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Publicada em 02/10/2019 às 00:03 | Atualizada em 02/10/2019 às 12:23

Campeã do MasterChef, Izabel Alvares lança livro de delícias low carb e fala sobre ter emagrecido 40 quilos: - Só consegui porque eu não me exigi a perfeição

A chef ainda confessou ter desenvolvido duas doenças após o fim do reality, uma delas autoimune

Carolina Rocha

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Ela venceu a segunda edição do MasterChef Brasil e, desde então, tem inovado cada vez mais! Izabel Alvares chega ao finalzinho de 2019 com um lançamento de dar água na boca: um livro com 100 receitas low carb, com o intuito de ajudar quem quer ter uma alimentação mais saudável, mas sem deixar de ser gostosa. E em entrevista exclusiva do ESTRELANDO, a cozinheira admitiu estar bastante feliz e orgulhosa com o resultado da obra, que ao todo levou dois anos para ser feita. Ao longo do bate-papo, ela também relembrou sua trajetória, deu opiniões sobre a nova onda (necessária) de alimentação consciente e, ainda, revelou se participaria novamente do MasterChef. Acompanhe abaixo:

ESTRELANDO - Quais foram os maiores desafios em fazer o livro?

Izabel - Acho que escrever sobre a minha história. Eu conto de forma muito íntima as minhas dificuldades com a minha alimentação, a minha frustração, a minha compulsão alimentar. É difícil, eu não sou escritora. Então sentar na frente do computador e escrever sobre a minha vida não foi nada fácil. E sem dúvida nenhuma a produção das fotos. Porque são 100 receitas, então imagina? Em um período de uma semana e meia eu fotografei as 100 receitas. Foi realmente muito cansativo, mas foi um processo muito prazeroso. Fotografar comida é uma arte e a Constança [Sabença], nossa fotógrafa, fez um trabalho primoroso. E eu estava lá com ela, estava meio que dirigindo, e ela fotografando. Então foi bem difícil, muito cansativo, mas bem gostoso ao mesmo tempo.

ESTRELANDO - Como foi ter a Paola Carosella assinando a introdução do livro?

Izabel - Eu ainda nem acredito, sabe? A Paola é uma pessoa que eu tenho pouco contato. Eu a conheci no programa, obviamente, estive com ela algumas vezes, mas ela é uma pessoa tão diferente, carismática... Eu fico até tímida perto dela. Então pedir para ela escrever já foi um desafio para mim. Eu mandei um e-mail muito carinhoso, dizendo o quanto eu a admirava, mas eu não tinha a menor expectativa que ela fosse topar. E não só ela topou, como eu acho que o texto bem sensível. Ela fala coisas a meu respeito que eu não tinha ideia que ela pensava, porque ela é super discreta. Então realmente eu fico muito emocionada em pensar nisso, é uma honra muito grande por quem ela é profissionalmente e a importância que ela tem para a gastronomia. 

ESTRELANDO - Você tem receitas queridinhas no livro? Ou alguma que considere uma carta na manga?

Izabel - Eu acho que a pizza de brócolis. As pessoas podem achar estranho, mas realmente ela fica super crocante, como uma pizza tradicional. E o legal é que ela é excelente para quem faz low carb e quer comer pizza, pão... Então é um prato que eu gosto demais, além de ser super colorido e ter um sabor muito bom. E eu também amo o cajuzinho. O cajuzinho não vai nem na panela para fazer, você não leva cinco minutos. E é um bom coringa para você usar o que tiver na geladeira, que vai matar a sua vontade de comer um bom doce. Eu já vi pessoas que disseram que é melhor do que o original. Então é uma receita que eu gosto bastante também.

ESTRELANDO - Essas receitas, inclusive, são atrativas para as crianças.

Izabel - A ideia do livro, de se chamar Delícias da Izabel e de ser tão colorido, é de realmente ajudar as pessoas que querem levar o low carb como um estilo de vida, que é justamente o meu caso, e de introduzir essas pessoas [a esse tipo de alimentação]. A gente tem um capítulo inteiro de comidas de domingo para comer com a família, porque às vezes a pessoa que faz dieta se isola totalmente. Pensa Ah, por eu fazer dieta low carb, não vou poder ir a um restaurante italiano, porque tem massa. Não vou poder ir à uma lanchonete. Então esse livro é uma forma de incluir as pessoas nesse caminho e também apresentar para as pessoas uma maneia mais saudável de se alimentar sem deixar de ser gostoso. 

ESTRELANDO - Alguma porta já se fechou para você depois de você ter adotado esse tipo de alimentação e relação com a comida?

