes e Nathalia Dill no elenco. 

- Mergulhamos na pesquisa sobre o cangaço auxiliados por Frederico Pernambuco de Melo, uma autoridade no assunto. O que mais me encantou no projeto, foi o recorte escolhido: o olhar das mulheres sobre o cangaço e o meio no qual estavam inseridas, além dos melodramas envolvendo personagens LGBTQI+. Tudo muito sensível e humanizado. 

Ela já revelou que escreve com o ouvido, sendo influenciada e alimentada por tudo o que ouve, transformando sons do cotidiano em matéria-prima para histórias. Sobre seu processo de criação, detalha: 

- Acho que escrever pelo ouvido se mantém. O que ouço me alimenta, sejam músicas ou histórias compartilhadas. Acho que tenho uma escuta bem sensível ao entorno. Frases me capturam. Histórias reais me arrebataram. E a música me leva a estados de sensibilidade aguçada nos quais consigo elaborar mais perguntas do que respostas. 

Questionada sobre com qual dramaturga gostaria de colaborar, elege Grace Passô, com quem trabalhou no espetáculo O Fim É Uma Outra Coisa.

- Desde sempre. Minha amiga, com quem já trabalhei e quero voltar a criar. 

A dramaturga reflete ainda sobre o papel da escrita e da arte na vida das pessoas e na sua própria trajetória:

- A arte tem o poder de nos libertar de um eu pequeno, submetido para um nós inclusivo, onde contribuímos para o todo, o coletivo. Estamos a serviço. 

Dione não apenas foi vencedora da categoria de melhor documentário no Festival de Cinema de Nova York pelo trabalho em Elza Infinita, como também é muito reconhecida pelo espetáculo Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, que foi um marco em sua carreira e lhe rendeu os prêmios Shell e APCA de melhor dramaturgia. No bate-papo, revela o que a peça representa para ela artisticamente: 

- Uma imersão nas entranhas do nosso país, nessa mátria chamada Brasil, onde não agradecemos o suficiente às nossas avós, mães. Há uma invisibilidade em curso diante do papel fundamental dessas mulheres e a problematização da ausência paterna. 

Por fim, revela se seu olhar para o teatro mudou desde que começou sua trajetória na arte até agora: 

- No começo eu me via como alguém em busca de um conhecimento que estava muito distante da minha origem, hoje sei que o poço de água criativa sempre esteve no chão de terra batida onde fui criada. Isso me deu lucidez para escrever escavando, mergulhando e sobrevoando. Universalizando o íntimo. Ocupando espaços nos quais não sou esperada, nem desejada, sem perder a potência das raízes que me erguem.