-
Nesta terça-feira, dia 31, ocorre a estreia da terceira temporada de Impuros, série brasileira que fala do narcotráfico dos anos 1990. Disponível na plataforma do Star+ - que passa a estar disponível no Brasil também nesta terça-feira -, a continuação da trama acompanha a fuga da família do traficante Evandro para o Paraguai, enquanto novas ameaças continuam a surgir em seu caminho. Além disso, a série também irá mostrar mais do drama do policial Morello, que tem que equilibrar os acontecimentos de sua vida pessoal com o incessante trabalho de perseguir Evandro - tudo isso enquanto as características dos demais personagens da série também vão se desenvolvendo. Diante de tudo isso, o elenco da produção conversou com o ESTRELANDO e entregou um pouquinho do que os fãs poderão conferir na nova temporada. Veja a seguir!
Divulgação
1
-
Sérgio Malheiros, que interpreta Wilbert, um traficante do Morro do Dendê, afirma logo de cara que a terceira temporada vai dar aos telespectadores o gostinho de saber mais sobre os conflitos pessoais de cada um dos personagens:
- Na terceira temporada, a gente começa a falar um pouco quem é esse grupo por trás daquela carcaça de ser simplesmente um grupo de jovens bandidos, traficantes, que começaram a tratar do tráfico de drogas de forma diferente. Isso a gente já contou. Agora a gente vai falar sobre quais são as diferenças desses personagens, para além de estereótipos. Qual é a historia de cada um desses jovens, que são todos negros, todos da comunidade, todos traficantes, mas cada um tem uma história. Qual é essa história? A gente até brinca, quando chega na terceira temporada, a gente não quer mais saber se o Morello vai pegar o Evandro, a gente quer que o Morello cuide da filha. Então essa terceira temporada ela começa a tratar um pouco sobre o conflito entre quem esses personagens são e quem esses personagens vão ser. Sérgio também falou sobre as dificuldades de seu personagem e sobre
como a namorada, Sophia Abrahão, o ajudou a superá-las.
Divulgação
2
-
Diante dessa nova perspectiva, Rui Ricardo Diaz - o policial Morello - entrega que é impossível definir quais são os vilões e quais são os heróis da história: - Nenhum personagem é mocinho ou bandido, eu não consigo identificar mocinho e vilão nessa série. Eu acho que todos têm características humanas, dicotômicas. Essa série tem personagens muito profundos, muito intensos. Nada é pano de fundo, mas o narcotráfico misturado a relação dos personagens... É muito difícil construir personagens assim.
Divulgação
3
-
João Vitor Silva - que vive Afonso, um amigo de infância de Evandro e ex-capitão do Segundo Exército que trabalha sob a identidade de Tabuada - complementa a fala dos colegas, alegando que é importante conhecer a história por trás desses personagens para refletir sobre os paralelos da série com a realidade: - De repente você está torcendo pro Evandro, que é o cara que geralmente a gente está discriminando no dia a dia. É preciso tentar entender que, quando a gente torce pra esse cara, é porque a gente pode acompanhar a história dele desde o começo, e aí sim a gente consegue ter empatia por esse personagem. Porque a gente entende ele como um resultado de uma soma, uma multiplicação muito esquisita. E se a gente para e pensa que, se essa história até hoje não mudou, é porque os fatores dessa conta não mudaram, e acho que é nesse ponto que a série pega. É importante a gente refletir, porque que a gente gosta do Evandro e não gosta do cara da favela? É porque a gente sabe a história do Evandro, a gente parou pra olhar a história do Evandro.
Divulgação
4
-
Peter Brandão, que interpreta Hermes - o braço direito de Evandro nos esquemas de tráfico -, concorda com os colegas, e destaca que a série tem um papel importante no sentido de fazer com que os fãs reflitam sobre como mesmo os personagens associados ao tráfico tem seus dilemas particulares e preocupações de vida comuns à maioria das pessoas: - Impuros é muito importante porque ali conta a história de duas pessoas, que são o Morello e o Evandro, e seus núcleos. Daí tem o núcleo da família, o núcleo dos amigos, e por aí sucessivamente. Eu acho isso muito importante, porque estamos retratando uma coisa que é o tráfico dos anos 90, que é algo muito forte até hoje, então podemos pegar isso para poder debater e ver até onde a gente pode chegar com esse debate. A gente tem que ver coisas que nos façam sair da caixinha e nos fazer pensar de uma outra forma, ver como são as vidas dessas pessoas, ver como as pessoas são diferentes e enfim, respeitar e estudar isso.
