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Publicada em 28/05/2021 às 12:32 | Atualizada em 28/05/2021 às 12:32

Bárbara Paz revela ser uma pessoa não-binária: - Sou muitas coisas

Atriz falou sobre o assunto para o podcast Almasculina

Da Redação

Divulgação

Bárbara Paz contou, em entrevista ao podcast Almasculina, que se considera uma pessoa não-binária, ou seja, nem uma mulher, nem um homem:

- Sou uma pessoa inquieta. Uma mulher, um homem, não-binária. Descobri que sou não-binária há pouco tempo. Um amigo meu falou que eu era, e eu acreditei, entendi. Sou uma pensadora, uma diretora, uma cineasta, uma atriz, uma pintora, uma escritora. Nas horas vagas a gente tenta tudo com as mãos, com a cabeça, com o cérebro e com a imaginação. A imaginação precisa estar trabalhando o tempo todo. Então, não sei bem quem eu sou. Se tiver alguma referência para me dizer quem eu sou, ainda estou em busca. Sou muitas coisas. Sou muitos, muitos, muitas. É difícil dizer quem você é para se apresentar. Sou uma pessoa de fazer o que tenho dentro, o que não é pouco. Arte.

A atriz contou as lembranças que tem do pai, que morreu quando ela tinha seis anos, e também falou sobre masculinidade:

- Tenho lembranças do que me contavam do meu pai. Mas de fato eu não lembro. Me lembro do que minha mãe contava sobre ele: que ele era um cachaceiro [risos], político... Então, guardo essas histórias como sendo minhas. Tenho recordação do meu avô, de quem eu gostava muito. Mas ele já era um homem doente também. Desde que eu me conheço por gente já me lembro dele debilitado. Então, o masculino, ele veio... Olha que interessante: as primeiras imagens eram dos médicos da minha mãe, que cuidavam dela, que zelavam por ela. Para mim, eles eram anjos. Eu era uma criança. Eu era apaixonada por aqueles médicos porque ali eu sabia que minha mãe estava viva, bem cuidada. Sabia que ela ia voltar para casa. Meu modelo de masculinidade é um lugar de conforto, de rede de proteção. Esse foi o masculino que eu vi. Éramos cinco mulheres em casa à espera de um maestro que nunca chegou.

Bárbara perdeu a mãe quando tinha 17 anos de idade:

- Acabei virando maestro dessa história. Eu acho que eu fui o homem da casa. Mesmo sendo a criança, eu me sentia responsável. Minha ideia, quando criança, de quando eu subia nas árvores, era: Então eu vou sair daqui, vou levar minha mãe para São Paulo, vou achar um médico. Eu comecei a trabalhar com nove anos. Ninguém me falou para ir trabalhar. Eu sabia que ia ficar sem dinheiro, que minha mãe precisava. Sempre tive cabelo curto, fui muito magra. Não tinha tênis, tinha um Kichute. Eu tinha que usar um vestidinho para agradar à minha mãe. Só que eu detestava aquele vestidinho amarelinho. Sempre quis agradar muito minha mãe. Então, eu era metade menino, metade menina. Por isso falei: cresci assim. Eu era uma indefinição. Sou muito feminina, tenho os traços femininos: lourinha, toda princesinha, ai que bonitinha, pequenininha. Agora não sou mais tão pequenininha. Mas esse lado masculino, de ser moleque, menino, nasceu comigo.

A artista, que tem três irmãs, ainda continua:

- Eu ia ser menino. O quarto era a salvação da família. Aí deu mulher, mulher, mulher... O quarto ia ser homem com certeza. Eu já tinha nome, ia me chamar Plínio Luiz. Aí nasci sem nada no meio, para a evolução da espécie, da família (risos). E aí meu pai parece que deprimiu. Aconteceram várias coisas. Minha mãe adoeceu no meu parto. Então tive vários problemas também. Mas essa coisa masculina, talvez eu cresci querendo ser esse menino, querendo ser também. Inconscientemente.

