
Two and a Half Men perde brilho com Ashton Kutcher
09/Jul/
Chuck Lorre, o criador de Two and a Half Men, recebeu em 2011 uma missão bastante desagradável. Depois de enfrentar ausências e surtos públicos de seu astro principal, Charlie Sheen, o autor, junto com o estúdio Warner Bros., decidiu pela demissão do ator que já estrelava a comédia há oito anos, embora nos últimos tempos estivesse apenas de corpo presente.
A partir de então, a emissora tinha em suas mãos a decisão de renovar ou não a série, mesmo sem Sheen a bordo. Lorre conta a história dizendo que a CBS optou por continuar entregando um produto de qualidade a seus telespectadores. Na verdade, a escolha quase não existiu. A nona temporada já estava vendida para patrocinadores, e a esta altura custaria mais para o canal cancelar do que renovar o seriado.
Começa aí a fase Ashton Kutcher. Outros atores foram sondados para o papel - nomes fortes como John Stamos e Hugh Grant -, mas Lorre acabou optando pelo galã ainda juvenil, apesar dos 33 anos. O novo personagem, Walden Schmidt, seria um bilionário da internet que, no lado oposto de Charlie Harper, é completamente apaixonado por sua ex-esposa, e quer evitar que ela leve a cabo os papéis do divórcio.
A primeira cena de Ashton na série, aliás, é um Walden encharcado na varanda de Alan, após tentar se matar no mar em frente à casa de praia, desolado por ter perdido sua Bridget. A partir de então, os dois se tornam amigos, o ricaço compra a casa, se muda para lá e, como Charlie já havia feito, aceita o apêndice que vem com a propriedade - Alan.
A premissa da nova temporada é divertida, e pode render boas risadas para quem já estava cansado do modelo exaustivo que tinha se tornado a primeira série - um amontoado de piadas batidas, mergulhadas em um tempero bastante misógino e que, nos episódios finais, se baseava quase exclusivamente em um talento - Jon Cryer, o comediante de mil e uma utilidades que há oito temporadas na pele de Alan dava uma lição de timing e instinto humorístico em Charlie Sheen.
É o profissionalismo e o talento de Jon Cryer para interpretar o underdog, o perdedor, que formava o atrativo principal da série durante seus anos mais recentes. E, apesar de toda esta reforma, e de todo o atrativo que o nome de Ashton Kutcher agregou a Two and a Half Men, é Cryer quem continua dando o banho de qualidade que uma comédia realmente precisa.
O texto da série pode ter voltado revigorado e interessante em seus primeiros episódios, mas já perdeu boa parte do brilho por volta do 10º capítulo da temporada. A própria audiência caiu do retumbante número de 28 milhões e 700 mil telespectadores da estreia de temporada para os dez milhões, abaixo da média do ano anterior. A série continua tendo seus momentos de riso, mas nada que justifique o título de comédia mais assistida do mundo conquistado nos últimos anos, diga-se de passagem.
E existe o fator Ashton Kutcher. Galã de comédias românticas em geral - além do memorável Kelso de That ´70s Show -, o agora ex-marido de Demi Moore nunca foi um dos grandes comediantes de sua geração. O texto está ali, a companhia em cena dos coadjuvantes tão bem ajustados também. Mas falta a Kutcher o que sobra a Cryer - aquele tino inexplicável e irreproduzível que gera grandes atores. Ashton, como costuma acontecer com todo profissional, está mais à vontade no papel com o passar do tempo. Mas é visível que ele nunca vai ser capaz de imprimir à série aquele tom de brilhantismo que diferencia as grandes comédias.
Ao falar da recente reforma em sua série, Chuck Lorre comentou: Nós tivemos que fazer algo que, como roteiristas, nunca sonhamos. Terminar uma série e começar outra nova em 20 minutos. Com o tempo e as ferramentas disponíveis, Lorre fez um trabalho e tanto. Remodelou uma série que estava morta, e conseguiu mostrar um trabalho interessante. Mas falta ao Two and a Half Men 2.0 aquele algo a mais, o brilho que distingue os bons dos ótimos. O brilho que sobra a Jon Cryer, e que Ashton está sofrendo para esconder que não tem.
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