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Publicada em 04/06/2025 às 04:06 | Atualizada em 04/06/2025 às 10:21

Viola Davis fala sobre jornada de vida marcada pela superação e autoconhecimento: - O meu trabalho é não trair a mim mesma

A atriz deixou reflexões ao participar de um evento em São Paulo

Bárbara More

AgNews

Viola Davis se sentou à frente de uma multidão de pessoas presentes no VTEX DAY 2025 em São Paulo - incluindo o ESTRELANDO - na noite da última terça-feira, dia 3, para compartilhar a sua trajetória e como passou por uma corajosa jornada de autoconhecimento que a levou a ter uma nova visão sobre a vida. 

Durante o evento focado em comércio digital, a premiada atriz vencedora do Oscar, Grammy, Emmy e Tony participou de uma conversa moderada por Rafaela Rezende na qual começou contando que tiveram muitas ocasiões na vida em que se sentiu aterrorizada, mas que o momento em que mais sentiu medo foi quando decidiu fazer terapia com 28 anos de idade:

- Eu era aterrorizada de tudo, de ser uma criança de abuso, de pobreza. Eu diria que o maior momento em que estive com medo foi quando tinha 28 anos de idade e decidi começar a terapia. Eu acredito que a coisa mais assustadora que você pode fazer é se aceitar completamente. Eu queria ser corajosa o suficiente não apenas para seguir com minha carreira, mas queria aprender a me amar. Para fazer isso, eu tinha eu tive que desfazer algo mais profundo que estava borbulhando em mim por tantos anos. Eu me tornei curiosa sobre algo, que é: Viola, você não se sente digna. Isso é difícil de admitir em um mundo que está constantemente que está constantemente te dizendo: Você é digna. Você sabe que é bonita, né? Você sabe que consegue fazer qualquer coisa. Mas por dentro, há essa voz profunda que diz que você não é. 

E completou: 

- Quando você é curiosa o suficiente, de ir até aquela profundidade e responder à pergunta do porquê você não se sente digna, essa jornada para mim é a jornada mais assustadora que você pode fazer na vida. Eu diria que com 28 anos de idade embarquei nessa jornada, porque não queria ser a minha mãe, que eu amo mais do que tudo no mundo. Eu queria ser melhor do que ela, por dentro. Eu não queria ir para o túmulo sem saber que eu era o amor da minha vida.

Ela conta que algo que precisou mudar em si mesma ao longo dos anos era parar de se adaptar, pois estava se esforçando muito tentar se encaixar:

- Sendo uma mulher negra de pele escura, com nariz largo, lábios grandes, não consigo contar quantas pessoas já entraram na minha vida dizendo: Você sabe que não é bonita, né? Eles tiveram que fazer questão de dizer isso. Eu digo isso com muita graça, a propósito. Estou fazendo uma observação. Muitas pessoas me disseram o quão errada eu sou e então tive que entrar em espaços com esse entendimento de como eu me encaixo para ser vista, para fazer minha vida mais fácil. 

A artista ainda refletiu: 

- O que acontece quando você deixa o seu significado e quem você é, quando você o coloca nas mãos de outros, você não pertence mais a si mesmo. Eu passei muitos anos fazendo isso. Muitos anos entrando em espaços, especialmente na minha indústria, tentando ser aquela garota branca magra com cabelo loiro, tentando deixar minha voz mais aguda. Eu tenho que dizer que o maior momento de descoberta que tive foi quando eu me perguntei por que estava fazendo isso e tudo volta para o sentimento de não se sentir digna. 

Viola conta que teve uma grande descoberta e que hoje, perto de completar 60 anos de idade, sofre muito menos com estresse e ansiedade. 

- Eu não sei em qual momento foi, só sei que agora me desafio a dizer: Viola, apenas diga o que quer dizer, faça o que quiser fazer. A definição de coragem é contar a história da sua vida. É isso que coragem é. Quando tinha nove anos de idade e pedi a Deus que me tirasse da minha vida, que era extremamente violenta e de extrema pobreza, e ele me deixou lá, porque tudo o que tinha era a minha vida. Mesmo que ela tenha sido bagunçada, eu ainda sou digna. Eu percebi isso com meu nariz largo, meus lábios grandes e mesmo que eu não seja bonita e tenha uma voz grossa, ainda sou digna. Se eu entro em um local, faço algo errado, cometo um erro, ainda sou digna. Se eu estragar algo de forma épica, ainda sou digna. Você é digno como você é. Encontrar seu significado é entender isso. E então você pertence a si mesmo. Por isso estou me autoadaptando. Porque senti que estava me trocando. Tenho que dizer que perto dos 60 anos, senti menos estresse e ansiedade do que jamais senti na vida por conta disso.