Bárbara foi casada com o diretor Hector Babenco e falou sobre sexualidade:

- Não tive a cultura dentro de casa de perguntar sobre sexualidade. Tudo o que aprendi foi lendo em revistas. Não se falava disso. Se falavam, não me lembro, porque eu nunca me questionei muito. Se é homem ou mulher, do que você gosta. Para mim, você gosta de pessoas. 

A atriz afirma que ultimamente conseguiu se encontrar mais:

- O ser masculino dentro de mim tem muitas razões de ser. Muitos homens habitam dentro de mim. Quando ouvi esse discurso do não-binário, do transgênero, pensei: Será que se tivesse escutado isso com 12 ou 13 anos, eu teria achado que eu era pelo fato de eu sentir isso? E não estou falando de sexualidade, mas de sensação. Às vezes eu me olhava no espelho e me sentia um garoto. Eu me olho no espelho hoje e sou uma mulher com peito, bunda, curvas. E você fala: Nossa, é superestranho. Muitas vezes. Não é que eu não gosto. É estranho às vezes. E às vezes eu gosto. Então, gosto de ser menino e de ser menina. Pode? Hoje pode! Então hoje chama não-binário? Isso! Nossa, que legal! Então, está tudo certo eu falar isso? Então, cada vez mais a gente consegue respirar e ser a gente. E isso não tem a ver com sexualidade, se gosto de mulher ou de homem. Gosto de pessoas. Até agora, me apaixonei por homens, mas gosto de pessoas.

Confira a entrevista de Bárbara Paz a partir do minuto cinco:


A seguir, saiba quais famosos já falaram sobre sexualidade!


Glamour Garcia também é transexual, mas uma mulher trans. Sua biologia no nascimento, então, era masculina, embora ela realmente se identifique como uma mulher. A atriz falou sobre o tema em entrevista ao programa Encontro, em 2019: - A gente vive numa sociedade que fica na superfície de tudo. E esse superficial acaba atrapalhando a gente a se aprofundar nos nossos sentimentos. Pensar em depressão, falando de pessoas trans, por exemplo, é um quadro muito abrangente. Muitas pessoas trans desenvolvem depressão pela perseguição sistemática. O que me trouxe à vida mesmo foi o teatro. Sempre tive quadros de depressão em muitos momentos por isso: pelo bullying, pela perseguição sistemática, as muitas agressões que infelizmente aconteceram. O teatro foi uma possibilidade de não só me desenvolver, mas de ter amor, ter anseio, de estudar, me entregar à vida.
  • Divulgação -
    @valentinaschmidt

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Bárbara Paz revela ser uma pessoa não-binária: <i>- Sou muitas coisas</i>

Bárbara Paz revela ser uma pessoa não-binária: - Sou muitas coisas

Atriz falou sobre o assunto para o podcast Almasculina

28/Mai/2021

Da Redação

Bárbara Paz contou, em entrevista ao podcast Almasculina, que se considera uma pessoa não-binária, ou seja, nem uma mulher, nem um homem:

- Sou uma pessoa inquieta. Uma mulher, um homem, não-binária. Descobri que sou não-binária há pouco tempo. Um amigo meu falou que eu era, e eu acreditei, entendi. Sou uma pensadora, uma diretora, uma cineasta, uma atriz, uma pintora, uma escritora. Nas horas vagas a gente tenta tudo com as mãos, com a cabeça, com o cérebro e com a imaginação. A imaginação precisa estar trabalhando o tempo todo. Então, não sei bem quem eu sou. Se tiver alguma referência para me dizer quem eu sou, ainda estou em busca. Sou muitas coisas. Sou muitos, muitos, muitas. É difícil dizer quem você é para se apresentar. Sou uma pessoa de fazer o que tenho dentro, o que não é pouco. Arte.

