Roteirista e criadora da peça que originou o filme Aos Nossos Filhos, em cartaz por todo o Brasil, Laura Castro conversou com o ESTRELANDO. A carioca de 40 anos de idade, casada com Cristina Flores, revelou alguns detalhes da criação da peça teatral inspirada em suas próprias vivências, que depois ganhou uma adaptação para o cinema. A atriz falou sobre o momento da escrita do roteiro inicial:

- No ano de 2012, tínhamos um bebê recém nascido, uma filha de três anos recém chegada precisando de cuidados e adaptações, e uma filha de dois anos que virou irmã do meio. A peça se impôs no meio disso tudo e foi muito interessante como os filhos trouxeram para mim uma vontade de falar nesse tema muito contundente, eles me transformaram em escritora. Foi rápido, nasceu com uma força e não podia ser diferente.

Laura explica que não tinha pensado na possibilidade de levar a peça para os cinemas e Marta de Medeiros, atriz e diretora portuguesa, foi quem sugeriu:

- Não tinha trabalhado com cinema ainda, trabalhava com teatro, quase exclusivamente. A Maria de Medeiros veio fazer a peça e ela é sim uma cineasta. A Maria logo viu como filme, ela me propôs levar para o cinema e com isso ela abriu a porta do cinema na minha vida. Eu topei essa aventura imensa e começamos a fazer o roteiro em quatro mãos. 

A mãe de Clarissa, Rosa e José contou sobre sua primeira experiência no cinema, detalhando as dificuldades da mudança de meio e de fazer uma obra tão próxima de si:

- Minha primeira experiência no cinema foi no Aos Nossos Filhos. A Maria de Medeiros me ajudou a estudar o texto como uma peça de teatro, entendendo a curva da Tânia. Na verdade, o filme é inspirado na minha vivência, mas não baseado em mim. Não é só a minha história que está ali, tem muito de outras coisas também. A Tânia é construída em cima de muita pesquisa.

A portuguesa foi primordial para o desenvolvimento do filme e participou atuando na peça. Para finalizar, Castro explica o motivo da mudança da atriz que interpretou Vera no cinema e comenta como foi a experiência de trabalhar com Marieta Severo:

- Na verdade eu escrevi a peça para Marieta , quando pensei nessa personagem veio de cara ela na minha cabeça. Eu escrevi tudo pensando nela, mandei para ela na época e Marieta topou fazer, só que o processo foi rápido e ela não tinha agenda. Ela é uma mestra mesmo, muito generosa. Sempre foi de muita troca, muito estudo da personagem juntas. Então com isso a gente foi ganhando intimidade com a história e entre nós e eu acho que isso apareceu na cena. Ela me chamou para ir na casa dela para comer bolinho.

A atriz complementa que durante a estruturação do roteiro, que começou em 2014, Severo a chamou para ir na casa dela várias vezes para construírem as personagens juntas. Os caminhos do filme foram desenvolvidos em conjunto e pensados por mulheres fortes, que colocaram temáticas essenciais na obra.