Questionada sobre como lida quando algo dá errado, ela confessa que se permite sentir a dor do fracasso e compreende que é possível renascer como uma fênix. 

Eu desmorono com o fracasso. É como se eu morresse um pouco. Eu não vou mencionar performances que fiz e pensei: Meu Deus... Me lembro de peças terríveis, péssimas. Não consigo te dizer quantos relacionamentos tive que foram erros épicos. Com todos os erros que cometi, e meu marido vai me avisar disso, eu me deito na cama, me sinto mal, eu me fecho. Eu acredito que é importante ter uma morte interna. A razão pela qual eu digo isso é que é como uma fênix, ela morre e depois renasce. Eu acho que com todos os meus erros eu tive que entender que eu nunca perco, eu apenas ganho ou aprendo. 

A artista explica que depois busca compreender qual aprendizado levou da experiência negativa. 

- Eu me permito sentir a dor, apenas para senti-la, me aprofundar nela. E então chega o dia em que digo: Tudo bem, Viola, o que você aprendeu? De repente seu cérebro explode, seu espírito explode, tudo explode até o seu próximo erro. É assim que você melhora, não como você faz melhor. Eu pergunto à minha filha o tempo todo o que ela aprendeu. Eu diria que a minha maior descoberta é que tudo o que eu sempre quis está do outro lado do medo. O que isso faz é diminuir o medo e o poder dele. 

Viola recentemente lançou na Amazon Prime Video o filme G20 e, antes disso, estreou A Mulher Rei nos cinemas. Apesar de ter projetos em andamento, ela confessa que não sabe qual sua meta futuro e explica que é porque não sabe o que aguarda e está pronta para aceitar as aventuras que se apresentarem a ela. 

- Eu quero tudo. Quando digo que quero tudo é que não sei o que o futuro aguarda para mim. Eu poderia te dizer os projetos, mas eu não consigo te dizer as metas. Pode ser aprender a tocar piano. Posso querer fazer uma viagem apenas eu e Genesis [filha de Viola]. Eu não sei, posso querer até morar no exterior por um tempo. Eu vou te dizer o que estou fazendo para ser capaz de mergulhar nesses objetivos: estou atendendo meu chamado para a aventura. E o meu chamado para a aventura é: Viola e se você decidisse apenas se amar? Radicalmente ter um caso amoroso consigo mesma, sentar com sua versão de 60 anos de idade e sua versão de 80 anos de idade que olha para a de 60 e fala que ela ainda é jovem. E se você se desafiar o suficiente para dizer que é digna de mergulhar no mar chamado vida e fazer o que quer? Fazer um filme de ação, fazer novos amigos? Os maiores objetivos na vida são os mais simples. 

Quando pedida para se escrever, a atriz declara: 

- Como mulher sou corajosa. Como esposa eu amo, porque sou toda sobre o amor. Literalmente estou prestes a completar 60 anos de idade e alguém me disse que as duas pessoas mais importantes na sua vida são sua versão de 60 anos de idade e a de 80. A Viola de 60 tem me ensinado muita coisa. Eu amo. É isso, eu amo. Eu amo pessoas, amo meu marido, amo meus amigos, minha filha. Apenas amo. A Viola de 60 anos sempre foi sobre isso, eu apenas não sabia, estava muito focada em outras coisas que achava que precisavam ser curadas. A Viola de 60 não precisava de cura, ela é maravilhosa. Como mãe eu sou protetora. O melhor de Viola é ser professora. O pior de Viola é não se sentir digna. É a questão que estou sempre lutando todo momento do dia. 

E finaliza:

- Tem uma citação famosa que diz que quando se trata de desapontar outras pessoas ou desapontar a si mesma, escolha outras pessoas o tempo todo. Seu trabalho na vida é desapontar o máximo de pessoas possível para evitar desapontar a si mesma. O meu trabalho é não trair a mim mesma. Toda vez que traio a mim mesma é porque não me sinto digna. Sinto que outras pessoas são mais dignas que eu. Mas eu sou  o show até não ser mais. Esse é o pior de Viola, mas estou melhorando. 