A atriz contou as lembranças que tem do pai, que morreu quando ela tinha seis anos, e também falou sobre masculinidade:

- Tenho lembranças do que me contavam do meu pai. Mas de fato eu não lembro. Me lembro do que minha mãe contava sobre ele: que ele era um cachaceiro [risos], político... Então, guardo essas histórias como sendo minhas. Tenho recordação do meu avô, de quem eu gostava muito. Mas ele já era um homem doente também. Desde que eu me conheço por gente já me lembro dele debilitado. Então, o masculino, ele veio... Olha que interessante: as primeiras imagens eram dos médicos da minha mãe, que cuidavam dela, que zelavam por ela. Para mim, eles eram anjos. Eu era uma criança. Eu era apaixonada por aqueles médicos porque ali eu sabia que minha mãe estava viva, bem cuidada. Sabia que ela ia voltar para casa. Meu modelo de masculinidade é um lugar de conforto, de rede de proteção. Esse foi o masculino que eu vi. Éramos cinco mulheres em casa à espera de um maestro que nunca chegou.

Bárbara perdeu a mãe quando tinha 17 anos de idade:

- Acabei virando maestro dessa história. Eu acho que eu fui o homem da casa. Mesmo sendo a criança, eu me sentia responsável. Minha ideia, quando criança, de quando eu subia nas árvores, era: Então eu vou sair daqui, vou levar minha mãe para São Paulo, vou achar um médico. Eu comecei a trabalhar com nove anos. Ninguém me falou para ir trabalhar. Eu sabia que ia ficar sem dinheiro, que minha mãe precisava. Sempre tive cabelo curto, fui muito magra. Não tinha tênis, tinha um Kichute. Eu tinha que usar um vestidinho para agradar à minha mãe. Só que eu detestava aquele vestidinho amarelinho. Sempre quis agradar muito minha mãe. Então, eu era metade menino, metade menina. Por isso falei: cresci assim. Eu era uma indefinição. Sou muito feminina, tenho os traços femininos: lourinha, toda princesinha, ai que bonitinha, pequenininha. Agora não sou mais tão pequenininha. Mas esse lado masculino, de ser moleque, menino, nasceu comigo.

A artista, que tem três irmãs, ainda continua:

- Eu ia ser menino. O quarto era a salvação da família. Aí deu mulher, mulher, mulher... O quarto ia ser homem com certeza. Eu já tinha nome, ia me chamar Plínio Luiz. Aí nasci sem nada no meio, para a evolução da espécie, da família (risos). E aí meu pai parece que deprimiu. Aconteceram várias coisas. Minha mãe adoeceu no meu parto. Então tive vários problemas também. Mas essa coisa masculina, talvez eu cresci querendo ser esse menino, querendo ser também. Inconscientemente.

Bárbara foi casada com o diretor Hector Babenco e falou sobre sexualidade:

- Não tive a cultura dentro de casa de perguntar sobre sexualidade. Tudo o que aprendi foi lendo em revistas. Não se falava disso. Se falavam, não me lembro, porque eu nunca me questionei muito. Se é homem ou mulher, do que você gosta. Para mim, você gosta de pessoas. 

A atriz afirma que ultimamente conseguiu se encontrar mais:

- O ser masculino dentro de mim tem muitas razões de ser. Muitos homens habitam dentro de mim. Quando ouvi esse discurso do não-binário, do transgênero, pensei: Será que se tivesse escutado isso com 12 ou 13 anos, eu teria achado que eu era pelo fato de eu sentir isso? E não estou falando de sexualidade, mas de sensação. Às vezes eu me olhava no espelho e me sentia um garoto. Eu me olho no espelho hoje e sou uma mulher com peito, bunda, curvas. E você fala: Nossa, é superestranho. Muitas vezes. Não é que eu não gosto. É estranho às vezes. E às vezes eu gosto. Então, gosto de ser menino e de ser menina. Pode? Hoje pode! Então hoje chama não-binário? Isso! Nossa, que legal! Então, está tudo certo eu falar isso? Então, cada vez mais a gente consegue respirar e ser a gente. E isso não tem a ver com sexualidade, se gosto de mulher ou de homem. Gosto de pessoas. Até agora, me apaixonei por homens, mas gosto de pessoas.

Confira a entrevista de Bárbara Paz a partir do minuto cinco:


A seguir, saiba quais famosos já falaram sobre sexualidade!