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Publicada em 22/10/2018 às 01:00 | Atualizada em 22/10/2018 às 10:45

Parceiro de Marina Ruy Barbosa em Sequestro Relâmpago, Sidney Santiago avisa: - A gente é meio ator bicho

O longa comovente traz retrato da realidade brasileira e conta ainda com Daniel Rocha

Bruna Araújo

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Estreia nesta segunda-feira, dia 22, Sequestro Relâmpago, um longa que, mais do que contar uma história, leva aos cinemas a realidade da população brasileira. O ESTRELANDO já assistiu ao filme, mas desta vez em especial, contaremos a você em primeira mão o que não esperar do longa! 

A primeira coisa que você não pode esperar é uma história comum como muitas vezes vemos no mundo da ficção, com um belo final feliz. Na verdade, a trama aborda temáticas que são comuns entre aqueles que vivem à margem da sociedade, algo tão comum que foi a trama foi baseada em uma história verídica. 

Com direção de Tata Amaral, o filme retrata o sequestro de Ana Beatriz Elorza, interpretada por Marina Ruy Barbosa. A jovem que estava com as amigas, ia ao encontro de um rapaz quando dois homens a abordam, entram em seu carro e a partir daí a história se desenrola. 

Não espere uma vítima indefesa. A ruiva inúmeras vezes contorna os sequestradores e chega até mesmo a salvar a pele dos rapazes. Mais do que isso, coloca em evidência a forma com a qual a mulher é vista na sociedade - de forma indefesa -, tratando o machismo como um elemento enraizado em nossa sociedade, que, por diversas vezes, diminui, menospreza e coloca em risco milhares de mulheres.

Sidney Santiago Kuanza dá vida a Matheus, um dos sequestradores. Do personagem, não espere o esteriótipo retratado inúmeras vezes de vilões periféricos. Na verdade, Matheus é casado e tem dois filhos, mas vive em condições sub-humanas e não chega a ter uma descarga em casa.  

O jovem apresenta de maneira extremamente emocionante a realidade pela qual milhares de jovens negros são submetidos ao viverem às margens da sociedade. Sobre o assunto, Sidney revelou o processo de construção do personagem:

Tem as dores de fazer pessoas reais, que são essas dores de ter que fazer o opressor, ter que entender que essas pessoas são resultado de uma máquina de moer gente. Foi sempre muito dolorido o processo, a criação, de levantamento, ficar ensaiando oito ou nove horas por dia, ficar estudando a vida dessas pessoas. Eu acho que isso fica muito na tela, o lugar da hiper-violência.

Sidney, Marina e Daniel Rocha, o segundo sequestrador, não compõe exatamente o lugar comum de vítima e agressor. A todo momento há uma inversão de papeis. Ás vezes há a omissão da polícia na hora de prestar socorro para uma mulher, em outras o racismo agindo no momento em que Matheus é barrado na porta de um banco, ou quando analisamos sob o viés dos perigos que uma mulher corre ao ser sequestrada por dois homens. 

- Daniel Rocha, Marina Ruy Barbosa e eu temos um diapasão (objeto de afinação de instrumentos) parecido, a gente é meio ator bicho. São três bichos que foram jogados dentro de um laboratório e estavam tentando sobreviver, a imagem seria essa, revelou Kuanza sobre a construção da relação entre os personagens principais.

E ao falar sobre as dificuldades de assumir o papel de opressor, ele acrescentou:

- Invadir o corpo do outro, invadir o corpo de uma menina jovem de 20 anos... chega uma hora que você tem que ser bicho. A moral não pode estar na frente de um ator, se desvencilhar da moral é o mais difícil, diariamente era essa luta de me desvencilhar da minha própria moral para estar naquele lugar.

Ainda não espere encontrar rostos que costumam se repetir incansavelmente nas telonas, já que representatividade é a palavra da vez no elenco. O longa conta com grandes figuras como a atriz, cenopoeta e uma das idealizadora do projeto Sarau das Pretas, Jô Freitas, assim como Linn da Quebrada, uma rapper transexual, e Projota. 

Por fim, não espere um conto de fadas, mas sim um suspense emocionante que retrata as relações desiguais do mundo moderno:

- Vivemos em uma sociedade que é completamente tencionada e vivemos em um apartheid social e racial. O fruto desse processo é a violência, a desigualdade, o motor de toda e qualquer opressão, finalizou Sidney. 

Confira, a seguir, o trailer do filme:



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