Izabel - Profissionalmente, não. Porque eu acabei me direcionando para esse caminho e outras portas se abriram. Não tem como dizer, por exemplo, se já deixaram de me contratar pelo meu perfil. Mas provavelmente sim, porque no Brasil, nem sempre as pessoas querem assistir à uma aula com uma alimentação mais restritiva. Mas eu também nunca deixei de ensinar uma alimentação tradicional, eu gosto de dar aulas. Mas eu senti - não que me prejudicou - mas senti muito nas redes sociais. Porque quando eu ganhei o programa, eu também ganhei muitos seguidores que eram simplesmente apaixonados por gastronomia. E aí quando eu direcionei para o público low carb, eu acabei perdendo seguidores, que eram pessoas que não estavam interessadas naquela alimentação, mas ganhei o triplo de seguidores de pessoas que estavam. Então eu acabei ganhando mais. Mas eu percebi que determinados nichos de pessoas que têm interesse em gastronomia perderam um pouco de interesse no que eu tinha para postar. Mas eu nunca fui criticada, só fui percebendo essa mudança nas minhas redes. 

ESTRELANDO - O MasterChef teve alguma influência na sua mudança?

Izabel - Eu sofri muito com a questão da gordofobia durante o programa. Então o meu olhar sobre a gordura ficou muito atento. Ao invés de levar isso para o lado ruim, acabou me fortalecendo, porque eu consegui mudar. Eu já queria emagrecer, mas você querer emagrecer é diferente de você efetivamente tirar a gordura real do seu corpo para perder, no meu caso, 40 quilos. Não é uma coisa fácil. Essa coisa dos ataques da internet me fortaleceu muito, foram importantes para mim. Eu sofria muito e pensava Cara, por que eu estou sofrendo assim? Tem pessoas me xingando pelo fato de eu ser gorda e eu não quero ser gorda. E se olhar na televisão [fez diferença]. No meu caso foram quatro meses correndo, pulando de todos os ângulos. Você realmente se reconhece, reconhece o seu tamanho. É diferente de quando você está na frente do espelho, é uma visão tridimensional. Então eu fiquei muito impressionada, eu não tinha dimensão real do quão gorda eu estava. E isso também me incomodou muito e serviu como estímulo.

ESTRELANDO - A preocupação era só estética ou também ligada à saúde?

Izabel - Eu tenho 35 anos de idade, e na época do programa eu tinha acabado de fazer 31. Então a gordura, efetivamente, ainda não tinha me afetado de forma crônica. Naquele momento era mais estética. Acabou que, no fim do programa, eu desenvolvi psoríase e artrite reumatoide. E essas doenças estão ligadas à obesidade, consumo de carboidratos e à sua visão de mundo. E também estão altamente ligadas ao estresse. Então de alguma forma o MasterChef influenciou para que eu desenvolvesse essas doenças, eu tenho certeza, e o emagrecimento também veio para a questão da saúde. Eu me preocupei ainda mais em emagrecer quando eu comecei com a psoríase e com a artrite. Eu acho que eu só desenvolvi essas doenças por conta do programa. Realmente foram momentos de muito estresse.

ESTRELANDO - Você participaria de novo do MasterChef?

Izabel - Se tivesse uma edição só de vencedores, eu iria participar correndo! Acho que sem nenhuma pressão, muito mais pelo divertimento de estar ali vivendo aquilo tudo. Eu amei viver o MasterChef. Apesar do estresse, foi um dos momentos mais importantes da minha vida. Eu amo o programa, amo o que ele significou para mim. Então entrar no estúdio como competidora seria um prazer. Eu acho que, inclusive, o fato de eu trabalhar com gastronomia low carb faz com que eu tenha uma vantagem, porque eu acabei estudando muito sobre a estrutura do alimento. A falta da farinha de trigo, da batata, de espessantes naturais, do açúcar, da caramelização do açúcar, prejudica muito o cozinheiro. Então eu tive que me virar para poder fazer pratos. Acho que isso pode me ajudar. A médio prazo, pode ser um resultado até que interessante. 

ESTRELANDO - Você acha que faltam programas de alimentação saudável na TV aberta?

Izabel - Eu gosto muito da Bela Gil, porque eu acho que ela é a grande representante da TV fechada. Mas eu acho que ela faz uma gastronomia que não é tão acessível. Não é a intenção dela, mas ela escolhe ingredientes que as pessoas não têm muito acesso às vezes. Uma vez eu me lembro que fui fazer o bolo integral dela, e tinha um óleo tão difícil de achar, tão caro. Então eu acho que falta, não necessariamente ligado a low carb, mas à alimentação saudável na TV aberta, e com preços normais. Se eu, por exemplo, fosse ter um programa ligado a esse assunto, eu teria um desafio diário de Alimentação saudável por menos de 20 reais. Algo assim. Porque as pessoas acham que Ah, só emagreceu porque ganhou o programa e ficou rica. Pensam que a pessoa só consegue emagrecer porque tem dinheiro. E na verdade a alimentação saudável é muito mais barata. As pessoas não sabem, não tem muita informação.