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Viola Davis fala sobre jornada de vida marcada pela superação e autoconhecimento: <i>- O meu trabalho é não trair a mim mesma</i>

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05/Jun/

Viola Davis se sentou à frente de uma multidão de pessoas presentes no VTEX DAY 2025 em São Paulo - incluindo o ESTRELANDO - na noite da última terça-feira, dia 3, para compartilhar a sua trajetória e como passou por uma corajosa jornada de autoconhecimento que a levou a ter uma nova visão sobre a vida. 

Durante o evento focado em comércio digital, a premiada atriz vencedora do Oscar, Grammy, Emmy e Tony participou de uma conversa moderada por Rafaela Rezende na qual começou contando que tiveram muitas ocasiões na vida em que se sentiu aterrorizada, mas que o momento em que mais sentiu medo foi quando decidiu fazer terapia com 28 anos de idade:

- Eu era aterrorizada de tudo, de ser uma criança de abuso, de pobreza. Eu diria que o maior momento em que estive com medo foi quando tinha 28 anos de idade e decidi começar a terapia. Eu acredito que a coisa mais assustadora que você pode fazer é se aceitar completamente. Eu queria ser corajosa o suficiente não apenas para seguir com minha carreira, mas queria aprender a me amar. Para fazer isso, eu tinha eu tive que desfazer algo mais profundo que estava borbulhando em mim por tantos anos. Eu me tornei curiosa sobre algo, que é: Viola, você não se sente digna. Isso é difícil de admitir em um mundo que está constantemente que está constantemente te dizendo: Você é digna. Você sabe que é bonita, né? Você sabe que consegue fazer qualquer coisa. Mas por dentro, há essa voz profunda que diz que você não é. 

E completou: 

- Quando você é curiosa o suficiente, de ir até aquela profundidade e responder à pergunta do porquê você não se sente digna, essa jornada para mim é a jornada mais assustadora que você pode fazer na vida. Eu diria que com 28 anos de idade embarquei nessa jornada, porque não queria ser a minha mãe, que eu amo mais do que tudo no mundo. Eu queria ser melhor do que ela, por dentro. Eu não queria ir para o túmulo sem saber que eu era o amor da minha vida.

Ela conta que algo que precisou mudar em si mesma ao longo dos anos era parar de se adaptar, pois estava se esforçando muito tentar se encaixar:

- Sendo uma mulher negra de pele escura, com nariz largo, lábios grandes, não consigo contar quantas pessoas já entraram na minha vida dizendo: Você sabe que não é bonita, né? Eles tiveram que fazer questão de dizer isso. Eu digo isso com muita graça, a propósito. Estou fazendo uma observação. Muitas pessoas me disseram o quão errada eu sou e então tive que entrar em espaços com esse entendimento de como eu me encaixo para ser vista, para fazer minha vida mais fácil. 

A artista ainda refletiu: 

- O que acontece quando você deixa o seu significado e quem você é, quando você o coloca nas mãos de outros, você não pertence mais a si mesmo. Eu passei muitos anos fazendo isso. Muitos anos entrando em espaços, especialmente na minha indústria, tentando ser aquela garota branca magra com cabelo loiro, tentando deixar minha voz mais aguda. Eu tenho que dizer que o maior momento de descoberta que tive foi quando eu me perguntei por que estava fazendo isso e tudo volta para o sentimento de não se sentir digna. 

Viola conta que teve uma grande descoberta e que hoje, perto de completar 60 anos de idade, sofre muito menos com estresse e ansiedade. 

- Eu não sei em qual momento foi, só sei que agora me desafio a dizer: Viola, apenas diga o que quer dizer, faça o que quiser fazer. A definição de coragem é contar a história da sua vida. É isso que coragem é. Quando tinha nove anos de idade e pedi a Deus que me tirasse da minha vida, que era extremamente violenta e de extrema pobreza, e ele me deixou lá, porque tudo o que tinha era a minha vida. Mesmo que ela tenha sido bagunçada, eu ainda sou digna. Eu percebi isso com meu nariz largo, meus lábios grandes e mesmo que eu não seja bonita e tenha uma voz grossa, ainda sou digna. Se eu entro em um local, faço algo errado, cometo um erro, ainda sou digna. Se eu estragar algo de forma épica, ainda sou digna. Você é digno como você é. Encontrar seu significado é entender isso. E então você pertence a si mesmo. Por isso estou me autoadaptando. Porque senti que estava me trocando. Tenho que dizer que perto dos 60 anos, senti menos estresse e ansiedade do que jamais senti na vida por conta disso.