Divulgação
5
-
Mas é claro, que, diante de uma história tão complexa, haveriam diversos desafios para os atores. André Gonçalves, intérprete de um traficante da velha-guarda chamado Salvador - que acaba se mostrando eterno rival de Evandro, já que o protagonista se encaixa na jovem-guarda do crime organizado - aponta que o desafio geral do elenco é conseguir transmitir histórias pesadas de uma forma que facilite o entendimento do público sem tornar a obra mais pesada do que já é: - A gente pega personagens que são extremamente violentos, sem limites digamos assim, de ambas as partes, e precisamos transformar aquilo em uma coisa leve. Eu acho que o desafio é transformar e mostrar essas pessoas como elas são, mostrar o drama da vida dessas pessoas, o trabalho delas e também as relações interpessoais. Além disso, ele também comenta sobre seu próprio personagem, entregando a dificuldade de representar um homem violento que, na época, ainda era visto de forma romantizada: - No meu caso, o desafio é transformar uma violência exacerbada num cotidiano mais alegre. O Salvador tem uma força muito grande por se tratar de um personagem carioca brasileiro, de uma época ainda romântica no brasil, quando se romantiza de alguma maneira os, digamos, bandidos do morro. Ele vem dessa geração de pessoas que praticamente fundaram no rio de janeiro essa forma de narcotraficância.
Divulgação
6
-
Já Karize Brum, que vive a problemática filha de Morello, Inês, entrega que os fãs irão perceber uma grande evolução no amadurecimento de sua personagem - apesar de isso não significar que ela estará mais tranquila. Mais velha e com mais responsabilidades, a jovem irá ser mais incisiva em suas colocações diante do pai e terá emoções mais complexas, o que configurou um grande desafio para a atriz: - Para mim, o grande desafio nessa terceira temporada foi viver o carrossel de emoções da Inês, algo mais maduro do que nas outras temporadas. Ela tem um desenho dramático muito diferente das outras temporadas, então era mais eu estudar o dia, sentar pra ver a cena do dia. Agora, o que a gente vai ver é a Inês batendo de frente com o pai de uma forma mais adulta. Eles batiam de frente com ela mais nova, mas era um tipo de embate diferente. Hoje ela se acha totalmente no direito de bater de frente com ele de uma forma mais potente, e isso se desenvolve em todas as partes da vida dela. A Inês está na faculdade e enfim, tem toda a construção de vida dela mais velha.
Divulgação
7
-
A relação entre Morello e Inês também é comentada por Rui Ricardo, que relembra uma situação na primeira temporada em que seu personagem desistiu de uma perseguição para voltar para casa e cuidar da filha, que havia se acidentado: - A relação deles vai se afunilando e isso vai ficando cada vez mais difícil, e vai se tornando literalmente um desafio pro Morello. A Inês é uma bigorna que caiu na casa do Morello, no melhor sentido, porque ele não tinha relação nenhuma com a filha e de repente ele descobre que ele a ama. Ele vai descobrir lentamente que existe um amor grande por essa filha e que ele não sabe lidar.
Divulgação
8
-
A convivência de Morello e Inês, aliás, enfrentará grandes desafios, já que agora o policial deve decidir como irá lidar com o romance da filha com Afonso, amigo do criminoso a quem está perseguindo. João Vitor entrega que esse encontro fará com que seu personagem comece a se distanciar da pose de criminoso e volte a ser um pouco mais a pessoa que era antes: - Esse encontro de Inês e Afonso é muito potente, porque são dois personagens muito carentes ali. Então eles se encontram e percebem que eles estão dando atenção um para o outro. O Afonso salva a Inês no momento que ela precisa, ao mesmo tempo em que ela é pra ele um ponto de trazer ele de volta pra realidade, de se reconectar com o Afonso da primeira temporada, de ajudar essa menina que está ali solta, de não ser tão perverso quanto os outros seriam. Esses dois podem realmente viver uma grande coisa ou podem ao mesmo tempo se destruir, e acho que isso que dá a curiosidade de ver onde chega essa história.
Divulgação
9
-
Esse retorno do Tabuada para o Afonso, inclusive, configurou um dos maiores desafios para o ator: - Acho que a dificuldade pra mim foi resgatar algumas características do Afonso lá da primeira temporada. Essa brincadeira do Afonso e do Taboada, ela se dá muito pelas curvas que o personagem tem. Na primeira temporada a gente vê muito do menino Afonso ali da favela, e desde que ele entra pro tráfico ele vai sendo corrompido e vai se tornando mais o Taboada, assumindo uma pessoa mais agressiva, usando a inteligência dele mais pro mal. Já na terceira temporada, o que deveria ser um crescente dessa maldade dele dá uma recuada. Então esse foi o grande desafio, resgatar um pouco do Afonso da primeira temporada enquanto o Tabuada ainda reina.
Divulgação
10
-
João comenta, ainda, sobre como o roteiro colocou os personagens em uma grande situação de vulnerabilidade, já que Morello vai precisar decidir se autoriza o romance que mantém a filha longe do vício, ou se tenta usar o namorado da jovem como informante para aproximá-lo de seu maior rival. Enquanto isso, Afonso também se coloca em um lugar no qual pode ferir Morello através de Inês: - Isso é legal nessa série, através de um personagem você consegue ferir o outro, chegar em outro, e acho que esse é o grande lance da terceira temporada. Para mim é uma teia se enroscando completamente. É por isso que eu acho que, quando a gente lê o roteiro, essa é a melhor temporada, você fala: Meu Deus, não acredito que esses personagens que a princípio nunca iam se encontrar estão se encontrando agora.
Divulgação
11