ESTRELANDO - Isso acontece também com as alimentações vegana e vegetariana, por exemplo.

Izabel - Não sei porque as pessoas têm esse olhar. Talvez porque ainda é um pouco elitista a preocupação com a saúde. Ainda é um nicho de uma camada da sociedade que diz ser mais esclarecida. Então as pessoas torcem o nariz. Ah, essa pessoa tem dinheiro para ir no mercado X comprar alimento orgânico. Quando na verdade não sabem o preço do orgânico. Existe sim um preconceito e ele é fácil de ser desmistificado. Eu tento fazer o que eu posso no meu canal no YouTube. A internet hoje é muito forte, muito mais que a televisão fechada nesse aspecto, tem muita gente boa falando sobre saúde no YouTube. E eu espero que esteja ajudando.

ESTRELANDO - Você acha que as mulheres sofrem uma pressão estética na culinária?

Izabel - O ambiente de cozinha, em geral, é um ambiente extremamente masculino. Tem poucas mulheres que são grande chefs de cozinha, ou que pelo menos são reconhecidas no Brasil. Eu acho que a nossa maior cozinheira, Helena Rizzo, que por acaso é modelo, é uma exceção. Mas em geral as cozinheiras brasileiras são cozinheironas, sabe? Sérias, grandes, que carregam a comida ali na barriga, no âmago do estômago. E dentro do meio, as pessoas são muito respeitadas. O trabalho é pouquíssimo ligado à estética, a não ser que você trabalhe com televisão. Mas acho que é um ambiente que respeita muito a diversidade. Não só a questão da gordofobia, mas a gastronomia sempre acolheu a marginalidade. É um estilo diferente de trabalho, as pessoas trabalham à noite, muitas vezes não escolhem primeiro por essa carreira. 

ESTRELANDO - O que você diria para uma pessoa que já enfrentou ou está enfrentando um distúrbio alimentar?

Izabel - A compulsão alimentar é uma doença séria. O primeiro passo é procurar um médico. A ajuda psiquiátrica é muito importante. Não foi o que me curou; eu curei a minha compulsão alimentar pela alimentação. Mas antes disso eu fui ao psiquiatra. Eu tentei, com a ajuda dele, descobrir o que é que estava causando. E acabou que eu percebi que a minha questão era mesmo fisiológica, química, era minha, do meu cérebro, com relação à comida. Então na hora que eu tirei o açúcar e os carboidratos da minha vida, a compulsão alimentar foi embora. Mas nem todo mundo tem compulsão alimentar por isso. Tem muita gente que come as emoções, literalmente. Então o primeiro passo é procurar ajuda profissional, e o segundo é não depositar as esperanças no dia seguinte. Quem é gordo sabe do que eu estou falando. A pessoa pega um domingo, por exemplo, e fala Ah, amanhã eu vou mudar. A partir de amanhã eu vou fazer a dieta perfeita, minha vida vai ser perfeita. Vou emagrecer 20 quilos. Mas hoje eu vou me despedir. Isso de chutar o balde para começar amanhã é muito comum entre as pessoas obesas e faz parte de um comportamento compulsivo. Por isso é tão importante procurar ajuda profissional. E é o que inibe as pessoas de realmente começar. Eu acho que eu só consegui porque eu não me exigi a perfeição. Eu escorreguei demais, mas eu recomecei imediatamente. Não tive esse pensamento fatalista de ou fazer perfeito ou não fazer. Isso já é meio caminho andado. Pouco a pouco você vai chegar no seu objetivo. 

ESTRELANDO - O que você acha desse novo momento em que os famosos falam abertamente e defendem uma alimentação mais saudável?

Izabel - Acho que essa é uma bandeira que já vem sendo levantada na Europa e nos Estados Unidos há muito tempo. O Brasil finalmente está abrindo os olhos para isso, para os industrializados, para os rótulos, para os agrotóxicos. E isso é muito importante. Porque durante muitos anos, até hoje, você vai estar lá no hospital após ter feito uma cirurgia e vai receber uma bandeja com gelatina diet colorida artificialmente, um pacote de bolacha com conservantes... Isso tem que acabar. Acho que as celebridades sentem que têm uma responsabilidade social por viveram de imagem e de estimularem as pessoas a ser como elas. E por terem muito acesso - por viajarem muito, irem aos melhores médicos, aos melhores restaurantes, elas já têm essa mentalidade, que já existe lá fora, e que é o certo. Comer fruta, comida de verdade. Essa é a maneira correta de se alimentar. Chega da gente comprar produto diet e light ao invés de comer uma coisa boa, saudável de verdade. Chega de ficar se enchendo de veneno. Não dá mais. 

O livro Delícias da Izabel possui 100 receitas em 240 páginas e já está às vendas por 69 reais e 90 centavos. 

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