Questionada sobre como lida quando algo dá errado, ela confessa que se permite sentir a dor do fracasso e compreende que é possível renascer como uma fênix. 

Eu desmorono com o fracasso. É como se eu morresse um pouco. Eu não vou mencionar performances que fiz e pensei: Meu Deus... Me lembro de peças terríveis, péssimas. Não consigo te dizer quantos relacionamentos tive que foram erros épicos. Com todos os erros que cometi, e meu marido vai me avisar disso, eu me deito na cama, me sinto mal, eu me fecho. Eu acredito que é importante ter uma morte interna. A razão pela qual eu digo isso é que é como uma fênix, ela morre e depois renasce. Eu acho que com todos os meus erros eu tive que entender que eu nunca perco, eu apenas ganho ou aprendo. 

A artista explica que depois busca compreender qual aprendizado levou da experiência negativa. 

- Eu me permito sentir a dor, apenas para senti-la, me aprofundar nela. E então chega o dia em que digo: Tudo bem, Viola, o que você aprendeu? De repente seu cérebro explode, seu espírito explode, tudo explode até o seu próximo erro. É assim que você melhora, não como você faz melhor. Eu pergunto à minha filha o tempo todo o que ela aprendeu. Eu diria que a minha maior descoberta é que tudo o que eu sempre quis está do outro lado do medo. O que isso faz é diminuir o medo e o poder dele. 

Viola recentemente lançou na Amazon Prime Video o filme G20 e, antes disso, estreou A Mulher Rei nos cinemas. Apesar de ter projetos em andamento, ela confessa que não sabe qual sua meta futuro e explica que é porque não sabe o que aguarda e está pronta para aceitar as aventuras que se apresentarem a ela. 

- Eu quero tudo. Quando digo que quero tudo é que não sei o que o futuro aguarda para mim. Eu poderia te dizer os projetos, mas eu não consigo te dizer as metas. Pode ser aprender a tocar piano. Posso querer fazer uma viagem apenas eu e Genesis [filha de Viola]. Eu não sei, posso querer até morar no exterior por um tempo. Eu vou te dizer o que estou fazendo para ser capaz de mergulhar nesses objetivos: estou atendendo meu chamado para a aventura. E o meu chamado para a aventura é: Viola e se você decidisse apenas se amar? Radicalmente ter um caso amoroso consigo mesma, sentar com sua versão de 60 anos de idade e sua versão de 80 anos de idade que olha para a de 60 e fala que ela ainda é jovem. E se você se desafiar o suficiente para dizer que é digna de mergulhar no mar chamado vida e fazer o que quer? Fazer um filme de ação, fazer novos amigos? Os maiores objetivos na vida são os mais simples. 

Quando pedida para se escrever, a atriz declara: 

- Como mulher sou corajosa. Como esposa eu amo, porque sou toda sobre o amor. Literalmente estou prestes a completar 60 anos de idade e alguém me disse que as duas pessoas mais importantes na sua vida são sua versão de 60 anos de idade e a de 80. A Viola de 60 tem me ensinado muita coisa. Eu amo. É isso, eu amo. Eu amo pessoas, amo meu marido, amo meus amigos, minha filha. Apenas amo. A Viola de 60 anos sempre foi sobre isso, eu apenas não sabia, estava muito focada em outras coisas que achava que precisavam ser curadas. A Viola de 60 não precisava de cura, ela é maravilhosa. Como mãe eu sou protetora. O melhor de Viola é ser professora. O pior de Viola é não se sentir digna. É a questão que estou sempre lutando todo momento do dia. 

E finaliza:

- Tem uma citação famosa que diz que quando se trata de desapontar outras pessoas ou desapontar a si mesma, escolha outras pessoas o tempo todo. Seu trabalho na vida é desapontar o máximo de pessoas possível para evitar desapontar a si mesma. O meu trabalho é não trair a mim mesma. Toda vez que traio a mim mesma é porque não me sinto digna. Sinto que outras pessoas são mais dignas que eu. Mas eu sou  o show até não ser mais. Esse é o pior de Viola, mas estou melhorando.