Quem assiste a Tempo de Amar, novela das seis da Globo, se depara com os anos 20 servindo como cenário para histórias de amor. Ao mesmo tempo, a época mostra o cenário político, com o comunismo em alta e as ideias libertárias correndo solta. Um dos destaques da trama ficou por conta de Marcel Octávio, que interpretou o anarquista Otávio, que teve sua última cena indo ao ar essa semana. Em entrevista ao ESTRELANDO, o astro, que cresceu no teatro, explicou seu primeiro personagem televisivo e ainda revelou suas maiores inspirações no mundo da atuação.

Nas palavras de Marcel, Otávio era uma pessoa revoltada - e isso conseguimos ver, por exemplo, por meio de uma explosão causada por ele em um barco, que saiu um pouco do limite:

- A natureza do Otávio é ser revolucionário. Ele é um cara revoltado. Revoltado com a sociedade, revoltado com o jeito como ele vê as pessoas sendo tratadas. E é da natureza dele achar algum lugar pra despejar essa revolta dele. E ele achou esse lugar no radicalismo do comunismo, dos anos 30, dos anos 20. Ele é um cara bem intencionado, ele só não sabe o que fazer com tanta revolta. Ele pega as ideias e acaba aplicando de uma maneira errada.

Apesar de querer matar políticos e matar banqueiros, Marcel havia adiantado que o personagem eventualmente iria se definir como outro tipo de pessoa ao longo da história:

- Ele vai se revelar uma pessoa íntegra. Eu não sei o quanto que eu posso contar, mas ele vai se revelar uma pessoa íntegra. Ele tem uma paixão que o move e ele vai enfrentar os demônios. Ele vai ter que assumir a responsabilidade pra essa explosão dele.

Apesar de ter atuado em uma novela da Globo, saiba que a carreira de Marcel começou bem cedo no teatro. Ao longo dos anos, ele acabou pendendo para o teatro musical sem querer, já tendo estrelado grandes produções como 7 - O Musical, Hair, Shrek, Rock in Rio e, mais recentemente, Rocky Horror Show e Beatles Num Céu de Diamantes. Para o ator, trabalhar na televisão foi uma experiência incrível, apesar de sua paixão pelos palcos:

- Eu sou cria do teatro. Desde a minha adolescência eu comecei a fazer teatro e eu não sei se posso dizer que tenho uma preferência, porque eu tô descobrindo um lugar novo, que é TV na prática e estou descobrindo coisas que eu tô amando fazer em TV, que eu não tinha no teatro. Mas ao mesmo tempo que acho que eu nunca vou deixar de fazer teatro na minha vida. Eu comecei fazendo teatro, foi disso que eu sobrevivi, minha carreira profissional inteira e eu acho que não vou parar de fazer teatro nunca. Sou apaixonado por teatro. Mas agora eu tô descobrindo essa paixão pelo audiovisual.

Ele ainda acrescenta:

- Eu acho muito rico poder fazer um teatro que você pode mostrar todos os aspectos da sua arte no entretenimento. Você pode mostrar canto, você pode mostrar dança, você pode interpretar.

E como foi essa transição dos palcos para as telinhas? Isso foi algo curioso. Ao fazer uma participação no filme Os Saltimbancos Trapalhões - Rumo a Hollywood, em 2016, Marcel chamou a atenção do diretor de Tempo de Amar, Jayme Monjardim:

- Era uma participação pequena, eu realmente não achava que ia dar em alguma coisa (risos)! O Jayme me viu em cena, ficou muito feliz com o meu trabalho e falou pra produtora de elenco me chamar pra um teste no Projac.

Quem assiste a novela com certeza já pensou que o diretor acertou em cheio ao convidá-lo para viver o Otávio, não é mesmo? E além de ter crescido no meio artístico, Marcel credita essa paixão pela atuação também às telonas. Formado em cinema pela PUC do Rio de Janeiro, ele é apaixonado por filmes e, como todo bom ator, possui suas inspirações no mundo do entretenimento:

- Al Pacino, o trabalho dele no Poderoso Chefão, tem o Clint Eastwood, todos os faroestes dele, sou apaixonado. Tem um ator que eu tô tendo o privilégio, que eu achei que nunca ia ter, que é o Tony Ramos! Eu sempre gostei muito, sempre fui apaixonado pelo trabalho do Tony. E poder contracenar com ele, quer dizer, nós não estamos contracenando, mas conversamos em reuniões, falamos sobre como ia ser a forma da novela e é exatamente o que eu imaginava dele. Eu acho ele um puta ator de TV, um puta ator de cinema, um puta ator de teatro, concluiu.