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Publicada em 10/09/2020 às 12:10 | Atualizada em 10/09/2020 às 12:42

Paula Picarelli relembra época de Mulheres Apaixonadas e traumas após experiência em seita: Lembrar era um peso

A atriz interpretou a personagem Rafa na novela que está sendo reprisada no Viva

Da Redação

Divulgação

Paula Picarelli, que interpretou a personagem Rafa em Mulheres Apaixonadas, confessou em entrevista à Patrícia Kogut, que enfrentou um momento conturbado enquanto fazia a novela, em 2003, e  que hoje é reprisada pelo Canal Viva.

- O período foi muito difícil para mim e, pela primeira vez, estou podendo curtir como deveria ter feito. Estava vivendo muitas coisas erradas, que me deixavam angustiada. Eu tinha me formado em Artes Cênicas e, na faculdade, era muito mimada. Tudo o que fazia era elogiado, diziam que eu era a cerejinha do bolo. Por isso, tinha uma certa arrogância e achava que, por vir do teatro, a novela ia ser fácil. Mas caí do cavalo. Não tinha as ferramentas necessárias para fazer TV e ficava insegura. Agora, assistindo de novo, estou achando tudo bem ok. Minha memória me dizia que era bem ruim, disse ela.

Paula ainda explicou que fazia parte de uma seita na época:

- Durante uns bons anos, lembrar daquela fase era um peso. Eu me sentia sozinha, não conhecia ninguém e fazia parte de uma seita religiosa que me trazia vários conflitos. Hoje, já consigo entender melhor os processos pelos quais passei.  

A experiência traumática na seita lhe rendeu um livro, lançado em 2018, e que até hoje é uma questão em sua vida: 

- Demorei a conseguir falar sobre isso. Foram oito anos desde que saí da seita até eu decidir escrever o livro. Pensava que era uma porta que tinha fechado e não queria olhar para trás. Mas, depois, comecei a pensar na responsabilidade que eu tinha. Sabia que ainda havia muita gente na mesma situação que eu. Ficava aflita ao ouvir histórias de práticas que continuavam ocorrendo com pessoas que se envolvem com esse tipo de culto. Me angustiava também o fato de termos no governo uma religião se impondo e querendo determinar comportamentos e regras. Por isso tudo, senti que tinha que dividir essa experiência. Apesar de o livro ser uma ficção, o sentimento ali presente é verdadeiro. É engraçado, eu achava que ia me livrar dessa história depois do livro, mas ainda está tudo em mim de algum jeito. Tenho lido a obra de uma psicóloga norte-americana que fala especificamente de traumas religiosos. Ela diz que as pessoas que passam por isso têm um quadro parecido com a síndrome do estresse pós-traumático. Acho que é por aí mesmo.

Apesar do período conturbado, Paula, que contracenou ao lado de Alinne Moraes, diz que tem boas memórias de seu papel, que considerou importante para a época:

-  Era um momento bem louco da minha vida, mas o que me segurava era o fato de as personagens serem homossexuais. Eu achava aquilo uma coisa muito legal. A história toda foi marcante. Nós tivemos uma resposta positiva do público. Então, apesar de tudo, eu sabia o quanto aquilo era importante e que tínhamos uma responsabilidade grande - diz ela, que recebe muitas mensagens de pessoas que se encorajaram pela história do casal.

Abaixo, relembre uma foto de Paula com Alinne Moraes, quando as duas interpretavam o casal Rafa e Clara na trama, e veja um antes e depois do elenco da novela: 


José Mayer também participou da trama como o disputado médico César. Depois da novela ele esteve em trabalhos como Senhora do Destino, Páginas da Vida, A Favorita, Viver a Vida, Fina Estampa, Saramandaia e Império. Seu último trabalho foi como Tião, em A Lei do Amor e atualmente ele está afastado das novelas por conta de um caso de assédio em que se envolveu tendo sido, até mesmo, desligado da Globo.

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Paula Picarelli relembra época de <i>Mulheres Apaixonadas</i> e traumas após experiência em seita: <i>Lembrar era um peso</i>

Paula Picarelli relembra época de Mulheres Apaixonadas e traumas após experiência em seita: Lembrar era um peso

A atriz interpretou a personagem Rafa na novela que está sendo reprisada no Viva

10/Set/2020

Da Redação

Paula Picarelli, que interpretou a personagem Rafa em Mulheres Apaixonadas, confessou em entrevista à Patrícia Kogut, que enfrentou um momento conturbado enquanto fazia a novela, em 2003, e  que hoje é reprisada pelo Canal Viva.

- O período foi muito difícil para mim e, pela primeira vez, estou podendo curtir como deveria ter feito. Estava vivendo muitas coisas erradas, que me deixavam angustiada. Eu tinha me formado em Artes Cênicas e, na faculdade, era muito mimada. Tudo o que fazia era elogiado, diziam que eu era a cerejinha do bolo. Por isso, tinha uma certa arrogância e achava que, por vir do teatro, a novela ia ser fácil. Mas caí do cavalo. Não tinha as ferramentas necessárias para fazer TV e ficava insegura. Agora, assistindo de novo, estou achando tudo bem ok. Minha memória me dizia que era bem ruim, disse ela.

Paula ainda explicou que fazia parte de uma seita na época:

- Durante uns bons anos, lembrar daquela fase era um peso. Eu me sentia sozinha, não conhecia ninguém e fazia parte de uma seita religiosa que me trazia vários conflitos. Hoje, já consigo entender melhor os processos pelos quais passei.  

A experiência traumática na seita lhe rendeu um livro, lançado em 2018, e que até hoje é uma questão em sua vida: 

- Demorei a conseguir falar sobre isso. Foram oito anos desde que saí da seita até eu decidir escrever o livro. Pensava que era uma porta que tinha fechado e não queria olhar para trás. Mas, depois, comecei a pensar na responsabilidade que eu tinha. Sabia que ainda havia muita gente na mesma situação que eu. Ficava aflita ao ouvir histórias de práticas que continuavam ocorrendo com pessoas que se envolvem com esse tipo de culto. Me angustiava também o fato de termos no governo uma religião se impondo e querendo determinar comportamentos e regras. Por isso tudo, senti que tinha que dividir essa experiência. Apesar de o livro ser uma ficção, o sentimento ali presente é verdadeiro. É engraçado, eu achava que ia me livrar dessa história depois do livro, mas ainda está tudo em mim de algum jeito. Tenho lido a obra de uma psicóloga norte-americana que fala especificamente de traumas religiosos. Ela diz que as pessoas que passam por isso têm um quadro parecido com a síndrome do estresse pós-traumático. Acho que é por aí mesmo.

Apesar do período conturbado, Paula, que contracenou ao lado de Alinne Moraes, diz que tem boas memórias de seu papel, que considerou importante para a época:

-  Era um momento bem louco da minha vida, mas o que me segurava era o fato de as personagens serem homossexuais. Eu achava aquilo uma coisa muito legal. A história toda foi marcante. Nós tivemos uma resposta positiva do público. Então, apesar de tudo, eu sabia o quanto aquilo era importante e que tínhamos uma responsabilidade grande - diz ela, que recebe muitas mensagens de pessoas que se encorajaram pela história do casal.

Abaixo, relembre uma foto de Paula com Alinne Moraes, quando as duas interpretavam o casal Rafa e Clara na trama, e veja um antes e depois do elenco da novela: